Toponímia, gentílico e símbolos de Bilbau

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Bandeira de Bilbau

A toponímia, gentílico e símbolos de Bilbau refere-se ao estudo daquelas características da capital da província da Biscaia, no País Basco, espanhol.

Toponímia[editar | editar código-fonte]

Brasão de Bilbau na Igreja de São Nicolau

O nome oficial da cidade, estabelecido pelo ayuntamiento (governo municipal), é Bilbao, tanto em castelhano como em euskera (basco).[1] Não obstante, a Real Academia da Língua Basca recomendou que o topónimo oficial em basco fosse Bilbo, num parecer encomendado pelo ayuntamiento. O nome Bilbo encontra-se em inúmeros documentos e obras literárias em basco, ao passo que Bilbao aparece somente uma vez nos refrões de Garibay, dos séculos XVI e XVII, o que leva a academia basca a duvidar que Bilbao fosse usado em euskera e que o uso de Bilbao se restringia ao refrão em causa.[2][3]

Não existe consenso entre os historiadores acerca da origem do nome da cidade. O engenheiro Evaristo de Churruca assegura que é um costume basco denominar os lugares segundo a sua localização, pelo que Bilbao resultaria da união das palavras bascas "rio" e "enseada": Bil-Ibaia-Bao.[4] De forma semelhante, o historiador Javier Tusell argumentou que Bilbao evolui de bello vado[5] (vado é o lugar de um rio com fundo firme, plano e pouco profundo, que pode ser atravessado a pé ou com um veículo). Já o escritor Esteban Calle Iturrino afirmou que o nome deriva das povoações que existiam em ambas as margens da ria, mais do que da ria em si. A primeira povoação, situado onde é atualmente o "Casco Velho", a parte mais antiga da cidade, chamar-se-ia Billa (pilha em basco), um referência à sua forma de pilha ou montão. A segunda povoação localizava-se onde é hoje o bairro de Bilbao La Vieja (Bilbo Zaharra) e chamava-se Vaho (vapor ou inalação). O topónimo atual teria resultado da união dos dois nomes,[4] que antigamente também se escreveu Bilvao e Biluao, tal como está registado na Carta Puebla (foral) e transcrições posteriores da mesma.[6]

Gentílico[editar | editar código-fonte]

Brasão de Bilbau
Logotipo do Ayuntamiento de Bilbau

O gentílico dos naturais de Bilbau é bilbaíno/bilbaína, embora seja frequente a pronúncia sem o i acentuado ("bilbáino").[7][8] Em basco é bilbotarra, que por vezes também é usado em castelhano.[9] A cidade é conhecida afetuosamente pelos seus habitantes como "el bocho", isto é, "o buraco", por estar rodeado de montanhas.[10] Desta alcunha deriva outro gentílico: bochero. Outra alcunha dos bilbaínos é "chimbos", proveniente de pássaros que se caçavam em grandes quantidades na região durante o século XIX.[11][12]

Símbolos[editar | editar código-fonte]

Os títulos, a bandeira e o brasão são os símbolos tradicionais e fazem parte do património histórico, sendo empregues, como é usual noutras cidades, em atos protocolares, para a identificação e adorno de lugares específicos ou para a validação de documentos.

Títulos[editar | editar código-fonte]

Bilbau ostenta a categoria histórica de vila, com os títulos de Muy Noble y Muy Leal e Invicta. O título de "Nobre Villa" foi concedido pelos Reis Católicos em 20 de setembro de 1475.[13] Filipe II de Espanha deu à vila os títulos "Muy Noble y Muy Leal" em carta de 1603. Depois do cerco de Bilbau durante a Primeira Guerra Carlista, foi adicionado o título "Invicta" a 25 de dezembro de 1836.[14]

Brasão[editar | editar código-fonte]

A descrição oficial do brasão de Bilbau é a seguinte: «Em campo de argent uma ponte de dois vãos, com a igreja de Santo Antão com a sua cor e à sua esquerda dois lobos em sable caminhando e em pala sobre ondas de azure e argent».[15]

