Teresa Gomes

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Teresa Gomes
Teresa Gomes
Teresa Gomes com as insígnias da Ordem de Santiago da Espada (1959)
Nascimento 26 de novembro de 1883
Lisboa
Morte 13 de novembro de 1962
Lisboa
Sepultamento Cemitério dos Prazeres
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Cônjuge Álvaro de Almeida
Ocupação atriz
Prêmios
  • Ordem de Santiago da Espada

Teresa Gomes de Almeida (Lisboa, 26 de novembro de 1883 — Lisboa, 13 de novembro de 1962) foi uma atriz portuguesa.[1][2][3]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Teresa Gomes nasceu em Lisboa, no número 60 da Rua de Santo António à Estrela, freguesia de Santa Isabel, a 26 de novembro de 1883, filha natural do barbeiro viúvo Ludgero Veríssimo Gomes, natural de Lisboa, freguesia de Santos-o-Velho e de Teresa Melanda, natural de Alhadas, do concelho da Figueira da Foz.[4]

Retrato da atriz Teresa Gomes aos 28 anos (1912).

Ainda jovem, inicia-se no ofício de costureira, casando, aos 23 anos, a 26 de agosto de 1907, com o comerciante António Sampaio Martins, natural de Coimbra, freguesia de São Bartolomeu, no oratório da Cadeia da Relação, no Porto, onde o noivo se encontrava preso, por razões desconhecidas. Mais tarde irá separar-se do marido.[5]

A sua vocação para o teatro despertou quando ela tinha 26 anos, numa viagem a bordo de um paquete vindo do Brasil durante a qual entrou em contacto com a companhia teatral de Afonso Taveira e com o seu futuro marido, o ator Álvaro de Almeida, com quem se junta, ainda casada com o primeiro marido.[6][7]

Em 1911, estreia-se como corista na revista A Musa dos Estudantes, no Teatro da Trindade, onde permaneceu 8 anos e a partir daí desempenhou já papéis de importância, de figuras emblemáticas alfacinhas. Tendo-se afirmado uma artista boa classe, passou para o Teatro São Luiz, onde se destaca a revelação da sua veia cómica na primeira revista que fez como atriz, em Pé de Meia, de Eduardo Schwalbach, em 1919, ou a sua interpretação do papel de "comadre Zefa" na peça Dois Garotos, entre muitas outras.[6][7]

Para além da revista à portuguesa, Teresa Gomes experimentou o teatro declamado, a opereta, a ópera cómica e o género dramático, tendo trabalhado nas Companhias de José Ricardo, Nascimento Fernandes, Maria Matos, Maria das Neves, Hortense Luz, Vasco Morgado, na Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, no Maria Vitória, no Avenida, entre outros. Foi uma atriz muito popular e estimada pelo público.[1][6][7]

Teresa Gomes nos seus tempos de corista do Teatro da Trindade.

O seu talento ficou ainda impresso no cinema português, em filmes como Lisboa, Crónica Anedótica (1930), de Leitão de Barros, O Pai Tirano (1941), de António Lopes Ribeiro, onde representou a personagem "Teresa", Fátima Terra de Fé (1943), de Jorge Brum do Canto, Os Vizinhos do Rés-do-Chão (1947), de Alejandro Perla, onde representou a personagem "Isabel" e O Costa d'África (1954), de João Mendes, onde representou a personagem "Velhota da cabine telefónica". No entanto, o seu papel mais conhecido na tela portuguesa é, sem dúvida, o de tia de Vasco Santana, juntamente com Sofia Santos, no filme A Canção de Lisboa (1933), de Cottinelli Telmo. Destacam-se também as suas atuações na Emissora Nacional e em postos particulares de rádio.[2][3][6][7]

Teresa Gomes no papel de "Tia Perpétua" no filme A Canção de Lisboa (1933).

Já divorciada do primeiro marido há dois anos, casa-se finalmente com o seu companheiro, o ator Álvaro de Almeida, a 25 de outubro de 1937, em Lisboa, tendo enviuvado do mesmo a 2 de fevereiro de 1945, sendo informada da notícia prestes a entrar em palco. O público, que notou a profunda tristeza no seu semblante, ao ser informado, presenteou-a com uma enorme ovação no final da peça.[6][7][8]

A sua última atuação ocorreu no Teatro Maria Vitória, a 31 de maio de 1958, na peça Abaixo as saias, ao lado de António Silva, Irene Isidro, Barroso Lopes e Raul Solnado. A 6 de outubro de 1959, realizou-se no Coliseu dos Recreios, a sua festa de despedida e homenagem, com lotação esgotada, na qual participaram muitos artistas, tendo o elenco revivido a revista Encosta a Cabecinha e Chora. Américo Covões, empresário do Coliseu, pela mão de Costinha, ofereceu-lhe um valioso medalhão com a data da homenagem e uma legenda, e Luís de Oliveira Guimarães, em representação da Sociedade dos Escritores e Compositores Teatraism, saudou-a em termos entusiásticos.[6][7]

A 12 de outubro de 1959, é agraciada com as insígnias de Dama da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, no Palácio de Belém, sendo a condecoração publicada em Diário da República a 23 de outubro de 1959.[6][7][9]

Já reformada, faleceu a 13 de novembro de 1962, aos 78 anos, no quarto andar direito do número 166 da Rua Rodrigues Sampaio, freguesia de Coração de Jesus, em Lisboa, onde residia, de causas naturais. O seu funeral, que saiu da Basílica da Estrela para o Cemitério dos Prazeres, onde a atriz foi sepultada no Talhão dos Artistas, foi largamente concorrido pela população, que lhe quis prestar uma última homenagem.[10][11]

O seu nome faz parte da toponímia de: Almada (freguesia de Charneca de Caparica), Amadora (freguesia de Venda Nova), Lisboa (freguesia de São Domingos de Benfica, edital de 25 de outubro de 1971), Seixal (freguesias de Fernão Ferro e Torre da Marinha), Sesimbra (freguesia do Castelo), Setúbal (fregueia de Azeitão) e Sintra (freguesia de Algueirão-Mem Martins).[6]

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Filmografia[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b «CETbase: Ficha de Teresa Gomes». ww3.fl.ul.pt. CETbase: Teatro em Portugal 
  2. a b Nascimento, Guilherme; Lopes, Frederico; Oliveira, Marco. «Cinema Português: Teresa Gomes». CinePT-Cinema Português 
  3. a b «Teresa Gomes». IMDb 
  4. «Livro de registo de baptismos da Paróquia de Santa Isabel (1883 a 1887)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 55-55 verso, assento 521 
  5. «Livro de registo de casamentos da Paróquia de Vitória (1907)». pesquisa.adporto.arquivos.pt. Arquivo Distrital do Porto. p. 55-55 verso, assento 54 
  6. a b c d e f g h «Recordamos hoje a Actriz Teresa Gomes». Ruas com história. Wordpress. 26 de novembro de 2018 
  7. a b c d e f g Fern, Paula; Diz, Es (9 de fevereiro de 2015). «Então são dois copinhos de vinho branco com Teresa Gomes». Toponímia de Lisboa 
  8. «Livro de registo de casamentos da 5.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa (12-09-1937 a 13-11-1937)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 76, assento 576 
  9. «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Teresa Gomes de Almeida". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 4 de dezembro de 2021 
  10. «Livro de registo de óbitos da 3.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa (21-09-1962 a 28-12-1962)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 645 verso, assento 1290 
  11. Sou, Fado (28 de setembro de 2018). «Fabulásticas: Teresa Gomes». FABULÁSTICAS