Milan Kundera

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Milan Kunder | |
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O escritor Milan Kundera em 1980. | |
Nome completo | Milan Kundera |
Nascimento | 1 de abril de 1929 (91 anos) Brno, República Checa |
Nacionalidade | Checo Francês |
Parentesco | Ludvík Kundera (1891–1971), pai |
Ocupação | Escritor |
Prêmios | Prémio Médicis estrangeiro (1973) Prémio Jerusalém (1985) |
Magnum opus | A Insustentável Leveza do Ser (1983) |
Milan Kundera ( Brno, 1 de abril de 1929) é um escritor checo-francês, conhecido principalmente por seu livro A Insustentável Leveza do Ser (1983).
Biografia[editar | editar código-fonte]
Nascido no seio da erudita família de classe-média do senhor Ludvik Kundera (1891-1971), um pupilo do compositor Leoš Janáček e um importante musicólogo e pianista, o cabeça da Academia Musical de Brno de 1948 a 1961. Kundera aprendeu a tocar piano com seu pai. Posteriormente, ele também estudou musicologia. Influências e referências musicológicas podem ser encontradas através de sua obra, a ponto de poder-se encontrar notas em pauta durante o texto.
O autor completou sua escola secundária em Brno, em 1948. Estudou literatura e estética na Faculdade de Artes da Universidade Carolina de Praga mas, depois de dois períodos, transferiu-se para o curso de cinema da Academia de Artes Performáticas de Praga onde realizou suas primeiras leituras em produção de roteiros e direção cinematográfica.
Em 1950, foi temporariamente forçado a interromper seus estudos por razões políticas. Neste ano, ele e outro escritor tcheco - Jan Trefulka - foram expulsos do Partido Comunista Tcheco por "atividades anti-partidárias". Trefulka descreveu o incidente em uma de suas novelas, Kundera usou o incidente como inspiração para o tema principal de seu romance A Brincadeira, de 1967. Em 1956, porém, Kundera foi readmitido no Partido Comunista. Em 1970, porém, foi novamente expulso. Kundera, assim como outros artistas tchecos,entre eles Václav Havel, envolveu-se na Primavera de Praga de 1968. O período de otimismo, como se sabe, foi destruído no agosto do mesmo ano pela invasão soviética pelo exército do Pacto de Varsóvia à Checoslováquia. Kundera e Havel tentaram acalmar a população e organizar um levante reformista frente ao totalitarismo comunista da União Soviética. Permaneceu neste intento até desistir definitivamente, no ano de 1975.
Kundera decide em 1975 viver na França. O escritor teve cidadania revogada após desentendimento com o Partido Comunista da Checoslováquia em 1979, quando o escritor já estava na França.Tal ação de retirada da cidadania do escritor é fruto de desentendimentos com os comunistas checos que começaram em 1950. Ele recebe a cidadania francesa em 1980.
Seus romances geralmente tratam de escolhas e decepções. Em seus livros é recorrente a crítica ao regime comunista e à posterior ocupação russa de seu país, em 1968, quando foi exilado e teve sua obra proibida na então Tchecoslováquia. Seu maior romance "A Insustentável Leveza do Ser" lançado em 1983, só teve sua primeira edição em checo em 2006.[1]
Em 2019 Kundera recuperou a nacionalidade tcheca, com o apoio da embaixada checa em Paris, com pedidos de desculpa do embaixador checo, em nome do seu governo, pelas perseguições de que o autor fora alvo durante anos.[2]
Entre outros prémios, Milan Kundera recebeu, pelo conjunto da sua obra, o "Common Wealth Award" de Literatura (1981) e o "Prémio Jerusalém" (1985). Sua obra principal, "A Insustentável Leveza do Ser" ganhou em 1988 uma adaptação para o cinema, sob a direção de Philip Kaufman e com Daniel Day-Lewis, Juliette Binoche e Lena Olin no elenco. Recebeu 2 indicações ao Oscar e reconhecimento mundial. Desde então Milan Kundera nunca mais autorizou a adaptação cinematográfica dos seus romances.
