Restauracionismo: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Leonardo Alves (discussão | contribs)
Há fontes fiáveis e citações no corpo de texto
Linha 1: Linha 1:
{{Sem-notas}}
{{História da teologia}}
{{História da teologia}}
'''Restauracionismo''' é a postura histórico-teológica presente em denominações cristãs que acreditam que o cristianismo histórico apostatou em algum ponto de sua existência, sendo necessário restaurar o cristianismo primitivo da era apostólica.<ref>[http://www.religioustolerance.org/chrrest.htm]</ref>
'''Restauracionismo''' é a postura histórico-teológica presente em denominações cristãs que acreditam que o cristianismo histórico apostatou em algum ponto de sua existência, sendo necessário restaurar o cristianismo primitivo da era apostólica.<ref>[http://www.religioustolerance.org/chrrest.htm]</ref>

Revisão das 03h43min de 26 de julho de 2010

Predefinição:História da teologia Restauracionismo é a postura histórico-teológica presente em denominações cristãs que acreditam que o cristianismo histórico apostatou em algum ponto de sua existência, sendo necessário restaurar o cristianismo primitivo da era apostólica.[1]

Adicionalmente, um grupo de igrejas de origem norte-americana referem-se a si mesmas especificamente como Restauracionista ou Movimento Restauracionista Stone-Campbell, sendo as principais denominações a Igrejas de Cristo, os Discípulos de Cristo e os Cristadelfianos.[2]

O historiador da teologia Steven L. Ware define "restauracionismo é um complexos de ideias que, implícito e comum a todo o protestantismo (...) é essecialmente sinônimo com primitivismo." Alguma coisa teria acontecido na história do cristianismo e o ensino e prática dos apóstolos foram corrompidas por influências pagãs. [3]

Todavia, muitos adeptos da doutrina restauracionista não se identificam como protestantes, nem católicos ou ortodoxos, mas sim a igreja primitiva restaurada. E muitos protestantes se veem como continuidade ineterrupta, histórica ou marginal (como os batistas landmarkistas), do cristianismo primitivo.

Grande Apostasia

A doutrina restauracionista prega que durante a história houve uma Grande apostasia no Cristianismo. Para alguns, ocorreu em um período específico, como após a morte do último apóstolo de Cristo, ou o reinado de Constantino, enquanto para outros, como protestantes em geral, a apostasia se implantou gradativamente e a longo prazo durante os séculos da era cristã.

História da doutrina Restauracionista

Restauracionismo na Europa Continental

Durante a Idade Média movimentos populares como os Valdenses, Franciscanos, Hussitas pretendiam restaurar a simplicidade do cristianismo original, vontade expressa nas profecias de Joaquim de Fiori.

A própria Reforma foi baseada em uma ideologia restauracionista. Lutero proclamava em seu O cativeiro babilônico da Igreja o fim de uma era de corrupção e retorno ao cristianismo neo-testmentário. Heinrich Bullinger defendia que as idéias dos reformadores não era novidade, mas sim doutrinas antigas a muito esquecidas ou corrompidas. Todavia, a reforma magisterial (Luteranismo, Calvinismo e Anglicanismo) via-se uma continuação do cristianismo histórico, aceitando a validade dos canônes dos primeiros concílios ecumênicos e a literatura patrística desde que estivessem de acordo com as Escrituras. O ideal era reformar a Igreja, rejeitando práticas e doutrinas corrompidas, mas manter práticas que, mesmo não estando presente na Bíblia, não estivesse em oposição a ela.

Diferente dos reformadores magisteriais e partindo a uma postura que primou ser chamada de Reforma Radical os anabatistas, socinianos e schwelkenfelders rejeitaram qualquer necessidade de continuação histórica, mas sim restaurar suas perspectivas do cristianismo primivito. Para eles o ideal seria reconstruir a igreja primitiva, praticar somente o que fosse mencionado nas Escrituras, sem necessidade de aderir aos preceitos históricos dos concílios e literatura patrística.

