Governadores da Gália na República Romana

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Esta é uma lista dos governadores da Gália na República Romana. O termo "governador" é utilizado nesta lista para abranger todos os cargos e funções cujo detentor tinha a responsabilidade de administrar uma determinada área geográfica, incluindo magistrados (cônsul, pretor, ditador) e promagistrados (procônsul, propretor), no caso deste artigo, a Gália Cisalpina (o norte da Itália) e a Gália Transalpina (o sul da França, também incorretamente chamada de Gália Narbonense, um termo posterior e reservado para uma província menor com capital em Narbo)[1]. O termo romano Gallia também era utilizado nesta época para fazer referência à Gália mais ampla, ainda independente do controle romano e que abrangia o resto da França, a Bélgica e partes da Holanda e da Suíça, geralmente chamado de Gália Comata[a] e incluía regiões também conhecidas como Céltica (Κελτική em Estrabão e outras fontes gregas), Gália Aquitânia, Gália Bélgica e Armórica. Para os romanos, esta Gália ampla era uma entidade vasta e vagamente definida cuja característica principal eram os seus habitantes, os celtas, definidos, por sua vez, por sua cultura distinta e por suas línguas de origem comum.

O termo latino "provincia" originalmente se referia à tarefa a ser realizada por um oficial ou à região geográfica na qual este oficial tinha a responsabilidade de atuar e autoridade (em latim: imperium) para fazê-lo. O segundo caso era o padrão, mas entre os exemplos do primeiro estão a Guerra de Pompeu contra os piratas e a Cura annonae, a responsabilidade pelo suprimento de cereais de Roma, duas "provinciae" sem uma fronteira geográfica definida. Um outro ponto importante é que uma "provincia" definida geograficamente nem sempre implicava na anexação deste território ao território da República, como foi o caso do comando de Júlio César sobre a Gália na década de 50. Este tipo de administração provincial ocorria geralmente depois de uma guerra e só depois que a região era pacificada que uma província formal era criada, geralmente para ser governada por um promagistrado[2].

Primeiras guerras republicanas contra os gauleses[editar | editar código-fonte]

As relações romano-celtas começaram durante um período de expansionismo gaulês para a península Itálica, especialmente com a captura de Roma pelos gauleses sênones em 387 a.C. (ou 390 a.C.) e o suspeito e afortunado resgate da cidade por Marco Fúrio Camilo depois que os romanos já tinham se rendido[3]. Nos duzentos anos seguintes, os gauleses aparecem nas fontes romanas como aliados dos etruscos e samnitas contra Roma e também como invasores. As batalhas ocorriam em território romano e no etrusco, geralmente com a participação das tribos itálicas que mais tarde seria aliadas de Roma ("sócios"), por vontade própria ou obrigadas a lutar. A captura pelos romanos da fortaleza sênone de Senigália, em 283 a.C., levou a um período de quase cinquenta anos de relações pacíficas entre romanos e celtas.

Como os únicos inimigos estrangeiros a terem tomado a cidade de Roma, os gauleses representavam a "ameaça celta" que assombrou a imaginação romana por mais de trezentos anos, especialmente no século III[4]. Cícero conseguiu difamar Catilina em 63 a.C. acusando-o de conspirar para derrubar o governo romano em aliança com os gauleses[5][6]. O medo e o temor de uma inferioridade militar engendrada pelos gauleses depois do saque de Roma marcou para sempre a "política externa"[7] e na mitologia romana como uma missão sem fim para assegurar uma crescente periferia para proteger a capital. Em sua guerra contra os gauleses e na invasão da Britânia, César, como procônsul, se apresentava como resolvendo uma antiga rixa que os romanos estavam dispostos a levar, literalmente, até o fim do mundo[8][9].

Ditadores e a Itália celta[editar | editar código-fonte]

A tabela seguinte mostra os primeiros comandantes militares republicanos na guerra contra os gauleses na península Itálica. Estes homens recebiam o imperium como cônsul e pretores, os mais altos cargos eletivos da magistratura romana, e também por ditadores.

