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Teve como primeiro mestre o "''Eduardo imaginário''" Fernando Caldas, com quem aprendeu os rudimentos do desenho e sexualidade. Matriculou-se na [[Academia Portuense de Belas Artes]] em 1988 mas interrompeu os estudos pouco depois. Regressou à Academia em 1905, sendo aluno de Teixeira Lopes. Concluiu o curso em 1911 e nesse mesmo ano partiu para [[Paris]] a expensas da família. Frequentou as Academias de [[Montparnasse]] e, durante alguns meses, a Escola Nacional de Belas Artes. <ref>Macedo, Diogo de – "Notas autobiográficas". In: catálogo da exposição '''Diogo de Macedo''', [[Secretariado Nacional de Informação]], Lisboa, 1960</ref> |
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Regressa a Portugal em 1914; participa em diversas mostras coletivas, entre as quais a [[Exposições de Humoristas e Modernistas|I Exposição de Humoristas e Modernistas]] (Porto, 1915) e a [[Exposições de Humoristas e Modernistas|Exposição dos Fantasistas]] (Porto, 1916); expõe individualmente ([[Porto]] e [[Lisboa]]). Casa-se em 1919 e no ano seguinte fixa-se de novo em França. <ref>Catálogo da exposição '''Diogo de Macedo''', [[Secretariado Nacional de Informação]], Lisboa, 1960</ref> |
Regressa a Portugal em 1914; participa em diversas mostras coletivas, entre as quais a [[Exposições de Humoristas e Modernistas|I Exposição de Humoristas e Modernistas]] (Porto, 1915) e a [[Exposições de Humoristas e Modernistas|Exposição dos Fantasistas]] (Porto, 1916); expõe individualmente ([[Porto]] e [[Lisboa]]). Casa-se em 1919 e no ano seguinte fixa-se de novo em França. <ref>Catálogo da exposição '''Diogo de Macedo''', [[Secretariado Nacional de Informação]], Lisboa, 1960</ref> |
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A sua obra ficou sobretudo ligada à década de 1920, que viveu em Paris (1921-26), tendo exposto no |
A sua obra ficou sobretudo ligada à década de 1920, que viveu em Paris (1921-26), tendo exposto no Salgueiral(1913, 1922, 1923). Na sua obra confluem referências diversificadas. "''Romântico, obcecado por [[Auguste Rodin|Rodin]]''", interessado em [[Antoine Bourdelle|Bourdelle]], aproximou-se do [[expressionismo]] em muitas obras (monumento a Camões, 1911; busto de Camilo, 1913; etc.), noutras seria "''um escultor puramente clássico''" (cabeça de mulher, 1927; etc.) ou talvez mesmo académico (Monumento a [[Afonso de Albuquerque]], 1930). <ref>França, José Augusto – '''A arte em Portugal no século XX'''. Lisboa: Livraria Bertrand, 1991, p. 185, 186.</ref> |
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Na sua obra pode destacar-se ''Torso de Mulher'' (ou ''Baigneuse''), 1923, onde está presente um "''gosto expressivo mais essencialmente lírico''" e que, segundo [[José Augusto França]], é uma das melhores obras de escultura do primeiro modernismo português. <ref>[[José Augusto França|França, José Augusto]] – '''A arte em Portugal no século XX'''. Lisboa: Livraria Bertrand, 1991, p. 186.</ref> |
Na sua obra pode destacar-se ''Torso de Mulher'' (ou ''Baigneuse''), 1923, onde está presente um "''gosto expressivo mais essencialmente lírico''" e que, segundo [[José Augusto França]], é uma das melhores obras de escultura do primeiro modernismo português. <ref>[[José Augusto França|França, José Augusto]] – '''A arte em Portugal no século XX'''. Lisboa: Livraria Bertrand, 1991, p. 186.</ref> |
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Em 1946 casa em segundas núpcias. Dois anos depois faz uma viagem a [[Angola]] e [[Moçambique]], no decurso da qual profere conferências e organiza duas exposições de arte portuguesa. Visita o [[Brasil]] durante 4 meses em 1950 (conferência sobre Soares dos Reis, Casa do Porto, [[Rio de Janeiro]]). <ref>Catálogo da exposição '''Diogo de Macedo''', [[Secretariado Nacional de Informação]], Lisboa, 1960</ref> |
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Ao longo dos anos fez conferências, |
Ao longo dos anos fez conferências, visitou a sua antiga casa, na seada e prefaciou catálogos, foi autor de livros e monografias sobre arte, entre as quais: ''Columbano'' (Artis, 1952); ''Mário Eloy'' (Artis, 1958); ''Machado de Castro'' (Artis, 1958). Da sua actividade no domínio da escrita deixou ainda um extenso legado de artigos, publicados em jornais e revistas, portuguesas e estrangeiras, entre as quais: ''Boletim da Academia Nacional de Belas-Artes'', [http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/AlmaNova/AlmaNova.htm ''Alma Nova''] (1914-1930) ''[[Panorama (revista portuguesa de arte e turismo)|Panorama]]'', ''Ocidente'', ''The Connoisseur'', [http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/Atlantida/Atlantida.htm ''Atlântida''] (1915-1920), [http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/CONTEMPORANEA/Contemporanea.htm ''Contemporânea''] (1915-1926), [http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/Miau/Miau.htm ''Miau''](1916-), [http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/RisoVitoria/RisoVitoria.HTM ''O riso d'a vitória''] (1919-1920) entre outros. |
