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Sérgio Vieira de Mello: diferenças entre revisões

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Informacao biografica - educacao e carreira profissional.
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== Biografia ==
== Biografia ==
Filho do embaixador Arnaldo Vieira de Mello, posteriormente aposentado compulsoriamente pelo [[regime militar de 1964]], e de Gilda dos Santos, Sérgio Vieira de Mello acompanhou o seu pai em várias missões pelo mundo. Depois de cursar o colegial no [[Colégio Franco-Brasileiro]] do [[Rio de Janeiro]], estudou na [[Universidade de Paris]] ([[Sorbonne]]) onde obteve a sua [[Licenciatura]] e o Mestrado para o Ensino em [[Filosofia]], em [[1969]] e [[1970]], respectivamente. Durante os quatro anos que se seguiram, Vieira de Mello, prosseguiu os seus estudos de Filosofia na [[Universidade de Paris|Universidade de Paris I]] , (''Panthéon-Sorbonne''), ao fim dos quais obteve um [[Doutoramento]] do Terceiro Ciclo e, em [[1985]] o Doutorado de Estado em Letras e [[Ciências Humanas]], sustentando a tese ''Civitas Maxima''.
Filho do embaixador Arnaldo Vieira de Mello, posteriormente aposentado compulsoriamente pelo [[regime militar de 1964]], e de Gilda dos Santos, Sérgio Vieira de Mello acompanhou o seu pai em várias missões pelo mundo. Depois de cursar o colegial no [[Colégio Franco-Brasileiro]] do [[Rio de Janeiro]], estudou na [[Universidade de Paris]] ([[Sorbonne]]) onde obteve a sua [[Licenciatura]] e o Mestrado para o Ensino em [[Filosofia]], em [[1969]] e [[1970]], respectivamente. Durante os quatro anos que se seguiram, Vieira de Mello, prosseguiu os seus estudos de Filosofia na [[Universidade de Paris|Universidade de Paris I]] , (''Panthéon-Sorbonne''), ao fim dos quais obteve um [[Doutoramento]] do Terceiro Ciclo e, em [[1985]] o Doutorado de Estado em Letras e [[Ciências Humanas]].


Era funcionário da ONU desde [[1969]] - mesmo ano em que seu pai deixara a diplomacia. Passou a maior parte de sua vida trabalhando no [[Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados]] (UNHCR, ou ACNUR, em português), servindo em missões humanitárias e de manutenção da paz: em Bangladesh, durante sua independência, em [[1971]]; no [[Sudão]] e em [[Chipre]], após a invasão [[Turquia|turca]] de [[1974]]. Por três anos foi responsável pelas operações do UNHCR em [[Moçambique]], durante a [[guerra civil]] que se seguiu à independência do país, em [[1975]], e depois, no [[Peru]].
Era funcionário da ONU desde [[1969]] - mesmo ano em que seu pai deixara a diplomacia. Passou a maior parte de sua vida trabalhando no [[Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados]] (UNHCR, ou ACNUR, em português), servindo em missões humanitárias e de manutenção da paz: em Bangladesh, durante sua independência, em [[1971]]; no [[Sudão]] e em [[Chipre]], após a invasão [[Turquia|turca]] de [[1974]]. Por três anos foi responsável pelas operações do UNHCR em [[Moçambique]], durante a [[guerra civil]] que se seguiu à independência do país, em [[1975]], e depois, no [[Peru]].
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Para muitos, o diplomata brasileiro era a personificação do que a ONU poderia e deveria ser: com uma disposição fora do comum para ir ao campo de ação, corajoso, carismático, flexível, pragmático e muito eficiente na negociação com governos corruptos e ditadores sanguinários, em busca da paz.
Para muitos, o diplomata brasileiro era a personificação do que a ONU poderia e deveria ser: com uma disposição fora do comum para ir ao campo de ação, corajoso, carismático, flexível, pragmático e muito eficiente na negociação com governos corruptos e ditadores sanguinários, em busca da paz.


