Ricardo Costa (cineasta): diferenças entre revisões
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A maior parte dos filmes que realiza têm sido na área do [[documentário]], associado a um estilo ficcional ([[docuficção]] e [[etnoficção]]), usando as técnicas do [[cinema directo]]. A sua primeira [[longa-metragem]] intitula-se [[Avieiros]], obra que se insere, como documentário, na linha do [[Novo Cinema]] português. Utiliza técnicas do [[cinema directo]] não apenas enquanto ferramenta na prática da [[etnografia de salvaguarda]] mas também como instrumento que lhe permite compor uma narrativa poética, sóbria e musical,<ref>[http://rcfilms.dotster.com/fluir.pdf Ricardo Costa e o fluir das imagens] – artigo de [[José de Matos-Cruz]]</ref> podendo interessar tanto a [[cinéfilo]]s como a um público mais vasto. |
A maior parte dos filmes que realiza têm sido na área do [[documentário]], associado a um estilo ficcional ([[docuficção]] e [[etnoficção]]), usando as técnicas do [[cinema directo]]. A sua primeira [[longa-metragem]] intitula-se [[Avieiros]], obra que se insere, como documentário, na linha do [[Novo Cinema]] português. Utiliza técnicas do [[cinema directo]] não apenas enquanto ferramenta na prática da [[etnografia de salvaguarda]] mas também como instrumento que lhe permite compor uma narrativa poética, sóbria e musical,<ref>[http://rcfilms.dotster.com/fluir.pdf Ricardo Costa e o fluir das imagens] – artigo de [[José de Matos-Cruz]]</ref> podendo interessar tanto a [[cinéfilo]]s como a um público mais vasto. |
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Filmada no limiar do [[documentário]] e da [[ficção]], ''[[Brumas]]'' é a sua ante-penúltima longa metragem (60º [[Festival de Veneza]], [[2003]] – ''New Territories''). Estreia em Nova Iorque no [[Cinema QUAD]], em março de 2011. É o primeiro filme de uma [[trilogia]] sobre a errância. ''[[Derivas]]'', o segundo, é ''"um retrato de Lisboa traçado pelas andanças de dois veneráveis irmãos desfasados que vagueiam pela cidade"'' e ao mesmo tempo retrato de uma geração ([[autobiografia]], [[docuficção]], [[comédia]]). Teve estreia em 2016.<ref>[http://rcfilms.dotster.com/drifts_production.htm Página de Derivas]</ref> O último filme desta trilogia, Arribas (''Cliffs''), é um retorno do protagonista aos locais de [[Brumas]], sua terra natal, e uma viagem no tempo. Aí se confronta com situações surpreendentes e com personagens inquietantes. |
Filmada no limiar do [[documentário]] e da [[ficção]], ''[[Brumas]]'' é a sua ante-penúltima longa metragem (60º [[Festival de Veneza]], [[2003]] – ''New Territories''). Estreia em Nova Iorque no [[Cinema QUAD]] <ref>[https://quadcinema.com/ Quad Cinema]</ref>, em março de 2011. É o primeiro filme de uma [[trilogia]] sobre a errância. ''[[Derivas]]'', o segundo, é ''"um retrato de Lisboa traçado pelas andanças de dois veneráveis irmãos desfasados que vagueiam pela cidade"'' e ao mesmo tempo retrato de uma geração ([[autobiografia]], [[docuficção]], [[comédia]]). Teve estreia em 2016.<ref>[http://rcfilms.dotster.com/drifts_production.htm Página de Derivas]</ref> O último filme desta trilogia, Arribas (''Cliffs''), é um retorno do protagonista aos locais de [[Brumas]], sua terra natal, e uma viagem no tempo. Aí se confronta com situações surpreendentes e com personagens inquietantes. |
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==Biografia== |
==Biografia== |
Revisão das 00h51min de 19 de fevereiro de 2019
Ricardo Costa | |
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Ricardo Costa aos 63 anos | |
Nascimento | 25 de janeiro de 1940 (84 anos) Peniche |
Nacionalidade | português |
Ricardo Costa (Peniche, 25 de Janeiro de 1940) é um cineasta e produtor cinematográfico português e também autor de artigos e ensaios, na sua maioria sobre cinema, visão e linguagem. [1] [2]
Obra
A maior parte dos filmes que realiza têm sido na área do documentário, associado a um estilo ficcional (docuficção e etnoficção), usando as técnicas do cinema directo. A sua primeira longa-metragem intitula-se Avieiros, obra que se insere, como documentário, na linha do Novo Cinema português. Utiliza técnicas do cinema directo não apenas enquanto ferramenta na prática da etnografia de salvaguarda mas também como instrumento que lhe permite compor uma narrativa poética, sóbria e musical,[3] podendo interessar tanto a cinéfilos como a um público mais vasto.
