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Literatura persa: diferenças entre revisões

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==== Literatura Sueca ====
==== Literatura Sueca ====
Durante o século XX foram traduzidas para Sueco numerosas obras da literatura clássica persa pelo barão Eric Hermelin. Este traduziu obras de, entre outros, Farid ad-Din Attar, Rumi, Ferdusi, Omar Khayyam, Saadi e Sana'i.
Durante o século XX foram traduzidas para Sueco numerosas obras da literatura clássica persa pelo barão Eric Hermelin. Este traduziu obras de, entre outros, Farid ad-Din Attar, Rumi, Ferdusi, Omar Khayyam, Saadi e Sana'i. Influenciado pelos escritos do místico sueco [[Emanuel Swedenborg]], atrairam-no em particular os aspectos religiosos dos [[Sufismo|sufis]] da poesia persa clássica. As suas traduções tiveram um grande impacto em numerosos escritores suecos contemporâneos, entre eles Karl Wennberg, Willy Kyrklund e Gunnar Ekelöf. Namdar Nasse e Anja Malmberg traduziram para Sueco, em prosa, excertos do Xanamé de Ferdusi.


== Literatura persa contemporânea ==
== Literatura persa contemporânea ==
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[[File:Abdolhossein-Zarrinkoub.jpg|thumb|right|Abdolhossein Zarrinkoub, mestre da literatura persa e da crítica literária.]]
[[File:Abdolhossein-Zarrinkoub.jpg|thumb|right|Abdolhossein Zarrinkoub, mestre da literatura persa e da crítica literária.]]
O novo movimento literário não pode ser compreendido sem preceber os [[Movimentos intelectuais iranianos|movimentos intelectuais]] entre os círculos filosóficos iranianos. Dado o clima político no Irão no fim do século XIX e no princípio do século XX, que levou à [[Revolução Constitucional Iraniana]] entre 1906 e 1911, a ideia de que uma mudança era necessária na poesia tornou-se comum. Muitos argumentavam que a poesia persa deveria reflectir a realidade de um país em transição. Esta ideia foi propagada por figuras literárias notáveis como [[Ali-Akbar Dehkhoda]] e Abolqasem Aref, que desafiaram o sistema tradicional de poesia persa introduzindo novos conteudos e fazendo experiências com a retórica, o léxico, a semântica e a estrutura. Dekhoda, por exemplo, usou uma forma tradicional menos conhecida, o mosamate, para se referir, de forma exaltada, à execussão de um jornalista revolucionário. Aref usou o [[Ghazal]], "o género mais central de entre a tradição lírica", para escrever o seu Payam-e Azadi (Mensagem de Liberdade).
O novo movimento literário não pode ser compreendido sem preceber os [[Movimentos intelectuais iranianos|movimentos intelectuais]] entre os círculos filosóficos iranianos. Dado o clima político no Irão no fim do século XIX e no princípio do século XX, que levou à [[Revolução Constitucional Iraniana]] entre 1906 e 1911, a ideia de que uma mudança era necessária na poesia tornou-se comum. Muitos argumentavam que a poesia persa deveria reflectir a realidade de um país em transição. Esta ideia foi propagada por figuras literárias notáveis como [[Ali-Akbar Dehkhoda]] e Abolqasem Aref, que desafiaram o sistema tradicional de poesia persa introduzindo novos conteudos e fazendo experiências com a retórica, o léxico, a semântica e a estrutura. Dekhoda, por exemplo, usou uma forma tradicional menos conhecida, o mosamate, para se referir, de forma exaltada, à execussão de um jornalista revolucionário. Aref usou o [[Ghazal]], "o género mais central de entre a tradição lírica", para escrever o seu Payam-e Azadi (Mensagem de Liberdade).

Alguns investigadores argumentam que a noção de "ramificações socio-políticas das mudanças estéticas" levou à ideia de os poetas como "líderes sociais experimentando os limites e as possíbilidades da mudança social".
Alguns investigadores argumentam que a noção de "ramificações socio-políticas das mudanças estéticas" levou à ideia de os poetas como "líderes sociais experimentando os limites e as possíbilidades da mudança social".