O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, afirmava que Vieira de Mello era "a pessoa certa para resolver qualquer problema". Foi o primeiro brasileiro a atingir o alto escalão da ONU. Como negociador da ONU atuou em alguns dos principais conflitos mundiais - [[Bangladesh]], [[Camboja]], [[Líbano]], [[Bósnia e Herzegovina]], [[Kosovo]], [[Ruanda]] e [[Timor-Leste]], entre 1999 e 2002, quando se mostraria inflexível nas denúncias dos crimes indonésiose. E por fim, no [[Iraque]], onde foi morto durante o ataque suicida ao Hotel Canal, com a explosão provocada por um [[Carro-bomba|caminhão-bomba]]. O Hotel Canal era usado como sede da ONU em Bagdá há mais de uma década.
O secretário-geral da ONU afirmava que Vieira de Mello era "a pessoa certa para resolver qualquer problema". Foi o primeiro brasileiro a atingir o alto escalão da ONU. Como negociador da ONU atuou em alguns dos principais conflitos mundiais - [[Bangladesh]], [[Camboja]], [[Líbano]], [[Bósnia e Herzegovina]], [[Kosovo]], e [[Timor-Leste]], entre 1999 e 2002, quando se mostraria inflexível nas denúncias dos crimes indonésiose. E por fim, no [[Iraque]], onde foi morto durante o ataque suicida ao Hotel Canal, com a explosão provocada por um [[Carro-bomba|caminhão-bomba]]. O Hotel Canal era usado como sede da ONU em Bagdá há mais de uma década.


Além dos 22 mortos, cerca de 150 pessoas ficaram feridas no ataque - o mais violento realizado contra uma missão civil da ONU até então. Atribuído pelos Estados Unidos à rede Al Qaeda, o ataque provocou a retirada dos funcionários estrangeiros da organização do território iraquiano.
Além dos 22 mortos, cerca de 200 pessoas ficaram feridas no ataque - o mais violento realizado contra uma missão civil da ONU até então. Atribuído pelos Estados Unidos à rede Al Qaeda, o ataque provocou a retirada dos funcionários estrangeiros da organização do território iraquiano.


Segundo o [[Ministério das Relações Exteriores (Brasil)|ministro de Relações Exteriores do Brasil]], [[Celso Amorim]], momentos depois da explosão, Vieira de Mello telefonou para a ONU de seu celular, falando sobre a situação. Ele permaneceu preso sob os escombros durante mais de três horas.<ref>O Globo Online, 19 de agosto de 2003.[http://www.comunidadesegura.org/pt-br/node/21861 Morre Sérgio Vieira de Mello, vítima de atentado contra sede da ONU em Bagdá]</ref> Entretanto, segundo Samantha Power, que entrevistou mais de 400 pessoas (diversas das quais presentes no local da explosão) para escrever o livro "O homem que queria salvar o mundo", Vieira de Mello comunicou-se apenas com a equipe de resgate e com [[Carolina Larriera]], sua companheira, através de um buraco nos escombros. Ainda segundo Samantha Power, os contatos telefônicos com a sede da ONU em Nova Iorque partiram de Ramiro Lopes da Silva, vice de Vieira de Mello e funcionário responsável pela segurança. O chefe da administração civil dos EUA no Iraque, Paul Bremer, disse que possivelmente Vieira de Mello teria sido o alvo do atentado. ''"Tudo aconteceu debaixo da janela de Sérgio Vieira de Mello. Eu acho que ele era o alvo"'', disse Lone à rede BBC.
Segundo o [[Ministério das Relações Exteriores (Brasil)|ministro de Relações Exteriores do Brasil]], [[Celso Amorim]], momentos depois da explosão, Vieira de Mello telefonou para a ONU de seu celular, falando sobre a situação. Ele permaneceu preso sob os escombros durante mais de três horas.<ref>O Globo Online, 19 de agosto de 2003.[http://www.comunidadesegura.org/pt-br/node/21861 Morre Sérgio Vieira de Mello, vítima de atentado contra sede da ONU em Bagdá]</ref> Entretanto, segundo Samantha Power, que entrevistou mais de 400 pessoas (diversas das quais presentes no local da explosão) para escrever o livro "O homem que queria salvar o mundo", Vieira de Mello comunicou-se apenas com a equipe de resgate e com [[Carolina Larriera]], sua companheira, através de um buraco nos escombros. Ainda segundo Samantha Power, os contatos telefônicos com a sede da ONU em Nova Iorque partiram de Ramiro Lopes da Silva, vice de Vieira de Mello e funcionário responsável pela segurança. O chefe da administração civil dos EUA no Iraque, Paul Bremer, disse que possivelmente Vieira de Mello teria sido o alvo do atentado. ''"Tudo aconteceu debaixo da janela de Sérgio Vieira de Mello. Eu acho que ele era o alvo"'', disse Lone à rede BBC.
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Em maio de 2003 fora indicado pelo secretário-geral das Nações Unidas, [[Kofi Annan]], como seu representante especial, durante quatro meses no [[Iraque]].
Em maio de 2003 fora indicado pelo secretário-geral das Nações Unidas, [[Kofi Annan]], como seu representante especial, durante quatro meses no [[Iraque]].


