Fome de Amor
Fome de Amor | |
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Brasil 1968 • pb • 69 min | |
Género | drama |
Direção | Nélson Pereira dos Santos |
Produção | Produções Cinematográficas Herbert Richers |
Produção executiva | Paulo Porto |
Roteiro | Nélson Pereira dos Santos Luiz Carlos Ripper Guilherme Figueiredo (romance) |
Baseado em | História para Se Ouvir de Noite (1964), de Guilherme Figueiredo |
Elenco | Leila Diniz Paulo Porto Irene Stefânia Arduíno Colassanti |
Idioma | português |
Fome de Amor é um filme brasileiro do gênero drama de 1968 dirigido por Nélson Pereira dos Santos. Produzido por Herbert Richers (Produções Cinematográficas Herbert Richers)[1] e Paulo Porto, o roteiro é baseado na novela de Guilherme Figueiredo História para se Ouvir de Noite (1964) e é considerado a fita (filme) mais madura da carreira de Nelson:
uma ilha de modernidade dentro do percurso alegórico destes anos de desbunde, suplantando os ensaios populistas apresentados nas décadas seguintes.[2] (Jose Inácio de Melo Souza)
Com coautoria de Luiz Carlos Ripper, Guilherme Figueiredo e do próprio Nelson, o roteiro aproveita os mesmos personagens do livro (a pianista Mariana, o pintor Felipe, o cego Alfredo Kramer e sua mulher Gisela, o cão de guia, Brutus) e modifica apenas o argumento da história, transformando uma narrativa de fundo espiritual para uma alegoria política.[2]
O filme, que faz parte do importante movimento brasileiro Cinema Novo, retrata a falência de uma perspectiva revolucionária na América Latina, onde no universo de uma ilha vivem Alfredo (Paulo Porto), um homem cego e surdo-mudo ligado ao tráfico de armas para a revolução internacional e sua mulher, Ulla (Leila Diniz). O isolamento do casal é quebrado com a chegada de Felipe (Arduino Colassanti) e Marina (Irene Stefânia), os recém-casados que decidem sair de Nova Iorque para morar na Ilha. Felipe teria ligações com revolucionários latino-americanos nos Estados Unidos, mas revela-se, na verdade, apenas um oportunista. Marina, que no livro era uma pianista clássica, envolve-se com o golpista, enquanto faz pesquisas para música eletrônica.[2] Entre os dois casais, então, passa a surgir uma relação de ódio, paixão e sexo.
Para Ismail Xavier, considerado um dos mais importantes pesquisadores do cinema brasileiro,[3] Fome de Amor é um dos filmes que se posicionaram contra o golpe de 1964.[4] No texto O Cinema Brasileiro Moderno de 1995, Ismail cita obras dos autores Paulo Cesar Saraceni, Glauber Rocha, Mário Fiorani, Cacá Diegues, Gustavo Dahl e Nelson Pereira dos Santos como obras que desenvolvem uma autoanálise do intelectual em sua representação da experiência da derrota. Ao mesmo tempo, o espaço urbano e as questões de identidade na esfera da mídia ganham maior relevância.[5]
As filmagens foram realizadas em julho de 1967, em Angra dos Reis (Rio de Janeiro),[2] e o lançamento oficial do filme só aconteceu no mesmo mês do ano seguinte, julho de 1968. Enquanto o produtor Richers declarava que o filme não conseguiu se pagar, ou seja, os lucros não foram suficientes para cobrir os gastos de realização, Paulo Porto recordava as vendas do filme para a Alemanha, televisões e relançamentos no país.[2]
Para a realização da obra foi necessário a ajuda da Prefeitura Municipal de Angra dos Reis, da extinta empresa de transporte aéreo Varig (Nova Iorque), da Associação Comercial com Angra Turismo Hotel e Capitania dos Portos de Angra dos Reis, do financiamento da Comissão de Auxílio à Indústria Cinematográfica (CAIC) e do Banco Nacional de Minas Gerais, com colaboração especial do Banco da Lavoura de Minas Gerais.
Gravado originalmente em 35mm, o filme foi restaurado em 2007 pelo Laboratório Cinematográfico Labo Cine do Brasil, principal laboratório de processamento de filmes no Brasil cujo encerrou suas atividades em 2015 devido à perda de faturamento,[6] com o apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro, através do Programa Petrobrás Cultural.
Elenco
[editar | editar código-fonte]- Arduíno Colassanti como Felipe
- Leila Diniz como Ulla
- Paulo Porto como Alfredo
- Irene Stefânia como Mariana
- Manfredo Colassanti
- Olga Danitch
- Neville de Almeida
- Márcia Rodrigues
- Lia Rossi
Prêmios e indicações
[editar | editar código-fonte]Ano | Prêmio | Categoria | Nomeações | Resultado |
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1968 | IV Festival de Brasília | Melhor Atriz | Irene Stefânia | Venceu |
Melhor Fotografia | Dib Lutfi | |||
Melhor Música Original | Guilherme Magalhães Vaz | |||
XVIII Festival de Berlim | Urso de Ouro | Melhor Filme | Indicado | |
I Festival do Cinema Brasileiro de Belo Horizonte | Melhor Filme | Venceu | ||
Air France de Cinema | Melhor Atriz | Irene Stefânia | ||
Melhor Diretor | Nelson Pereira dos Santos | |||
Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro | Golfinho de Ouro | |||
INC | Melhor Atriz | Irene Stefânia | ||
1985 | International Film Festival Rotterdam | |||
2016 | Rio de Janeiro International Film Festival (Festival do Rio) |
Referências
- ↑ «Portal Brasileiro de Cinema - Leila Diniz». portalbrasileirodecinema.com.br. Consultado em 7 de julho de 2023
- ↑ a b c d e Souza, Jose Inácio de Melo. Nelson Pereira dos Santos (PDF). Rio de Janeiro: [s.n.] p. 7
- ↑ disse, Alexandre Agabiti Fernandez (12 de março de 2003). «As faces poéticas do político». Revista Cult. Consultado em 7 de julho de 2023
- ↑ Xavier, Ismail (2001). O cinema brasileiro moderno. São Paulo: Editora Paz e Terra S/A
- ↑ Siqueira, Daniela Giovana (2019). Cineastas mineiros em trânsito (1968-1970): política, cultura e memória. (PDF). São Paulo: Universidade do Estado de São Paulo. p. 32
- ↑ «Labo Cine sai de circuito em março». O Globo. 1 de fevereiro de 2015. Consultado em 7 de julho de 2023