Ano Nome Cargo Nota
390 (ou 387) a.C. Marco Fúrio Camilo ditador Versões contraditórias existem sobre o saque de Roma pelos gauleses; em uma delas, Camilo consegue a vitória no último instante e celebra um triunfo; em outra, o triunfo é bloqueado pelos tribunos da plebe[10].
367 a.C. Marco Fúrio Camilo ditador Novamente triunfou sobre os gauleses que haviam chegaram até o rio Ânio, no Lácio[11].
361 a.C. Tito Quíncio Peno Capitolino Crispino ditador Celebrou um triunfo sobre os gauleses por uma batalha perto do rio Ânio, famosa[12] pelo episódio no qual Tito Mânlio Torquato recebeu seu cognome em combate singular[13].
360 a.C. Quinto Servílio Aala ditador Derrotou as forças gaulesas perto da Porta Colina[14][15].
360 a.C. Caio Petélio Libo Visolo cônsul Deu seguimento à vitória de Aala com uma outra em Tibur, que havia se aliado aos gauleses, e celebrou um triunfo[16][15][17].
359 a.C. Caio Sulpício Pético ditador Triunfou sobre os gauleses, que haviam chegado até Preneste e Pedum[18][19].
349 a.C. Lúcio Fúrio Camilo cônsul Vencedor contra os gauleses no Lácio; nesta ocasião, Marco Valério Corvo recebeu seu cognome ao derrotar um gaulês em combate com a ajuda de um corvo[20].
332 a.C. Marco Papírio Crasso ditador Nomeado ditador pelo temor de uma invasão gaulesa que não ocorreu[21][22].
295 a.C. Quinto Fábio Máximo Ruliano cônsul Co-comandante na Batalha de Sentino contra uma força de samnitas, gauleses e etruscos; com a morte de seu colega cônsul, triunfou com esta vitória[23][24].
295 a.C. Públio Décio Mus cônsul Co-comandante na Batalha de Sentino contra uma força de samnitas, gauleses e etruscos; realizou o ritual de devotio e sacrificou-se em combate[25][24].
283 a.C. Públio Cornélio Dolabela cônsul Lutou contra os sênones e arrasou seu território; destruiu completamente um exército combinado de gauleses e etruscos na Batalha do Lago Vadimo[26][27]
283 a.C. Cneu Domício Calvino Máximo cônsul Derrotou os sênones na Etrúria enquanto Dolabela destruía o território deles; possivelmente celebrou um triunfo[28][27]
283 a.C. Lúcio Cecílio Metelo Denter pretor Derrotado e morto na Batalha de Arrécio pelos sênones[29][27]
283 a.C. Mânio Cúrio Dentato pretor sufecto Sucedeu Cecílio Metelo e expulsou os gauleses; uma colônia foi criada na cidade sênone de Senigália no território recém-ocupado, Campo Gálico[30][27]
282 a.C. Quinto Emílio Papo cônsul Derrotou uma força aliada de etruscos e boios no norte da Itália[31][32]

Anexação da Gália Cisalpina[editar | editar código-fonte]

Gália Transalpina[editar | editar código-fonte]

O termo latino "Gallia Transalpina" à princípio podia se referir de forma ampla à "Gália do outro lado dos Alpes", mas, depois da conquista costa mediterrânea da Gália na década de 120 a.C., ele passou a especificar a província romana formada a partir do território conquistado ("Provincia nostra", que significa "nossa província"; daí o nome moderno da região, Provence). Como o termo "Transalpina" já tinha um histórico de uso neste sentido mais amplo, a nova província com frequência era chamada de "Narbonense", uma referência à sua capital, Narbo. A criação da província transalpina é geralmente datada na época das vitórias militares de Cneu Domício Enobarbo e Quinto Fábio Máximo Alobrógico sobre os arvernos e alóbroges na década de 120 e da refundação de Narbo como uma colônia romana em 118 a.C.. Evidências são raras, porém, de que a Transalpina tenha sido designada como província nos quinze anos seguintes, quando a Guerra Címbria praticamente obrigou os romanos a tomarem uma ação. É possível que não tenha havido nenhuma administração antes das vitórias de Caio Mário em 101 a.C.. O registro dos promagistrados responsáveis pela Transalpina também é fragmentário até a década de 60, com poucas exceções, como o mandato de Caio Valério Flaco entre 85 e 81 a.C., um dos mais longos conhecidos na região.