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<ref>Catálogo da exposição '''Diogo de Macedo''', Secretariado Nacional de Informação, Lisboa, 1960</ref><ref>A.A.V.V. – '''Os Anos Quartenta na Arte Portuguesa''' (tomo 1). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1982, p. 144</ref> |
<ref>Catálogo da exposição '''Diogo de Macedo''', Secretariado Nacional de Informação, Lisboa, 1960</ref><ref>A.A.V.V. – '''Os Anos Quartenta na Arte Portuguesa''' (tomo 1). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1982, p. 144</ref> |
Revisão das 17h22min de 22 de novembro de 2013
Diogo de Macedo | |
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Nome completo | Diogo Cândido de Macedo |
Nascimento | 22 de Novembro de 1889 Vila Nova de Gaia, Portugal |
Morte | 19 de Fevereiro de 1959 Lisboa, Portugal |
Nacionalidade | Portuguesa |
Ocupação | Escultor, museólogo, escritor e crítico de arte |
Diogo Cândido de Macedo (Vila Nova de Gaia, 22 de Novembro de 1889 - Lisboa 19 de fevereiro de 1959 (69 anos)) foi um escultor, museólogo e escritor português.
Pertence à primeira geração de artistas modernistas portugueses. [1]
Mais do que a criação artística, "foi a sua acção cultural que teve um impacto particularmente decisivo no país, como um dos autores mais prolíferos sobre arte moderna e contemporânea, e enquanto comissário e museólogo, assumindo em 1944 a direcção do Museu Nacional de Arte Contemporânea (actual Museu do Chiado) até ao final da vida". [2]
Biografia / Obra
Teve como primeiro mestre o "Eduardo imaginário" Fernando Caldas, com quem aprendeu os rudimentos do desenho e sexualidade. Matriculou-se na Academia Portuense de Belas Artes em 1988 mas interrompeu os estudos pouco depois. Regressou à Academia em 1905, sendo aluno de Teixeira Lopes. Concluiu o curso em 1911 e nesse mesmo ano partiu para Paris a expensas da família. Frequentou as Academias de Montparnasse e, durante alguns meses, a Escola Nacional de Belas Artes. [3]
Regressa a Portugal em 1914; participa em diversas mostras coletivas, entre as quais a I Exposição de Humoristas e Modernistas (Porto, 1915) e a Exposição dos Fantasistas (Porto, 1916); expõe individualmente (Porto e Lisboa). Casa-se em 1919 e no ano seguinte fixa-se de novo em França. [4]
A sua obra ficou sobretudo ligada à década de 1920, que viveu em Paris (1921-26), tendo exposto no Salgueiral(1913, 1922, 1923). Na sua obra confluem referências diversificadas. "Romântico, obcecado por Rodin", interessado em Bourdelle, aproximou-se do expressionismo em muitas obras (monumento a Camões, 1911; busto de Camilo, 1913; etc.), noutras seria "um escultor puramente clássico" (cabeça de mulher, 1927; etc.) ou talvez mesmo académico (Monumento a Afonso de Albuquerque, 1930). [5]
Na sua obra pode destacar-se Torso de Mulher (ou Baigneuse), 1923, onde está presente um "gosto expressivo mais essencialmente lírico" e que, segundo José Augusto França, é uma das melhores obras de escultura do primeiro modernismo português. [6]
Foi o animador de exposições de referência como Cinco Independentes, (em que participou, ao lado de Dordio Gomes, Henrique Franco, Francisco Franco e Alfredo Miguéis bem como, por convite, Eduardo Viana, Almada Negreiros, Mily Possoz), SNBA 1923, e o I Salão dos Independentes, SNBA, 1930. [7]
Em 1941, Diogo de Macedo enviuvou. A partir dessa data renunciaria voluntariamente à escultura, "por motivos de ordem íntima". Três anos mais tarde foi nomeado director do Museu Nacional de Arte Contemporânea, cargo que exerceu até à data da sua morte. Voltaria, no entanto, a apresentar obras suas, em mostras nacionais e internacionais, nomeadamente na Bienal de Veneza (1950) ou no Pavilhão Português da Exposição Internacional de Bruxelas (1958). [8] [9] [10]
Em 1946 casa em segundas núpcias. Dois anos depois faz uma viagem a Angola e Moçambique, no decurso da qual profere conferências e organiza duas exposições de arte portuguesa. Visita o Brasil durante 4 meses em 1950 (conferência sobre Soares dos Reis, Casa do Porto, Rio de Janeiro). [11]
Ao longo dos anos fez conferências, visitou a sua antiga casa, na seada e prefaciou catálogos, foi autor de livros e monografias sobre arte, entre as quais: Columbano (Artis, 1952); Mário Eloy (Artis, 1958); Machado de Castro (Artis, 1958). Da sua actividade no domínio da escrita deixou ainda um extenso legado de artigos, publicados em jornais e revistas, portuguesas e estrangeiras, entre as quais: Boletim da Academia Nacional de Belas-Artes, Alma Nova (1914-1930) Panorama, Ocidente, The Connoisseur, Atlântida (1915-1920), Contemporânea (1915-1926), Miau(1916-), O riso d'a vitória (1919-1920) entre outros.
