Mórmon

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Mórmons
(Santos dos Últimos Dias)
Thomas S. Monson
População total

16 313 735[1]

Regiões com população significativa
 Estados Unidos 6 681 829
 México 1 455 774
 Brasil 1 394 616
 Filipinas 688 117
 Chile 583 359
 Peru 543 869
 Argentina 421 971
 Guatemala 247 708
 Ecuador 220 247
 Canadá 190 265
 Bolívia 188 261
 Reino Unido 186 768
 Colombia 185 891
 Venezuela 161 309
 Honduras 160 437
 Austrália 140 797
 Japão 126 981
 República Dominicana 126 413
 Nigéria 118 139
 El Salvador 117 234
 Nova Zelândia 108 912
 Uruguai 101 449
 Paraguai 86 790
 Coreia do Sul 86 170
 Samoa 75 119
 África do Sul 68 772
 Tonga 61 470
 Espanha 51 192
 Portugal 41 917
 Alemanha 38 992
 Rússia 19 946 (2011)
Línguas
Inglês, Espanhol, Português, Tagalo, Japonês, outras [2]
Religiões
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

Os Mórmons, oficialmente conhecidos como Santos dos Últimos Dias (SUD), são os membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, fazendo parte de um grupo religioso restauracionista surgido no século XIX nos Estados Unidos e liderado inicialmente por Joseph Smith Jr.,[3] definido pelos seus seguidores e fiéis como primeiro profeta desta época ou "Profeta da Restauração".

Embora o termo normalmente se refira aos membros de sua maior denominação, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, existem também outras denominações no mormonismo.

Origem do termo mórmon[editar | editar código-fonte]

O nome provém de um livro de escrituras, considerado sagrado, compilado pelo antigo Profeta Mórmon, intitulado O Livro de Mórmon, Outro Testamento de Jesus Cristo.[4] Segundo a versão oficial da Igreja, o nome dado por Deus, pelo qual os membros da Igreja devem ser conhecidos, é «membros da Igreja de Jesus Cristo».

Segundo a doutrina da Igreja, nessa dispensação, que é a da plenitude dos tempos ou a última dispensação antes do glorioso dia da segunda vinda de Jesus Cristo, foi incluído "dos últimos dias" para designar os membros da igreja nesta época, pois verdadeiramente estamos nos últimos dias.[5] A palavra Mórmon de fato tem origem no Livro de Mórmon, livro compilado pelo profeta Mórmon, que teve seu nome devido a um lugar onde vivia o povo do Rei Noé e que segundo o próprio profeta Joseph Smith, tem como significado simplesmente "muito bom".

Histórico[editar | editar código-fonte]

Na primavera de 1820, Joseph Smith Jr., então com 14 anos, preocupado em saber qual era a "igreja verdadeira", foi a um bosque próximo a sua casa para orar, pois queria saber qual igreja realmente era a igreja do Senhor. Em resposta à sua oração, afirma Smith Jr. que o Pai Celestial e seu Filho, Jesus Cristo, lhe apareceram. Joseph escreveu: “Vi um pilar de luz acima de minha cabeça, mais brilhante que o sol, que descia gradualmente sobre mim, quando a luz pousou sobre mim, vi dois Personagens cujo esplendor e glória desafiam qualquer descrição, pairando no ar, acima de mim. Um deles falou-me, chamando-me pelo nome, e disse, apontando para o outro: — "Este é Meu Filho Amado. Ouve-O!” Foi respondido a Joseph que não deveria unir-se a nenhuma das igrejas existentes naquele tempo, pois a igreja de Jesus Cristo não estava na terra.

Em um segundo momento (depois da Primeira Visão), um ser ressurreto chamado Morôni, que viveu nas Américas por volta do ano 400 depois de Cristo, apareceu, segundo Joseph Smith Jr., na forma de um anjo. Ele falou-lhe de um livro escrito em placas de ouro (mais conhecido como "as placas de ouro") com caracteres até então desconhecidos do egípcio reformado, que quatro anos mais receberia para o traduzir. Smith recebeu as placas em 1827[6] e a partir dessa altura ele as traduziu para o inglês, dando origem ao Livro de Mórmon, que juntamente com a Bíblia,[7], Doutrina e Convênios e Pérola de Grande Valor, é considerado escritura divina para os Santos. O termo mórmon, geralmente usado para referir-se a esses, deriva do nome do profeta Mórmon, que foi um profeta na América que compilou as escrituras de outros profetas que formaram o livro com seu nome.

