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Uma contradição da ideologia [[nazismo|nazi]]-[[fascismo|fascista]] seguida pelos ''ustaše'' era o fato de que os [[croácia|croatas]] são de origem eslava e, portanto, considerados racialmente inferiores aos olhos dos mentores [[nazismo|nazistas]]. Assim, os "ideólogos" ''ustaše'' elaboraram uma teoria baseada na origem [[godos|gótica]] dos croatas, visando elevar seu ''status'' aos olhos dos arianos.
Uma contradição da ideologia [[nazismo|nazi]]-[[fascismo|fascista]] seguida pelos ''ustaše'' era o fato de que os [[croácia|croatas]] são de origem eslava e, portanto, considerados racialmente inferiores aos olhos dos mentores [[nazismo|nazistas]]. Assim, os ideólogos ''ustaše'' elaboraram uma teoria baseada na origem [[godos|gótica]] dos croatas, visando elevar seu ''status'' aos olhos dos arianos.


Para os ''ustaše'', os bósnios eram considerados croatas muçulmanos. Estes não eram formalmente perseguidos pelos ''ustaše''; inclusive, alguns alistaram-se em divisões das [[Waffen-SS]] nazistas (como a divisão ''Handschar'', comandada por Amin al-Husayni, e a ''Kama'', chefiada por Edmund Glaise von Horstenau, então adido militar do [[Terceiro Reich]] na [[Croácia]] e pelo Coronel Viktor Pavicic).
Para os ''ustaše'', os bósnios eram considerados croatas muçulmanos. Estes não eram formalmente perseguidos pelos ''ustaše''; inclusive, alguns alistaram-se em divisões das [[Waffen-SS]] nazistas (como a divisão ''Handschar'', comandada por Amin al-Husayni, e a ''Kama'', chefiada por Edmund Glaise von Horstenau, então adido militar do [[Terceiro Reich]] na [[Croácia]] e pelo Coronel Viktor Pavicic).

Revisão das 00h29min de 10 de junho de 2015

Símbolo.

Os ustaše (no singular ustaša, por vezes escrito ustashe ou ustasha) foram uma organização croata de extrema-direita que foi colocada no poder no Estado Independente da Croácia pelas potências do Eixo em 1941. Praticou políticas fascistas e foi expulso pelos partisans comunistas iugoslavos e pelo Exército Vermelho em 1945.

A Ustaše foi fundada em 1929, como um movimento político nacionalista. Na altura em que chegou ao poder, durante a Segunda Guerra Mundial e a subsequente ocupação da Iugoslávia pelo Terceiro Reich, a organização tinha um exército que atingiu 76 000 homens em 1944.

Ideologia

A palavra ustaše é plural de ustaša, e descreve uma pessoa que participa de um ustanak (levante, em croata). Os ustaše tinham como objetivo estabelecer uma Croácia pura do ponto de vista étnico – assim sendo, pessoas de origem sérvia e bósnia eram seu principal alvo. Sobre essa forma de limpeza étnica, os ministros Mile Budak, Mirko Puk e Milovan Žanić declararam, em maio de 1941, que as três principais metas ustaše eram:

  • Converter um terço dos sérvios ao catolicismo;
  • Exterminar um terço dos sérvios residentes na Croácia;
  • Expulsar/deportar o terço restante.

Uma contradição da ideologia nazi-fascista seguida pelos ustaše era o fato de que os croatas são de origem eslava e, portanto, considerados racialmente inferiores aos olhos dos mentores nazistas. Assim, os ideólogos ustaše elaboraram uma teoria baseada na origem gótica dos croatas, visando elevar seu status aos olhos dos arianos.

Para os ustaše, os bósnios eram considerados croatas muçulmanos. Estes não eram formalmente perseguidos pelos ustaše; inclusive, alguns alistaram-se em divisões das Waffen-SS nazistas (como a divisão Handschar, comandada por Amin al-Husayni, e a Kama, chefiada por Edmund Glaise von Horstenau, então adido militar do Terceiro Reich na Croácia e pelo Coronel Viktor Pavicic).

Os princípios básicos do movimento ustaše foram enunciados por Ante Pavelić em seu manifesto "Princípios do Movimento Ustaše", publicado em 1929.

