Gravity's Rainbow

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Gravity's Rainbow
O Arco-Íris da Gravidade
Gravity's Rainbow
Capa da primeira edição
Autor(es) Thomas Pynchon
Idioma Inglês
País Estados Unidos
Gênero Romance histórico, sátira, romance enciclopédico, ficção científica
Lançamento
Páginas 760

Gravity's Rainbow (em português: O Arco-Íris da Gravidade) é um romance do escritor norte-americano Thomas Pynchon. Escrita em 1973, a obra alcançou o status de obra-prima.

Longa, complexa e com um grande elenco de personagens, a narrativa se passa principalmente na Europa no final da Segunda Guerra Mundial, com destaque para temas como a paranóia, entropia, e para a discussão em torno do design, produção e disparos de foguetes V-2, usado à época, pelos militares alemães.

Atravessando esta ampla gama de temas, O Arco-Íris da Gravidade transgride fronteiras entre alta e baixa cultura, entre a linguagem formal e palavrões e entre ciência e metafísica especulativa. O Arco-Íris da Gravidade dividiu o National Book Award de 1974 nos Estados Unidos com A Crown of Feathers and Other Stories de Isaac Bashevis Singer.[1] Embora selecionado pelo júri do Prêmio Pulitzer para o Prêmio Pulitzer de Ficção de 1974, o Comitê do Pulitzer sentiu-se ofendido por seu conteúdo.[2] Nenhum Prêmio Pulitzer foi concedido para ficção naquele ano.[2][3] O romance foi nomeado para o Prêmio Nebula de 1973 de Melhor Romance.[4]

Gravity's Rainbow é considerado por muitos críticos um dos melhores romances americanos já escritos.[5] A Time, por exemplo, nomeou a obra como um dos "100 Melhores Romances de Todos os Tempos", numa lista dos melhores romances em inglês de 1923 a 2005.[6] A obra exerceu influência relevante, tanto na literatura posterior,[7] quanto na cultura popular, incluindo o cinema,[8] letras de música dedicadas à obra,[9] pintura,[10] e até mesmo em jogos de videogame.[11]

Estrutura e cronologia[editar | editar código-fonte]

[...] um milhão de burocratas estão
planejando diligentemente a morte
e alguns deles sabem disso [...]

–Thomas Pynchon
Réplica do V2(A4), escala 1:1

Título[editar | editar código-fonte]

O título do romance declara a ambição e põe em ressonância a oscilação entre destruição e liberdade expressa ao longo do livro. Exemplo da fluidez de significados característicos do trabalho de Pynchon durante os primeiros anos em que a trama se passa, Gravity's Rainbow aborda:

Gravity's Rainbow é composto de quatro partes.

Parte 1: Além do Zero[editar | editar código-fonte]

"Parte 1: Além do Zero" contém 21 episódios. O nome "Além do Zero" refere-se à falta de extinção total de um estímulo condicionado. Os eventos desta parte ocorrem principalmente durante a época do Advento de Natal de 1944, de 18 a 26 de dezembro. A epígrafe é uma citação de um panfleto escrito pelo cientista de foguetes Wernher von Braun e publicado pela primeira vez em 1962: "A natureza não conhece a extinção; tudo o que ela sabe é transformação. Tudo o que a ciência me ensinou, e continua a me ensinar, fortalece minha crença na continuidade de nossa existência espiritual após a morte".[13] A epígrafe reflete temas de redenção antecipada e obscurecimento do sagrado e secular, os quais permeiam a Parte 1.[14]

Parte 2: Un Perm 'au Casino Hermann Goering[editar | editar código-fonte]

"Parte 2: Un Perm 'au Casino Hermann Goering" contém oito episódios.[15] Os eventos desta seção abrangem os cinco meses desde o Natal de 1944 até o domingo de Pentecostes no ano seguinte; 20 de maio de 1945. A deturpação ou reinterpretação da identidade é refletida na jornada de Slothrop, bem como na epígrafe, atribuída a Merian C. Cooper, falando com Fay Wray antes de seu papel como protagonista em King Kong, conforme relatado por Wray na edição de 21 de setembro de 1969 da The New York Times: "Você terá o protagonista mais alto e mais sombrio de Hollywood".[16]

Parte 3: Na Zona[editar | editar código-fonte]

"Parte 3: Na Zona" compreende 32 episódios.[17] O enredo da Parte 3 se passa durante o verão de 1945, com analepses (flashbacks literários) até o período da Parte 2, com a maioria dos eventos ocorrendo entre 18 de maio e 6 de agosto; o dia do primeiro ataque a bomba atômica e também a Festa da Transfiguração. A epígrafe é retirada de O Mágico de Oz, narrada por Dorothy quando ela chega em Oz e mostra sua desorientação com o novo ambiente: "Toto, sinto que não estamos mais no Kansas [...]".

Parte 4: A Força Contrária[editar | editar código-fonte]

"Parte 4: A Força Contrária" é composta por 12 episódios. O enredo desta parte começa logo após 6 de agosto de 1945 e cobre o período até 14 de setembro do mesmo ano; o dia da Exaltação da Santa Cruz, com prolongamento da analepsia até o fim de semana da Páscoa/Abril de 1945 e culminando em uma prolepsia até 1970. A simples citação epigráfica "O quê?" é atribuído a Richard M. Nixon e foi adicionado depois que as galés do romance foram impressas para insinuar o envolvimento do presidente no crescente escândalo de Watergate.[18] A citação original para esta seção (como pode ser visto nas cópias antecipadas do livro) foi um trecho da letra da música de Joni Mitchell, "Cactus Tree" ("She has brought them to her senses/They have laughed inside her laughter/Now she rallies her defenses/For she fears that one will ask her/For eternity/And she’s so busy being free"), então a mudança de cotação saltou uma grande divisão cultural.

