Usuário(a):Iasmin S Vieira/Testes

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Escavação arqueológica no Castelo de Silves.

Sítio arqueológico, local arqueológico ou estação arqueológica é o espaço que contém um agrupamento de vestígios produzidos pelos humanos [1], podendo conter desde fragmentos cerâmicos ou mega estruturas como as pirâmides do Egito. O conceito, porém, não é uma unânimidade na Arqueologia, há cientistas que afirmam que não é necessário haver uma concentração vestigial para definir determinado local como um sítio, já que, sobretudo nos tempos mais remotos, quandos os grupos humanos eram nômades e por consequência precisavam estar em constante deslocamento em busca de recursos para subsitência, é certo que muitas regiões foram pontos de passagem de clãs humanos, mas que por diversos motivos, não foi possível recuperar nenhum registro da passagem destes por este ou àquele local. Fatores pós deposiciais, como a erosão do solo, ou a própria água dos rios ou chuvas podem ter levado os artefatos arqueológicos para outro local. Além disso, o reuso um debate trazido por Schiffer[2], coloca que muitos materiais descartados, podem ter sido reutilizados pelo próprio grupo que o produziu ou outras pessoas, que podem ter o levado a outros locais. Nessa perspectiva, Plog, Plog e Wait[3], ainda na década de 70 lançaram o termo "não-sítio", para se referirem a locais onde há presenças efêmeras de atividade humana, as quais não podem ser delimitadas espacialmente.

onde ficaram preservados testemunhos e evidências de atividades do passado histórico, seja, esse, pré-histórico ou não. A expressão "sítio arqueológico" atrela-se geralmente ao local onde ficam ou ficaram preservados artefatos, construções ou outras evidências de atividades humanas, ocorridas num passado recente, distante ou mesmo remoto. Os sítios arqueológicos mais conhecidos correspondem a cidades, templos, cemitérios e túmulos antigos soterrados em várias partes do mundo. No Brasil, esses locais são protegidos por lei e é crime destruí-los.[4]

Se o foco de estudo não atrelar-se à história do homem e às suas atividades mas sim ao estudo da evolução da vida na Terra, as correspondentes áreas de pesquisa em campo são então denominadas sítios paleontológicos. Os sítios paleontológicos são, assim, áreas que historicamente mostraram-se propícias à formação e preservação de fósseis. Com base nos fósseis coletados em dispersos sítios paleontológicos ao longo do globo, com alguns remontando ao éon arqueano, é possível construir um cenário elaborado da evolução da vida no planeta ao longo de sua existência.[5]

Extensão geográfica[editar | editar código-fonte]

É quase invariavelmente difícil delimitar um sítio. Às vezes, é usado para indicar algum tipo de assentamento, embora o arqueólogo também deva definir os limites da atividade humana em torno do assentamento. A arqueologia desenvolvimentista assumida como gestão de recursos culturais tem a desvantagem (ou o benefício) de ter seus sítios definidos pelos limites do desenvolvimento pretendido. Mesmo neste caso, entretanto, ao descrever e interpretar o local, o arqueólogo terá que olhar para fora dos limites do canteiro.

De acordo com Jess Beck em "How Do Archaeologists find sites?" as áreas com numerosos artefatos são bons alvos para futuras escavações, enquanto áreas com um pequeno número de artefatos são consideradas como reflexo da falta de atividade humana no passado. Muitas áreas foram descobertas por acidente. A pessoa mais comum que encontrou artefatos são os agricultores que estão arando seus campos ou apenas limpando-os, muitas vezes encontram artefatos arqueológicos. Muitas pessoas que estão fazendo caminhadas e até mesmo pilotos encontram artefatos que geralmente acabam denunciando-os a arqueólogos para uma investigação mais aprofundada. Quando encontram locais, eles devem primeiro registrar a área e, se tiverem dinheiro e tempo para o local, podem começar a cavar.[6]

Classificações de sítios arqueológicos[editar | editar código-fonte]

Os sítios arqueológicos, no Brasil, podem apresentar diferentes tipos de classificações, definidas tanto pela orientação da pesquisa realizada em âmbito acadêmico, como pelas normatizações propostas pelo órgão fiscalizador. A seguir estão descritas algumas classificações gerais comumente utilizadas, definidas pela época que os vestígios arqueológicos pertencem, características físicas dos locais e contextos de inserção. Uma outra possível classificação seria por tipologia de artefatos (ver artefatos).

Classificação por tempo cronológico[editar | editar código-fonte]

Sítios arqueológicos podem apresentar tempos cronológicos distintos. No Brasil, há pelo menos três tipos de classificações que são abordadas em relação a essas cronologias: pré-colonial, de contato e histórico[7].

Sítio pré-colonial[editar | editar código-fonte]

Os sítios pré-coloniais são aqueles que apresentam vestígios arqueológicos que remetem aos povos indígenas que habitaram territórios colonizados anterior ao período de colonização[8]. Em contexto brasileiro, a terminologia pré-cabralina também pode ser utilizada para se referir a esse mesmo período de tempo[9]. Para os países que não passaram por um processo de colonização é mais comum a utilização do termo pré-histórico. Exemplos de sítios arqueológicos pré-coloniais são aqueles que apresentam geralmente em seus contextos arte rupestre, materiais líticos, materiais cerâmicos, etc.