Um importante movimento da literatura persa moderna centrou-se nas questões da modernização e da ocidentalização, e se estas palavras eram sinónimos na descrição da evolução da sociedade iraniana. Pode afirmar-se que quase todos os que advogavam o modernismo na literatura, incluindo Akhundzadé, Kermani, Malkom Khan, Dekhoda, Aref Bahar e Taqi Rafat, se inspiraram nos desenvolvimentos e mudanças ocorridos nas literaturas ocidentais, em particular as europeias. Esta inspiração não significava copiar cegamente os modelos ocidentais, mas antes adaptar aspectos da literatura e modificá-los para que se ajustassem às necessidades da cultura do Irão.

Após as obras pioneiras de Ahmad Kasravi, Sadeq Hadayat e muitos outros, a onda da literatura comparada e da crítica literária atingiu uma crista simbólica com o aparecimento de Abdolhossein Zarrinkub, Xahroh Meskub, Houxang Golxiri e Ebrahim Golestan.


=== Literatura persa no Afeganistão ===
=== Literatura persa no Afeganistão ===
A literatura persa no Afeganistão passou por uma mudança dramática durante o século XX. No princípio do século o país foi confrontado com mudanças económicas e sociais, que motivaram uma abordagem nova face à literatura. Em 1911 [[Mahmud Tarzi]], que voltou ao Afeganistão do exílio na Turquia e foi influente nos círculos políticos, fundou uma publicação quinzenal chamada Saraj ul-Akhbar. Saraj foi não só a primeira publicação no país como lançou um novo período de mudança e de modernização no jornalismo e na literatura. Não só teve um papel importante no jornalismo como vivificou a literatura como um todo e abriu caminho para que a poesia explorasse novas formas de expressão em que os pensamentos pessoais se dirigiram para questões sociais.
A literatura persa no Afeganistão passou por uma mudança dramática durante o século XX. No princípio do século o país foi confrontado com mudanças económicas e sociais, que motivaram uma abordagem nova face à literatura. Em 1911 [[Mahmud Tarzi]], que voltou ao Afeganistão do exílio na Turquia e foi influente nos círculos políticos, fundou uma publicação quinzenal chamada Saraj ul-Akhbar. Saraj foi não só a primeira publicação no país como lançou um novo período de mudança e de modernização no jornalismo e na literatura. Não só teve um papel importante no jornalismo como vivificou a literatura como um todo e abriu caminho para que a poesia explorasse novas formas de expressão em que os pensamentos pessoais se dirigiram para questões sociais.

Em 1930 (1309 AH), depois de meses de estagnação cultural, um grupo de escritores fundou o Círculo Literário de Herat. No ano seguinte, um outro grupo chamado "Círculo Literário de Cabul" foi fundado na capital. Ambos os grupos publicaram revistas regularmente dedicadas à cultura e à literatura persa. No entanto ambos, especialmente a publicação de Cabul, teve pouco sucesso em tornar-se instituições de poesia e literatura modernas. Ao fim de algum tempo, a publicação de Cabul transformou-se num baluarte de escritores e poetas tradicionais, e o modernismo na literatura [[Língua dari|Dari]] foi empurrado para as franjas da vida social e cultural.
Em 1930 (1309 AH), depois de meses de estagnação cultural, um grupo de escritores fundou o Círculo Literário de Herat. No ano seguinte, um outro grupo chamado "Círculo Literário de Cabul" foi fundado na capital. Ambos os grupos publicaram revistas regularmente dedicadas à cultura e à literatura persa. No entanto ambos, especialmente a publicação de Cabul, teve pouco sucesso em tornar-se instituições de poesia e literatura modernas. Ao fim de algum tempo, a publicação de Cabul transformou-se num baluarte de escritores e poetas tradicionais, e o modernismo na literatura [[Língua dari|Dari]] foi empurrado para as franjas da vida social e cultural.



