Marca de Monferrato
Serenissimo Marchesato del Monferrato Sereníssima Marca de Monferrato | |||||
Marca, posteriormente Ducado | |||||
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Localização da Marca de Monferrato | |||||
Continente | Europa | ||||
País | Itália | ||||
Capital | Moncalvo - até 1306 Chivasso 1306-1435 Casale Monferrato 1435-1533 Mântua 1356-1708 | ||||
Língua oficial | latim | ||||
Religião | Catolicismo | ||||
Governo | principado | ||||
História | |||||
• 961 | Estabelecimento | ||||
• 1574 de | Transformação em Ducado de Monferrato | ||||
• 1574 | Dissolução |
A Marca de Monferrato[nota 1] foi um Estado da Idade Média na península Itálica, vassalo do Sacro Império Romano-Germânico. Originalmente era parte da Marca da Ligúria Ocidental (Liguriae Occidentalis), criada pelo rei Berengário II em cerca de 950.
A área de Monferrato foi constituída como a Aleramica Marca (Marca de Aleramo). Em 1574, a marca foi transformada no Ducado de Monferrato.
Seu território, que variou muito ao longo do tempo,[1] era constituído de parte das regiões italianas do Piemonte, Ligúria e Lombardia entre as províncias de Alexandria e Asti, compreendendo também em alguns períodos parte das províncias de Turim, Cuneo, Pavia, Savona, no território hoje conhecido como Monferrato.
Formação do Estado
[editar | editar código-fonte]O Estado, constituído sobre parte dos territórios doados no século X a Aleramo do Monferrato, genro do rei Berengário II, pelo imperador Otão I, mediante diploma datado de 23 de março de 967, foi por muitos séculos um feudo imperial.[2]
Guilherme IV de Ravena é o primeiro governante da dinastia alerâmica citado como "de Monferrato", num documento de 23 de março de 1111.[3]
Porém, somente a partir do século XII pode-se falar realmente de "marquês de Monferrato". Por trinta anos governa Rainério, o primeiro a ser identificado como “Raynerius de Monteferrato Marchio” (Marquês Rainério de Monferrato). Ele iniciou a política filoimperial que caracterizaria o destino de Monferrato por vários séculos. Ele promoveu a construção do monastério de Santa Maria de Lucedio, próximo a Trino, que tornou-se depois o local de sepultura de vários marqueses.[4]
Desenvolvimento
[editar | editar código-fonte]Após a morte de Rainério, assumiu o governo seu filho Guilherme V, um dos protagonistas da vida política europeia. Guilherme V, o Velho, com sua grande atividade política e militar fez a região assumir seu papel de relevante importância, não somente no âmbito italiano. A serviço do imperador Frederico I, Guilherme envolveu-se numa série de conflitos contra as comunas situadas na área piemontesa-lombarda, primeiro em Alexandria e Asti. Simultaneamente às atividades no Monferrato, Guilherme V empenhou-se, junto com seu filho, em várias iniciativas no Oriente, seja no Reino de Jerusalém, seja no Império Bizantino. Essas ações atingiram seu ápice com seu filho Conrado que defendeu Tiro, o último baluarte do reino cruzado no Oriente, da ameaça de Saladino e foi eleito ao trono de Jerusalém, e Bonifácio I, comandante da Quarta Cruzada, que se tornou rei de Salonica. Seu neto Balduíno V de Jerusalém reinou por um breve período sobre Jerusalém. Durante o governo de Bonifácio I, a corte de Monferrato acolheu vários poetas de origem provençal, como Gaucelm Faidit, Raimbaut di Vaqueiras e Bertran de Born.[4]
Território e capital
[editar | editar código-fonte]O primeiro estado em Monferrato ocupava uma pequena área na concluência dos rios Pó e Tanaro em direção a Valenza[1] e foi alargando-se em direção a ocidente, limitado pelos cursos divergentes dos dois rios, até alcançar no século XI a região de colinas entre o Pó e o Versa.[1]
Na época alerâmica era ausente o conceito de capital e a corte era itinerante. Com a chegada a Monferrato de Teodoro I e o advento da dinastia paleóloga em 1306, Chivasso tornou-se a cidade preferida, embora o soberano permancesse às vezes em Valenza, Moncalvo, Pontestura, Trino e por pouco tempo em Asti até a perda de Chivasso em 1435 para os Savoia.[5]
A partir de 1435, Casale Monferrato assumiu a função de "capital" do estado paleólogo. Em 1536, a passagem do goveno aos Gonzaga colocou Monferrato como estado-satélite, uma vez que os Gonzaga tinham seus interesses e sua capital em Mântua. Em 1631, assumiu o governo o ramo colateral dos Gonzaga-Nevers, porém a situação continuou igual até 1708 com a passagem da soberania aos Saboia.[5]
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Estados da península Itálica por volta do final do século XV. Monferrato em marrom
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Detalhe de mapa histórico Historical Atlas por William Shepherd, da Perry-Castañeda Library Map Collection, Universidade do Texas, Austin [6]
Fim do Estado
[editar | editar código-fonte]Em 1708, após sete séculos de existência, primeiro como Marca de Monferrato, depois como Ducado de Monferrato, o estado perdeu sua autonomia quando Vítor Amadeu II de Saboia foi investido pelo imperador e recebeu o território de Monferrato, o que foi ratificado em 1713 pelo Tratado de Utrecht.[7]
Marqueses de Monferrato
[editar | editar código-fonte]Dinastia Alerâmica[8][9]
[editar | editar código-fonte]- Guilherme I (924?-933?)