Sítio de contato[editar | editar código-fonte]

Vista da Cidade de Ouro Preto desde a Estrada da Cidade - Ouro Preto (MG)

os sítios arqueológicos de contato, como o próprio nome sugere, remetem ao contato entre duas culturas distintas. É assim classificado, no Brasil, quando for constatada a presença de artefatos de períodos simultâneos provenientes tanto de grupos indígenas quanto dos colonizadores, ou a intrusão de técnicas de produção e/ou demais materiais reconhecidos como sendo mais recentes que diferem de artefatos que remetem a períodos mais remotos[10].

Sítio histórico[editar | editar código-fonte]

os sítios históricos são delimitados como tal quando constatada a presença de vestígios procedentes da ocupação do colonizador pós período de contato. Geralmente são enquadrados nessas categorias locais que apresentam edificações, ruínas e estruturas como igrejas, casarões, castelos, fazendas, quilombos, praças, etc[11] e/ou que apresentem materiais históricos, como louças, faianças, vidros de perfumes, de remédios, etc[12][13]. Alguns sítios históricos/coloniais encontram-se localizados em centro urbanos, como é o caso da cidade de Ouro Preto (MG), cidade considerada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.[14]

Classificação por tipo de exposição[editar | editar código-fonte]

Sítios abrigados[editar | editar código-fonte]

Sítio Pedra do Castelo no município de Castelo do Piauí (PI)

Os sítios abrigados são sítios em abrigos rochosos que são encontrados em locais como grutas, cavernas e paredões rochosos. Grande parte desses sítios são conhecidos pela presença de pinturas e gravuras rupestres, mas também podem ser encontrados neles ferramentas líticas, cerâmicas, enterramentos, etc[11] Um exemplo de sítio abrigado é o sítio Pedra do Castelo, localizado no município de Castelo do Piauí (PI), que possui formações rochosas com salões em seu interior, nos quais se encontram arte rupestre.[15]

Sítios a céu aberto[editar | editar código-fonte]

Navio espanhol Príncipe de Asturias

Os sítios a céu aberto são mais impactados pela ação do intemperismo, sendo a principal delas a incidência solar[11]. De acordo com André Prous, diferente dos sítios abrigados, os sítios a céu aberto não possuem proteção contra ações naturais[16]. Como exemplo, temos o sítio Ininga, localizado na cidade de Teresina (PI), um sítio com presença de líticos e cerâmicas[17]. Outro exemplo de sítio a céu aberto é o Sambaqui das Ostras, localizado no município de Tutóia (MA), o qual contém a presença de ostras e cacos cerâmicos[18].

Sítios submersos[editar | editar código-fonte]

Na Arqueologia, são áreas onde os sítios arqueológicos se encontram totalmente ou parcialmente submersos. Os sítios de naufrágio são exemplos destes, onde a integridade física dos materiais dependerá de como ocorreu o naufrágio[19] sendo a própria água um forte elemento conservador desses materiais, que vai desde os componentes de construção da embarcação à vestígios materiais dos passageiros. Um exemplo de naufrágio foi o caso do Príncipe de Asturias um navio transatlântico espanhol que naufragou depois de ter impactado a proa em recifes submersos, afundando na costa litorânea de São Paulo em 5 de março de 1916.

Outros tipos de sítios[editar | editar código-fonte]

Sítios megalíticos[editar | editar código-fonte]

Os sítios megalíticos são aqueles encontrados a céu aberto e que possuem uma construção de grande porte, formada por estruturas de pedras[20]. Como exemplo desses sítios, temos as estruturas megalíticas localizadas no norte do Amapá, formadas por grandes blocos de granito[21].

Sambaquis[editar | editar código-fonte]

Sambaqui - Figueirinha I

Os Sambaquis são montículos artificiais de conchas feitos por ações humanas, encontrados a céu aberto e em alguns casos submersos. Ele favorece uma maior conservação de vestígios arqueológicos, como sepultamentos, ossos de fauna, cerâmica e outros elementos[11].Podem ser encontrados em diversas áreas litorâneas, do norte ao sul do Brasil, e chegam a aproximadamente 60 metros de altura. Na maioria das vezes estão cobertos por vegetação, podendo ser confundidos com morros[11]. Um exemplo desse tipo de sítio são os sambaquis submersos de Cananéia, na qual foram localizados 8 sambaquis nos arredores dos manguezais de Cananéia com vestígios arqueológicos[22].

Casas subterrâneas[editar | editar código-fonte]

As casas subterrâneas são construções feitas no subsolo geralmente em formato circular. Essas construções tem paredes compactadas revestidas com argila, já o teto era coberto por vegetação e sua estrutura escavada continha estacas centrais e laterais para ergue-lo. As casas subterrâneas podem ter sido usadas tanto para habitação como para eventos cerimoniais[23]. Com o tempo, ela acaba sofrendo erosão natural e sendo encontrado em prospecções arqueológicas como buracos abertos contendo vegetação[11].