Mesmo entre os reformadores radicais a doutrina restauracionista não foi muito popular, a partir do século XVII a perspectiva histórico-teológico preferida foi a da sucessão secreta ou marginal. Essa doutrina emergiu baseada em escritos de Thieleman que retratava os mártires do cristianismo e a perseguição dos anabatistas, e Arnold que argumentava que ao longo da história do cristianismo houve grupos marginais tão legítimos quanto as igrejas estabelecidas.

Restauracionismo Anglo-Americano

No século XIX houve uma ressurgência da doutrina restauracionista nos Estados Unidos e Inglaterra. Nesse último país o pastor presbiteriano Edward Irving proclamava uma restauração espiritual do cristianismo primitivo, enquanto John Nelson Darby e outros irmãos de Plymouth pretendiam restaurar um cristianismo simples e adenominacional, usando uma interpretação dispensacionalista da história.

Nessa época, durande o Segundo Grande Despertar nos Estados Unidos emergiu movimentos restauracionistas, primeiro na fronteira agrícola na região dos Apalaches, onde os Campbell e Barton Stone pregavam um cristianismo não-credal e sem barreiras denominacionais. Posteriormente movimentos como o Mormonismo, o Adventismo e as Testemunhas de Jeová procuravam restabelecer uma igreja visível e restaurada conforme novas perspectivas de seus líderes.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia aceita que a autora Ellen White foi inspirada para transmitir orientações divinas que foram úteis para a restruturação da Igreja no final do século XIX.

Estudantes da Bíblia

Charles Russell, em 1911

As Testemunhas de Jeová creem que sua organização foi prevista na Bíblia como restauração da igreja primitiva para proclamar a mensagem original do cristianismo até a iminente volta de Jesus Cristo. Em 1870, um grupo de estudo bíblico liderado por Charles Taze Russell formaram o que acabou por ser chamado de Estudantes da Bíblia. Russell não considerou-se ser o fundador de uma nova religião, mas que foi usado como um elemento restaurador do verdadeiro cristianismo depois da Grande apostasia que teria sido predita por Jesus e pelo Apóstolo Paulo.

Uma biografia de Russell, publicada logo após sua morte , explicou: “Ele não fundou uma nova religião, e nunca afirmou ter feito isso. Restabeleceu as grandes verdades ensinadas por Jesus e pelos Apóstolos, e voltou a luz do século vinte sobre elas. Não alegou ter revelação especial de Deus, mas sustentou que era o tempo devido de Deus para a Bíblia ser entendida e que, estando ele plenamente consagrado ao Senhor e ao Seu serviço, teve permissão de entendê-la...”[4].[5]

As Testemunhas de Jeová acreditam que as outras Igrejas surgiram a partir de uma grande apostasia da fé original em pontos importantes, e que a fé original pode ser restaurada através de uma interpretação literal e geral da Bíblia, com um compromisso sincero de seguir seus ensinamentos. Elas continuaram a desenvolver doutrinas que consideram ser uma restauração melhorada da Igreja primitiva. Se concentraram em diversos pontos-chave doutrinários que consideram um retorno ao Cristianismo primitivo, derivados da sua interpretação da Bíblia, incluindo a ênfase maior sobre o uso de Jeová como o nome pessoal de Deus; a rejeição do trinitarianismo, a rejeição da definição de inferno como um lugar de tormento eterno; estrita neutralidade nos assuntos políticos; abstinência de guerra, e uma crença na manifestação iminente de Reino de Deus na Terra com a transformação desta num restabelecido paraíso.

Santos dos Últimos Dias

No entendimento dos mórmons, ou Movimento dos Santos dos Últimos Dias, a restauração abrange também o aspécto do sacerdócio ou autoridade eclesiástica. Em sua crença, no início do século XIX Moisés, Elias, João Batista, Pedro, Tiago, João e vários outros profetas, apóstolos e seres celestiais teriam vindo do céu e entregado o sacerdócio de Melquisedeque a Joseph Smith, que é o fundador da denominação e considerado um profeta, tendo seu um outro testamento além da Bíblia (Livro de Mórmon) como fonte de doutrina.

