Caso Miguel dos Santos Rodrigues

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Caso Miguel dos Santos Rodrigues
Local do crime Imbé, no Rio Grande do Sul, no brasil
Data entre 26 e 29 de julho de 2021
Tipo de crime tortura
homicídio qualificado
ocultação de cadáver
Vítimas Miguel dos Santos Rodrigues
Réu(s) Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues
Bruna Nathiele Porto da Rosa
Promotor André Tarouco e Karine Teixeira
Juiz Gilberto Pinto Fontoura
Situação Rés condenadas

O Caso Miguel dos Santos Rodrigues, ou simplesmente Caso Miguel, refere-se ao assassinato do menino Miguel dos Santos Rodrigues, de sete anos, em algum dia entre 26 e 29 de julho de 2021, por sua mãe, Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, e sua madrasta, Bruna Nathiele Porto da Rosa, na cidade litorânea de Imbé, no Rio Grande do Sul. Segundo depoimentos das mulheres, ele foi espancado e dopado antes de ter o corpo colocado numa mala, que foi jogada no rio Tramandaí.[1][2]

Em abril de 2024 as acusadas foram condenadas pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, tortura e ocultação de cadáver. O corpo da criança, então, continuava desaparecido. [1] [3]

O crime recebeu ampla cobertura da imprensa local e nacional, tendo aparecido na TV Globo, O Globo,[4] portal G1,[5] SBT[6] , Band, RecordTV, portal R7[7] e CNN Brasil[3], por exemplo.

A vítima[editar | editar código-fonte]

Miguel vivia, provisoriamente, com a mãe Yasmin, de 26 anos, e a companheira desta, Bruna, de 23 anos, numa pousada em Imbé na época do crime e sua mãe tentava passar a guarda para a avó materna.[8]

O crime[editar | editar código-fonte]

Segundo o Ministério Público, o crime aconteceu em algum dia entre 26 e 29 de julho de 2021, tendo Miguel sido declarado desaparecido na noite do dia 29. [1][9]

De acordo com o portal SBT News, "à véspera do dia da morte, Miguel teve sua cabeça arremessada pela mãe contra uma parede e chegou a quebrar um azulejo com o impacto". Segundo a madrasta num depoimento de 02 de agosto, o menino teria levado uma surra da mãe. Ele teria depois ficado gritando e gemendo, o que levou as duas a lhe darem antidepressivos, antes de quebrar seus ossos para que o corpo coubesse na mala que depois foi jogada no rio.[6][10][3]

Para o Ministério Público, a criança morreu devido à " agressão física, insuficiência de alimentação, uso de medicamento inadequado e omissão de atendimento à saúde da vítima. [1]

De acordo com o delegado Antônio Carlos Ractz, as rés não sabem se o menino estava morto na hora em que jogaram a mala no mar.[11]

Motivação[editar | editar código-fonte]

A motivação para o crime seria o fato de Miguel atrapalhar o relacionamento do casal.

Investigações[editar | editar código-fonte]

Yasmim e Bruna chegaram a procurar a polícia na noite do dia 29 para registrar o desaparecimento de Miguel. No entanto, a mãe deu versões contraditórias nos depoimentos, o que levou os policiais a desconfiarem. No dia 30, pressionada pelo delegado Antônio Ractz, ela confessou o crime e foi presa preventivamente.[11][12]

Investigadores encontraram posteriormente vestígios de sangue, uma corrente e um caderno na pousada onde a família residia. Eles também descobriram que a mãe chegou a fazer pesquisas na internet sobre a possibilidade de digitais saírem com a água do mar.[8][11]

Conforme as investigações, Miguel sofria maus-tratos, que envolviam ficar de de castigo trancado dentro do armário, ficar sem comida, ser agredido e escrever frases pejorativas num caderno, como "eu sou um idiota", "não mereço a mamãe que eu tenho" e "eu sou ruim", entre outras.[4][7]

Num vídeo descoberto no celular de Bruna, o menino aparece dentro do armário recebendo ameaças: "se a tua mãe chegar e tu te mijar, eu te desmonto a pau. Eu te desmonto, eu te desmonto, eu te desmonto! E tu vai sair todo quebrado. Se tu se mijar, eu pego o teu mijo e esfrego na tua cara. Tu tá entendendo? E vai ser bem tranquilo para mim."[7]

No dia em que o juiz deu a sentença de pronúncia, em fevereiro de 2022, sobre as rés serem levadas ao Tribunal do Júri (ir a júri popular, na linguagem coloquial), ele disse que Miguel teve “intenso sofrimento físico e mental”.[13]