Durante o período republicano, a Cisalpina e a Transalpina frequentemente foram governadas em conjunto. Júlio César, por exemplo, recebeu o comando de ambas e, nos seus cinco anos de mandato, ele dividiu seu tempo entre campanhas militares na Transalpina[b] e tarefas administrativas na Cisalpina durante os invernos[c]. Um fator importante na obsessão romana para controlar o sul da Gália inicialmente foi o desejo de assegurar uma rota terrestre segura até a península Ibérica ("Hispânia")[33]. A Hispânia Citerior e a Hispânia Ulterior já vinham sendo administradas como províncias desde 197 a.C. como resultado da Segunda Guerra Púnica[34].

Na tabela seguinte, quando um governador é listado para a Cisalpina apenas, é possível que ele também tenha governado a Transalpina na ausência de um outro oficial conhecido e vice-versa; algumas vezes, a Hispânia Citerior e a Transalpina foram governadas em conjunto. Fatores políticos e militares determinavam se e como estas nomeações provinciais eram combinadas, incluindo mudanças nas alianças entre os governados, considerações estratégicas durante as Guerra Social e as guerras civis, a disponibilidade de administradores e comandantes competentes e, finalmente, a competição para manter o balanço de poder entre a elite romana. Depois da guerra civil da década de 40, "Narbonense" parece ter se estabelecido como termo para designar a província no sul da Gália enquanto "Transalpina" passou a designar os novos territórios conquistados por Júlio César e organizados em províncias mais tarde por Augusto.

Governadores gálicos entre 125 e 42 a.C.[editar | editar código-fonte]