Pentecostalismo

Quanto ao movimento pentecostal, possuía uma concepção restauracionista em sua origem e via o batismo no Espírito Santo, manifesto na glossolalia, como prova da restauração do cristianismo primitivo.[6] Dentro do pentecostalismo surgiu o movimento apostólico.

Ambrose J. Tomlison, pioneiro pentecostal e fundador da Igreja de Deus, Cleveland e da Igreja de Deus da Profecia, via a história do cristianismo como um desenrolar de restaurações movidas por Deus: a justificação pela fé em Lutero, a conversão pessoal em Wesley, o movimento de Santidade e culminou com o estabelecimento de suas igrejas em 1903, com a manifestação das novas línguas.

A pregadora Aimee McPherson pregou um sermão alegórico em 1917 cuja função do pentecostalismo seria restaurar o poder carismático do cristianismo primitivo.

Nos anos 1950 surgiu o movimento de "chuva tardia" que se via como uma última dispensação restauracionista de dons e cura divina. Um dos expoentes desse movimento foi William Marrion Branham.

Uma instância brasileira de restauracionismo é o movimento chamado Obra de Restauração, que surgiu entre batistas no Rio de Janeiro na década de 1960.[7]

Outros

A descoberta da biblioteca de Nag Hammadi no Egito fez que vários textos gnósticos tornassem públicos e emergiu movimentos neo-gnóstico para quem o cristianismo neo-testamentário consiste em uma forma corrupta que reprimiu o cristianismo gnostico.

Entre grupos teosóficos e místicos há duas correntes principais quanto a história teologica, uns acreditam em um conhecimento transmitido secretamente através dos séculos enquanto outros veem como uma restauração de um conhecimento a tempos perdido, como o caso da Igreja Cristã Primitiva.

Doutrinas e Práxis

Os diversos movimentos restauracionistas visam objetivos distintos para restauração: escrituras perdidas ou incorrompidas (mórmons, neo-gnósticos, movimento de Nome Sagrado; eclesiologia (movimento de Stone-Campbell, Irmãos de Plymouth, movimento apostólico, Igreja Nova Apostólica); rito (anabatismo, Zwinglianos); espiritualidade (Glossolalia religiosa no Pentecostalismo e Irvingnismo); ou a Igreja como instituição (Igreja Adventista do Sétimo Dia, Igreja de Deus da Profecia)

Ver também

Referências

  1. [1]
  2. Clark, Elmer T.The Small Sects in America. Nashville: Cokesbury Press, 1937
  3. Ware, Steven L. "Restorationism in Classical Pentecostalism" em New Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements. Zondervan, 2002.
  4. The Watch Tower A Sentinela, 1.° de dezembro de 1916, p. 356
  5. Proclamadores do Reino de Deus jv cap. 31 p. 707
  6. Blumhofer, Edith L.Pentecostal Currents in American Protestantism Chicago: University of Illinois Press, 1999.
  7. [2]
  • «Historical Texts, Images, and Interpretations of the Restoration Movement: Disciples of Christ, Christian Churches, Churches of Christ» 
  • Arnold, Gottfried. Unparteiische Kirchen und Ketzerhistorie''. Wittenberg,1699.
  • Blumhofer, Edith V. Restoring the Faith. 1993.
  • Bullinger, Heinrich. Alte Glaube. Zurique, 1539.
  • Garrett,LeroyThe Stone-Campbell Movement: The Story of the American Restoration Movement. College Press, 2002.
  • Hughes, R.T. (ed.) The American Quest for Primitive Church. 1988
  • McPherson Aimee S. Los and Restored. sermão pregado em 1917.
  • Maltby, H.S. The Resonableness of Hell. 1913, pp. 82-83
  • Pagels, Elaine. Gnostic Gospels
  • Tomlison, Ambrose J. The Last Great Conflict. 1913.
  • van Braght, Thieleman J. Märtyrerspiegel oder Der blutige Schauplatz oder Märtyrerspiegel der Taufgesinnten oder wehrlosen Christen, die um des Zeugnisses Jesu, ihres Seligmachers, willen gelitten haben und getötet worden sind, von Christi Zeit bis auf das Jahr 1600. Dordrecht 1660.
  • Ware, Steven L. Restoring the New Testament Church. 1998.