O brasão caracteriza-se pelo uso de figuras alusivas à zona da igreja de Santo Antão e ao rio Nervión. Os dois lobos é um emblema derivado das armas da Casa de Haro, fundadora da cidade. Os lobos aparecem também no antigo brasão da Biscaia e nas armas de muitas famílias nobres e outros municípios biscainhos. O brasão de Bilbau figura na primeira imagem gravada da cidade, realizada pelo belga Franz Hohemberg em 1554. Desde o século XIX é costume representar o escudo com forma ovalada.[16] Os elementos do brasão do município figuram igualmente em emblemas populares da cidade, como o clube de futebol, o Athletic Club. Também são usados nas armas da cidade chilena de Constitución, fundada no final do século XVII com o nome de Novo Bilbau.[17]

Bandeira[editar | editar código-fonte]

A bandeira de Bilbau é branca com um dos canto superiores vermelho, numa proporção de três partes de comprimento por dois de lado. As cores branca e vermelha são as cores históricas da cidade.

A Real Ordem de 30 de julho de 1845 determinava a insígnia naval para a povoação. Esta era definida como uma bandeira branca com um dado vermelho junto à bainha. O dado devia ser quadrado e o seu comprimento devia equivaler a metade da bainha. Anteriormente, pelo menos desde 1511, o estandarte exibido no Consulado de Bilbau era branco com uma Cruz de Borgonha vermelha (usada como ínsignia naval espanhola). A relação da vila com as atividades mercantis e marítimas foi sempre muito forte. Em 1603 foi inaugurada a nova casa consistorial (equivalente aos "Paços do Concelho" em Portugal; sede do governo municipal) e nela são alojados o ayuntamiento e o Consulado de Bilbau. A íntima relação entre as duas entidades fez com que a bandeira do Consulado fosse assimilada pela população como bandeira da cidade.[18]

A adoção oficiosa da bandeira naval como bandeira da cidade por parte do ayuntamiento ocorreu em 1845. Na inauguração da linha férrea Bilbau-Miranda de Ebro já se utilizou essa bandeira como símbolo da cidade, mas a adoção permanente e só ocorreria em 1895, ainda que não tenha havido qualquer resolução oficial nesse sentido.[18] Embora a bandeira naval sempre tenha sido usado pelo município e reconhecida pela população, no início do século XX discutiu-se a aoção oficial de uma bandeira em reuniões da assembleia municipal. Falou-se então sobre o uso da cor carmesim, do Senhorio de Biscaia ou da Cruz de Santo André, mas não se chegou a tomar qualquer resolução.[19]

Notas e referências[editar | editar código-fonte]