Durante o período de tradução dos caracteres, Joseph Smith Jr. foi auxiliado por Oliver Cowdery, que era seu escrivão. Voltou a orar às margens do rio Susquehanna e, como resposta, obteve mais uma vez outra visão. Agora quem apareceu foi João Batista, o qual lhe conferiu, pela imposição de mãos, o sacerdócio de Aarão que lhe dava autoridade para batizar. Alguns dias depois lhe apareceram Pedro, Tiago e João, os quais possuíam as chaves do reino de Deus, transferidas a eles pelo Senhor antes de sua ascensão aos céus, os quais lhe impuseram as mãos e lhe conferiram o sacerdócio de Melquisedeque. Primeira Visão.[8]

Em 6 de abril de 1830, com apenas 6 pessoas, conforme o número mínimo exigido pela lei americana, a igreja foi formalmente organizada. E nesse mesmo ano de 1830, Joseph Smith Jr. publicou o Livro de Mórmon e tornou-se o primeiro Élder da Igreja denominada A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, isso porque afirmava ser a mesma organização da igreja que Jesus criara quando estava na terra, restaurando por um profeta chamado e ordenado por Deus. A mensagem da Igreja conquistou não apenas seguidores como também inimigos políticos e religiosos.

Segundo B. H. Roberts,[9] um historiador Santos dos Ultimos Dias, para além de motivos religiosos, ele também referiu como motivo da perseguição a tendência dos Santos se congregarem numa só comunidade. Após a sua conversão, os Santos congregavam-se em locais indicados pelos seus líderes. Houve muitas perseguições aos Santos devido às diferenças significativas entre comunidades, nomeadamente:

  • diferenças culturais. Os membros da Igreja eram na sua maioria provenientes de Estados do Leste e do Norte e contrastavam imensamente com os moradores da fronteira norte-americana em temas polêmicos na época como, por exemplo, a Abolição da Escravatura, sendo os Santos dos Últimos Dias contra a escravidão humana;
  • diferenças políticas. Como a comunidade Santos dos Últimos Dias crescia de forma esmagadora e ao mesmo tempo ganhava grande peso em votos, foi sentida como ameaçadora a nível político, colocando em risco os lugares governamentais ocupados pelos antigos moradores, pela possibilidade de virem a ser ocupados por cidadãos Santos dos Últimos Dias.[9]

Por conseguinte, os Santos dos Últimos Dias foram vítimas de centenas de atos de violência e segregação, como incêndios de caravanas lideradas por missionários e peregrinos. A intolerância com relação aos religiosos Santos dos Últimos Dias culminou com o assassinato de Joseph Smith Jr., morto dentro da cela onde estava preso, em Carthage, Illinois.[10]

Crise da sucessão[editar | editar código-fonte]

Com a morte de Smith Jr., a maioria dos membros da Igreja apoiaram Brigham Young como seu líder, denominado como o segundo profeta de entre os membros da Igreja. A igreja lançou um original programa missionário, através do qual passou a enviar anualmente milhares de jovens com idade entre os 18 e os 26 anos para trabalho missionário de dois anos, resultando que ela é hoje a igreja cristã que mais cresce em todo o mundo (dados de 2002).[11]

Uma minoria apoiou Joseph Smith III, filho de Joseph Smith Jr., como seu sucessor, pois acreditavam que deveria ser pela ordem da família, assim como reis nas monarquias. Esse segundo grupo ficou conhecido como A Igreja Reorganizada de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que é uma comunidade totalmente diferente dos Santos dos Últimos Dias e teve seu nome alterado para Comunidade de Cristo no início da década de 2000, hoje conta com 200 mil membros.