Ano Província Nome Notas
125–123 a.C. Transalpina Marco Fúlvio Flaco Como cônsul, enviou ajuda a Massília contra os lígures, salúvios e vocôncios; continuou como procônsul em 124 a.C.; no ano seguinte celebrou um triunfo[35][36]
123–122 a.C. Transalpina Caio Sêxtio Calvino Procônsul; depois de expulsar os gauleses da costa a leste de Massília, devolveu o território aos massilienses; fundou Água Sêxtia; triunfou sobre os lígures, salúvios e vocôncios[37][38]
122–120 a.C. Transalpina Cneu Domício Enobarbo Como cônsul, encerrou a guerra contra os salúvios; enfrentou os arvernos e os alóbroges e continuou como procônsul; celebrou um triunfo sobre os arvernos em 120; começou a construção da Via Domitia[39][40]
121–120 a.C. Transalpina Quinto Fábio Máximo Alobrógico como cônsul, se juntou a Domício; derrotou os alóbroges, o que lhe valeu o cognome "Alobrógico"; derrotou os rutenos e os arvernos, capturando o rei Bituito; como procônsul celebrou um triunfo em 120 a.C. sobre os alóbroges e arvernos[41][42]
116 a.C. Cisalpina Lúcio Cecílio Metelo Diademado (?) possivelmente foi o procônsul na Gália que demarcou as fronteiras entre Patávio e Ateste[43][44]
115 a.C. "Gália" Marco Emílio Escauro Celebrou um triunfo sobre os gauleses e lígures[45][46]
109–108 a.C. "Gália" Marco Júnio Silano Em 104 a.C., foi julgado e absolvido por incompetência por sua derrota (como cônsul) para os cimbros na Gália[47][48]
107 a.C. Transalpina Lúcio Cássio Longino Como cônsul, avançou a guerra contra os volcos perto de Tolosa, mas foi derrotado e morto pelos tigurinos[49][50]
106–105 a.C. Transalpina Quinto Servílio Cepião Como cônsul, atacou os volcos tectósages; em Tolosa, capturou o tesouro sagrado deles, "que desapareceu em circunstâncias suspeitas enquanto era transportado até Massília para ser enviado a Roma"[51]; como procônsul, se recusou a cooperar com Málio (ver o seguinte) e liderou seu exército na desastrosa derrota da Batalha de Aráusio contra os cimbros e seus aliados; processado pelo tribuno da plebe Caio Norbano (provavelmente em 103 a.C.), foi condenado, preso, libertado pelo tribuno Lúcio Regino e seguiu para o exílio em Esmirna[52]
105 a.C. Transalpina Cneu Málio Máximo Por falta de cooperação com Cepião (ver anterior), acabou derrotado por cimbros e teutões na desastrosa Batalha de Aráusio; mesmo tendo perdido seu filho (que era um legado), foi processado e condenado ao exílio em 103 a.C.[53][54]
104 a.C. Transalpina Caio Flávio Fímbria Assumiu o comando na Gália da guerra contra os cimbros e seus aliados; eleito cônsul in absentia; não se conhecem os seus atos, mas sabe-se que foi processado e absolvido[55][56]
102–101 a.C. Transalpina Caio Mário Como cônsul (nos dois anos), derrotou os teutões e os ambrões em duas batalhas perto de Água Sêxtia em 102; eleito cônsul novamente in absentia; recusou um triunfo em sua homenagem para se juntar a Cátulo (ver seguinte); derrotou os cimbros em 101 na Batalha de Vercelas; celebrou um triunfo por ambas as vitórias[57]
102–101 a.C. Cisalpina Quinto Lutácio Cátulo Assumiu o comando na Itália contra os cimbros; recuou para além do Pó deixando posições fortificadas ao longo do Adige em 102 a.C.; juntou forças com Mário (ver anterior) em 101 a.C. como procônsul para derrotar os cimbros na Batalha de Vercelas; triunfou com Mário; construiu o Pórtico de Cátulo com o butim[58]
95 a.C. Cisalpina Quinto Múcio Cévola Pontífice Seu triunfo por sua vitória contra os piratas foi vetado (um fato raro) por seu colega Lúcio Licínio Crasso (ver seguinte); renunciou a sua província[59][60][61]
94 a.C. "Gália", provavelmente a Cisalpina Lúcio Licínio Crasso Procônsul[62][63]
91 a.C. Narbonense Marco Pórcio Catão Morreu em sua província[64][65]
85?–81 a.C. Cisalpina (?), Transalpina Caio Valério Flaco Governou a Hispânia Citerior e, possivelmente, a Ulterior também a partir de 92 a.C.; estava "firmemente instalado" na Transalpina em 85 a.C., possivelmente antes, sem necessariamente ter entregado a Hispânia; possivelmente também governador da Cisalpina.
