Problemas em aberto da linguística

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Os tópicos seguintes são alguns dos problemas em aberto da linguística. Alguns destes problemas em aberto são teóricos, significando que as teorias existentes parecem incapazes de explicar alguns fenômenos observados ou resultados experimentais. Outros são experimentais, significando que há uma dificuldade em criar uma experiência para testar algumas teorias propostas ou para investigar alguns fenômenos com mais detalhes. Ainda, há aqueles que podem ser descritos como controvérsia, quando não há uma resposta consensual entre diferentes perspectivas.[1]

Problemas conceituais[editar | editar código-fonte]

Acerca de conceitos e/ou termos que traduzem algum fenômeno linguístico, as perguntas a seguir não apresentam uma resposta consensual entre os linguistas, distinguindo-se de acordo com a perspectiva teórica ou restringindo-se pela falta de aparatos experimentais para analisar a emergência de tais ocorrências.[2]

  1. Existe uma definição universal de palavra?
  2. Existe uma definição universal de sentença?
  3. Existem categorias gramaticais universais?
  4. A estrutura sintática é construída por relações parte-todo de constituintes sintáticos ou por uma relação de dependência assimétrica entre sintagmas?
  5. Os morfemas e sintagmas podem seguir os mesmos princípios de combinação?
  6. Como a prosódia está relacionada à estrutura sintática?
  7. É possível diferenciar formalmente uma língua de outra?
  8. Como a gramaticalização funciona?
  9. Existe algum processo universal que explica o fenômeno da crioulização?
  10. Como idioletos e dialetos emergem?
  11. Até que ponto as línguas artificiais são úteis para a comunicação/interação humana?

Problemas históricos e evolutivos[editar | editar código-fonte]

Evolução da linguagem[editar | editar código-fonte]

A emergência da linguagem e o desenvolvimento dessa propriedade como única e distintiva da espécie humana são assuntos que ainda questionam os linguistas e dependem de estudos de evolução, coevolução, cognição, entre outros.

  1. Como e quando a linguagem se originou?[3][4][5][6][7]
    1. Como e quando se originaram as diferentes manifestações linguísticas (oral, sinalizada e escrita)?
    2. Os Homo sapiens foram a primeira espécie a usar a linguagem? E os demais Homo?
    3. A linguagem é contínua ou descontínua nas formas anteriores de comunicação? A linguagem apareceu repentina ou gradualmente?[8]

Distinção entre as línguas[editar | editar código-fonte]

  1. O que define uma família linguística?[9]
  2. Alguma das línguas não-classificadas pode ser incluída numa família?
  3. Até que ponto as escritas não decifradas podem ser compreendidas?
  4. Como se explicam as línguas isoladas?[10]

Psicolinguística[editar | editar código-fonte]

Os problemas de natureza psicolinguística dizem respeito à aquisição da linguagem, à aquisição de segunda língua, ao processamento de sentenças, à produção da fala e a outros aspectos que relacionam linguagem e mente. O trabalho psicolinguística, de maneira geral, pauta-se por métodos experimentais, como eletroencefalografia e imagem por ressonância magnética.

  1. Como a gramática surge?[11]
  2. Como bebês são capazes de aprender linguagem? É de caráter inato ou adquirido?
  3. A capacidade sintática é baseada em estruturas mentais inatas ou é resultado da inteligência e interação com outros humanos?
  4. Existe alguma área específica no cérebro responsável pelo desenvolvimento das habilidades de linguagem ou ela está apenas parcialmente localizada?
  5. Por que o desempenho do falante que adquire uma segunda língua é menor que o do falante nativo?
  6. Quais são as semelhanças entre linguagem animal e linguagem humana?[12]
  7. Qual o local da intuição linguística?

Sociolinguística[editar | editar código-fonte]

No campo da sociolinguística, os problemas situam-se principalmente nos fenômenos de variação e mudança de acordo com fatores sócio-históricos e político-ideológicos. A sociolinguística variacionista, baseada em modelos estatísticos que analisa a frequência de uso de determinada forma, ao passo que outras correntes sociolinguísticas partem de concepções antropológicas e interacionais.

  1. O que faz com que recursos linguísticos comecem a sofrer mudança linguística em alguns momentos/dialetos, mas não em outros?
  2. Qual a melhor maneira de comparar quantitativa e qualitativamente a competência e o desempenho linguístico?

Linguística computacional[editar | editar código-fonte]

A linguística computacional é uma área interdisciplinar que procura transportar a capacidade linguística humana, isto é, o processamento de linguagem natural a uma inteligência artificial. Essa transferência é realizada a partir de modelos lógico-matemáticos e de estruturas demarcadas de sintaxe e semântica com a informática.

  1. A desambiguação computacional perfeita no sentido das palavras e sentenças é alcançável usando o software?[13]
  2. É possível a indução computacional precisa?

Referências

  1. Word of Mouth. «Unsolved problems in linguistics». BBC Radio 4. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  2. Pinto, Joana Plaza. «Da língua-objeto à práxis linguística: desarticulações e rearticulações contra hegemônicas». Linguagem em Foco. 2 (3): 69-84. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  3. Givon, Talmy; Bertram F. Malle (2002). The Evolution of Language Out of Pre-language. [S.l.]: John Benjamins. ISBN 1-58811-237-3 
  4. Deacon, Terrence (1997). The Symbolic Species: The Co-evolution of Language and the Brain. [S.l.]: W.W. Norton. ISBN 0-571-17396-9 
  5. MacNeilage, Peter, 2008. The Origin of Speech. Oxford: Oxford University Press.
  6. Botha, R. and C. Knight (eds) 2009. The Cradle of Language. Oxford: Oxford University Press.
  7. Dor, D., C. Knight & J. Lewis (eds), 2014. The Social Origins of Language. Oxford: Oxford University Press.
  8. Dias, Valéria (28 de junho de 2016). «Estudo busca entender como as palavras emergiram na evolução humana». Jornal da USP. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  9. Harald Hammarström; Robert Forkel; Martin Haspelmath (2019). «Glottolog 4.0: Unclassifiable». Jena: Max Planck Institute for the Science of Human History. Consultado em 24 de novembro de 2019 
  10. Lyle Campbell, ed. (2018). Language Isolates. Col: Routledge Language Family Series. London and New York: Routledge. p. 11. ISBN 978-1-138-82105-7 
  11. Perfors, Amy (2002). «Simulated Evolution of Language: A Review of the Field». Journal of Artificial Societies and Social Simulation. 5 (2): 4 
  12. Suzuki, Toshitaka N.; Wheatcroft, David; Griesser, Michael (2018). «Call combinations in birds and the evolution of compositional syntax». PLOS Biology. 16 (8): e2006532. PMC 6093598Acessível livremente. PMID 30110321. doi:10.1371/journal.pbio.2006532 
  13. Othero, Mariana Terra; Teixeira, Gabriel de Ávila. «Desambiguação de sentenças na interface fonologia-sintaxe-semântica». Letras de Hoje. 53 (1): 109-118. doi:10.15448/1984-7726.2018.1.28698. Consultado em 9 de agosto de 2020