Obra[editar | editar código-fonte]
Inicialmente escreveu poemas, tendo escrito ao menos três livros de poesia no transcurso de sua carreira, os quais possuiam orientação socialista, influenciados por Konstantin Biebl [3][4].
Porém, já em seu primeiro romance, "A Brincadeira", Kundera faz uma sátira da natureza do totalitarismo do período comunista. Por força de suas críticas aos soviéticos, Kundera foi adicionado à lista negra do partido e suas obras foram proibidas imediatamente após a invasão soviética.
Após se mudar para a França, Kundera escreveu O Livro do Riso e do Esquecimento no ano de 1979. Constituindo-se de uma inusitada mistura de romance, contos curtos e ensaios do próprio autor, o livro ditou o tom de suas obras pós-exílio.
No ano de 1984, Kundera escreveu A Insustentável Leveza do Ser, seu trabalho mais popular. O livro é como uma grande crônica acerca da frágil natureza do destino, do amor e da liberdade humana. Mostra como uma vida é sempre um rascunho de si mesma, como nunca é vivida por inteiro, como o amor pode ser frágil e como é impossível de repetir-se. A obra, sucesso de público e crítica, ganhou sua versão cinematográfica no ano de 1988. Porém Kundera proibiu, a partir de então, a adaptação cinematográfica de seus outros livros.
Desde 1989, Milan Kundera escreve os seus romances em francês e não permite que outra pessoa – a não ser ele próprio – traduza as obras para checo. Como resultado, muitas não estão disponíveis na sua língua materna[5].
Em 1990 Kundera escreve A Imortalidade. O romance é o mais "cosmopolita" até então, sem situar o enredo dentro do universo social e político da República Checa como fizera até então. Possui um conteúdo explicitamente filosófico e pode-se dizer que é o início de uma segunda fase da obra do autor.
Kundera reafirma publicamente que deseja ser entendido como um romancista em termos gerais, não um escritor político. É notório que o conteúdo político foi, a partir de A Imortalidade, substituído pela temática filosófica. O estilo de Kundera, entrelaçando digressões e ensaios filosóficos é grandemente inspirado em Robert Musil, Henry Fielding e na prosa do filósofo Friedrich Nietzsche.
Principais obras[editar | editar código-fonte]
- Poesia
- Člověk zahrada čirá (Homem jardim claro) – 1953, primeira coleção de poesia
- Poslední máj (Maio passado) – 1955
- Monology (Monólogos) – 1957
- Contos
- Risíveis Amores (1969)
- Romances
- A Brincadeira (1967)
- A Vida Está em Outro Lugar (pt-BR) ou A Vida Não É Aqui (pt) (1973)
- A Valsa dos Adeuses (pt-BR) ou A Valsa do Adeus (pt) (1976)
- O Livro do Riso e do Esquecimento (1978)
- A Insustentável Leveza do Ser (1983)
- A Imortalidade (1990)
- A Lentidão (1995)
- A Identidade (1997)
- A Ignorância (2000)
- A Festa da Insignificância (2014)
- Peças de teatro
- Brasil: Jacques e seu mestre, homenagem a Denis Diderot em três actos /Portugal: Jacques e o seu amo (1981)
- Ensaios
- A Arte do Romance (1986)
- Os testamentos traídos (1993)
- A Cortina (2005)
- Um encontro (2009)
Referências
- ↑ «40 anos depois, Milan Kundera é novamente checo». www.sabado.pt. Consultado em 8 de dezembro de 2019
- ↑ ««Milan Kundera volta a ser checo 40 anos depois» - Público (Revista de Imprensa)» Verifique valor
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(ajuda). A Bola. Consultado em 8 de dezembro de 2019 - ↑ Revista Osobnoti, República Checa.
- ↑ Pešat, Zdeněk. Slovník české literatury po roce 1945. Ústav pro českou literaturu AV ČR, Praga, 1995/2006. Fontes: Janouška, Pavla. Slovníku českých spisovatelů, Ústavu pro českou literaturu AV ČR, 1995/1998. Slovníku českých literárních časopisů periodických literárních sborníků a almanachů (red. Blahoslav Dokoupil, 2002).
- ↑ «Nacionalidade checa do romancista Milan Kundera é restituída após 40 anos»