Tatiana Nascimento

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Tatiana Nascimento
Nascimento 1981 (43 anos)
Brasília, DF
Nacionalidade brasileira
Alma mater Universidade de Brasília
Universidade Federal de Santa Catarina
Ocupação poetisa
cantora
compositora
slam poet

Tatiana Nascimento (Brasília, 1981), tradutora de formação, é uma poeta, slammer, cantora e compositora brasileira negra, que escreve, investiga e publica livros de autoras negras e LGBT. É co-fundadora da padê editora. O seu livro lundu, foi uma das publicações selecionadas pelo Projeto Nacional Leia Mulheres na categoria Melhores Livros de 2016.[1][2] Também realiza de forma experimental em audiovisual.[3]

Criadora do conceito cuírlombismo literário (também grafado como "cuíerlombismo", ou "kuírlombismo"), propõe com o termo uma remitologização da dissidência sexual como parte fundante do imaginário ancestral da diáspora negra; e um novo parâmetro interpretativo da produção artística feita por pessoas negras LGBTQIs simultaneamente a partir e em ruptura com o paradigma dor/resistência/denúncia apontado pelo cânone de crítica/teoria literária como fundante da literatura negra brasileira.[4][5]

Percurso[editar | editar código-fonte]

Tatiana Nascimento nasceu em 1981 em Brasília[1].

Nascimento é licenciada em letras – português pela Universidade de Brasília (UnB).[6]

Em 2014 doutorou-se em estudos da tradução pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com a tese Letramento e tradução no espelho de Oxum: teoria lésbica negra em auto/re/conhecimentos, sob orientação de Luciana Rassier.[1][6][7][8]

Em 2015, cofundou com Bárbara Ismenia a padê editorial, um coletivo editorial dedicado à publicação de livros artesanais/cartoneros de autoras negras e/ou LBTs – lésbicas, travestis, trans e bissexuais.[6][8][9]

Também desde 2015, Nascimento idealiza, cofunda (com Valéria Matos) e produz o Slam das Minas DF, em Brasília — a primeira batalha de poesia falada exclusiva para mulheres e lésbicas no Brasil, que se tornou também um movimento ativista.[10][11][12]

Em 2017, cofundou a Palavra Preta – Mostra Nacional de Negras Autoras, que realiza anualmente. Esta mostra surgiu de um convite da cantora baiana Luedji Luna e foi intitulada a partir do zine de poesia "palavra preta", que Nascimento escreve desde 2015. A primeira edição da Mostra Palavra Preta, em Salvador, teve uma participação de 300 pessoas nos três dias de programação. A segunda edição, em 2018 teve lugar no Festival Latinidades, em Brasília, com a participação de Kati Souto, Nina Ferreira e Jorge Maravilha.[6][13]

Em 2018, Tatiana Nascimento coordenou o atelier de poesia LGBT Do dever de sofrer, ao direito de sonhar, na Oficina Cultural Oswald de Andrade em São Paulo, como laboratório de leitura e produção de texto a partir das existências negras e dissidentes.[2]

Também nesse ano, Tatiana foi convidada pela Embaixada da Suécia no Brasil e pela ONU Mulheres para apresentar a cerimónia de abertura da exposição “Pais presentes: a paternidade ativa na Suécia e no Brasil”, realizada no âmbito da iniciativa ElesPorElas (HeForShe). O evento contou com a presença de representantes do Governo do Distrito Federal, do Metro de Brasília, da ONU Mulheres e da Embaixada da Suécia.[10]

Enquanto educadora ministra o curso “privilégio branco: uma questão feminista?”, primeira formação brasileira sobre o tema de branquitude, colonialidade e racismo estrutural, que está em 2021 na 50ª turma.[1]

Obra[editar | editar código-fonte]

Tatiana Nascimento compôs a faixa Iodo+Now Frágil de Um corpo no mundo, disco de estreia de Luedji Luna.[14][15]

Em 2018, publica na Revista Observatório Itaú Cultural, número 24, juntamente com Carlos Gomes, Consuelo Bassanesi, Denise Stoklos, Lucina Jiménez Lopéz, Chico Pelúcio, Guti Fraga, Ana Mae Barbosa, Alcione Araújo, Ricardo Dal Farra, Kiko Dinucci, Benjamim Taubkin, Maria Vlachou, German Ray, Claudio di Girólamo.[16]

Poesia[1][editar | editar código-fonte]

  • esboço, Brasília: Padê editorial, 2016
  • lundu, Brasília: Padê Editorial, 3ª edição, 2016
  • mil994, Brasília: Padê Editorial, 2018
  • 07 notas sobre o apocalipse, ou, poemas para o fim do mundo, Garupa e Kza1 edições, 2019
  • Oriki de amor selvagem: todos os poemas de amor preto (ou quase), Brasília: Padê Editorial, 2020

Ensaio[1][17][editar | editar código-fonte]