Vítimas

Os ustaše tentaram exterminar sérvios, judeus, ciganos ou quaisquer outros que a eles se opusessem ou não professassem a fé católica, incluindo-se aí alguns comunistas croatas. Uma vez chegados ao poder, aliando-se às tropas nazistas, em 1941, os ustaše criaram diversos campos de concentração para isolar suas vítimas. O maior e mais famoso deles foi o de Jasenovać, comandado por Dinko Sakić (que fugira para a Argentina ao final da guerra, sendo descoberto e levado a julgamento em solo croata em 1998, sendo condenado a vinte anos de prisão).

Não se sabe ao certo o número exato das vítimas dos ustaše, e as estimativas existentes confirmam que dezenas ou até mesmo centenas de milhares de inocentes foram mortos nesses campos de concentração, ou mesmo fora deles. Mas o número de judeus mortos é bastante confiável: 32 000 pereceram em território croata durante a Segunda Guerra Mundial. Mais de 40 000 ciganos iugoslavos também vieram a ser assassinados; com relação ao número de sérvios vitimados pelos Ustaše, as estimativas são entre 700 000 e 1 200 000 de sérvios.

As atrocidades cometidas pelos ustaše eram tão grotescas que horrorizaram até mesmo os nazistas, que tiveram que intervir para frear o terrorismo ustaše.

Livros didáticos de História editados durante o regime comunista na Iugoslávia afirmam que o número de vítimas dos ustaše chega a setecentas mil pessoas somente em Jasenovać. Este número foi citado com base em um cálculo de perdas demográficas de população (i. e., a diferença entre a população atual e a do período pré-guerra, somando-se aí um eventual crescimento populacional impedido pelo conflito).

Campos de concentração

Milicianos da Ustaše executando prisioneiros próximo ao Campo de concentração de Jasenovac.

O Memorial de Jasenovac, atualmente dirigido por Slavko Goldstein, possui uma lista de 59 188 nomes de vítimas desse local; essa lista foi compilada por assessores do governo comunista iugoslavo. Como esse processo foi algo impreciso, estima-se que a lista mencione entre 60 e 75% do total de vítimas, elevando o número de mortos nesse complexo à faixa entre oitenta e cem mil. O antigo administrador do Memorial, Simo Brdar, estimou ao menos 365 mil mortos em Jasenovac.

As análises dos estatísticos Vladimir Žerjavić e Bogoljub Kočović são similares às do memorial. Em toda a Iugoslávia, o número estimado de mortes de sérvios chega a 487 mil, de acordo com Kočović, e 530 mil segundo Žerjavić, de um total de 1 014 000 ou 1 027 000 mortos, respectivamente. Žerjavić declarou que 197 mil civis sérvios foram assassinados no NDH (sigla em croata para o Estado Independente da Croácia), sendo 78 mil como prisioneiros em Jasenovac, bem como 125 mil combatentes dessa etnia. No entanto, esses dados foram acusados como sendo artificialmente inflados devido ao crescimento do nacionalismo sérvio. Žerjavić e Kočović estimaram a taxa de crescimento populacional dos sérvios na Bósnia (dentro do Estado Independente da Croácia) como 1,1%, a mesma taxa média de crescimento da Iugoslávia como um todo. Na verdade, a taxa de crescimento era de 2,4% entre 1921 e 1931, passando para 3,5% entre 1949 e 1953; acredita-se que eles tenham subestimado a taxa de crescimento populacional sérvia para diminuir a contagem de mortos dessa etnia.

O Museu do Holocausto de Belgrado compilou uma lista de mais de 77 mil nomes de vítimas de Jasenovac. O museu era dirigido por Milan Bulajić – que apoiava uma estimativa de setecentas mil vítimas ao todo. Atualmente, o Museu defende que o número de mortos está na casa dos oitenta mil.

Os primeiros campos de concentração Ustaše foram formados em 1941 e dissolvidos em outubro de 1942 (entre parênteses, o número de prisioneiros/campo, segundo dados disponíveis):

  • Danica, próximo de Koprivnica;
  • Pag (cerca de 8 500);
  • Jadovno, próximo de Gospić (35 mil);
  • Krušćica, na área de Vitez e Travnik;
  • Đakovo (três mil);
  • Loborgrad, Zagorje;
  • Tenja, perto de Osijek.

O complexo de Jasenovac foi construído entre agosto de 1941 e fevereiro de 1942. Os campos de concentração anteriores, Krapje e Bročica, foram fechados em novembro de 1941. Outros três campos (Ciglana, ou Jasenovac III), Kozara (Jasenovac IV) e Stara Gradiška (Jasenovac V) funcionaram até o final da ocupação nazista, em 1944. O número de prisioneiros (estimativas) varia de oitenta a cem mil, trezentos a 350 mil até setecentos mil.