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Rhinemys rufipes

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Rhinemys rufipes
Classificação científica edit
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Testudines
Subordem: Pleurodira
Família: Chelidae
Subfamília: Chelinae
Gênero: Rhinemys
Wagler, 1830
Espécies:
R. rufipes
Nome binomial
Rhinemys rufipes
(Spix, 1824)[2]
Sinónimos[5][6]
Lista
  • Emys rufipes Spix, 1824
  • Hydraspis rufipes Bell, 1828
  • Rhinemys rufipes Wagler, 1830[3]
  • Chelys (Hydraspis) rufipes Gray, 1831
  • Platemys rufipes Duméril & Bibron, 1835
  • Phrynops rufipes Gray, 1844
  • Hydraspis rufipes Boulenger, 1889
  • Rhinemys rufipes Baur, 1893[4]

Rhinemys rufipes é uma espécie de tartaruga da família Chelidae. É a única espécie descrita para o gênero Rhinemys. Pode ser encontrada no Brasil e Colômbia.[1]

Fêmea de cágado vermelho (Rhinemys rufipes) em um igarapé.

Também conhecido como cágado vermelho, esta é uma espécie aquática que habita riachos florestados de águas negras, onde há uma copa fechada, na Região Amazônica. Seus nomes populares são: lalá (Brasil), achiote, tortuga roja (Colômbia); Red Amazon Side-necked Turtle (países de língua inglesa)[7]. Segundo estudos, o cágado vermelho pode ser a espécie de tartaruga mais abundante da América do Sul[8]. Seu nome científico rufipes vem do latim que significa pé vermelho (“rufus = vermelho e “pes” = pé) é em homenagem a coloração característica de seus pés e pescoço. Essa espécie pertence à subordem Pleurodira, visto que ao esconder a cabeça no casco, ela dobra o pescoço lateralmente ao corpo.

A primeira descrição da espécie foi feita pelo naturalista Johann Baptist von Spix em 1824 que concedeu-lhe o nome Emys rufipes. Em 1981, o zoólogo Paulo Emílio Vanzolini, considerou Emys rufipes como sinônimo de Phrynops rufipes. Ao longo dos anos, essa espécie foi colocada em cinco gêneros diferentes (Chelys [= Chelus], Rhinemys, Hydraspis, Platemys, and Phrynops) e foi somente em 2001 que essa espécie foi colocada no gênero dos Rhinemys pelo herpetólogo William P. McCord em seu trabalho sobre taxonomia de Testudines[9]

Espécime macho de Rhinemys rufipes, fotografado na Colômbia

São quelônios relativamente pequenos, com as fêmeas medindo entre 20 cm a 27 cm e os machos entre 160 cm a 230 cm de comprimento total do corpo.[10] Apresentam uma coloração vermelha ou rosada na cabeça e nas patas, sendo que as patas posteriores, a superfície superior das pernas e a superfície dorsal do pescoço são mais escuras do que as outras partes moles do corpo.[7] A carapaça tem um formato ovalado e é alta com uma quilha central, quanto a coloração, ela é marrom brilhante em juvenis e marrom escura em adultos . Na cabeça é possível observar três listras pretas que se originam no nariz e vão até ao pescoço, sendo que duas delas passam pelos olhos e uma entre os olhos. O plastrão (parte ventral do caso) dessa espécie é amarelo claro e apresenta um maior estreitamento na região posterior. É possível observar anéis de crescimento distintos nos juvenis, em contrapartida, os indivíduos adultos possuem somente sete anéis espaçados no centro dos escudos. As patas traseiras e dianteiras são espalmadas com membranas interdigitais.

Distribuição e Habitat

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Essa espécie aquática é encontrada na Bacia Amazônica, no Brasil, Colômbia e possivelmente na Venezuela. No Brasil, essa espécie pode ser encontrada em toda a bacia do Rio Negro e nos afluentes Trombetas e Tocantins. Na Colômbia são encontrados nas bacias dos rios Apaporis, Vaupés, Pira- Paraná e Papurí.

Pequeno córrego raso e relativamente frio, de águas negras e de dossel fechado, na Reserva Ducke, Amazonas, Brasil, habitat típico para Rhinemys rufipes
Distribuição de Rhinemys rufipes na Bacia Amazônica do norte da América do Sul, incluindo Brasil, Colômbia e possivelmente Venezuela. Linhas roxas = limites que delimitam as principais bacias hidrográficas (compartimentos de unidades hidrológicas de nível 3 – HUCs); pontos vermelhos = registros de ocorrência em museus e literatura de populações nativas com base em Iverson (1992) mais dados mais recentes e dos autores; sombreamento verde = distribuição nativa projetada

Esses cágados preferem riachos florestados de águas negras, em que há uma copa fechada, com baixa  incidência de luz. São animais de hábitos noturnos e que raramente saem da água. Habitam córregos e rios pequenos, pouco profundos, bem preservados, com água corrente e com a temperatura da água por volta 26 graus Celsius. Entretanto, já foram registrados alguns desses animais em águas claras e em lagos e igarapés de água branca. São encontradas na maior parte do tempo forrageando (alimentando) no fundo do riacho ou escondido entre os substratos de folhas em decomposição. Ocupam uma área entre 1-2 km lineares no igarapé onde habitam. A densidade estimada varia de 6,8 a 9,2 indivíduos/ Km2 [10] e comumente são capturados 4 a 6 cágados juntos, provavelmente devido a oferta de comida fresca ou de atividades reprodutivas.[7]

Ecologia e comportamento

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São onívoros, tendo como principal fonte de alimento pequenos crustáceos (camarão e caranguejos) e outros vertebrados, como lagartos, anfíbios e peixes. Contudo, também se alimentam de frutos e sementes de palmeiras de açaí do gênero Euterpe, paxiubão do gênero Iriartea e paxiúba do gênero Socratea que caem na água.