Sérgio Vieira de Mello foi enterrado no cemitério de Plainpalais (''Cimetière des Rois''), em [[Genebra]]. Alguns meses após o atentado, a ONU realizou uma homenagem póstuma, entregando o Prêmio de Direitos Humanos das Nações Unidas àquele que foi um dos mais importantes diplomatas do Brasil e da entidade.

Com sua esposa francesa, Annie, Sergio teve dois filhos: Laurent (n. 1978) e e Adrien (1980), ambos atuando na área científica.<ref>UOL Educação. [http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u157.jhtm Biografia.Sérgio Vieira de Mello]</ref><ref>Biography - Sergio Vieira de Mello Foundation. [http://www.sergiovdmfoundation.org/en/sergio_biography.html Biografia.Sérgio Vieira de Mello]</ref>


== Legado ==
== Legado ==
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* Ihsan Taha Husein, funcionário iraquiano, do gabinete da ONU.
* Ihsan Taha Husein, funcionário iraquiano, do gabinete da ONU.


== Dia Mundial Humanitário ==
Em sessão plenária de [[11 de dezembro]] de [[2008]], a [[Assembléia Geral das Nações Unidas]] resolveu designar o 19 de agosto, dia do ataque à sede da ONU em Bagdad, como [[Dia Mundial Humanitário]], em memória de todos os trabalhadores que perderam suas vidas na promoção da causa humanitária.

== Fundação Sergio Vieira de Mello ==
Dédicada à promoção do diálogo visando a resolução pacífica de conflitos, a Fundação Sergio Vieira de Mello tem como objetivo prosseguir a missão de Sérgio através de:

• Atribuição anual do Prêmio Sergio Vieira de Mello a pessoas, instituições ou comunidades que, por seu trabalho excepcional, propiciam a reconciliação do povos divididos por conflitos.

• Realização da Conferência Anual em Memória de Sergio, em parceria com o ''Institut des Hautes Etudes Internationales et du Développement'' (HEID), por volta do dia 15 de março, data do aniversário de Sergio.

• Bolsa Sergio Vieira de Mello atribuída a jovens cujas famílias foram vítimas de [[crise humanitária]] decorrente de conflito armado.

• Apoio a iniciativas e esforços em favor da reconciliação e da coexistência pacífica entre pessoas ou comunidades em conflito.

• Um manifesto em favor dos trabalhadores humanitários, qualquer que seja seu empregador ou local de atuação.


== Livros ==
== Livros ==
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== Filmes ==
== Filmes ==
* Nações Unidas. [http://www.un.org/events/memorial/19august/previous/tribute.html# Tributo aos mortos da tragédia de Bagdad, 19 de agosto de 2003.]
* ''Sérgio'', de [[Greg Barker]]. O documentário alterna momentos da vida de Sérgio com as imagens no dia do atentado e as tentativas para salvá-lo.* Nações Unidas. [http://www.un.org/events/memorial/19august/previous/tribute.html# Tributo aos mortos da tragédia de Bagdad, 19 de agosto de 2003.]