78 a.C. Transalpina Lúcio Mânlio Derrotado em batalhas contra as forças de Quinto Sertório em sua província e na Hispânia[66][67]
77 a.C. Transalpina Marco Emílio Lépido Designado procônsul, mas pode nem ter entrado em sua província antes de morrer na Sardenha[68][69]
74–73 a.C. Cisalpina Caio Aurélio Cota Morreu no final de 74 ou início de 73 a.C. quando se preparava para celebrar um triunfo[70][71].
77?/74?–74?/72? a.C. Transalpina Marco Fonteio Pretor em 75 a.C.; governador por três anos, provavelmente propretor; acusado pelos gauleses de extorsão, foi defendido com sucesso por Cícero[72][73]
72 a.C. Cisalpina Caio Cássio Longino Procônsul derrotado por Espártaco em Mutina[74][75]
67–65 a.C. Cisalpina, Transalpina Caio Calpúrnio Pisão Designado comandante proconsular de ambas as Gálias para esmagar uma revolta entre os alóbroges; acusado em 63 de extorsão pelos transpadanos[76][77]
64–início de 63 a.C. Transalpina Lúcio Licínio Murena Retornou para Roma antes do final de seu mandato para concorrer ao consulado e deixou seu irmão no comando e Públio Clódio Pulcro para ajudá-lo[78][79]
62 a.C. Cisalpina Quinto Cecílio Metelo Céler Procônsul[80][81]; Pretor em 63 a.C., lutou contra as forças de Catilina; Caio Antônio Híbrida, que era cocônsul com Cícero neste mesmo ano, recusou a Cisalpina e manipulou o processo de sorteio (sortitio) para ficar com a Macedônia para si e deixar a Cisalpina para Céler[82]
62–60 a.C. Transalpina Caio Pontino Sufocou mais uma revolta entre os alóbroges; em 59, Públio Vatínio, como tribuno da plebe, bloqueou suas tentativas de ter essas vitórias na Gália premiadas com um triunfo, que ele só conseguiu celebrar em 54 a.C.[83]
60 a.C. Transalpina Quinto Cecílio Metelo Céler Morreu em Roma antes de assumir seu mandato proconsular[84].
59 a.C. Cisalpina Lúcio Afrânio Nomeado governador proconsular, mas é possível que não tenha assumido o posto[85].
58–47 a.C. Transalpina, Cisalpina[d] Júlio César Mandato de cinco anos de acordo com a Lex Vatinia, renovado em 55 a.C. pela Lex Pompeia Licinia; a data final estabelecida por esta última é tema de debates[86]; seja qual for, em algum momento em 49 a.C., sua recusa em devolver sua província tornou-se inquestionavelmente um desafio à lei.
49 a.C. Cisalpina Marco Consídio Noniano Designado propretor para suceder o rebelde Júlio César[87][88]
49 a.C. Transalpina Lúcio Domício Enobarbo Designado para suceder César como procônsul, mas foi capturado por ele logo no começo da guerra civil[89].
48–46 a.C. Transalpina Décimo Júnio Bruto Albino Colocado no comando por César, provavelmente como legado propretor; em 46 a.C., sufocou uma "revolta" dos belóvacos na Gália Bélgica, que não foi formalmente organizada como uma província na época; serviu com distinção sob César durante as Guerras Gálicas[90].
46–primavera de 45 a.C. Cisalpina Marco Júnio Bruto Colocado no comando por César, provavelmente como legado propretor[91][92].
45 a.C. Transalpina Aulo Hírcio Especificamente incluindo a Narbonense[93][94].
45–início de 44 a.C. Cisalpina Caio Víbio Pansa Cetroniano|[95][96]
44–43 a.C. Narbonense; Hispânia Citerior Marco Emílio Lépido Procônsul nomeado por César[97][98]
44–43 a.C. Transalpina Lúcio Munácio Planco Nomeado por César como procônsul, excluindo a Narbonense[99][100]
44–43 a.C. Cisalpina Décimo Júnio Bruto Albino Nomeado procônsul por César antes de seu assassinato (do qual Bruto participou), assumiu seu posto no começo de abril e defendeu-o militarmente; aclamado imperator por suas vitórias contra as tribos alpinas; defendeu sua província contra Marco Antônio na Guerra de Mutina, onde ficou cercado durante o inverno; preso em nome de Antônio e executado por um líder celta[101].
44–42 a.C. Cisalpina, Transalpina Marco Antônio Procônsul a partir de 1 de junho de 44 a.C., provavelmente para um mandato de cinco anos[102].