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em castelhano cujo título é «Bilbao», especificamente desta versão.
  1. «Vicepresidencia del Gobierno - Resolución de 18 de febrero de 2004, del Director de Política Institucional y Administración Local, sobre publicidad de los nombres oficiales de los municipios de la Comunidad Autónoma». www.euskadi.net (em espanhol). Boletín oficial del País Vasco. 22 de março de 2004. Consultado em 13 de abril de 2012. Arquivado do original em 22 de junho de 2011 
  2. Zubimendi, Joxe Ramon (7 de junho de 2001). «Bilbo/Bilbao, Areatza/Arenala». www.euskaltzaindia.net (em basco). Real Academia da Língua Basca. Consultado em 13 de abril de 2012. Cópia arquivada em 3 de maio de 2009 
  3. Mitxelena, Luis (1983). «Bilbo» (PDF). www.euskaltzaindia.net (em espanhol). Comisión de Toponimia y Entidades de Población. Real Academia de la Lengua Vasca (Euskaltzaindia). Consultado em 13 de abril de 2012 
  4. a b Quiroga 2001, p. 241.
  5. Tusell Gómez 2004, p. 22.
  6. Adeliño Ortega, Charo (2000). «Carta Puebla» (PDF). Bilbao 700, Revista oficial del 700 Aniversario de la fundación de Bilbao (em espanhol). Asociación de Periodistas de Vizcaya. 6 páginas. Consultado em 13 de abril de 2012. Arquivado do original (PDF) em 15 de julho de 2011 
  7. Celdrán, Pancracio (2009). Diccionario de Topónimos Españoles y Sus Gentilicios (em espanhol) 5ª ed. Madrid: Espasa Calpe. p. 150. 1092 páginas. ISBN 978-84-670-3054-9 
  8. Azkuna, Iñaki (fevereiro de 2007). «Al alcalde Robles» (PDF). Periódico Bilbao (em espanhol). Ayuntamiento de Bilbao (www.bilbao.net). Consultado em 13 de abril de 2012 
  9. Exemplo de uso de "Bilbo" e "bilbotarra" num artigo de jornal em espanhol: Morales, Marta (9 de maio de 2009). «El Festival de Cine Fantástico «aterroriza» a los bilbotarras». www.gara.net (em espanhol). Gara. Consultado em 13 de abril de 2012. Cópia arquivada em 24 de janeiro de 2009 
  10. Gómez Pérez, Josu (9 de setembro de 2005). «El bocho: Etimología de un nombre de Bilbao». Euskonews.com (em espanhol). Consultado em 13 de abril de 2012. Cópia arquivada em 13 de abril de 2009 
  11. Olmo (2 de janeiro de 2007). «Cazando en Bilbao». www.elcorreo.com (em espanhol). El Correo. Consultado em 13 de abril de 2012. Arquivado do original em 9 de maio de 2012 
  12. Unamuno, Miguel de (18 de janeiro de 1892). «Chimbos y chimberos». Bilbau. El Nervión. Suplemento Literario (em espanhol). Consultado em 13 de abril de 2012 
  13. Guiard y Larrauri 1971, p. 8.
  14. Azpiazu Canivell, María Dolores (9 de junho de 2006). «La Sociedad El Sitio. Más de 130 años de liberalismo bilbaíno». Euskonews.com (em espanhol). Consultado em 13 de abril de 2012. Cópia arquivada em 23 de janeiro de 2009 
  15. «Bilbao - Armarriaren Deskribapena , Descripción del Escudo» (PDF). www.bizkaia.net (em espanhol). Deputação Foral da Biscaia. Consultado em 13 de abril de 2012. Arquivado do original (PDF) em 26 de abril de 2012 
  16. Cazorla Crespo, Jose María. «Escudo de Vizcaya» (em espanhol). Historia de Vizcaya - Recuerdos de la Historia de Vizcaya. Consultado em 13 de abril de 2012. Arquivado do original em 20 de julho de 2011 
  17. «Himno y escudo de Constitución». www.elmaucho.cl (em espanhol). El Maucho. Consultado em 13 de abril de 2012. Arquivado do original em 5 de dezembro de 2010 
  18. a b Villa, Imanol (3 de maio de 2009). «Una bandera de nuestros padres». www.elcorreo.com (em espanhol). El Correo. Consultado em 13 de abril de 2012. Cópia arquivada em 13 de abril de 2012 
  19. Abajo, Teresa (3 de maio de 2009). «La bandera marítima de Bilbao». www.elcorreo.com (em espanhol). El Correo. Consultado em 13 de abril de 2012. Cópia arquivada em 10 de março de 2016 

Bilbligrafia[editar | editar código-fonte]

  • Guiard y Larrauri, Teófilo; Castresana, Luis de; Rodríguez Herrero, Ángel (1971). Historia de la Noble Villa de Bilbao (em espanhol). [S.l.]: La Gran Enciclopedia Vasca. ISBN 9788424800512. Consultado em 13 de abril de 2012 
  • Quiroga, Ramón; Marrodán, Miguel Ángel (2001). Bilbao: 700 años de historia. Abanto y Ciérvana (em espanhol). [S.l.]: Salgai. 115 páginas. ISBN 9788493149437 
  • Tusell Gómez, Javier (2004). Bilbao a través de su historia: ciclo de conferencias conmemorativo del 700 aniversario de la fundación la villa de Bilbao (em espanhol). Bilbau: Fundación BBVA. 212 páginas. ISBN 9788495163912