Referências

  1. "National Book Awards – 1974". National Book Award National Book Foundation. Consultado em 29 de março de 2012.
  2. a b «Pulitzer Jurors Dismayed on Pynchon». The New York Times 
  3. McDowell, Edwin. «Publishing: Pulitzer Controversies». The New York Times 
  4. «1973 Award Winners & Nominees». Worlds Without End 
  5. Almansi, p. 226: "piu importante romanzo americano del secondo dopoguerra, Gravity's Rainbow di Thomas Pynchon (romanzo mai pubblicato in Italia, con grande vergogna dell'editoria nazionale)." Tradução: "romance americano mais importante do segundo pós-guerra, o Gravity's Rainbow, de Thomas Pynchon (um romance nunca publicado na Itália, para grande vergonha da indústria editorial nacional)". O comentário de Almansi é de 1994. Gravity's Rainbow foi traduzido e publicado na Itália em 1999.
  6. «ALL-TIME 100 Novels». TIME 
  7. Steven C. Weisenburger A Gravity's Rainbow Companion: Sources and Contexts for Pynchon's Novel, Introduction, University of Georgia Press 2006
  8. Prüfstand VII downloads
  9. «Cassiber's use of Gravity's Rainbow texts». The Modern Word. Consultado em 22 de maio de 2007. Arquivado do original em 2 de novembro de 2012 
  10. He Dropped Out Of Drugs, and Put Them in His Art by William Harris, New York Times, Arts and Leisure Desk, December 19, 1999
  11. Marsh, Calum. «Jonathan Blow: 'I want to make games for people who read Gravity's Rainbow'». The Guardian 
  12. Weisenburger, "Introdução", p. 9: "[...] a forma do Arco-Íris da Gravidade é circular. Os precursores literários deste desenho [...] são Finnegans Wake de Joyce e The Confidence Man, de Melville".
  13. Von Braun, Wernher, "Why I Believe in Immortality", in William Nichols (ed.), The Third Book of Words to Live By, Simon and Schuster, 1962, pp. 119–120.
  14. Weisenburger, Steven (1988). A Gravity's Rainbow Companion: Sources and Contexts for Pynchon's Novel. University of Georgia Press. [S.l.: s.n.] ISBN 0-8203-1026-3 
  15. Weisenburger, "Parte 2: Un Perm au Casino Hermann Goering", pp. 86, 105, 125–126, 152, 153, 291: "O número oito tem um significado amplo em todo GR: houve oito episódios na parte 2; Slothrop assume oito identidades diferentes; V-E Day, White Lotos Day e o aniversário de Pynchon caíram no dia 8 de maio; o texto faz referência a Krishna, oitavo avatar de Vishnu; e no judaico-cristianismo, oito é o número de letras no Tetragrammaton".
  16. Weisenburger, "Parte 2: Un Perm au Casino Hermann Goering", p. 105: "A epígrafe deriva de um artigo do New York Times de 21 de setembro de 1969, intitulado 'How Fay Met Kong...'"
  17. Weisenburger, "Part 3: In The Zone", p. 105: "Part 3 of the novel contains thirty-two episodes...because the gravitational pull...is a constant thirty-two feet per second and...because the number is significant in Kabbalistic mythology."
  18. Pynchon Notes 11 Arquivado em 2006-09-09 no Wayback Machine, February 1983, p. 64.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Almansi, Guido, L'estetica dell'osceno, Madrid: Akal, 1977, (em castelhano) ISBN 84-7339-286-8
  • Booker, M. Keith, Techniques of Subversion in Modern Literature: Transgression, Abjection, and the Carnivalesque, University Press of Florida, 1991, ISBN 0-8130-1065-9
  • Konzett, Matthias and Margarete Lamb-Faffelberger, Elfriede Jelinek: writing woman, nation, and identity: a critical anthology, Madison NJ, Fairleigh Dickinson University Press, 2007, ISBN 0-8386-4154-7
  • Levine, George Lewis, Mindful pleasures: essays on Thomas Pynchon, Boston: Little, Brown, 1976, ISBN 0-316-52230-9
  • Moore, Thomas, The style of connectedness: Gravity's rainbow and Thomas Pynchon, Columbia: University of Missouri Press, 1987, ISBN 0-8262-0625-5
  • Pöhlmann, Sascha Nico Stefan. "Gravity's Rainbow". The Literary Encyclopedia. Publicado inicialmente em 24 de outubro de 2006.accessed 17 March 2013.
  • Schwab, Gabriele, Subjects Without Selves: Transitional Texts in Modern Fiction, Harvard University Press,1994, ISBN 0-674-85381-4
  • Tanner, Tony, Thomas Pynchon, Londres e Nova Iorque: Methuen, 1982, ISBN 0-416-31670-0
  • Weisenburger, Steven, A Gravity's Rainbow Companion, University of Georgia Press, 1988, ISBN 0-8203-1026-3

Ligações externas[editar | editar código-fonte]