- Aleramo (967-991)
- Guilherme II ... - 961 (co-marquês)
- Otão I (991)
- Guilherme III (991-1042)
- Otão II (1042-1084)
- Guilherme IV (1084-1100)
- Rainério I (1100-1136)
- Guilherme V, o Velho (1136-1191)
- Conrado (1191-1192)
- Bonifácio I (1192-1207)
- Guilherme VI (1207-1225)
- Bonifácio II, o Gigante (1225-1253)
- Guilherme VII, o Grande (1253-1296)
- João I (1296-1305)
Dinastia Paleóloga [10]
[editar | editar código-fonte]- Teodoro I (1306-1338)
- João II (1338-1372)
- Otão III (1372-1378)
- João III (1378-1381)
- Teodoro II (1381-1418)
- João Jaime (1418-1445)
- João IV (1445-1464)
- Guilherme VIII (1464-1483)
- Bonifácio III (1483-1494)
- Guilherme IX (1494-1518)
- Bonifácio IV (1518-1530)
- João Jorge (1530-1533)
Dinastia Gonzaga [11]
[editar | editar código-fonte]Quando João Jorge morreu sem herdeiros a disputa pelo Monferrato acendeu-se entre Frederico II Gonzaga, Duque de Mântua e Carlos III, Duque de Saboia. Como Monferrato era um feudo imperial, foi o imperador Carlos V quem decidiu a quem confiar o território: a escolha recaíu sobre Frederico II, marido de Margarida Paleóloga (filha de Guilherme IX e de Ana de Alençon). Durante o domínio de Mântua, o Monferrato esteve no centro de muitos conflitos que visavam assegurar a sua posse por diversas potências europeias e a progressiva perda de autonomia frente ao crescente poder exercido pelos Gonzaga. [12]
- Margarida (1536-1540), com
- Frederico (1536-1540)
- Francisco I (1540-1550)
- Guilherme X[nota 2] (1550 - 1575) (Duque de Monferrato a partir de 1575)
Duques de Monferrato
[editar | editar código-fonte]Dinastia Gonzaga [11]
[editar | editar código-fonte]- Guilherme X (1575-1587) (Marquês de Monferrato até 1575)
- Vicente I (1587-1612)
- Francisco II (1612)
- Fernando (1612-1626)
- Vicente II (1626-1627)
Dinastia Gonzaga-Nevers [7]
[editar | editar código-fonte]- Carlos I (1631-1637)
- Carlos II (1637-1665)
- Fernando Carlos (Carlos III) (1665-1708)
Ver também
[editar | editar código-fonte]Notas
Referências
- ↑ a b c Maestri 2014, p. 4.
- ↑ Maestri 2014, p. 6.
- ↑ Maestri 2014, p. 7.
- ↑ a b Maestri 2014, p. 8.
- ↑ a b Maestri 2014, p. 5.
- ↑ William Shepherd. «Perry-Castañeda Library Map Collection» (em inglês). Universidade do Texas. Consultado em 15 de janeiro de 2015
- ↑ a b Maestri 2014, p. 20.
- ↑ «Aleràmici» (em italiano). Teccani.it - L'Enciclopdia Italiana. Consultado em 15 de janeiro de 2015
- ↑ Maestri 2014, p. 9.
- ↑ Maestri 2014, p. 14.
- ↑ a b Maestri 2014, p. 18.
- ↑ Del Bo 2009, p. 51.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Maestri, Roberto (2014). Monferrato (PDF). uno Stato europeo (em italiano). [S.l.]: Palazzo del Monferrato. Consultado em 11 de fevereiro de 2014
- Maestri, Roberto, Il Marchesato di Monferrato, in La Marca Aleramica. Storia di una regione mancata, a cura di Raoul Molinari, Umberto Soletti Editore, Baldissero d'Alba, 2008.
- Carlo Ferraris - Roberto Maestri, Storia del Monferrato. Le origini, il Marchesato, il Ducato, Editore Circolo Culturale I Marchesi del Monferrato, Alessandria 2011, ISBN 978-88-97103-01-1
- Del Bo, Beatrice (2009). Uomini e strutture di uno stato feudale. Il marchesato di Monferrato (1418-1483) (em italiano). Milano: LED Edizioni Universitarie. ISBN 978-88-7916-440-5
- G. Aldo di Ricaldone, Monferrato tra Po e Tanaro, Gribaudo-Lorenzo Fornaca editore Asti 1999
- G. Aldo di Ricaldone, Annali del Monferrato, Vol I e II L.Fornaca editore, Asti
- D. Testa, Storia del Monferrato, Gribaudo-Lorenzo Fornaca editore Asti 1996
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- "Os marqueses de Monferrato" (em italiano)
- Monferrato: perché si chiama così - A razão do nome "Monferrato", de Alessandro Allemano
- Prof. Olimpio Musso - Às fontes do Monferrato