Filmada no limiar do documentário e da ficção, Brumas é a sua ante-penúltima longa metragem (60º Festival de Veneza, 2003 – New Territories). Estreia em Nova Iorque no Cinema QUAD [4], em março de 2011. É o primeiro filme de uma trilogia sobre a errância. Derivas, o segundo, é "um retrato de Lisboa traçado pelas andanças de dois veneráveis irmãos desfasados que vagueiam pela cidade" e ao mesmo tempo retrato de uma geração (autobiografia, docuficção, comédia). Teve estreia em 2016.[5] O último filme desta trilogia, Arribas (Cliffs), é um retorno do protagonista aos locais de Brumas, sua terra natal, e uma viagem no tempo. Aí se confronta com situações surpreendentes e com personagens inquietantes.
Biografia
Estuda na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa até 1967, onde defende tese sobre os romances de Franz Kafka (Franz Kafka, Uma Escrita Invertida - 1969).[6] Lecciona no ensino secundário e torna-se editor de textos sociológicos e de obras de vanguarda, de literatura, de teatro e de cinema na MONDAR editores.
Com o 25 de Abril em 1974, ao mesmo tempo que colabora com o redactor Horst Hano da cadeia de televisão alemã ARD e com a norte-americana CBS na cobertura dos acontecimentos da época em Portugal, inicia-se como realizador e produtor. Faz parte da cooperativa Grupo Zero, com João César Monteiro, Jorge Silva Melo, Alberto Seixas Santos, Margarida Gil, Solveig Nordlund e Acácio de Almeida. Torna-se depois produtor independente com a Diafilme, onde produz muitos dos seus filmes e alguns de outros realizadores. Organiza projecções, em Paris, na Cinemateca Francesa e no Museu do Homem[7][8]
Mau Tempo, Marés e Mudança, a segunda longa-metragem de Ricardo Costa é, juntamente com Gente da Praia da Vieira (1976), de António Campos, e com Trás-os-Montes, de António Reis e de Margarida Cordeiro, uma das primeiras docuficções do cinema português. Obras do mesmo ano, têm como precursoras O Acto da Primavera (1962), de Manoel de Oliveira, e Ala-Arriba! (1948), de Leitão de Barros. Caracterizam-se ainda estas obras como sendo etnoficções.
De algum modo movidos pela ideia que explica a máxima do sociólogo e antropólogo francês Marcel Mauss (Há mais poesia num grão de realidade do que no cérebro dos poetas), alguns cineastas portugueses, em particular no pós 25 de Abril, percorrem o seu país de ponta a ponta, câmara nas mãos, praticando a sua etnografia de salvaguarda. Com apoios oficiais ou em co-produções com a RTP (Rádio Televisão Portuguesa), uns apostam no cinema militante fazendo filmes marcantes, não despojados de encanto, outros filmes em que a realidade se revela com essa espessura poética de que Mauss falava. Filmes feitos com baixos orçamentos, mas em total liberdade. O "cinema de intervenção", género em que quase toda essa produção se encaixa, reinaria por alguns anos e deixaria obras marcantes ou mesmo notáveis, muitas delas entretanto esquecidas.
Tenaz na sua independência, mais empenhado na expressão da verdade que na verosimilhança, Ricardo Costa, que se identifica mais com essa simples ideia do que com o propósito de mudar o mundo, cultiva um estilo em que o real se transfigura em expressão poética, em retrato, em ponto de interrogação sobre um tempo que escapa ao tempo, sem se cingir ao lugar em que, filmada, a tal realidade se manifesta. A mise-en-scène, a vertente ficcional, será na sua obra uma tentação permanente.
Nesta perspectiva, segue a tradição da antropologia visual, iniciada no cinema português por Leitão de Barros (incluindo a docuficção e a etnoficção), tradição essa praticada por Manoel de Oliveira e por António Campos : Oliveira com Douro, Faina Fluvial, 1931, depois com o Acto da Primavera (1963), e Campos com a Almadraba Atuneira (1961). Seguem a mesma tradição António Reis, João César Monteiro, na ficção, e ainda Pedro Costa, este num registo urbano (ver: Novo Cinema).