Final do período republicano[editar | editar código-fonte]

Durante o tumultuado período que se seguiu ao assassinato de Júlio César e que marcou a ascendência do Segundo Triunvirato, a Gália passou pela mão de vários comandantes até que finalmente Marco Vipsânio Agripa chegou à região como procônsul, em 39 a.C., para pacificar a região. Depois disto, Broughton não lista mais nenhum governador até 31 a.C., data do final de sua obra. Augusto começou a reorganizar a Gália Transalpina e seus territórios recém-conquistados em províncias em 27 a.C.[103].

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. "Gallia Comata" é geralmente traduzido como "Gália Peluda", um termo que soa pejorativo, mas que é uma referência à preferência dos celtas por cabelos e barbas compridos em contraste com os sempre barbeados romanos.
  2. "Transalpina" no sentido amplo; com poucas exceções, como algumas escaramuças contra os helvécios em 58 a.C., possivelmente no território dos alóbroges, e as incursões de Vercingetórix em território helvécio em 52 a.C., todos os combates das Guerras Gálicas ocorreram fora do território da Narbonense.
  3. César foi também procônsul da Ilírico simultaneamente e a Cisalpina era um ponto central entre seus domínios.
  4. E Ilírico.

Referências

  1. Esta lista se baseia primordialmente em A.L.F. Rivet, Gallia Narbonensis: Southern France in Roman Times (London, 1988), pp. 39–53, e Charles Ebel, Transalpine Gaul: The Emergence of a Roman Province (Brill, 1976); entre outras fontes, E. Badian, “Notes on Provincia Gallia in the Late Republic,” in Mélanges d'archéologie et d'histoire offerts à André Piganiol (Paris, 1966), vol. 2; J.F. Drinkwater, Roman Gaul: The Three Provinces, 58 B.C.–A.D. 260 (Cornell University Press, 1983), pp. 1–34; e Christian Goudineau, César et la Gaule (Paris: Errance, 1990). Informações não citadas nas porções não-tabulares deste artigo representam um consenso entre estes autores.
  2. John Richardson, "The Administration of the Empire," in The Cambridge Ancient History (Cambridge University Press, 1994), vol. 9, pp. 564–565 online et passim, especially p. 580.
  3. On the manipulation of the story, see J.H.C. Williams, "Myth e History II: The Sack of Rome," in Beyond the Rubicon: Romans e Gauls in Republican Italy (Oxford University Press, 2001), pp. 140–184, limited preview online, p. 141.
  4. Briggs L. Twyman, “Metus gallicus: The Celts e Roman Human Sacrifice,” Ancient History Bulletin 11 (1997) 1–11.
  5. Cícero, In Catilinam 3.4 e 9
  6. Williams, Beyond the Rubicon, pp. 92 e 177–179; E.G. Hardy, "The Catilinarian Conspiracy in Its Context: A Re-Study of the Evidence," Journal of Roman Studies 7 (1917), pp. 199–221: (p. 220).
  7. The Hellenistic World e the Coming of Rome (University of California Press, 1984), p. 203 online.
  8. Williams, Beyond the Rubicon, see P.C.N. Stewart, “Inventing Britain: The Roman Creation e Adaptation of an Image,” Britannia 26 (1995) 1–10
  9. Ralf Urban, Gallia rebellis: Erhebungen in Gallien im Spiegel antiker Zeugnisse (Franz Steiner Verlag, 1999), Historia 129.
  10. MRR1 p. 95.
  11. MRR1 p. 113.
  12. MRR1 pp. 119–120, nota 3.
  13. MRR1 p. 119; MRR2 p. 611.
  14. Lívio, Ab Urbe Condita 7.11.5–7, 9
  15. a b MRR1 p. 120.
  16. Lívio, Ab Urbe Condita 7.11.4, 7–9; Acta Triumphalia, Degrassi 68f., 540
  17. Brennan, Praetorship, pp. 39–40 online.
  18. Lívio, Ab Urbe Condita 7.12.9–15.8; Acta Triumphalia Degrassi 68f., 540; Frontino, Estratagemas 2.4.5; Apiano, Guerras Celtas 1; Eutrópio 2.5.2; Auctor, De viris illustribus 28; Paulo Orósio 3.6.2
  19. MRR1 p. 121.
  20. MRR1 p. 129–130.
  21. Lívio, Ab Urbe Condita 8.17.6–7
  22. MRR1 p. 141.
  23. Lívio, Ab Urbe Condita 10.24–30
