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Em Torres, desde a chegada, Trifino Corrês que trazia a incumbência de chefiar militarmente, a coluna de invasão, se entendeu com o Cel. Kras Borges, Intendente daquele Municipio. Mesmo apesar da hora avançada em que terminaram as confabulações (uma e meia da manhã) o sr. Kras Borges, attendeu as instrucções recebidas, enviando "proprios e chasques" a todos os districtos do seu município. No dia 3, sexta feira, pela manhã, tomei um caminhão e segui com meu filho Ernesto ás immediações de [[Araranguá]], onde cheguei ás 11 horas. Mandei chamar os nossos companheiros Fontoura Borges e Ponpílio Bento prevenindo-os de que, naquelle dia, ás 5 horas da tarde, estariamos invadindo o municipio e pedindo-lhes conseguissem reunir um grupo de amigos para nos auxiliar na occupação da villa. Tudo concertado, regressei a Torres onde cheguei á 1 1/2 da tarde dando conta da missão que me impuzera. O coronel Ksas Borges havia conseguido reunir até 3 horas apenas 18 homens e com esse grupo, oitenta carabinas, uma metralhadora e dez mil tiros sahimos de Torres transpondo o [[Rio Mampituba|Mampituba]] em demanda de Araranguá. É preciso fique constatado que em Torres havia em deposito 300 armas e 30 mil tiros. Os fuzis ([[Mannlicher|Manlicher]]) engraxados e sujos, não funccionavam regularmente. De dez, geralmente seis não disparavam o gatilho. Foi por isso que apenas nos servimos de oitenta armas escolhidas ligeiramente entre o lote existente.
Precisamente
Ás 10 horas da noite, ficando em Araranguá Fontoura Borges com o fim especial de reunir mais gente para vir em nosso auxilio e engrossar nossas fileiras, seguimos com 50 homens para [[Criciúma|Criciuma]], localidade que occupamos ás 3 1/2 horas da manhã do dia 4 de Outubro, sem resistencia. Tudo disposto na parte civel por mim e na militar pelo capitão Trifino Corrêa, seguimos marcha em caminhões ás 6 horas da manhã alcançando ás 10 do mesmo dia a villa de [[Urussanga]], onde entramos aprehendendo algumas armas da policia Catharinense e prendendo o capitão Mello, da Força Publica que ali commandava um destacamento de cinco homens. Devido ás mas condições da Estrada de rodagem resolvemos continuar a marcha pela via ferrea e tomando um trem de lastro em Urussanga,seguimos para Tubarão onde ás 5 horas da tarde chegamos, tomando tudo sem opposição alguma. O capitão Trifino ficou na estação da Estrada de Ferro e eu com mais 8 homens nos dirigimos à Prefeitura onde o Prefeito Dr. [[Otto Feuerschuette|Otto Feuerschütte]] e seus auxiliares nos aguardavam para entregar a cidade. Depois das formalidades usuaes nomeei autoridades, dispuz tudo na parte civil e resolvi suspender a acção de soldado que vinha desempenhando. Explico ligeiramente o motivo: desde o primeiro momento que tive contacto com Trifino Corrêa, verifiquei que o mesmo não tinha competencia militar, não tinha educação necessaria nem era portador de uma conducta irreprehensivel como o seu posto exigia e, dad a influencia que eu consegui conquistar no periodo da campanha eleitoral da Alliança Liberal, nos municipios do sul, só a mim queria obedecer as forças que estavam formando e as que se haviam já incorporado desde Araranguá. Não querendo eu estabelecer qualquer conflicto de mando e justamente porque o meu objetivo era muito mais elevado do que o de obter glorias esparsas agradeci aos meus amigos o offerecimento que se me fazia de commandar as colunas em organização e deixei que o capitão Trifino agisse livremente.
No dia 14 foi recebida aqui a noticia de brilhante victoria das forças de Major Camillo Diogo que tomando a Garganta de Annitapolis conseguiu para as armas revolucionarias a primeira victoria de encontro sangrento nos avanços no sul de Santa Catharina.
No dia 16,
Finda aqui a minha actuação de soldado voluntario.
Podem attestar o esforço empregado e a solicitude dos meus amigos daqui, as forças regulares do Coronel Mirandolino, Coronel Barcellos, Coronel Massot, General Assis Brasil, Corpo Medico e as colunas de civis de Francisco Lummertz, Fontoura Borges, Israel Fernandez, Luiz Gomes, a Legião Oswaldo Aranha e a Legião Alberto Bins.
Com especial menção cumpre destacar aqui os serviços prestados pela Estrada de Ferro D. Thereza Christina, sob a direcção do dr. Annibal Costa e Chefe do Trafego, Sr. Miguel de Souza Reis. Nenhum empregado, quer das officinas quer da Estrada teve qualquer momento de desagrado em se pôrem aos serviços da revolução. Os machinistas, sem se revezarem, os foguistas sempre á postos, os autros empregados emfim, mostraram tanto interesse em attender seus deveres que, dir-se-ia nenhuma perturbação existia na região. Salienta-se de todos entretanto a dedicação do digno funccionario chefe do Trafego Sr. Miguel de Souza Reis. Desde o primeiro momento na nossa invasão, o distincto patricio não teve um minuto de
Não é possivel omittir nesta resenha singela, mas verdadeira, os nomes dos meus amigos Ary Santerre Guimarães e Alvim Nunes Teixeira. Aquelle, incorporado desde Porto Alegra demonstrou logo um espirito de organizador emerito. Tomando a si a tarefa de commandar o corpo de transportes, se houve nesse mister com tal habilidade, que, si não fora elle, de certo, não estariamos no lugar aprazado em dia e hora como o fizemos. A despeito das absurdas ordens dadas pelo Commandante Trifino, novo posto que elle se instituiu, o capitão Ary, como ficou conhecido, agio sempre com muito acerto e sobretudo com uma precisão que merece registro especial, que aqui consigno, com muito prazer. O segundo, o meu amigo Alvim Nunes Teixeira, no dia de nossa posse de Tubarão assumiu o cargo de chefe do Trafego da Estrada de Ferro, lugar que, dois dias depois deixou, para entregal-o novamente ao Sr. Souza Reis, chamado á continuar no posto que elevadamente vinha exercendo. Nesse lugar, como no de intermediario entre os auxiliares da Estrada junto a mim e junto ao commandante das forças aqui aquarteladas o Sr. Alvim Nunes foi incançavel pelo que não lhe resgateio elogios e agradecimentos.
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