Revisão das 21h59min de 7 de novembro de 2011

A literatura persa (Persa: ادبیات پارسی) abrange dois milénios e meio de criação literária, apesar de muito do material pré-islamico se ter perdido. As suas fontes são a região em que se situa o actual Irão bem como outras áreas da Ásia Central onde a língua persa é ou foi usada. Por exemplo, Molana, um dos mais amados poetas persas, nascido em Balkh (actual Afeganistão), escreveu em Persa e viveu em Konya, então capital dos Seljúcidas. Os Gaznávidas conquistaram extensos territórios na Ásia Central e do Sul e adoptaram o Persa como sua língua da corte. Por essa razão há literatura persa em língua persa originária do Irão, Afeganistão e outras partes da Ásia Central. Nem toda esta literatura foi escrita em Persa, uma vez que alguns consideram as obras escritas por persas noutras línguas, como o Grego ou o Árabe, como fazendo parte da literatura persa.

Ilustração do "Jardim das rosas" de Jami, 1553. A imagem junta poesia e miniatura, como é habitual na maioria das obras literárias persas.

Descrita como uma das grandes literaturas da humanidade,[1] a literatura persa tem as suas raízes nas obras sobreviventes escritas em Persa Médio e Persa Antigo, o último desde 522 a. C. (a data da inscrição Aqueménida mais antiga, a Inscrição de Behistun). No entanto, a maior parte da literatura persa é a do período após a conquista islâmica do Irão, em cerca de 650 d. C. Após a subida o poder dos Abássidas no ano 750, os persas tornaram-se os escribas e burocratas do Império Islâmico e, cada vez mais, os seus escritores e poetas. A literatura em Persa Moderno surgiu e floresceu nas regiões de Khorasão e da Transoxiana, por razões políticas - as primeiras dinastias iranianas, como os Tairidas e os Samânidas, tinham o centro do seu poder no Khorasão.[2]

Os persas escreveram tanto em Persa como em Árabe, predominando o Persa mais tardiamente. Poetas persas como Ferdusi, Saadi, Hafez, Rumi e Omar Khayyam são mundialmente conhecidos e influenciaram a literatura em vários países.

Literatura Persa Clássica

Literatura Persa pré-islâmica

Sobreviveram muito poucas obras do período Aqueménida, em parte devido à destruição da biblioteca de Persépolis.[3]A maior parte do que ficou consiste nas inscrições reais dos reis Aqueménidas, em perticular de Dário I (522-486 a.C.) e do seu filho Xerxes. Muitos documentos Zoroastrianos foram destruidos aquando da Conquista Islâmica do Irão no século VII. Os Parsis que fugiram para a Índia, no entanto, levaram com eles alguns dos livros do cánone Zoroástrico, incluindo partes da Avesta e antigos comentários (Zend) a esta. Algumas das obras sobre Geografia e viagens da época Sassânida também sobreviveram, apesar de em traduções para Árabe. Nenhum texto de crítica literária do Irão pré-islâmico sobreviveu. Contudo, alguns ensaios em Persa Médio, tal como o "Ayin-e name nebextan" (Livro dos Princípios de Escrita) e o "Bab-e edteda 'I-ye" (Kalile o Demne), foram considerados como crítica literária (Zarrinkoub, 1959).[4]

Alguns investigadores citaram o Xo'ubiyye declarando que os iranianos pré-islâmicos tinham livros sobre a eloquência, como o "Karvand". Não restam traços desses livros. Há indicaçõe de que alguns de entre a elite iraniana estavam familiarizados com a retórica e a crítica literária gregas (Zarrinkoub, 1947).

Literatura medieval e pré-moderna

Uma cena do Xanamé descrevendo o valor de Rustam.

Apesar de inicialmente obescurecido pelo Árabe durante o Califado Omíada e o princípio do Califado Abássida, o Persa Moderno em breve se tornaria de novo uma língua literária da Ásia Central. O renascimento da língua na sua forma moderna é normalmente atribuído à geração de Ferdusi, Unsuri, Daqiqi, Rudaki, que usaram o nacionalismo pré-islâmico como forma de reviver a língua e os costumes do Irão Antigo.

Em particular diz Ferdusi no seu Xahnama:

بسی رنج بردم در این سال سی عجم زنده کردم بدین پارسی

“Durante trinta anos, aguentei muita dor e luta, acordei os Ajam com a sua verdadeira identidade, Parsi”.

Poesia

Tão forte é a aptidão persa para versificar expressões do dia-a-dia que se pode encontrar poesia em quase todas as obras clássicas, seja de literatura persa, ciência ou metafísica. Em suma, a capacidade de escrever em verso era um pré-requisito para qualquer erudito. Por exemplo, quase metade dos escritos médicos de Avicena estão em verso.