Filmografia
Longas-metragens
- 1975 As Armas e o Povo (filme colectivo : imagens do 25 de Abril de 1974)
- 1975: Avieiros
- 1976: Mau Tempo, Marés e Mudança
- 1978: Abril no Minho (produção ARCA filmes - série TV)[9]
- 1979: Castro Laboreiro (1º filme da tetralogia Homem Montanhês)
- 1979: Pitões, Aldeia do Barroso (2º filme da tetralogia Homem Montanhês)
- 1980: Verde por Fora, Vermelho por Dentro
- 1981: Longe é a Cidade (3º filme da tetralogia Homem Montanhês)
- 1981: Ao Fundo desta Estrada (4º filme da tetralogia Homem Montanhês)
- 1983: O Pão e o Vinho
- 1985: O Nosso Futebol
- Trilogia LONGES:
Outros géneros
- 1998 Paroles (Palavras) - Entrevistas com Jean Rouch
Curtas e médias-metragens
Série Mar Limiar para a RTP
- No Fundo de Troia (26')
- Apanhadores de Algas (28')
- Agar-Agar (filme) (27')
- Tresmalho (27')
- O Trol (25')
- O Arrasto (29')
- Oceanografia Biológica (28')
- Ti Zaragata e a Bateira (27') - 1ª parte de Avieiros
- Pesca da Sardinha (29')
- Conchinha do Mar (26')
- Às Vezes Custa (26')
- A Sacada (26')
- Os Irmãos Severo e os Cem Polvos (29')
- À Flor do Mar (29')
- A Colher (29')
- O Velho e o Novo (28')
- A Falta e a Fartura (26')
- Quem só muda de Camisa (28') - 2ª parte de Avieiros
- A Máquina do Dinheiro (28')
- Viver do Mar (28')
- Uma Perdiz na Gaiola (26')
- O Rei dos Peixes (27')
- Nas Voltas do Rio (30') - 3ª parte de Avieiros
- O Submarino de Vidro (28')
- Mau Tempo, Marés e Mudança - exibido em três partes
- Do Mal o Mar (29')
- Das Ruínas do Império (28')
Outras curtas-metragens
- Cravos de Abril (27') - a Revolução dos Cravos.[10]
- Música do Quotidiano (25')
- A Feira (8')
- A Lampreia (10’)
- O Pisão (9’)
- A Coca (10’)
- O Outro Jogo (10’)
- Dezedores (8’)
- Barcos de Peniche (13’)
- O Queijo da Serra (8’)
- Histórias de Baçal (10’)
- Esta Aldeia, Rio de Onor (10’)
- O Jogo da Malha em Benespera (10’)
- Vimes de Gonçalo (11’)
- O Parque Nacional de Montesinho (37’)
- Lisboa e o Mar (Lisbon and the International Court for the Law of the Sea - para a UNESCO) - (38')
- 2015
- GIG - filme-ensaio em plano-sequência de dez minutos numa homenagem aos Pink Floyd (The Dark Side of the Moon)
Artigos
Os artigos sobre cinema, visão e linguagem são os seguintes :
- 1982 O olhar antes do cinema
- 2000 A outra face do espelho - Jean Rouch e o "outro"
- 2017 Jean Rouch do avesso
Ensaios
Reunidos sob a designação A Linha do Olhar (cinema e transfiguração, percepção e imagem)
Textos pedagógicos
- 2010 - Linguagem do cinema
Referências
- ↑ ESCRITOS online de Ricardo Costa
- ↑ Artigos ulteriores : Jean Rouch in Reverse ; Jean Rouch à l’envers ; Jean Rouch do avesso
- ↑ Ricardo Costa e o fluir das imagens – artigo de José de Matos-Cruz
- ↑ Quad Cinema
- ↑ Página de Derivas
- ↑ Biografia de Ricardo Costa na Faculdade de Letras de Lisboa
- ↑ Ciclo de filmes portugueses em Paris
- ↑ Cinemateca Francesa homenageia dupla Reis-Cordeiro – artigo de no Ipsilon, jornal Público, 30 de Setembro de 2002
- ↑ Abril no Minho no IMDB
- ↑ Les œillets d'avril, entretien, revue Latitudes (Cahiers Lusophones) nº6, septembre 1999, Paris
- ↑ O festival de Verão que faz a história do cinema desconhecido – artigo de Jorge Mourinha, jornal Público, 9 julho 2016
- ↑ E do mar nasceu : a revolução – notícia, Press Reader, 9 julho, 2016
- ↑ O Curtas no limbo, entre o céu e o inferno, o amor e o desejo – artigo de Jorge Mourinha, jornal Público, 12 julho 2016
- ↑ E viemos nascidos do mar – artigo de Alexandra João Martins, jornal Público, 14 julho 2016
- ↑ Curtas Vila do Conde. Documentário sobre as Caxinas estreia 39 anos depois – notícia, jornal Observador, 17 julho, 2016
- ↑ Curtas Vila do Conde despede-se este domingo – notícia, Porto 24, 17 julho 2016
Ver também
- Cinema de Portugal
- Cinema de arte
- Docuficção
- Filme etnográfico
- Etnografia de salvaguarda
- Etnoficção
- Novo Cinema
Ligações externas
- Ricardo Costa na IMDb
- Longas-metragens
- Curtas e médias-metragens
- Ricardo Costa – pág. web
- Ricardo Costa e o fluir das imagens - artigo de José de Matos-Cruz