Democracia cristã
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Democracia-cristã é uma ideologia política, normalmente de centro-direita na esfera dos costumes e de centro-esquerda em assuntos econômicos e laborais, que defende democraticamente os ensinamentos e princípios cristãos, tais como o personalismo, o humanismo e a solidariedade.[1] É democrática na medida em que, desde a sua origem, aderiu aos ideais da democracia pluralista ocidental e é cristã porque representa a defesa e aplicação dos valores cristãos na vida política nacional e internacional.[2] Tal como os outros grandes movimentos políticos, as prioridades e políticas postas em prática pelos partidos democratas-cristãos podem variar consideravelmente em diferentes países e em diferentes épocas.[3]
A democracia-cristã, surge no século XIX, radicando na Doutrina social da Igreja Católica[4] e com influências das confissões protestantes (particularmente luteranas e calvinistas), no norte da Europa. Muitos partidos democratas-cristãos são constituídos por católicos e protestantes que coexistem harmoniosamente em vários países. Os primeiros partidos democratas-cristãos são fundados por influência católica na Alemanha, na Áustria, na Bélgica e na Suíça. Posteriormente, surgem partidos em países historicamente protestantes, como nos Países Baixos e Suécia.
Os partidos democratas-cristãos agrupam-se na Internacional Democrata Cristã (IDC), também chamada de Internacional Democrata Centrista (IDC), a segunda maior organização política internacional, dividida em grupos regionais. Os partidos democratas-cristãos da Europa agrupam-se no Partido Popular Europeu, o grupo regional europeu da IDC e, atualmente, maior grupo político no Parlamento Europeu. Os partidos democratas-cristãos da América agrupam-se na Organização Democrata Cristã da América, também um grupo regional da IDC.
Exemplos atuais de partidos democratas-cristãos incluem a CDU da Alemanha, o Partido do Povo Austríaco da Áustria, o Fine Gael da Irlanda, o Partido Popular de Espanha, o Partido Democrata Cristão da Suíça, o Apelo Democrata Cristão dos Países Baixos, o Partido Democrata Cristão do Chile, o CDS - Partido Popular de Portugal, a Democracia Cristã do Brasil, além de correntes que integram o PSD português e o PSDB brasileiro. Grandes líderes da democracia-cristã incluem Konrad Adenauer, Helmut Kohl e Angela Merkel (Alemanha), Alcide De Gasperi, Aldo Moro e Giulio Andreotti (Itália), Adolfo Suárez (Espanha), Éamon de Valera (Irlanda), Franco Montoro (Brasil), entre outros.
Democracia cristã em Portugal[editar | editar código-fonte]
O único partido político português com representação parlamentar que tem como base a Democracia Cristã é o Centro Democrático Social - Partido Popular (CDS-PP). Este partido foi fundado em 1974, logo após a Revolução dos Cravos, sob a liderança de um destacado democrata-cristão, Diogo Freitas do Amaral. Com ele estava Adelino Amaro da Costa, cofundador do referido Centro Democrático Social (CDS) e ex-Ministro da Defesa, que foi também um político democrata-cristão proeminente. Foi graças à acção conjunta de Freitas do Amaral e de Amaro da Costa que o CDS, durante a década de 1970, obteve os seus resultados eleitorais mais expressivos, tornando-se num dos partidos mais importantes da democracia portuguesa. Também o Partido Social Democrata possui algumas características democratas-cristãs.
Mas, um facto curioso é que o CDS-PP, apesar das suas características democrata-cristãs, não é membro da Internacional Democrata Centrista, que reúne os partidos democrata-cristãos e os partidos de ideologia de centro-direita e de centro (ao contrário do CDS, o PSD é membro desta organização política internacional).[5] Atualmente, o CDS é só membro do Partido Popular Europeu e da União Internacional Democrata.[6]
Também o Partido da Democracia Cristã (PDC) existiu em Portugal desde 1974, tendo contudo sido ilegalizado, pelo Movimento das Forças Armadas, durante o período do chamado PREC - Processo Revolucionário em Curso, na sequência do golpe de 11 de Março de 1975. Ainda reapareceu na cena política portuguesa, após o golpe de 25 de Novembro de 1975, mas viria a ser extinto em 2004. Uma das principais figuras do PDC foi Sanches Osório.
Nas eleições legislativas de 2005, o CDS-PP obteve apenas 12 cadeiras na Assembleia da República (AR). Nas eleições legislativas de 2009, o CDS-PP conquistou 21 deputados, conseguindo assim uma grande subida e tornando-se na terceira força política na AR (o número total de deputados na AR é de 230). Nas eleições legislativas de 2011, o partido subiu o seu número de deputados de 21 para 24, acabando, posteriormente, por formar governo com o Partido Social Democrata.
Na sequência da despenalização do aborto em Portugal em 2008, surgiu o Partido Cidadania e Democracia Cristã, aprovado pelo Tribunal Constitucional a 1 de Julho de 2009 (sob o nome de Portugal pró Vida), que defende os princípios da Democracia Cristã e da doutrina social da Igreja.
Democracia cristã no Brasil[editar | editar código-fonte]
No Brasil, o representante mais destacado da democracia cristã foi o ex-governador de São Paulo, André Franco Montoro. A democracia cristã no Brasil enfrenta o problema de não ter uma legenda grande e única para promover suas ideias, ao contrário disso, o movimento democrático cristão encontra-se diluído em diversos partidos geralmente mais alinhados ao moralismo do que a um preceito ideológico fundamentado. O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), partido fundado, entre outros, por Franco Montoro, reconhece a democracia cristã como uma de suas linhas, conforme expresso em seu documento de fundação. Além disso, o partido é membro observador da Internacional Democrata Centrista (até 1999 chamada de Internacional Democrata Cristã)[7] e da Organização Democrata Cristã da América.[8]
Há ainda o Democracia Cristã (DC), oriundo de uma antiga facção do PDC que não aceitou a fusão com o Partido Democrático Social, e o DEM, membro da Internacional Democrata Centrista[7] (apesar de essa posição não ser consenso dentro do partido). Outro partido que tinha fortíssima influência democrata-cristã em sua fundação era o extinto PHS; Há o PSC, que tinha a democracia cristã como a sua ideologia de fundação e por fim, um novo movimento democrata cristão que nasceu em 2021, denominado "Comunhão Popular".[9]
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ https://www.jstor.org/stable/41010298
- ↑ «Pilares - Democracia-Cristã». web.archive.org. 30 de setembro de 2007. Consultado em 30 de outubro de 2021
- ↑ «Arquivo Andre Franco Montoro - Produção Intelectual - DocReader Web». www.docvirt.com. Consultado em 30 de outubro de 2021
- ↑ Campos, Isabel Menéres. «Liberdade para ser de direita: democracia cristã». Observador. Consultado em 17 de outubro de 2020
- ↑ «Membros portugueses da União Internacional Centrista». Consultado em 15 de outubro de 2009. Arquivado do original em 11 de abril de 2009
- ↑ «Membros da União Internacional Democrata». Consultado em 15 de outubro de 2009. Arquivado do original em 6 de outubro de 2009
- ↑ a b «Internacional Democrata Centrista»
- ↑ «Organização Democrata Cristã da América»
- ↑ «Comunhão Popular - Movimento político de inspiração cristã». Comunhão Popular. 17 de dezembro de 2022. Consultado em 1 de agosto de 2023