As obras da primeira era da poesia persa pós-islâmica são caracterizadas por um forte patrocínio da corte; uma extravagância de panegíricos, e o que é conhecido como سبک فاخر “de estilo exaltado”. A tradição de patrocínio real talvez tenha começado durante a era Sassânida e continuou através das cortes Abássida e Samânida até todas as grandes dinastias persas. A Qasida era talvez a forma mais famosa de panegírico usada, apesar de as quadras tal como as do Ruba’iyyat de Omar Khayyam também serem muito populares.

O estilo coraçani, cujos seguidores são maioritariamente associados com a região do Coração, caracteriza-se pela sua dicção rígida, tom digno, e uma linguagem relativamente erudita. Os principais representantes deste lirismo são Asjadi, Farrukhi Sistani, Unsuri, e Manucheri. Mestres do panegírico como Rudaki são conhecidos pelo seu amor à natureza, abundando nos seus versos descrições evocativas.

Através destas cortes e do mecenato emergiu o estilo poético do épico, sendo o seu mais alto representante o Xahnama de Ferdusi. Ao glorificarem o passado iraniano em versos heróicos e elevados, ele e outros notáveis como Daqiqi e Asadi Tusi deram aos iranianos uma fonte de orgulho e inspiração que ajudou a preservar um sentimento de identidade dos povos iranianos ao longo das épocas. Ferdusi estabeleceu um modelo seguido por muitos poemas mais tarde.

O século XIII marca a ascensão da poesia lírica com o consequente desenvolvimento do ghazal como forma de verso, tal como o crescimento da poesia mística e Sufi. Este estilo é normalmente chamado o “Estilo Araqi”, (as províncias ocidentais do Irão eram conhecidas como o Araq-e Ajam, ou Iraque Persa) e é conhecido pelas suas qualidades líricas e emocionais, métrica rica, e pela simplicidade da sua linguagem. A poesia romântica emocional não era, contudo, nova, como mostram as obras de Vis-o Ramin, de Assad Gorgani e de Iusof o Zuleikha de Am’aq Bokharai. Poetas como Sana’i e Attar (que ostensivelmente inspirou Rumi), Khaqani Xirvani, Anvari, e Nezami, foram escritores de ghazals altamente respeitados. Contudo, a elite desta escola foram Rumi, Sadi, e Hafez Xirazi.

A respeito da tradição da poesia de amor persa durante a era Safávida, o historiador persa Ehsan Yarxater nota: “Em regra, o amado não é uma mulher, mas um jovem homem. Nos primeiros séculos do Islão, os raides na Ásia Central produziram muitos jovens escravos. Estes eram também comprados e recebidos como presentes. Fazia-se os escravos servir como pajens na corte ou nas casas dos ricos, ou como soldados e guarda-costas. Homens jovens, escravos ou não, também serviam vinho nos banquetes e recepções, e os mais dotados podiam tocar música e manter uma conversa cultivada. Era o amor para com os jovens pajens, soldados, ou noviços de profissões e ofícios que era o objecto das introduções líricas a panegíricos desde o princípio da poesia persa e do ghazal."[5]

No género didáctico pode mencionar-se o Hadiqat ul-Haqiqah (Jardim da Verdade) de Sanai, tal como o Makhzan ul-Asrar (Tesouro dos Segredos) de Nezami. Algumas das obras de Attar também pertencem a este género, tal como as principais obras de Rumi, apesar de alguns as classificarem como de tipo lírico devido às suas qualidades místicas e emocionais. Além disso, alguns tendem a agrupar neste estilo as obras de Naser Khosrow. Contudo, as obras-primas deste género literário são o Bustan e o Gulistan de Sadi.

