Nildo Ouriques

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Nildo Ouriques
Nascimento 1959
Joaçaba
Ocupação economista

Nildo Domingos Ouriques (nascido em 1959) é um economista e acadêmico brasileiro. Foi presidente do Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA) da Universidade Federal de Santa Catarina e professor de economia na mesma universidade.[1] Ao longo de sua carreira acadêmica, lecionou em instituições de todo o mundo, incluindo a Universidade Nacional de Tucumán na Argentina, a Universidade de Pádua na Itália, a Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), a Universidade Bolivariana da Venezuela e a Universidade Simón Bolívar em Quito, Equador.[2] Em 2020, Ouriques foi incluído na lista dos chamados “detratores do governo” na academia e no jornalismo.[3][4]

Vida e carreira acadêmica[editar | editar código-fonte]

Ouriques nasceu em Joaçaba, Santa Catarina, Brasil, cidade onde morou até os 17 anos, quando terminou o ensino médio.[5] Durante a sua juventude, Ouriques foi ativo no movimento estudantil contra a ditadura militar.[6] Ouriques tem doutorado em economia pela Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) e pós-doutorado pela Universidade de Buenos Aires.[7] Grande parte de seu trabalho se concentra na relação entre marxismo e nacionalismo, bem como na teoria marxista da dependência de forma mais geral.[8]

Atividade e visões políticas[editar | editar código-fonte]

Ouriques, que por duas décadas foi filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT),[9] de esquerda, deixou o partido, citando seu descontentamento com o que chamou de "sistema petucano" (uma aglutinação de petista, membro do PT, com tucano, membro do PSDB, de centro-direita).[5] Segundo Ouriques, embora o PT tenha nascido do "protesto dos trabalhadores contra a ditadura", o partido sucumbiu à "ordem burguesa" no poder.[10] Ouriques criticou Luiz Inácio Lula da Silva por não ter trabalhado de perto o suficiente com o presidente Hugo Chávez da Venezuela para criar um "bloco regional coeso" anti-imperialista durante sua presidência.[11]

Ouriques é um crítico ferrenho da presidência de Jair Bolsonaro, argumentando que a política externa do Brasil havia se tornado a de uma república das bananas sob seu governo.[12] Ele argumentou que o PT e a "esquerda liberal" estão despreparados para enfrentar as ameaças representadas pelo governo de Bolsonaro.[13] Ouriques comparou Bolsonaro a Augusto Pinochet, o ditador de direita do Chile de 1974 a 1990.[14] Além disso, Ouriques argumentou que o governo Bolsonaro destruiu o status do Brasil como uma potência emergente e relegou o país a ser um representante dos interesses dos EUA na região.[15]

O vice-presidente Hamilton Mourão, general aposentado do Exército Brasileiro, tem sido alvo constante de críticas de Ouriques. Ouriques disse que Mourão é efetivamente "um homem dos Estados Unidos", que está plenamente "em sintonia com a doutrina de segurança hemisférica dos Estados Unidos". Ouriques argumenta que o relativo comedimento de Mourão em ambientes públicos em comparação com o mais bombástico Bolsonaro o torna mais perigoso do que o presidente sob o qual ele serve.[16]

Natural do estado de Santa Catarina, Ouriques falou sobre o legado da imigração europeia e do sistema latifúndio nos atuais padrões de votação de direita na região.[17] Ouriques é ativo na sede local do PSOL em Santa Catarina, tendo se juntado ao comício de lançamento dos candidatos do partido que disputaram nas eleições de 2018.[18]

Campanha presidencial de 2018[editar | editar código-fonte]

Nas eleições presidenciais brasileiras de 2018, Ouriques tentou concorrer à presidência como membro do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).[19][20][21] No entanto, ele perdeu a indicação do partido para o líder trabalhista Guilherme Boulos.[22][23][24] Ouriques acusou a liderança do PSOL de favoritismo injusto a Boulos.[25]

Trabalhos selecionados[editar | editar código-fonte]

  • "O colapso do figurino francês: crítica às ciências sociais no Brasil"[26] - 2014
  • "Dependência e Marxismo: Contribuições ao Debate Crítico Latino-Americano"[27] - 2016
  • "Crítica à razão acadêmica: reflexão sobre a universidade contemporânea"[28] - 2017