  24. a b MRR1 p. 177.
  25. Lívio, Ab Urbe Condita 10.26–30
  26. Dionísio de Halicarnasso, Antiguidades Romanas 19.12.2; Floro 1.8.21; Apiano, Guerras Samnitas 6 e Guerras Celtas 11; Dião Cássio, História Romana frg. 38; Eutrópio 2.10; Paulo Orósio 3.22.12–13
  27. a b c d MRR1 p. 188.
  28. Apiano, Guerras Celtas 11
  29. Políbio, Histórias 2.19.8; Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 12; Paulo Orósio 3.22.13–14
  30. Políbio, Histórias 2.19.9–12
  31. Políbio, Histórias 2.20; Frontino, Estratagemas 1.2.7
  32. MRR1 p. 189.
  33. Dáithí Ó hÓgáin, "Celtiberia e Cisalpine Gaul," in The Celts: A History (Boydell Press, 2003), pp. 72ff.
  34. Andrew Lintott, Imperium Romanum, p. 6.
  35. Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 60; Apiano, Guerra Civil 1.34; Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Caio Graco 15.1, 18.1; Acta Trimphalia; Júlio Obsequente 30; Veleio Patérculo 2.6.4
  36. MRR1 pp. 510, 512, 514–515.
  37. Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 61; Estrabão, Geografia 4.1.5; Veleio Patérculo 1.15.4
  38. MRR1 pp. 515, 518.
  39. Cícero, Pro Fonteio 18; Floro 1.37.4–6; Eutrópio 4.22; Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 61; Veleio Patérculo 2.10.2 e 39.1; Estrabão, Geografia 4.2.3; Valério Máximo, Nove Livros de Feitos e Dizeres Memoráveis 9.6.3; Apiano, Guerras Celtas 12; Suetônio, Vidas dos Doze Césares, Nero 1.2 e 2; Acta Triumphalia for 120; Orósio 5.13.2; Jerônimo, Chronicon ad annum 127
  40. MRR1 pp. 516, 522, 524.
  41. Cícero, Pro Fonteio 36; Júlio César De Bello Gallico 1.45.2; Floro 1.37.4–6; Eutrópio 4.22; Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 61; Estrabão, Geografia 4.1.11; Apiano, Guerras Celtas 12; Veleio Patérculo 2.10.2–3 e 39.1; Valério Máximo, Nove Livros de Feitos e Dizeres Memoráveis 3.5.2, 6.9.3–4 e 9.6.3; Suetônio, Vidas dos Doze Césares, Nero 2; Plínio, História Natural 7.166 e 33.141; Amiano Marcelino 15.12.5; Pseudo-Ascônio 211 Stangl; Acta Triumphalia Degrasi 82f., 560
  42. MRR1 pp. 520–521, 524.
  43. CIL 12.2.633, 634, 2501; esta inscrição, porém, pode ser uma referência a Lúcio Cecílio Metelo Calvo, que foi cônsul em 142 a.C.
  44. MRR1 p. 530.
  45. Acta Triumphalia Degrassi 84f., 561; Frontino, Estratagemas 4.3.13
  46. MRR1 p. 531.
  47. Cícero, Corn. em Ascônio 68 e 80C, Div. in Caec. 67, In Verrem 2.2.118; Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 65; Veleio Patérculo 2.12.2; Floro 1.38.4
  48. MRR1 pp. 545, 549.
  49. Júlio César De Bello Gallico 1.7.4, 12.5–7, 13.2, 14.3; Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 65; Tácito, Germânia 37; Apiano, Guerras Celtas 1.3; Paulo Orósio 5.15.23–24
  50. MRR1 p. 550.
  51. Broughton, MRR1 p. 553.
  52. MRR1 pp. 557, 563–564, 566 (nota 8).
  53. Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 67; Cícero, De Oratore 2.125; Floro 1.38.4; Grânio Liciniano 17B e 21B; Dião Cássio, História Romana 27, frg. 91.1–4; Eutrópio 5.1.1; Paulo Orósio 5.16.1–7 citando Valério Antias frg. 63 (Peter)
  54. MRR1 p. 555.
  55. Cícero, Leg. Man. 60, Prov. Cons. 19 e 32; Salústio, Guerra de Jugurta 114.3; Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 67; Veleio Patérculo 2.12.1–2
  56. MRR1 p. 558.
  57. MRR1 pp. 567, 570–571.
  58. MRR1 pp. 567, 570–571, 572.
  59. Cícero, Inv. 2.111, In Pisonem 62 e Ascônio 15C; Valério Máximo, Nove Livros de Feitos e Dizeres Memoráveis 3.7.6
  60. MRR2 p. 11
  61. J.P.V.D. Balsdon in Classical Review 51 (1937) 8–10.
  62. Valério Máximo, Nove Livros de Feitos e Dizeres Memoráveis 3.7.6
  63. MRR2 p. 13
  64. Aulo Gélio 13.20.12
  65. MRR2 p. 22.