Após o século XV, o estilo indiano de poesia persa (por vezes também chamado estilo Isfahani ou Safávida), dominou. Este estilo tem raízes na era Timurida e produziu autores como Amir Khasrow Dehlavi, e Bhai Nand Lal Goya.[6]

Ensaios

Os ensaios mais importantes desta época são o Chahar Maqaleh de Nizami Arudhi Samarcandi, tal como a compilação de eventos de Zahiriddin Nasr Muhammad Aufi, Jawami ul-Hikayat. A famosa obra de Ibn Wushmgir , o Qabus Name (Um espelho para príncipes), é um trabalho muito estimado. Também muito valorizado é o Siyasatname de Nizam al-Mulk, um famoso vizir persa. O Kalile va Dimneh, traduzido de contos populares indianos, também pode ser mencionado nesta categoria. No contexto dos estudos literários persas é visto como uma colecção de adágios e não se considera ser folclórico.

Biografias, Hagiografias e História

Entre as obras históricas e biográficas mais importantes da literatura persa clássica pode referir-se o Tarikh-i Beyhaqi de Abdolfazl Beyhaghi, o Lubab ul-Alhab de Zahiriddin Nasr Muhammad Aufi (que é considerado por muitos especialistas como uma fonte cronológica fiável), tal como o Tarikh-i Jahangushay-i Juvani de Ata al-Mulk Juvani, que se refere à história do Irão dos períodos Mongol e Ilcanida. O Tadkhirat al-Awliya (Biografias de Santos) de Attar é também um relato fiel dos místicos Sufi, que é referenciado por muitos autores sequentes e considerado uma obra significativa na hagiografia mística.

Crítica Literária

A obra mais antiga da crítica literária persa de após a conquista islâmica é o Muqaddameye Xahnameye Abu Mansuri, que foi escrito no período Samanida.]].[7] A obra diz respeito aos mitos e lendas do Xahname e é considerado o mais antigo exemplo de prosa persa. Mostra também a tentativa dos autores de avaliar criticamente os trabalhos literários.

Contos Persas

Calila e Dimna - Cópia de manuscrito persa de 1429, de Herat, represnta o chacal tentando iludir o leão.

As "Mil e uma Noites" (em persa: هزار و یک شب) é uma colecção de contos populares medievais que conta a história de Xerazade, uma rainha Sassânida que tem de contar uma série de estórias ao seu malevolente marido, o rei Xahriar, para atrasar a sua execução. As estórias são contadas ao longo do período de mil e uma noites, e todas as noites a rainha termina a estória com uma situação de suspense, obrigando assim o rei a mantê-la viva mais um dia. As estórias foram criadas através de vários séculos e por muitas pessoas de terras diferentes.

O núcleo da coleção é formado por um livro pahlavi da era Sassânida chamado Hazar Afsanah [8]("Mil mitos", em persa: هزار افسانه), uma colecção de contos populares antigos persas e indianos.

Durante o reinado do califa Abássida Harun al-Raxid no século VIII, Bagdade tinha-se tornado uma importante cidade cosmopolita. Encontravam-se em Bagdade mercadores do Irão, China, Índia, África e Europa. Pensa-se que durante esta época foram coligidas oralmente durante muitos anos muitas das estórias que tinham sido originalmente contos populares, e depois compiladas num único livro. O compilador e tradutor para Árabe foi reputadamente o contador de estórias do século IX Abu Abd-Allah Muhammad al-Gahxigar. A estória envolvente de Xeherazade parece ter sido adicionada no século XIV.

Dicionários

Ali-Akbar Dehkhoda enumerou 200 obras lexicográficas persas no seu monumental Dicionário Dehkhoda, sendo os primeiros, o Farang-i Avim (فرهنگ اویم) e o Farang-i Menakhtay (فرهنگ مناختای), do fim da era Sassânida. Os léxicos de Persa mais usados durante a Idade Média foram os de Abu Hafs Soghdi e de Asadi Tusi, escritos em 1092. As obras do Dr. Mohammad Moin são também muito consideradas no corpus lexical da literatura persa. O primeiro volume do Dicionário Moin foi publicado em 1963.

Em 1645 Christian Ravius completou um dicionário de Persa-Latim, impresso em Leiden. Seguiu-se a edição de Oxford em dois volumes de J. Richardson (1/77) e os dicionários Persa-Inglês de Galdwin-Malda (1770), o dicionário Persa-Russo de Scharif e S. Peters (1869) e outras trinta obras lexicográficas até à decada de 1950. Em 2002 o professor Hassan Anvari publicou o seu dicionário (Persa-Persa) Farhang-e Bozorg-e Sokhan em oito volumes pelas Publicações Sokhan. Actualmente os dicionários de Inglês-Persa de Manuchehr Aryanpur e Soleiman Haim são muito usados no Irão.