Os santos dos últimos dias e a política[editar | editar código-fonte]

Muitos membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias empenham-se ativamente em assuntos políticos e deveres cívicos. O 12.º artigo das Regras de Fé dos Santos declara: "Cremos na submissão aos reis, presidentes, governadores e magistrados, como também na obediência, honra e manutenção da lei.".[12][13] Seu sobrinho, Joseph F. Smith que se tornou presidente da igreja em 1901, incentivou os jovens a "aspirar aos grandes cargos que nossa nação tem a oferecer".[14]

O cumprimento das leis de seu país é muito importante para tais membros. O manual "Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Heber J. Grant" incentiva "que a reverência pelas leis seja sussurrada por toda mãe americana no ouvido dos bebês que ainda estão em seu colo; que ela seja ensinada nas escolas, colégios e faculdades, que seja escrita nas cartilhas, livros didáticos e almanaques, que seja pregada nas igrejas, proclamada nos salões legislativos e executada nos tribunais de justiça." Heber, apóstolo da Igreja de Jesus Cristo, ensinava que a "constituição dos Estados Unidos fora inspirada por Deus".[15]

Brigham Young foi o primeiro governador de Utah e demonstrava grande honra ao governo. Quando os Estados Unidos resolveram guerrear contra o México em 1846, Young ordenou recrutamento do batalhão Mórmon para auxiliar seu país, abençoando-os com as seguintes palavras: "Deus os abençoe eternamente. Fizemos tudo isso para provar ao governo que éramos leais".[16][17][18]

Tais membros devem votar em "homens que apoiem os princípios de liberdade civil e religiosa".[19] Todavia, Joseph F. Smith declarou que "(…) a Igreja [de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias] segue a doutrina da separação entre igreja e estado. A Igreja não se envolve em política; seus membros podem pertencer ao partido político que decidirem seguir (…) não lhes é pedido, muito menos exigido, que votem dessa ou daquela maneira".[14]

Críticas[editar | editar código-fonte]

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias tem sido alvo de críticas desde que foi restaurada por Joseph Smith em 1830. A razão mais polêmica e, de fato, principal para o assassinato de Joseph Smith é a crítica. Os mórmons alegam que o casamento plural (como os defensores o chamam) ou a poligamia (como dizem os críticos) é biblicamente autorizado. Sob forte pressão — Utah não seria formalmente aceito como um estado se a poligamia fosse praticada — a igreja, formal e publicamente, renunciou à prática em 1890. O estado de Utah logo se seguiu. No entanto, o casamento plural continua sendo uma questão polêmica, mas não mais praticada pelos membros da Igreja. Críticas mais recentes se concentraram em questões de revisionismo histórico, homofobia, racismo, políticas sexistas, que segundo a doutrina divina não devem ser praticadas, e a autenticidade histórica do Livro de Mórmon questionadas por alguns historiadores.[20]

Membros notáveis[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. http://www.saladeimprensamormon.org.br/fatos-e-estatisticas#  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  2. «Top 10 languages spoken by LDS Church members». 5 de outubro de 1998. Consultado em 13 de maio de 2014 
  3. Mormon Dictionary Cambridge - acessado em 8 de novembro de 2020 (em inglês)
  4. Gálatas 1:8 "No entanto, mesmo que um de nós [apóstolo] ou um anjo do céu lhes declare outro Testamento além das boas novas que lhes declaramos, que ele seja amaldiçoado."
  5. LDS.org. «Doutrina e Convênios 115:3-4,8,17» 
  6. Joseph Smith - História 1:59
  7. Pérola de Grande Valor, Regras de Fé 1:8
  8. O relato completo de Joseph Smith Jr. a respeito desta visão está em Pérola de Grande Valor, Joseph Smith - História 1:1-20
  9. a b Roberts, B. H. (1905) History of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, vol. 3
  10. Relato do martírio em Doutrina e Convênios 135:1
  11. Revista Veja Edição 1736 - 30 de janeiro de 2002, e hoje conta com 16.678.500 membros (2011 Lds Records).
  12. Pérola de Grande Valor, Regras de Fé 1:12
  13. João 17:14 - A respeito de seus seguidores, ele disse: ‘Vocês não fazem parte do mundo.’
  14. a b Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph F. Smith p. 125.
  15. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Heber J. Grant p. 157
  16. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Brigham Young p. 267
  17. Mateus 26:52 - “Devolve a espada ao seu lugar, pois todos os que tomarem a espada perecerão pela espada.”
  18. João 13:34,35 - "Eu lhes dou um novo mandamento: Amem uns aos outros; assim como eu amei vocês, amem também uns aos outros. Por meio disto todos saberão que vocês são meus discípulos: se tiverem amor entre si.”
  19. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Brigham Young p. 269
  20. «Cópia arquivada» (PDF). Consultado em 17 de novembro de 2018. Arquivado do original (PDF) em 22 de janeiro de 2009 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]