* ''Sérgio'', de [[Greg Barker]]. O documentário alterna momentos da vida de Sérgio com as imagens no dia do atentado e as tentativas para salvá-lo. O documentário não cita nem mostra Annie e seus filhos, que optaram por não participar.<ref>[http://jbonline.terra.com.br/nextra/2009/01/18/e180121751.asp Documentário sobre Sérgio Vieira de Mello</ref>


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== {{Ligações externas}} ==
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* {{link|en,fr|http://www.sergiovdmfoundation.org/wcms/ |Website da Fundaçao Sergio Vieira de Mello em português}}
* [http://www.usp.br/svm Portal SVM, organizado pela [[USP]] textos e documentos coletados durante a pesquisa para produção do livro ''Sergio Vieira de Mello: pensamento e memória''.]
* [http://www.usp.br/svm Portal SVM, organizado pela [[USP]] textos e documentos coletados durante a pesquisa para produção do livro ''Sergio Vieira de Mello: pensamento e memória''.]
* [http://www.abknet.de/vieira.htm "Sergio Vieira de Mello: O brasileiro da paz]
* [http://www.abknet.de/vieira.htm "Sergio Vieira de Mello: O brasileiro da paz]
* {{link|en|http://www.unhchr.ch/html/hchr/cv.htm|United Nations High Commissioner for Human Rights}} Tributo a Sérgio Vieira de Mello no site do ACNUR
* {{link|en|http://www.unhchr.ch/html/hchr/cv.htm|United Nations High Commissioner for Human Rights}} Tributo a Sérgio Vieira de Mello no site do ACNUR
* {{link|en|http://www.pbs.org/independentlens/enroutetobaghdad/|En Route to Baghdad}} Vídeo documentário de Simone Duarte para PBS
* {{link|en|2=http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2009/08/18/AR2009081802908.html?nav=rss_opinion/columns&sid=ST2009081802974|3="Unsung Heroes of the Battlefields" by Laurent Vieira de Mello, president of the Sergio Vieira de Mello Foundation - The Washington Post, August 19, 2009}}





Revisão das 21h00min de 7 de maio de 2010

Sérgio Vieira de Mello
Sérgio Vieira de Mello
Sérgio Vieira de Mello
Nome completo Sérgio Vieira de Mello
Nascimento 15 de março de 1948
Rio de Janeiro, Brasil
Morte 19 de agosto de 2003 (55 anos)
Bagdá, Iraque
Nacionalidade Brasil Brasileiro
Ocupação Funcionario internacional

Sérgio Vieira de Mello[1] (Rio de Janeiro, 15 de março de 1948 - Bagdá, 19 de Agosto de 2003) foi um diplomata brasileiro, funcionário da Organização das Nações Unidas por 34 anos e Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos desde 2002. Morreu em Bagdá, juntamente com outras 21 pessoas, vítima de atentado atribuído à Al Qaeda contra a sede local da ONU.

Biografia

Filho do embaixador Arnaldo Vieira de Mello, posteriormente aposentado compulsoriamente pelo regime militar de 1964, e de Gilda dos Santos, Sérgio Vieira de Mello acompanhou o seu pai em várias missões pelo mundo. Depois de cursar o colegial no Colégio Franco-Brasileiro do Rio de Janeiro, estudou na Universidade de Paris (Sorbonne) onde obteve a sua Licenciatura e o Mestrado para o Ensino em Filosofia, em 1969 e 1970, respectivamente. Durante os quatro anos que se seguiram, Vieira de Mello, prosseguiu os seus estudos de Filosofia na Universidade de Paris I , (Panthéon-Sorbonne), ao fim dos quais obteve um Doutoramento do Terceiro Ciclo e, em 1985 o Doutorado de Estado em Letras e Ciências Humanas.

Era funcionário da ONU desde 1969 - mesmo ano em que seu pai deixara a diplomacia. Passou a maior parte de sua vida trabalhando no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR, ou ACNUR, em português), servindo em missões humanitárias e de manutenção da paz: em Bangladesh, durante sua independência, em 1971; no Sudão e em Chipre, após a invasão turca de 1974. Por três anos foi responsável pelas operações do UNHCR em Moçambique, durante a guerra civil que se seguiu à independência do país, em 1975, e depois, no Peru.

Em 1981 foi nomeado conselheiro político sênior das forças da ONU no Líbano. Em 1982, ao lado das forças de paz, a invasão do país por Israel, em desacordo com resoluções da ONU, foi uma amarga decepção. Depois disso, desempenhou diversas funções importantes, no UNHCR, de 1983 a 1991. Foi chefe do Departamento Regional para Ásia e Oceania e diretor da Divisão de Relações Externas.