Influência da literatura persa na literatura mundial


Parte da série sobre
Cultura islâmica

Arquitetura

Árabe · Mogol
Otomana · Persa

Arte

Al-andalus · Caligrafia · Miniatura
Pintura · Tapeçaria

Vestuário

Abaya · Agal · Boubou
Burca · Xador · Jellabiya
Nicabe · Salwar kameez · Taqiya
kufiya  · Thawb · Jilbab · Hijab

Feriados

Ashura · Arba'een · al-Ghadeer
Chaand Raat · al-Fitr · al-Adha
Imamat · al-Kadhim
Ano Novo · Isra and Mi'raj
al-Qadr · Mulude · Ramadão
Mugam · Mid-Sha'ban
al-Taiyyab

Literatura

Árabe · Persa · Punjabi
Turco · Urdu

Artes marciais

Silat · Kurash

Música
Dastgah · Ghazal · Madih nabawi

Maqam · Mugam · Nasheed
Qawwali

Teatro

Karagöz e Hacivat
Ta'zieh · Wayang

Portal do Islão

Literatura Sufi

William Shakespeare referia-se ao Irão como "a terra de Sophy".[9] Alguns dos mais amados poetas medievasi do Irão foram Sufis e a sua poesia foi e é ainda muito lida por sufistas desde Marrocos à Indonésia. Rumi (Maulana) em particular é valorizado tanto como poeta como pela formação de uma ordem sufista muito disseminada. Os estilos e temas desat poesia religiosa têm sido extensamente imitados por muitos poetas sufis. Muitos textos notáveis da literatura mística persa não são no entanto pemas, apesar de muito lidos e considerados. Entre eles estão o Kimiya-yi sa'aadat e o Asrar al-Tawhid.

Subcontinente Indiano

Com a emergência dos Gaznávidas e dos seus sucessores como os Gúridas, Timúridas e o Império Mogol, a cultura persa e a sua literatura disseminaram-se gradualmente pelo vasto subcontinente indiano O Persa era a língua da nobreza, dos círculos literários e da corte Mogol durante centenas de anos. Nos dias de hoje o Persa tem sido suplantado pelo Urdu, um dialecto do Hindustani fortemente influenciado pelo Persa. Sob o domínio Mogol, no século XVI, a língua oficial da Índia tornou-se o Persa. Só em 1832 o exército britânico obrigou a que a administração se passasse a fazer em Inglês. A poesia persa de facto floresceu nessa região enquanto a literatura iraniana pós-Safávida estagnava. Dehkhoda e outros estudiosos do século XX, por exemplo, basearam os seus trabalhos muito na lexicografia detalhada produzida na Índia, usando compilações como o Adat al-Fudhala de Ghazi khan Badr Muhammad Dehlavi,o Farhang-i Ibrahimi de Ibrahim Ghavamuddin Farughi, e em particular o Farhang-i Anandraj de Muhammad Padshah. Poetas e estudiosos famosos do sul da Ásia como Amir Khosrow Dehlavi, Mirza Ghalib e Muhammad Iqbal de Lahore conseguiram muitos admiradores no próprio Irão.

Literatura Ocidental

A literatura persa era pouco conhecida no ocidente antes do século XIX. Tornou-se muito mais popular após a publicação de várias traduções de obras de poetas da Idade Média tardia, e inspirou obras de vários poetas e escritores.

Literatura Alemã

  • Em 1819, Goethe publicou o seu West-östlicher Divan, uma coleção de poemas líricos inspirados por uma tradução de Hafiz (1326-1390).
  • O ensaista e filósofo alemão Nietzsche escreveu o livro Assim falou Zaratustra),[10] (1883-1885), referindo-se ao antigo profeta iraniano Zaratustra (cerca de 1700 antes de Cristo).

