Língua guanche

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Guanche
Falado(a) em: Ilhas Canárias
Extinção: c. século XVIII
Família: Afro-asiática
 ? Berbere
  Guanche
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---
ISO 639-3: gnc

Guanche é uma língua extinta que foi falada pelos Guanches, etnia que viveu nas Ilhas Canárias até os séculos XVI ou XVII. A língua é conhecida hoje por poucas frases e palavras isoladas registradas por viajantes antigos e também por nomes de locais e por palavras assimiladas pelo dialeto canário (do castelhano). As relações com outras línguas são de difícil caracterização hoje, porém, é quase certo que se trate de uma língua afro-asiática, havendo muitos linguistas que a considerem bem aparentada às línguas berberes.[1][2]

História[editar | editar código-fonte]

O nome Guanche originalmente significava "homem de Tenerife",[3] e só mais tarde ele veio para se referir a todos os habitantes nativos das Ilhas Canárias. Apesar dos dialetos diferentes que eram falados em todo o arquipélago, todos são considerados como variedades da mesma língua.

Achados arqueológicos nas Canárias incluem tanto em alfabeto tifinague como no alfabeto fenício das línguas púnicas presentes em inscrições gravadas em rochas. Registros muito antigos mostram que os guanches não tinham um sistema de escrita próprio.

O primeiro relato confiável da linguagem guanche foi fornecido pelo explorador genovês Nicoloso da Recco em 1341, com uma lista dos números 1-16, possivelmente, obtida em Fuerteventura. O relato de Recco revela um sistema de contagem de base 10 muito semelhante à numeração berbere.

A língua Silbo Gomero (por assovios) foi inicialmente a forma assoviada da língua guanche usada para comunicação a longa distância e foi usada em La Gomera, El Hierro, Tenerife e na Gran Canaria. Com a extinção da língua guanche, uma versão Silbo espanhola foi adotada por alguns habitantes das Canárias.

Numerais[editar | editar código-fonte]

Há diversas fontes que informam sobre os numerais, aliás com baixo índice de concordância (conf. Barrios 1997). Algumas dessas discrepâncias podem ser devidas a erros de compilação, de gênero, novos termos de origem árabe, etc.

Numeral Recco
(1341)
Cairasco
(canção, 1582)
Cedeño
(c. 1685)
Marín de Cubas
(1687, 1694)
Sosa
(1678)
Abreu
(atrib. 1632)
Reyes
(1995)
Proto-Berbere
1 vait* *be ben, ven-ir- becen~been, ben-ir- ben, ben-ir- been (ben?), ben-i- *wên *yiwan
2 smetti, smatta- *smi liin, lin-ir- liin, sin-ir-~lin-ir- lini (sijn) lini, lini- *sîn *sin
3 amelotti, amierat- *amat amiet amiet~amiat, am-ir- amiat (amiet) amiat *amiat *karad
4 acodetti, acodat- *aco arba arba arba arba *akod *hakkuz
5 simusetti, simusat- *somus canza~canse canza cansa canza *sumus *sammus
6 sesetti, sesatti- ? sumus sumui~sumus sumus smmous *sed *sadis
7 satti *set sat sat sat (sá) sat *sa *sah
8 tamatti *tamo set set set set *tam *tam
9 alda-marava* ? acet~acot acot acot acot *aldamoraw *tizah~tuzah
10 marava *marago marago marago marago marago *maraw~maragʷ *maraw

Amostras[editar | editar código-fonte]

Transliteração da escrita: DJYNWLT / FWṢ TS <ŠQS> - *Idi ijjây-in Walăt. Afa <išuqqis>iwâṣ tăsa</išuqqis>

Tradução: Sirius converge lá com Canopus. A luz excita o coração*.

Nota: O “ŠQS”, escrito antes do verbo “excitar”, pode ter sido uma rejeção de tal verbo depois da conquista Cristã que não apoiava antigas crenças.

Outra transliteração: abcanahac xerax -*Als-ânɣ ikiyan abẓ/q a-nn ahaẓ Ahɣeraɣ. Guaxate hequei adei acharan afaro yafana haxaran -*Wassksaḍ, ḥăkku əy addăy ačaran, afaro y afanan; ha əkkəs aran Tanaga Guayoch Archimenseu Nahaya Dir hanido Sahet chunga pelut -*Tanaqqa wayyaw wš,<aši>menzu nahağğa dir ɣandaw saɣet, šunga bel-wt</aši>

Tradução: Retome para nós a origem (do) conjunto (que está) onde a espécie do Grande (Deus) se encontra. Senhor, nos de toda a amplitude do que está abaixo (do solo), o grão para a germinação; tire de nós as doenças. Uma tristeza fatal aflige o sujeito, o sucessor continua o que veio das raízes (tradição) e os órfãos exprimem suas lamentaçoes.

Referências

  1. Andrew Dalby, Dictionary of Languages, 1998, p. 88 "Guanche, indigenous language of the Canary Islands, is generally thought to have been a Berber language."
  2. Bynon J., "The contribution of linguistics to history in the field of Berber studies." In: Dalby D, (editor) Language and history in Africa New York: Africana Publishing Corporation, 1970, p 64-77.
  3. «Section 14». The Encyclopædia Britannica: A Dictionary of Arts, Sciences, Literature and General Information. [S.l.]: Encyclopædia Britannica. 1910. 650 páginas 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]