Oitivas foram realizadas em novembro de 2022, com 25 testemunhas e as rés. Na ocasião, segundo o TJ-RS, "a ré Bruna (...) atribuiu a responsabilidade pela morte de Miguel dos Santos Rodrigues (...) à mãe do menino. Yasmin (...) preferiu valer-se do direito de permanecer em silêncio".[14]

Prisão[editar | editar código-fonte]

Yasmin e Bruna foram presas preventivamente, respectivamente, em 30 de julho e 1º de agosto de 2021, na Penitenciária estadual Feminina de Guaíba. No dia 05 de agosto Bruna tentou cometer suicídio e acabou sendo enviada para o Instituto Psiquiátrico Forense, em Porto Alegre.[15][12]

Ambas cumpriram prisão preventiva no Presídio Estadual Feminino Madre Pelletier, mas Bruna foi posteriormente transferida para a Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba. [16]

Julgamento e penas[editar | editar código-fonte]

No dia 11 de fevereiro de 2022, foi decidido que Yasmin e Bruna iriam a júri popular pelos crimes de tortura, homicídio qualificado (motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a vítima) e ocultação de cadáver. Neste dia, o juiz Gilberto Pinto Fontoura, da Comarca de Tramandaí, também determinou que elas continuariam em prisão preventiva.[13]

Segundo laudo pericial, Bruna, cuja defesa havia alegado insanidade mental, é "plenamente capaz de entender o caráter ilícito de seus atos.[9][17]

O julgamento das rés aconteceu entre os dias 04 e 05 de abril, tendo ambas sido condenadas pelos crimes. Yasmin, a mãe, foi condenada a uma pena de 57 anos, 1 mês e 10 dias de prisão em regime fechado e Bruna (a madrasta), a 51 anos, 1 mês e 20 dias de reclusão.

"Todas as teses do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), conforme a denúncia, foram acolhidas pelos jurados", informou o Ministério Público do estado em seu portal. [3]

Referências

  1. a b c d «Caso Miguel: a pedido do MPRS, mãe e companheira são condenadas por homicídio triplamente qualificado, tortura e ocultação de cadáver». Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul. 5 de abril de 2024. Consultado em 7 de abril de 2024 
  2. «Caso Miguel». TJRS. Consultado em 11 de fevereiro de 2022 
  3. a b c d Aires, Isadora. «"Eu sou um monstro", diz mãe acusada de matar menino Miguel no RS». CNN Brasil. Consultado em 7 de abril de 2024 
  4. a b «Caso Miguel: Sem paradeiro do corpo, morte de menino de 7 anos no RS completa 15 dias com mãe e madrasta presas». O Globo. 12 de agosto de 2021. Consultado em 11 de fevereiro de 2022 
  5. «Reconstituição do caso Miguel termina em Imbé; companheira relata que não viu a mãe colocar menino em mala, diz perícia». G1. Consultado em 11 de fevereiro de 2022 
  6. a b «SBT News - A sua fonte segura de informação». www.sbtnews.com.br. Consultado em 11 de fevereiro de 2022 
  7. a b c «Caso Miguel: Perícia encontra objetos usados para tortura na casa da mãe do menino». www.band.uol.com.br. Consultado em 11 de fevereiro de 2022 
  8. a b «SBT News - A sua fonte segura de informação». www.sbtnews.com.br. Consultado em 11 de fevereiro de 2022 
  9. a b «Reconstituição do caso Miguel termina em Imbé; companheira relata que não viu a mãe colocar menino em mala, diz perícia». G1. Consultado em 12 de fevereiro de 2022 
  10. «SBT News - A sua fonte segura de informação». www.sbtnews.com.br. Consultado em 11 de fevereiro de 2022 
  11. a b c «Entenda o caso: Menino morto pela mãe em Imbé (RS)». G1. Consultado em 12 de fevereiro de 2022 
  12. a b «Companheira da mulher que confessou ter matado filho em Imbé é presa». G1. Consultado em 12 de fevereiro de 2022 
  13. a b «Caso Miguel: mãe e a companheira vão a júri em Tramandaí pela morte do menino». TJRS. 11 de fevereiro de 2022 
  14. «Caso Miguel: no interrogatório das rés, madrasta fala e mãe fica em silêncio». TJRS. 19 de novembro de 2022 
  15. «Caso Miguel: Madrasta de menino desaparecido no RS é transferida para unidade psiquiátrica; crime terá reconstituição». O Globo. 5 de agosto de 2021. Consultado em 11 de fevereiro de 2022 
  16. «Caso Miguel: acusadas são interrogadas e júri retorna amanhã». Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. 4 de abril de 2024 
  17. «Caso Miguel: Justiça recebe laudo do IPF sobre responsabilidade penal de uma das rés». TJRS. 14 de setembro de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]