Literatura Inglesa

  • Em 1832 James Atkinson, um médico a trabalhar para a Companhia Britânica das Índias Orientais, publicou uma seleção do Xanamé de Ferdusi.
  • Uma porção desta seleção foi mais tarde versificada pelo poeta britânico Mathew Arnold, no seu Rustan and Sohrab de 1853.
  • O poeta norte-americano Ralph Waldo Emerson foi outro admirador da poesia persa. Publicou vários ensaios em 1876 discutindo-a: Letters and Social Aims, From the Persian of Hafiz e Ghaselle.

Talvez o poeta persa mais popular do século XIX e do princípio do século XX tenha sido Omar Khayyam (1048-1123), cujo Rubaiyat foi traduzido por Edward Fitzgerald em 1859. Khayyam é mais estimado como cientista do que como poeta no seu país, mas através da tradução de Fitzgerald tornou-se um dos poetas mais citados em Inglês. O verso de Khayyam - "Um naco de pão, um cântaro de vinho e tu" é bastante conhecido, mesmo por quem não lhe conhece o autor.

O poeta e místico persa Rumi (1207-1273) (conhecido com Molana no Irão) atraiu muitos admiradores no final do século XX e no princípio do século XXI. Traduções populares de Coleman Barks apresentaram Rumi como um sábio da "New Age". Há também algumas traduções mais literárias de estudiosos como A. J. Arberry. Os poetas clássicos (Hafez, Saadi, Khayyam, Rumi, Nizami e Ferdusi) são actualmente bastante conhecidos fora do Irão, em particular nos países de expressão inglesa, e podem ser lidos através de numerosas traduções. Outras obras de literatura persa não estão traduzidas e são pouco conhecidas.

Literatura Sueca

Durante o século XX foram traduzidas para Sueco numerosas obras da literatura clássica persa pelo barão Eric Hermelin. Este traduziu obras de, entre outros, Farid ad-Din Attar, Rumi, Ferdusi, Omar Khayyam, Saadi e Sana'i. Influenciado pelos escritos do místico sueco Emanuel Swedenborg, atrairam-no em particular os aspectos religiosos dos sufis da poesia persa clássica. As suas traduções tiveram um grande impacto em numerosos escritores suecos contemporâneos, entre eles Karl Wennberg, Willy Kyrklund e Gunnar Ekelöf. Namdar Nasse e Anja Malmberg traduziram para Sueco, em prosa, excertos do Xanamé de Ferdusi.

Literatura persa contemporânea

História

No século XIX a literatura persa passou por uma mudança drástica e entrou numa nova era. O começo desta mudança pode ser exemplificado por um incidente em meados do século, na corte do rei Nasser ed-Din Xá, quando o primeiro ministro reformista Amir Kabir atacou o poeta Habibollah Qa'ani por mentir num panegírico qasida escrito em honra de Kabir. Este via a poesia em geral, e o tipo de poesia que se tinha desenvolvido durante o período Qajar em particular, como prejudiciais ao progresso e à modernização da sociedade iraniana, a qual ele acreditava precisar desesperadamente de mudança. A mesma preocupação foi expressa por outros, como Fath-'Ali Akhunzadé, Mirza Aqa Khan Kermani e Mirza Malkom Khan. Este último dedicou-se a resolver a necessidade de mudança na poesia persa também em termos literários, ligando-a sempre a preocupações sociais.

Ficheiro:Abdolhossein-Zarrinkoub.jpg
Abdolhossein Zarrinkoub, mestre da literatura persa e da crítica literária.

O novo movimento literário não pode ser compreendido sem preceber os movimentos intelectuais entre os círculos filosóficos iranianos. Dado o clima político no Irão no fim do século XIX e no princípio do século XX, que levou à Revolução Constitucional Iraniana entre 1906 e 1911, a ideia de que uma mudança era necessária na poesia tornou-se comum. Muitos argumentavam que a poesia persa deveria reflectir a realidade de um país em transição. Esta ideia foi propagada por figuras literárias notáveis como Ali-Akbar Dehkhoda e Abolqasem Aref, que desafiaram o sistema tradicional de poesia persa introduzindo novos conteudos e fazendo experiências com a retórica, o léxico, a semântica e a estrutura. Dekhoda, por exemplo, usou uma forma tradicional menos conhecida, o mosamate, para se referir, de forma exaltada, à execussão de um jornalista revolucionário. Aref usou o Ghazal, "o género mais central de entre a tradição lírica", para escrever o seu Payam-e Azadi (Mensagem de Liberdade).