Entre 1991 e 1996, foi enviado especial do Alto Comissário ao Camboja, como diretor do repatriamento da Autoridade da ONU de Transição no Camboja (U.N. Transitional Authority in Cambodia, UNTAC), tendo sido o primeiro e único representante da ONU a manter conversações com o Khmer Vermelho. Foi Diretor da United Nations Protection Force (UNPROFOR), a primeira força de paz na Croácia e na Bósnia e Herzegovina, durante as guerras da Iugoslávia. Foi também Coordenador humanitário da ONU na região dos Grandes Lagos Africanos.

Em 1996 foi nomeado assistente do Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, antes de ser enviado para Nova Iorque, em janeiro de 1998, como Secretário-geral-adjunto para Assuntos Humanitários das Nações Unidas.

Para muitos, o diplomata brasileiro era a personificação do que a ONU poderia e deveria ser: com uma disposição fora do comum para ir ao campo de ação, corajoso, carismático, flexível, pragmático e muito eficiente na negociação com governos corruptos e ditadores sanguinários, em busca da paz.

O secretário-geral da ONU afirmava que Vieira de Mello era "a pessoa certa para resolver qualquer problema". Foi o primeiro brasileiro a atingir o alto escalão da ONU. Como negociador da ONU atuou em alguns dos principais conflitos mundiais - Bangladesh, Camboja, Líbano, Bósnia e Herzegovina, Kosovo, e Timor-Leste, entre 1999 e 2002, quando se mostraria inflexível nas denúncias dos crimes indonésiose. E por fim, no Iraque, onde foi morto durante o ataque suicida ao Hotel Canal, com a explosão provocada por um caminhão-bomba. O Hotel Canal era usado como sede da ONU em Bagdá há mais de uma década.

Além dos 22 mortos, cerca de 200 pessoas ficaram feridas no ataque - o mais violento realizado contra uma missão civil da ONU até então. Atribuído pelos Estados Unidos à rede Al Qaeda, o ataque provocou a retirada dos funcionários estrangeiros da organização do território iraquiano.

Segundo o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, momentos depois da explosão, Vieira de Mello telefonou para a ONU de seu celular, falando sobre a situação. Ele permaneceu preso sob os escombros durante mais de três horas.[2] Entretanto, segundo Samantha Power, que entrevistou mais de 400 pessoas (diversas das quais presentes no local da explosão) para escrever o livro "O homem que queria salvar o mundo", Vieira de Mello comunicou-se apenas com a equipe de resgate e com Carolina Larriera, sua companheira, através de um buraco nos escombros. Ainda segundo Samantha Power, os contatos telefônicos com a sede da ONU em Nova Iorque partiram de Ramiro Lopes da Silva, vice de Vieira de Mello e funcionário responsável pela segurança. O chefe da administração civil dos EUA no Iraque, Paul Bremer, disse que possivelmente Vieira de Mello teria sido o alvo do atentado. "Tudo aconteceu debaixo da janela de Sérgio Vieira de Mello. Eu acho que ele era o alvo", disse Lone à rede BBC.

Coronéis carregam o corpo de Sérgio Vieira de Mello até o Aeroporto Internacional de Bagdá.

Vieira de Mello era considerado por muitos como o virtual sucessor de Kofi Annan na Secretaria-Geral das Nações Unidas.[3] Apesar de frequentemente confrontar-se com a impotência da ONU diante de tragédias humanas, sua biografia prova que ainda existe algo a ser defendido na organização.[4]

Desempenhou temporariamente as funções de representante especial do Secretário Geral Kofi Annan no Kosovo, onde foi substituído por Bernard Kouchner. De novembro de 1999 a maio de 2002, exerceu o cargo de administrador de transição da ONU em Timor-Leste. Em 12 de setembro de 2002, foi nomeado Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Em maio de 2003 fora indicado pelo secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, como seu representante especial, durante quatro meses no Iraque.


Legado

Vieira de Mello obteve êxito e visibilidade no cenário internacional por sua atividade profissional. Até a sua trágica morte, esteve dedicado a apoiar a reconstrução de comunidades afetadas por guerras e violências extremas. Seu modelo de atuação, por sua firme defesa dos princípios da independência e da imparcialidade, foi o Diplomata Sueco Dag Hammarskjöld (1905-1961), ex-Secretário Geral das Nações Unidas, morto a serviço da ONU em missão de paz no Congo (1961), e Prémio Nobel da Paz (1961). O caráter humanista da formação de Mello, associado ao seu talento para a negociação e a defesa da democracia, mesmo em situações adversas, foram fatores-chave do sucesso de muitas de suas iniciativas. Seu exemplar desempenho em defesa dos direitos e dos valores humanos inspira a perpetuação de sua memória e o permanente debate do seu pensamento.