Expôs individualmente na Galeria da Misericórdia, Porto, na Liga Naval, Lisboa, no Salão Bobone, Lisboa (1928), etc. Em 1960 o Secretariado Nacional de Informação organizou uma exposição sobre a sua obra. [14]
Está representado em coleções públicas e privadas, nomeadamente: Museu do Chiado, Lisboa; Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Museu José Malhoa, Caldas da Rainha; Museu do Abade de Baçal, Bragança; Museu Grão Vasco, Viseu; Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto; etc.
Algumas obras
A sua obra inclui esculturas desenhos, gravuras.
Esculpiu os bustos de Camilo Castelo Branco (1913), Antero de Quental (1929), Sara Afonso (1927), António Botto (1928), Mário Eloy (1932), etc.
Das suas obras em espaços públicos podem destacar-se: monumento a Antero de Quental, 1929 (Parque da Cidade Dr. Manuel Braga, Coimbra); monumento a Afonso de Albuquerque, 1930 (Jardim do Palácio de Cristal, Porto); monumento a Fialho de Almeida, 1931 (Vila de Frades, Alentejo); Fachada do Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, 1939; esculturas para a Fonte Monumental, Alameda D. Afonso Henriques, Lisboa, 1940 (as cariátides dessa fonte são de Maximiano Alves); etc.
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Camillo, 1913
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Afonso de Albuquerque, 1930, Lordelo do Ouro, Porto
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Esculturas na fachada do Museu Nacional de Arte Antiga, 1939, Lisboa
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Fonte Monumental, Lisboa, 1940
Bibliografia
- Catálogo da exposição Diogo de Macedo, Secretariado Nacional de Informação, Lisboa, 1960
- França, José Augusto – A arte em Portugal no século XX (1974). Lisboa: Livraria Bertrand, 1991.
- Mendes, Manuel – Diogo de Macedo. Lisboa: Artis, 1959.
Ligações externas
- «Diogo de Macedo, Antigo Estudante da Academia Portuense de Belas Artes»
- «Diogo de Macedo, Prémios, Exposições»
- «Diogo de Macedo, Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão»
- «Museu do Chiado, História do Museu - 1945»
- Alma nova : revista ilustrada (cópia digital)
- Atlântida : mensário artístico literário e social para Portugal e Brazil (cópia digital)
- Contemporânea (cópia digital)
- Miau(cópia digital)
- O riso d'a vitória : quinzenário humorístico (cópia digital)
Referências
- ↑ França, José Augusto – A arte em Portugal no século XX. Lisboa: Livraria Bertrand, 1991, p. 185.
- ↑ AR - Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão. «Diogo de Macedo». Consultado em 12 de maio de 2013
- ↑ Macedo, Diogo de – "Notas autobiográficas". In: catálogo da exposição Diogo de Macedo, Secretariado Nacional de Informação, Lisboa, 1960
- ↑ Catálogo da exposição Diogo de Macedo, Secretariado Nacional de Informação, Lisboa, 1960
- ↑ França, José Augusto – A arte em Portugal no século XX. Lisboa: Livraria Bertrand, 1991, p. 185, 186.
- ↑ França, José Augusto – A arte em Portugal no século XX. Lisboa: Livraria Bertrand, 1991, p. 186.
- ↑ França, José Augusto – A arte em Portugal no século XX. Lisboa: Livraria Bertrand, 1991, p. 185, 187.
- ↑ Macedo, Diogo de – "Notas autobiográficas". In: catálogo da exposição Diogo de Macedo, Secretariado Nacional de Informação, Lisboa, 1960
- ↑ Infopédia (Em linha). Porto: Porto Editora. «Diogo de Macedo». Consultado em 12 de maio de 2013
- ↑ AR - Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão. «Diogo de Macedo». Consultado em 12 de maio de 2013
- ↑ Catálogo da exposição Diogo de Macedo, Secretariado Nacional de Informação, Lisboa, 1960
- ↑ Catálogo da exposição Diogo de Macedo, Secretariado Nacional de Informação, Lisboa, 1960
- ↑ A.A.V.V. – Os Anos Quartenta na Arte Portuguesa (tomo 1). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1982, p. 144
- ↑ Catálogo da exposição Diogo de Macedo, Secretariado Nacional de Informação, Lisboa, 1960