Alguns investigadores argumentam que a noção de "ramificações socio-políticas das mudanças estéticas" levou à ideia de os poetas como "líderes sociais experimentando os limites e as possíbilidades da mudança social".

Um importante movimento da literatura persa moderna centrou-se nas questões da modernização e da ocidentalização, e se estas palavras eram sinónimos na descrição da evolução da sociedade iraniana. Pode afirmar-se que quase todos os que advogavam o modernismo na literatura, incluindo Akhundzadé, Kermani, Malkom Khan, Dekhoda, Aref Bahar e Taqi Rafat, se inspiraram nos desenvolvimentos e mudanças ocorridos nas literaturas ocidentais, em particular as europeias. Esta inspiração não significava copiar cegamente os modelos ocidentais, mas antes adaptar aspectos da literatura e modificá-los para que se ajustassem às necessidades da cultura do Irão.

Após as obras pioneiras de Ahmad Kasravi, Sadeq Hadayat e muitos outros, a onda da literatura comparada e da crítica literária atingiu uma crista simbólica com o aparecimento de Abdolhossein Zarrinkub, Xahroh Meskub, Houxang Golxiri e Ebrahim Golestan.

Literatura persa no Afeganistão

A literatura persa no Afeganistão passou por uma mudança dramática durante o século XX. No princípio do século o país foi confrontado com mudanças económicas e sociais, que motivaram uma abordagem nova face à literatura. Em 1911 Mahmud Tarzi, que voltou ao Afeganistão do exílio na Turquia e foi influente nos círculos políticos, fundou uma publicação quinzenal chamada Saraj ul-Akhbar. Saraj foi não só a primeira publicação no país como lançou um novo período de mudança e de modernização no jornalismo e na literatura. Não só teve um papel importante no jornalismo como vivificou a literatura como um todo e abriu caminho para que a poesia explorasse novas formas de expressão em que os pensamentos pessoais se dirigiram para questões sociais.

Em 1930 (1309 AH), depois de meses de estagnação cultural, um grupo de escritores fundou o Círculo Literário de Herat. No ano seguinte, um outro grupo chamado "Círculo Literário de Cabul" foi fundado na capital. Ambos os grupos publicaram revistas regularmente dedicadas à cultura e à literatura persa. No entanto ambos, especialmente a publicação de Cabul, teve pouco sucesso em tornar-se instituições de poesia e literatura modernas. Ao fim de algum tempo, a publicação de Cabul transformou-se num baluarte de escritores e poetas tradicionais, e o modernismo na literatura Dari foi empurrado para as franjas da vida social e cultural.

Prémios da literatura persa

  • Prémio Sadegh Hedayat
  • Prémio Nacional Ferdowsi
  • Prémio Houshang Golshiri
  • Prémio Bijan Jalali
  • Prémio anual do livro iraniano
  • Prémio Mehrgan Adab
  • Prémio Parvin Etesami
  • Prémio literário Yalda
  • Prémio literário Isfahan
  • Prémio de arte especulativa e literatura persa

Predefinição:Portal-literatura

Ver também

Notas e referências

  1. Arthur John Arberry, The Legacy of Persia, Publicado por Clarendon Press, 1953, ISBN 019821905, p. 200.
  2. Frye, R.N., "Darī", The Encyclopaedia of Islam, Brill Publications, Versão em CD.
  3. Encyclopedia of Library and ... - Google Books
  4. Abdolhossein Zarrinkoub, Naqde adabi, Teerão 1959 págs:374-379.
  5. Yar-Shater, Ehsan. 1986. Persian Poetry in the Timurid and Safavid Periods, Cambridge History of Iran. Cambridge: Cambridge University Press, p.973-974. 1986
  6. The Tribune, Chandigarh, Índia - Punjabe
  7. Iraj Parsinejad, A History of Literary Criticism in Iran, 1866-1951, (Ibex Publishers, Inc., 2003), 14.
  8. Abdol Hossein Saeedian, "Land and People of Iran" p. 447
  9. Ver a sua obra Twelfth Night.
  10. «Nietzsche's Zarathustra». Philosophical forum at Frostburg State University. Consultado em 31 de março de 2006