  • leve sua culpa branca pra terapia (ed. trilíngue), Brasília: Padê Editorial, 2019
  • um sopro de vida no meio da morte, Juiz de Fora: macondo editora, 2019
  • cuírlombismo literário: poesia negra lgbtqi desorbitando o paradigma da dor, n-1 edições, 2019
  • Mas como toda a opressão está conectada? in Patrícia Lessa, Dolores Galindo (orgs.), Relações multiespécies em rede: feminismos, animalismos e veganismo [online], Maringá: Eduem, 2017
  • leve sua culpa branca pra terapia, 2. ed, São Paulo: n-1, 2020
  • racismo visual, sadismo racial: quando (?) nossas mortes importam, São Paulo: n-1, 2020

Tradução[editar | editar código-fonte]

  • Entre nós mesmas, poesia de Audre Lorde, Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020[18]
  • Calamidades, ensaios de Renee Gladman, Rio de Janeiro: A Bolha, 2021[19]

Reconhecimentos[editar | editar código-fonte]

Lundu foi selecionado pelo Projecto Nacional Leia Mulheres (Brasil), na categoria Melhores Livros de 2016. Em Dezembro de 2017 foi Livro do Mês na edição de Lendo Mulheres Negras, em Brasília, e no ano seguinte, em 2018, na edição de Salvador. [20]

Os livros de poesia, lundu e mil994, aparecem como sendo uma referência em The Art of Brasília: 2000-2019, Springer International Publishing, de Sophia Beal.[21]

Ligações Externas[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e f «Tatiana Nascimento - Literatura Afro-Brasileira». www.letras.ufmg.br. Consultado em 6 de julho de 2020 
  2. a b «Poesía negra desde el Brasil: Tatiana Nascimento y el cuíerlombismo literario». La tinta (em espanhol). 28 de novembro de 2018. Consultado em 6 de julho de 2020 
  3. «Arte em Cena - Temporadas: Sinhá não dorme». Portal Sesc RJ. 17 de março de 2021. Consultado em 13 de fevereiro de 2024 
  4. «ACUÍRLOMBAMENTO E CURA EM UM POEMA DE TATIANA NASCIMENTO». Revista Z Cultural. 24 de maio de 2021. Consultado em 13 de fevereiro de 2024 
  5. «O PROJETO POÉTICO LITERÁRIO CUÍRLOMBISTA DE TATIANA NASCIMENTO: uma análise das obras "lundu" e "07 notas sobre o apocalipse, ou poemas para o fim do mundo"». Programa de Pós-graduação em Estudos Literários. 25 de abril de 2023. Consultado em 13 de fevereiro de 2024 
  6. a b c d «tatiana nascimento, 37». Revista Seca. Consultado em 6 de julho de 2020 
  7. nascimento dos santos, tatiana (2014). Letramento e tradução no espelho de Oxum: teoria lésbica negra em auto/re/conhecimentos. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina. 185 páginas 
  8. a b «tatiana nascimento – padê editorial». Consultado em 6 de julho de 2020 
  9. «Diana Salu lança obra poética epistolar em quadrinhos na Galeria Pilastra». Correio Braziliense. 28 de agosto de 2019. Consultado em 6 de julho de 2020 
  10. a b «Embaixada da Suécia e ONU Mulheres inauguram exposição 'Pais Presentes: A paternidade ativa na Suécia e no Brasil'». ONU Brasil. 28 de junho de 2018. Consultado em 6 de julho de 2020 
  11. Gonçalves, Marina. «Slam das Minas participa de batalha no Rock in Rio». Saideira - O Globo. Consultado em 6 de julho de 2020 
  12. «Em frente a presídio, Slam das Minas protesta contra a prisão de Preta Ferreira». Ponte Jornalismo. 20 de agosto de 2019. Consultado em 6 de julho de 2020 
  13. Braziliense, Correio; Braziliense, Correio (6 de setembro de 2019). «Festival Latinidades volta ao DF com a Festa Afrolatinas nesta sexta-feira». Correio Braziliense. Consultado em 6 de julho de 2020 
  14. «tatiana nascimento, 37». Revista Seca. Consultado em 6 de julho de 2020 
  15. «'Iodo + Now Frágil' from 'Luedji Luna' by Ad Ferrera». Luedji Luna. Consultado em 6 de julho de 2020 
  16. Gomes, Carlos; Nascimento, Tatiana; Bassanesi, Consuelo; Stoklos, Denise; Lopéz, Lucina Jiménez; Pelúcio, Chico; Fraga, Guti; Barbosa, Ana Mae; Araújo, Alcione (12 de julho de 2018). Revista Observatório Itaú Cultural - N. 24. [S.l.]: Itaú Cultural 
  17. Lessa, Patrícia; Galindo, Dolores (1 de janeiro de 2017). Relações multiespécies em rede: feminismos, animalismos e veganismo. [S.l.]: Editora da Universidade Estadual de Maringá - EDUEM 
  18. «Entre nós mesmas – Poemas reunidos». Bazar do Tempo. Consultado em 13 de fevereiro de 2024 
  19. «Calamidades». A Bolha Editora. Consultado em 13 de fevereiro de 2024 
  20. «Tatiana Nascimento - Literatura Afro-Brasileira». www.letras.ufmg.br. Consultado em 6 de julho de 2020 
  21. Beal, Sophia (2020). The Art of Brasília: 2000-2019 (em inglês). [S.l.]: Springer Nature