Em memória

Com Sérgio Vieira de Mello, chefe da missão das Nações Unidas, morreram no mesmo atentado:

  • Nadia Younes, egípcia, chefe da equipe de Vieira de Mello.
  • Renam Al-Farra, jordaniano, trabalhava para o gabinete de coordenação humanitária das Nações Unidas.
  • Ranillo Buenaventura, filipino, trabalhava para o gabinete de coordenação humanitária das Nações Unidas.
  • Arthur Helton, advogado de imigração, estadunidense, e integrante da organização não-governamental Council on Foreign Relations, sediada em Nova Iorque, que visitava Vieira de Mello no momento da explosão.
  • Rick Hooper, estadunidense, trabalhava no Departamento de Assuntos Políticos. Atuou pelas Nações Unidas em Gaza.
  • Jean-Sélim Kanaan, de nacionalidade francesa, italiana e egípcia, funcionário do gabinete de Vieira de Mello.
  • Chris Klein-Beckman, canadense, trabalhava como coordenador do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef.
  • Alya Souza, iraquiana, trabalhava para o Banco Mundial.
  • Martha Teas, estadunidense, gerente de projeto para o centro de informação humanitária do Iraque.
  • Fiona Watson, britânica, funcionária do gabinete de Vieira de Mello, no programa de petróleo por alimento.
  • Omar Kahtan Mohamed al-Orfali, iraquiano que trabalhava como motorista para uma organização não governamental que não foi identificada.
  • Raid Shaker Mustafa al Mahdawi, eletricista iraquiano, que trabalhava para a unidade de inspeção de armas, UNMOVIC.
  • Leen Assad al Qadi, funcionário iraquiano do gabinete de coordenação humanitária.
  • Alyawi Bassem, iraquiano, também conhecido como Mahmoud u Taiwi Basim.
  • Gillian Clark, 47, de Toronto, canadense, ajudante do projeto Fundo das Crianças Cristãs.
  • Reza Hosseini, de Mashhad, norte do Irã, iraniano, funcionário do gabinete da ONU de Coordenação Humanitária no Iraque.
  • Manuel Martin Ora, 57, capitão naval espanhol, que atuava como ligação das forças ocupantes com a ONU.
  • Khidir Saleem Sahir, iraquiano, identificado apenas como funcionário da ONU.
  • Emaad Ahmed Salman, funcionário iraquiano, do gabinete de Vieira de Mello.
  • Ihsan Taha Husein, funcionário iraquiano, do gabinete da ONU.


Livros

  • (em português) POWER, Samantha - O Homem que queria salvar o mundo. Editora: Companhia das Letras, 2008, 688 p. ISBN 978-85-359-1284-5
  • (em português) Jacques Marcovitch - USP - Sérgio Vieira de Mello - pensamento e memória. 1 Edição | 2004 | Brochura 344p. | Cód.: 167075 | ISBN 853140867.
  • (em francês) Jean-Claude Buhrer et Claude B. Levenson, Sergio Vieira de Mello, un espoir foudroyé. – Paris : Mille et une nuits, 2004. – 199 p., 20 cm. – ISBN 2-84205-826-7 .
  • (em francês) George Gordon-Lennox et Annick Stevenson, Sergio Vieira de Mello : un homme exceptionnel. – Genève : Éditions du Tricorne, 2004. – 143 p., 25 cm. – ISBN 2-8293-0266-4. – En appendice, choix de textes de Sergio Vieira de Mello.

Filmes


Referências

  1. Pelo acordo ortográfico em vigor, o nome do biografado, conforme a onomástica, deve ser grafado Sérgio Vieira de Melo.
  2. O Globo Online, 19 de agosto de 2003.Morre Sérgio Vieira de Mello, vítima de atentado contra sede da ONU em Bagdá
  3. Folha Online, 1° de novembro de 2003 Morte de Sérgio Vieira de Mello: Brasileiro membro da ONU morre em atentado terrorista no Iraque
  4. Veja, 23 de janeiro de 2008.O homem que quis consertar o mundo

Ligações externas