Guelmim

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 Nota: Para a aldeia parónima entre Tinghir e Errachidia, veja Goulmima.
Marrocos Guelmim

ڭلميمⴳⵓⵍⵎⵉⵎ

Goulimine

 
  Município  
Porta monumental de entrada de Guelmim
Porta monumental de entrada de Guelmim
Porta monumental de entrada de Guelmim
Apelido(s) Porta do Saara
Gentílico guelmimi, guelmimia
Localização
Guelmim está localizado em: Marrocos
Guelmim
Localização de Guelmim em Marrocos
Coordenadas 29° N 10° 3' O
País Marrocos
Região (1997-2015) Guelmim-Es Semara
Província Guelmim
Administração
Prefeito Abdelwahab Belafkih (2009, USFP)
Características geográficas
População total (2004) [1][2] 95 599 hab.
 • Estimativa (2010) 109 931
Altitude 310 m
Outras informações
Soco semanal sábado

Guelmim (em árabe: ڭلميم; em tifinague: ⴳⵓⵍⵎⵉⵎ), antigamente chamada Goulimine, é uma cidade do sudoeste de Marrocos, capital da província homónima e parte da região de Guelmim-Es Semara. Situada 200 km a sul de Agadir, a 110 km de Tiznit, próximo do sopé do extremo sudeste da cordilheira do Anti-Atlas e a 30 km da costa do Oceano Atlântico, a cidade tinha 95 599[1] habitantes em 2004 e estimava-se que em 2010 tivesse 109 931.[2]

Guelmim é muitas vezes considerada como a "porta do Saara" de Marrocos. A cidade foi outrora um centro de caravanas na rota de Tombuctu. Hoje continua a ser um lugar importante de comércio e de trocas de bens entre as populações sedentários e os nómadas do deserto. É em Guelmim que tem lugar o maior soco (mercado) periódico de camelos de Marrocos, conhecido como Amhayrich, que se realiza todos os sábados. O mercado é atualmente um soco comum, virado quase exclusivamente para consumidores locais e produtos do dia-a-dia, mas ainda se negociam muitos camelos.

Quando os hippies "descobriram" certos tipos de missangas coloridas africanas em Guelmim nos anos 1960, elas ficaram conhecidas como "missangas de Goulamine" (em inglês: Goulamine beads), apesar delas na realidade serem fabricadas na Europa, principalmente em Veneza.

Línguas[editar | editar código-fonte]

As línguas mais faladas na região são o dialeto árabe marroquino e, sobretudo, o hassanya, o dialeto árabe dos mouros comum aos mauritanos. Nas zonas em volta da cidade há diversas tribos, entre as quais se destacam os Aït-Moussa-Ali, Ait Oussa, Azwafit, Aït-Yassin, Aarib (Nwaji)., Aït-Lahcen, Aït-Baamran (Sbouya), Doublal e Awlad Jallal.

História[editar | editar código-fonte]

Desde pelo menos o século XI que a cidade foi um centro comercial, destino de grandes caravanas provenientes sobretudo da Mauritânia e do Senegal, que atravessavam o Saara para comprar e vender principalmente camelos, sal e produtos de origem animal. O negócio de camelos foi especialmente importante. Guelmim chegou a ter o maior mercado de camelos de toda a África, chegando a concentrar entre 20 e 30 mil animais para venda. Nos anos 1960 ainda se vendiam cerca de 500 camelos por semana, mas com a interrupção das ligações para o sul devido ao conflito do Saara Ocidental, o mercado perdeu muita da sua importância, tendo-se tornado um soco comum, apesar da venda de camelos, ovelhas e cabras ainda ser importante a nível regional.

Clima[editar | editar código-fonte]

O clima de Guelmim é do tipo pré-saariano, seco e árido, com as temperaturas a benificiar da influência oceânica. A temperatura média varia entre 12°C no inverno e os 30°C no verão, mas é comum ultrapassar os 40°C e baixar abaixo de 5°C. A precipitação média anual é de 217 mm, menos de metade da média nacional marroquina de 450 mm.