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «Nildo Ouriques». IELA - Instituto de Estudos Latino-Americanos 
  2. «Nildo Domingos Ouriques». Escavador. Consultado em 26 de fevereiro de 2021 
  3. «Quem são os jornalistas e youtubers chamados de 'detratores do governo'?». DCI. 3 de dezembro de 2020. Consultado em 28 de fevereiro de 2021 
  4. «Professor da UFSC aparece em lista de jornalistas e influenciadores em relatório do governo». www.nsctotal.com.br. Consultado em 28 de fevereiro de 2021 
  5. a b «Conheça o catarinense Nildo Ouriques, que pode ser candidato à presidência pelo PSOL». www.nsctotal.com.br. Consultado em 26 de fevereiro de 2021 
  6. «Entrevista com Nildo Ouriques, pré-candidato à presidência pelo PSOL - Diário Liberdade». gz.diarioliberdade.org. Consultado em 26 de fevereiro de 2021 
  7. «Professor da UFSC, Nildo Ouriques dará palestra no sindicato sobre liberalismo». Sintrajud. 14 de maio de 2019. Consultado em 26 de fevereiro de 2021 
  8. «Nildo Ouriques». PORTAL RESISTENTES. Consultado em 26 de fevereiro de 2021 
  9. «Nildo Ouriques» [ligação inativa] 
  10. «Nildo Ouriques e o 5º Encontro nacional do PT». Página 13. 28 de dezembro de 2020. Consultado em 26 de fevereiro de 2021 
  11. Silva, Roberto Bitencourt da (10 de novembro de 2017). «A "Revolução Brasileira" de Nildo Ouriques, por Roberto Bitencourt da Silva | GGN». Consultado em 28 de fevereiro de 2021 
  12. «"A política externa do Brasil é de república bananeira, um desastre", afirma professor da UFSC». www.nsctotal.com.br. Consultado em 26 de fevereiro de 2021 
  13. Sanson, Cesar. «"O governo Bolsonaro trará mais violência e desigualdade, mas a esquerda liberal não tem respostas à altura". Entrevista com Nildo Ouriques». www.ihu.unisinos.br. Consultado em 26 de fevereiro de 2021 
  14. «A revolução brasileira tematizada por Nildo Ouriques: ou massa ou classe social ou ambas?». IELA - Instituto de Estudos Latino-Americanos. 15 de março de 2020 
  15. admin (6 de fevereiro de 2019). «El fin de Brasil como potencia global emergente». UninomadaSUR (em espanhol). Consultado em 28 de fevereiro de 2021 
  16. «Ouriques ataca 'alternativa' Mourão: "É um homem dos Estados Unidos"». Programa Faixa Livre. Consultado em 28 de fevereiro de 2021 
  17. «Bolsonaro criou "uma bolha de interesses conservadores e liberais" no sul do país, avalia sociólogo». RFI. 18 de outubro de 2018. Consultado em 28 de fevereiro de 2021 
  18. Mirante, O. (20 de fevereiro de 2018). «Com presença de presidenciável, PSOL lança Adilson Mariano na disputa ao Congresso». O Mirante. Consultado em 28 de fevereiro de 2021 
  19. «Os candidatos à Presidência e quais dificuldades têm de superar durante a campanha». BBC News Brasil. Consultado em 28 de fevereiro de 2021 
  20. «Filiação de Boulos é criticada por postulantes do PSOL». Blog de Jamildo. 8 de março de 2018. Consultado em 26 de fevereiro de 2021 
  21. «Chico Alencar deve ser candidato ao Senado pelo Rio». O Globo. 16 de outubro de 2017. Consultado em 26 de fevereiro de 2021 
  22. «Nildo Ouriques e os novos desafios do PSOL». O Cafezinho. 15 de junho de 2019. Consultado em 26 de fevereiro de 2021 
  23. «Nildo Ouriques: 'Minha candidatura é pelas prévias'». Esquerda Online. Consultado em 26 de fevereiro de 2021 
  24. «Guilherme Boulos é confirmado pré-candidato à Presidência da República pelo PSOL». ISTOÉ DINHEIRO. 10 de março de 2018. Consultado em 26 de fevereiro de 2021 
  25. «Candidatura de Boulos racha Psol | Brasil | O Dia». odia.ig.com.br. Consultado em 26 de fevereiro de 2021 
  26. «The Collapse of the French Costume» (PDF) [ligação inativa] 
  27. «Dependência e Marxism» [ligação inativa] 
  28. «Critique of Academic Reason» [ligação inativa]