Pró-vida

São denominados pró-vida movimentos que se declaram em defesa da dignidade da vida humana, conhecidos principalmente por sua oposição à prática do aborto induzido (consideram que o termo "interrupção voluntária da gravidez" seja um eufemismo para a morte fetal). Diversos grupos e indivíduos atuam em campanhas pró-vida, de religiosos a laicos, incluindo médicos, cientistas, advogados e pessoas das mais diversas ocupações e ideologias.
O movimento é conhecido internacionalmente como pro-life, termo utilizado em países de língua inglesa para defender o direito fundamental à vida, incluindo a vida intra-uterina, como valor universal. Sua principal argumentação contra o aborto baseia-se nas descobertas científicas, sobretudo da Embriologia e da Genética,[1] de que a vida humana começa na fecundação e na filosofia do "respeito à vida inocente".
Originalmente referia-se principalmente a campanhas de antiaborto, mas atualmente cobre outros aspectos bioéticos, tais como eutanásia, clonagem humana, pesquisas de células-tronco e pena de morte.
A grande maioria das ações de movimentos pró-vida é pacífica, realizando manifestações, campanhas de oração, esclarecimento e todo tipo de auxílio a mães que pensam em abortar[2]. Ocorreram, no entanto, casos em que indivíduos de movimentos "pró-vida" levaram a cabo ataques a clínicas onde se pratica aborto, e a profissionais que nelas trabalham. Esses ataques algumas vezes incluíram, por parte de radicais, o uso de bombas e armas mortíferas (designadamente nos Estados Unidos da América,[3] em França e no Canadá).
Movimento de oposição (pró-escolha)[editar | editar código-fonte]
Os movimentos que defendem a legalização do aborto (ou a "despenalização da prática da interrupção voluntária da gravidez", como preferem chamar) se designam como pró-escolha.
Ex-ativistas "pró-escolha"[editar | editar código-fonte]
Alguns dos ativistas pró-vida são ex-militantes pró-escolha que, ao se depararem em algum momento com questões relacionadas ao aborto ou outras situações, mudaram radicalmente sua opinião:
Bernard Nathanson[editar | editar código-fonte]
Bernard Nathanson (1926 - 2011) foi um dos três fundadores da NARAL, organização de relevância no movimento de legalização do aborto nos Estados Unidos, no começo da década de 1970. Especialista em ginecologia e obstetrícia, dirigiu, por 2 anos, a "Center for Reproductive and Sexual Health", considerada na época a maior clínica de abortos do mundo ocidental. Segundo seus cálculos, foi responsável, direta ou indiretamente, por mais de 60 mil abortos, tendo feito diretamente 5000, incluindo de um filho seu.[4]
Segundo seus relatos, no final da década de 1970 passou por um momento de crise profissional ao começar a estudar embriologia, e ter acesso à então nova tecnologia da ultra-sonografia, que dava acesso à visualização da vida do feto no útero materno. Passou, então, a atuar publicamente contra o aborto, tendo produzido um famoso documentário utilizado em todo o mundo em campanhas pró-vida, "O Grito Silencioso", no qual mostra, em ultrassom, um aborto "pelo ponto de vista de um feto de doze semanas".
Nathanson declarava-se um "pró-vida sem religião" até meados dos anos 90, quando converteu-se ao catolicismo.[5]
Norma Maccorvey[editar | editar código-fonte]
Norma Maccorvey (1947 - ) foi uma personagem central na famosa decisão judicial "Roe vs. Wade", que legalizou o aborto nos Estados Unidos, em 1973. Na época com 21 anos, Norma, sob o pseudônimo de Roe, recorreu à Suprema Corte americana para exigir o direito de abortar uma filha, alegando ter sido vítima de estupro (anos mais tarde, ela admitiria que não havia sido estuprada, mas foi induzida pelos advogados a "inventar" uma história de estupro para causar mais comoção pela causa).
Em 1980, Norma revelou sua verdadeira identidade publicamente. Passou a trabalhar em clínicas de aborto e, em 1994, escreveu um livro em que assumiu ser lésbica e descreveu a jogada jurídica pela qual foi levada na decisão de 1973. Após alguns anos de desilusão com os rumos que a permissão ao aborto havia tomado, com o abortamento em massa de milhões de fetos no país, resolver rever suas ideias. Após alguns períodos de crise, converteu-se ao cristianismo em 1995, passando a lutar veementemente contra o aborto.
Nos anos 2000, Norma passou a empenhar-se por reverter a situação judicial da qual foi pivô em 1973. Nesta época, divulgou um pequeno vídeo no site "Youtube", na qual fala um pouco sobre aquela decisão e divulga a campanha de orações "40 days for life" ("40 dias pela vida"). Constantemente, protagoniza também comerciais pró-vida na TV americana.
Sandra Cano[editar | editar código-fonte]
Sandra Cano foi a protagonista do caso "Doe vs. Bolton", semelhante e contemporâneo ao "Roe vs. Wade", porém com menor repercussão. Também foi levado à Suprema Corte dos EUA, colaborando para a legalização do aborto em 1973.
Assim como hoje é Norma Maccorvey, Sandra Cano ("Mary Doe") é ativista pró-vida e apresentou uma moção à Suprema Corte em 2003, tentando reverter o caso de 1973, no qual ela alega ter sido usada inapropriadamente.
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ Ferreira, A. T. (2005). A origem da vida e do ser humano e o aborto. Arquivado em 30 de outubro de 2007, no Wayback Machine.
- ↑ «Choice42». Choice42 (em inglês). Consultado em 6 de março de 2021
- ↑ [1]
- ↑ Nathanson, B. N. "Eu fiz 5000 mil abortos" (Conferência proferida no Colégio Médico de Madrid) Arquivado em 15 de outubro de 2007, no Wayback Machine..
- ↑ Nathanson M.D., Bernard. The Hand of God. Regnery Publishing, Inc.: Washington D.C., 1996
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- No Brasil
- Vivo pela Vida
- Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família
- Associação Pró-Vida de Anápolis
- Juventude Pela Vida
- Em Portugal
- Em inglês