Marta Vannucci

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Marta Vannucci
Marta Ana Maria Vannucci
Marta Vannucci
Conhecido(a) por
  • primeira mulher a se tornar membro titular da Academia Brasileira de Ciências
  • uma das principais responsáveis pela criação do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IOUSP)
  • construção do primeiro navio oceanográfico brasileiro
Nascimento 10 de maio de 1921
Florença, Itália
Morte 15 de janeiro de 2021 (99 anos)
São Paulo, São Paulo, Brasil
Residência Brasil
Nacionalidade italiana
brasileira
Alma mater Universidade de São Paulo
Prêmios Grã-cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (1996)[1]
Orientador(es)(as) Ernest Marcus
Instituições Universidade de São Paulo
Campo(s) Biologia e oceanografia
Tese Hydroida Thecaphora do Brasil (1944)

Marta Vannucci (Florença, 10 de maio de 1921São Paulo, 15 de janeiro de 2021)[2] foi uma bióloga, pesquisadora e professora universitária brasileira.

Primeira mulher membro-titular da Academia Brasileira de Ciências, grande oficial da Ordem Nacional do Mérito Científico, especialista em manguezais no Instituto Oceanográfico da USP, Vannuci é uma das precursoras da oceanografia no Brasil.[3][4]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Marta nasceu na Itália, em 1921, e ainda menina emigrou com a família, em 1927. Seu pai era livre-docente da Universidade de Pádua e da Universidade de Florença, médico e cirurgião de formação, de uma família rica e tradicional. Com a ascensão do fascismo na Itália, a família Vannucci precisou deixar o país e vir para o Brasil. Ela teve contato com muitos cientistas e intelectuais brasileiros devido às amizades do pai, que era cirurgião no Hospital Matarazzo. Ele faleceu em 1937 devido à uma infecção contraída em uma cirurgia.[4][5]

Cursou o ensino fundamental no Colégio Dante Alighieri, em São Paulo. Em seguida, ingressou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo.[6] Aos 25 anos, em 1944, defendeu seu doutorado sob a orientação de Ernest Marcus, zoólogo famoso, professor do Departamento de Zoologia, tendo sido sua assistente de 1944 a 1950.[5]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Depois da defesa e de começar a trabalhar com o professor Marcus, Marta foi convidada a fazer parte do ainda em formação Instituto Paulista de Oceanografia, que viria a se tornar o Instituto Oceanográfico da USP. O professor Wladimir Besnard, então diretor do instituto, concentrava seus estudos na região de Cananeia, rica em mangues, por não terem um navio à disposição para estudos em alto mar, o que deu a Marta a oportunidade de se especializar em ecossistema de mangues.[4]

Em 1956, Marta ganhou uma bolsa, concedida pela UNESCO, para conduzir pesquisas na Estação de Biologia Marinha de Millport, na Escócia, visitando importantes centros de pesquisa do país.[4]

Nos anos 1960, já diretora do Instituto Oceanográfico, negociou a compra e acompanhou a construção do navio de pesquisas Professor Wladimir Besnard, hoje ancorado no Porto de Santos aguardando uma decisão da universidade[7] e dedicou-se ao estudo do plâncton.[6]

Em 1969, foi trabalhar pela UNESCO, no Instituto Oceanográfico da Índia, onde permaneceu até 1971, sempre estudando plâncton, partindo depois para o México, de 1972 a 1974, voltando para a Índia para dirigir um projeto de estudo de manguezais. Em pouco tempo, Marta tornou-se uma autoridade mundial em manguezais, com mais de 100 trabalhos científicos publicados.[8]

Instituto Oceanográfico[editar | editar código-fonte]

Marta e Besnard desenvolveram uma importante relação de trabalho para o desenvolvimento das ciências oceanográficas no país. Os dois acreditavam que o Instituto Paulista de Oceanografia não deveria ser restrito à pesca científica, mas sim tornar-se um centro de pesquisa de ciências do mar.[6] Na época, o instituto estava subordinado à Divisão de Proteção e Produção de Peixes e Animais Silvestres do Departamento de Produção Animal, da Secretaria de Agricultura. Assim, os dois encontraram-se com o então reitor da USP, professor Jose de Mello Moraes, para solicitar que o Instituto Paulista de Oceanografia fosse incorporado à universidade, o que aconteceu em nove meses, por meio da Lei n.1.310, de 04/12/1951[9] (a mesma lei que criou o CNPq) com a denominação de Instituto Oceanográfico, passando a ser uma unidade de pesquisa da USP.[4][5]

Aposentadoria e legado[editar | editar código-fonte]

Marta aposentou-se da universidade e da UNESCO. Casou-se duas vezes e teve dois filhos, Érico e Dino.[10]

Separada de seu primeiro marido, Marta teve dificuldades para conciliar a vida de mãe e cientista, contando com a ajuda dos sogros do segundo casamento. Desde 1988, Marta patrocina, junto do CNPq e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), um prêmio em memória do seu filho Érico Vannucci Mendes. O prêmio tem como objetivo a preservação da memória nacional. Érico foi preso na época da ditadura e faleceu em 13 de setembro de 1986, aos 42 anos.[5][6]

Morte[editar | editar código-fonte]

Marta morreu em 15 de janeiro de 2021, aos 99 anos, em São Paulo.[2]

Referências

  1. «Agraciados pela Ordem Nacional do Mérito Científico». Canal Ciência. Consultado em 24 de outubro de 2023 
  2. a b Shimizu, Heitor (19 de janeiro de 2021). «Morre Marta Vannucci, pioneira da oceanografia brasileira». Pesquisa Fapesp. Cópia arquivada em 21 de janeiro de 2021 
  3. «Marta Vannucci, a primeira mulher a se tornar membro da Academia Brasileira de Ciências». Academia Brasileira de Ciências. 8 de março de 2015. Consultado em 21 de janeiro de 2021 
  4. a b c d e Varela, Alex Gonçalves (2012). «Gênero e trajetória científica: as atividades da cientista Marta Vannucci no Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (1946-1969)». Revista Gênero. 13 (1): 123-142. ISSN 2316-1108. doi:10.22409/rg.v13i1.536 
  5. a b c d Clarice Cudischevitch (ed.). «A mulher que navegou nos 'mares do mundo'». Academia Brasileira de Ciências. Consultado em 27 de novembro de 2016. Arquivado do original em 28 de novembro de 2016 
  6. a b c d CNPq (ed.). «Pioneiras da Ciência no Brasil». CNPq. Consultado em 27 de novembro de 2016 
  7. Instituto Oceanográfico (ed.). «O Navio Oceanográfico Professor Besnard». Instituto Oceanográfico. Consultado em 27 de novembro de 2016 
  8. canalciencia.ibict.br Ciência Brasileira, Notáveis, Marta Vannucci
  9. Câmara dos Deputados (ed.). «Lei Nº 1.310, DE 15 DE janeiroDE 1951». Câmara dos Deputados. Consultado em 27 de novembro de 2016 
  10. Luiz Drude de Lacerda e Cilene Vieira (ed.). «Entrevista com Marta Vannucci». Canal Ciência. Consultado em 27 de novembro de 2016 
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