  66. Júlio César, De Bello Gallico 3.20.1; Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 90; Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Sertório 12.4; Paulo Orósio 5.23.4
  67. MRR2 p. 87.
  68. Salústio, História 1.77.7M; Apiano, Guerra Civil 1.107
  69. MRR2 p. 89.
  70. Cícero, Bruto 318 e In Pisonem 62; Salústio, História 2.98M; Asconius 14 C
  71. MRR2 pp. 103 e 111.
  72. Cícero, Pro Fonteio
  73. MRR2 pp. 104, 109 (nota 6).
  74. Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 96; Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Crasso 9.7; Floro 2.8.10 as P. Cassi; Paulo Orósio 5.24.4
  75. MRR2 p. 117.
  76. Cícero, Ad Atticum 1.13.2 e 1.1.2, Pro Flacco 98; Salústio, Catilina 49.2; Dião Cássio, História Romana 36.37.2
  77. MRR2 pp. 142–143, 154, 159.
  78. Cícero, Pro Murena, e Har. Resp. 42
  79. MRR2 pp. 163, 169.
  80. Cícero, Ad familiares 5.1, 5.2; Cornélio Nepos frg. 7 (Peter) em Plínio, História Natural 2.170; Pompônio Mela 3.45
  81. MRR2 p. 176.
  82. E.G. Hardy, "The Catilinarian Conspiracy in Its Context," Journal of Roman Studies 7 (1917), pp. 199–200.
  83. Cícero, Pro cons. 32; Dião Cássio, História Romana 37.47–48, 39.65.1–2; Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 163; Bóbio Escoliasta 149–150 (Stangl); MRR2 pp. 176, 181; T. Corey Brennan, The Praetorship in the Roman Republic (Oxford University Press, 2000), p. 579 online.
  84. MRR2 pp. 182–183.
  85. MRR2, p. 182–183.
  86. F.E. Adcock, “The Legal Term of Caesar’s Governship in Gaul,” Classical Quarterly 26 (1932) 14–26; C.E. Stevens, “The Terminal Date of Caesar’s Command,” American Journal of Philology 59 (1938) 169–208, e “Britain e the Lex Pompeia Licinia,” Latomus 12 (1953) 14–21; J.P.V.D. Balsdon, “Consular Provinces under the Late Republic: Caesar’s Gallic Command,” Journal of Roman Studies 29 (1939) 167–183; G.R. Elton, “The Terminal Date of Caesar’s Gallic Proconsulate,” Journal of Roman Studies 36 (1946) 18–42; P.J. Cuff, "The Terminal Date of Caesar's Gallic Command," Historia 7 (1958) 445–471; E. Badian, “The Attempt to Try Caesar,” in Polis e Imperium: Studies in Honour of Edward Togo Salmon (Toronto, 1974).
  87. Cícero, Ad Atticum 8.11B.2 e Ad familiares 16.12.3
  88. MRR2 p. 261.
  89. MRR2 pp. 261–262.
  90. Lívio, Ab Urbe Condita, Periochae 114; Apiano, Guerra Civil 2.48 e 111.
  91. Cícero, Ad familiares 6.6.10 e 13.10–14, Brutus 171, Ad Atticum 12.27.3; Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Bruto 61.6–7; Apiano, Guerra Civil 2.111; chamado incorretamente de procônsul em Auctor, De Viris Illustribus 82.5
  92. MRR2 p. 301.
  93. Cícero, Ad Atticum 14.9.3 (datada de 17 de abril de 44)
  94. MRR2 p. 309.
  95. Cícero, Ad Atticum 12.27.3, Ad familiares 15.17.3
  96. MRR2 p. 310.
  97. Veleio Patérculo 2.63.1; Apiano, Guerra Civil 2.107
  98. MRR2 pp. 326, 341.
  99. Cícero, Filípicas 3.38, Ad Atticum 15.29.1, e Ad familiares 10.1–5
  100. MRR2 p. 329.
  101. MRR2 pp. 328 e 347.
  102. MRR2 pp. 342–343, 360.
  103. Woolf, Becoming Roman, p. 39.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Rivet, A.L.F. (1988). Gallia Narbonensis: Southern France in Roman Times (em inglês). London: [s.n.] 
  • Ebel, Charles (1976). Transalpine Gaul: The Emergence of a Roman Province (em inglês). [S.l.]: Brill 
  • Brennan, T. Corey (2000). The Praetorship in the Roman Republic (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press 
  • Lintott, Andrew (1999). The Constitution of the Roman Republic (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press 
  • Broughton, T.R.S. (1986) [1951]. The Magistrates of the Roman Republic (em inglês). 1–3. New York: American Philological Association : os volumes estão abreviados como MRR1, MRR2 e MRR3 respectivamente nas referências.