Agricultura[editar | editar código-fonte]

A agricultura constitui a principal atividade económica da região. Os sistemas agrícolas encontram-se principalmente nos palmeirais, como o dos oásis de Aït Bekkou (considerado o mais espetaculares de todos os oásis da região de Guelmim), 10 km a sudeste da cidade, Abaynou (Abbainou), 10 km a nordeste da cidade, de Zriouila, a 25 km, na estrada para Tan-Tan, ou ainda os oásis de Tighmert e Asrir.

Turismo e eventos[editar | editar código-fonte]

Palácio da Justiça de Guelmim


O turismo tem vindo a expandir-se, nomeadamente na área de Abaynou (Abbainou), onde há uma estância termal alimentada por nascentes onde a água brota a 28°C. A extensa Plage Blanche (Praia Branca), com os seus cerca de 60 km de areal branco, é outro dos polos de atração para os visitantes. Situada a cerca de 30 km a sudoeste da cidade, há planos para torná-la uma grande estância turística com mais de 30 000 camas (o chamado "Plano Azur 2010"). Perto da Plage Blanche situa-se o Forte Bou-Jerif, uma antiga fortaleza da Legião Estrangeira Francesa construída à beira do oued Assaka a 13 km do mar, num local descrito como muito romântico na literatura turística.

Segundo alguns guias turísticos (outros discordam), o antigo soco semanal de camelos, realizado a um quilómetro da cidade, na estrad para Tan-Tan, continua a ser muito autêntico, ao contrário dos mercados de outras cidades marroquinas, nas quais os socos se viraram, em maior ou menor grau, para a venda de lembranças a turistas. Apesar do negócio de camelos ser uma sombra pálida do que foi noutros tempos, ainda se vendem esses animais, que noutros locais apenas são levados aos socos com os turistas em mente. Uma das características típicas do mercado é a presença dos tuaregues vestidos de azul da tribo dos reguibates, do vale do Drá, os chamados homens azuis (hommes bleue em francês). Atualmente muitos dos homens vestido com as roupas tradicionais azuis são na realidade locais que se vestem assim para os turistas, mas o grande moussem (festival) anual ainda é frequentado por muitos autênticos tuaregues.

O oásis dos arredores, nomeadamente o de Aït Bekkou e Asrir, 10 km a sudeste da cidade, também atraem alguns turistas. A cidade propriamente dita, apesar de por vezes ser apresentada como fazendo lembrar Marraquexe pelos seus edifícios vermelhos, não é especialmente bela, sendo uma cidade sobretudo administrativa, uma função que mantém desde os tempos do Protetorado Francês de Marrocos, quando era sede de uma guarnição militar importante e cidade fronteiriça com o Saara Espanhol. O único verdadeiro monumento da cidade é o palácio do Caid Dahman Takni.

As principais festividades tradicionais de Guelmim são as corridas de camelos, que decorrem todos os anos no final de junho ou início de julho e as festas em honra dos santos muçulmanos locais, Sidi Al Gahzis e Sidi Hamed Ben Amar M`, realizadas em maio e julho. Durante as festas, é comum haver espetáculos de guédra, uma dança tradicional da região que também dá nome a um instrumento musical, uma espécie de tambor de cerâmica. Outra dança típica é o ahouache.

Cidades-gémeas[editar | editar código-fonte]

Notas e referências[editar | editar código-fonte]

  • Ellingham, Mark; McVeigh, Shaun; Jacobs, Daniel; Brown, Hamish. The Rough Guide to Morocco (em inglês) 7ª ed. Nova Iorque, Londres, Deli: Rough Guide, Penguin Books. p. 636-639. 824 páginas. ISBN 9-781843-533139 
  • Lehmann, Ingeborg (2001). Baedeker-Allianz-Reiseführer Marokko (em alemão). [S.l.]: Baedeker. 527 páginas. ISBN 9783875044126 
  1. a b «Recensement général de la population et de l'habitat 2004». www.hcp.ma (em francês). Royaume du Maroc - Haut-Comissariat au Plan. Consultado em 20 de dezembro de 2011 
  2. a b «Maroc: Les villes les plus grandes avec des statistiques de la population». gazetteer.de (em francês). World Gazeteer. Consultado em 20 de dezembro de 2011 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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