Não se sabe exatamente sobre a reprodução dessa espécie. Contudo, sabe-se que a fêmea atinge sua maturidade sexual por volta dos 6 a 10 anos de idade. O período de desova no Brasil é estimado a ocorrer no fim da estação chuvosa, entre março a junho, já na Colômbia, o período reprodutivo pode acontecer duas vezes ao ano: entre julho a setembro e dezembro a fevereiro. As fêmeas depositam de 3 a 8 ovos a cada estação reprodutiva, sendo que elas podem ter uma ou duas desovas durante esse período.[10] Os ovos são levemente elípticos, medindo cerca de 41-47 mm x 38- 42 mm e pesando entre 32.5 a 34.5 g.[7] Não há registros de ninhos feitos ao longo do banco de areia das margens de igarapés onde esses animais são encontrados, assim, acredita-se que esses ovos sejam depositados embaixo da terra em plataformas.

Dois espécimes de Rhinemys rufipes: Macho adulto (esquerda) e fêmea (direita)

Diformismo sexual

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As fêmeas são maiores que os machos, estes por sua vez, possuem uma cauda mais larga e comprida. Além. de que, o plastrão dos machos é levemente mais côncavo e a abertura do escudo anal é mais triangular e profunda.

Por que não conseguem manter elas em cativeiro

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Medem (1975), Pritchard (1979) and Lamar e Medem (1982) apresentaram dificuldade em manter animais dessa espécie em cativeiro. Uma das dificuldades encontradas foi a presença de fungos e bactérias nos cascos de alguns animais capturados em campo que passaram a infectar os demais cágados coletados. Apesar de animais coletados na região de Manaus não apresentarem esse problema,  alguns pesquisadores relatam que é difícil encontrar a temperatura ideal para manter os cágados em cativeiro, visto que apesar de serem espécie neotropicais, a temperatura do local onde elas se encontram não ultrapassa 26 graus Celsius.[8]

Conservação

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O cágado-vermelho é sensível ao avanço da urbanização das áreas de florestas, ao desmatamento e à poluição das águas dos igarapés onde habitam. Na Colômbia, sua carne é apreciada pelos povos nativos da região, o que por sua vez não ocorre em território brasileiro

A espécie é protegida no Brasil e pode ser encontrada em áreas de conservação, como o Parque Nacional do Jaú (AM), Reserva Florestal Adolpho Ducke (AM) e Reserva do Rio Trombetas (PA).[8] Diferentemente do Brasil em que essa espécie está fora da lista de espécies ameaçadas, na Colômbia estes animais  estão na lista vermelha de vulnerabilidade[8], visto que a sua população tem diminuído ao longo dos anos. Apesar disso, essa espécie saiu da lista vermelha de animais quase ameaçados de extinção da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza), na qual estava desde 1996, em 2011. Na Colômbia, os cágados vermelhos são encontrados no Rio Puré, Cahuinarí e no Parque Nacional Yaigojé Apaporis.

Referências

  1. a b Tortoise & Freshwater Turtle Specialist Group 1996. Phrynops rufipes. 2006 IUCN Red List of Threatened Species. Downloaded on 29 July 2007.
  2. Spix, J.B. von. 1824. Animalia nova; sive, Species novae Testudinum et Ranarum, quas in itinere per Brasiliam annis 1817-20 collegit et descripsit. F.S. Hübschmann, München. iv + 53 pp.
  3. Wagler, J.G. 1830. Natürliches System der Amphibien, mit vorangehender Classification der Säugthiere und Vögel. München: J.G. Cotta’schen Buchhandlung, 354 pp.
  4. Baur, G. 1893. Notes on the classification and taxonomy of the Testudinata. Proc. Amer. Philos. Soc. 31: 210-225
  5. Peter Paul van Dijk, John B. Iverson, H. Bradley Shaffer, Roger Bour, and Anders G.J. Rhodin. 2012. Turtles of the World, 2012 Update: Annotated Checklist of Taxonomy, Synonymy, Distribution, and Conservation Status. Chelonian Research Monographs No. 5, pp. 000.243–000.328.
  6. Fritz Uwe; Peter Havaš (2007). «Checklist of Chelonians of the World» (PDF). Vertebrate Zoology. 57 (2): 343–344. ISSN 1864-5755. Consultado em 29 de maio de 2012. Arquivado do original (PDF) em 1 de maio de 2011 
  7. a b c d VOGT, Richard C. (2008). Tartarugas da Amazônia 1ª ed. ed. Lima, Peru: Inpa. ISBN 978-85-211-0039-3
  8. a b c d Magnusson, W. Vogt, R. Rhinemys rufipes (Spix 1824)- Red Side-necked Turtle, Red-footed Sideneck Turtle, Perema. Publicado em 26 de julho de 2014.
  9. McCord, W.P., Joseph-Ouni, M., and Lamar, W.W. 2001. A taxonomic reevaluation of Phrynops (Testudines: Chelidae) with the description of two new genera and a new species of Batrachemys. Revista de Biologia Tropical 49(2):715–764.
  10. a b c Ferrara, C. Fagundes, C. Morcatty,T. Vog,R. Quelônios Amazônicos Guia de Identificação e Distribuição. Edição 1. Manaus, Brasil.  Wildlife Conservation Society, 2017
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