Sítios paleontológicos[editar | editar código-fonte]

É importante ressaltar que, uma vez que o sítio não estiver atrelado à cultura e história das sociedades humanas e às suas atividades, mas sim ao estudo da evolução da vida na Terra, esses locais passam a ser reconhecidos não como sítios arqueológicos, mas sim enquanto sítios paleontológicos, áreas que historicamente mostraram-se propícias à formação e preservação de fósseis, recebendo assim outros tipos de classificações[24].

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Binford, Lewis R. (abril de 1964). «A Consideration of Archaeological Research Design*». American Antiquity (em inglês) (4): 425–441. ISSN 0002-7316. doi:10.2307/277978. Consultado em 28 de janeiro de 2023 
  2. Schiffer, Michael B. (1996). Formation processes of the archaeological record University of Utah Press ed ed. Salt Lake City: University of Utah Press. OCLC 43476775 
  3. Plog, STEPHEN; Plog, FRED; Wait, WALTER (1 de janeiro de 1978). Schiffer, MICHAEL B., ed. «10 - Decision Making in Modern Surveys». San Diego: Academic Press (em inglês): 383–421. ISBN 978-0-12-003101-6. doi:10.1016/b978-0-12-003101-6.50016-0. Consultado em 28 de janeiro de 2023 
  4. JB. «How do archaeologists find sites?». Bone Broke. Consultado em 10 de março de 2016 
  5. Palmer, Douglas; Barrett, Peter - Evoluçao, A História da Vida - Larousse - 2009 - ISBN 978-85-7635464-2
  6. JB (27 de fevereiro de 2015). «How do archaeologists find sites?». Bone Broke (em inglês). Consultado em 27 de janeiro de 2023 
  7. «Ficha de Registro de Sítio Arqueológico - IPHAN» (PDF). Portal Iphan. Consultado em 29 de janeiro de 2023 
  8. MARTIN, Gabriela (2005). Pré-história do Nordeste do Brasil. Recife: Editora Universitária UFPE. ISBN 85-7315-083-1 
  9. BARRETO, Cristiana (1999). «A construção de um passado pré-colonial: uma breve história da Arqueologia no Brasil». Revista USP (44): 32–51. ISSN 2316-9036. doi:10.11606/issn.2316-9036.v0i44p32-51. Consultado em 29 de janeiro de 2023 
  10. SCATAMACCHIA, Maria Cristina Mineiro; UCHÔA, Dorath Pinto (30 de junho de 1993). «O contato euro-indígena visto através de sítios arqueológicos do estado de São Paulo». Revista de Arqueologia (1): 153–173. ISSN 1982-1999. doi:10.24885/sab.v7i1.100. Consultado em 29 de janeiro de 2023 
  11. a b c d e f «O que é um sítio arqueológico?». Arqueologia e Pré-História. 4 de janeiro de 2018. Consultado em 28 de janeiro de 2023 
  12. MANGIERI, Lorenzo Cunha (29 de março de 2019). «Os critérios do IPHAN para o reconhecimento dos sítios arqueológicos históricos em Sergipe: o descompasso entre as definições acadêmicas e as normativas de preservação». Repositório Institucional da Universidade Federal de Sergipe - RI/UFS. Consultado em 29 de janeiro de 2023 
  13. BASTOS, Rossano Lopes; SOUZA, Marise Campos de (2010). Normas e Gerenciamento do Patrimônio Arqueológico. São Paulo: Superintendência do Iphan em São Paulo. ISBN 978-85-7334-142-3 
  14. Centre, UNESCO World Heritage. «Historic Town of Ouro Preto». UNESCO World Heritage Centre (em inglês). Consultado em 29 de janeiro de 2023 
  15. Cavalcante, Luis Carlos Duarte (20 de abril de 2012). «Caracterização arqueométrica de pinturas rupestres pré-históricas, pigmentos minerais naturais e eflorescências salinas de sítios arqueológicos». Consultado em 29 de janeiro de 2023 
  16. PROUS, A. Arqueologia Brasileira. Brasília: Editora Universitária de Brasília, UND, 1991. p.31
  17. «Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos - Impressão». portal.iphan.gov.br. Consultado em 29 de janeiro de 2023 
  18. Bandeira, Arkley Marques (6 de maio de 2013). «Os pioneiros e seu legado na construção da Arqueologia do Maranhão». Cadernos do LEPAARQ (UFPEL) (19): 7–58. ISSN 2316-8412. doi:10.15210/lepaarq.v10i19.2125. Consultado em 29 de janeiro de 2023 
  19. ALVES, Ticiano (15 de dezembro de 2020). «O patrimônio naval e o seu estudo pela Arqueologia: algumas considerações». Pesquisa e Ensino em Ciências Exatas e da Natureza (0): 01–11. ISSN 2526-8236. doi:10.29215/pecen.v4i0.1586. Consultado em 28 de janeiro de 2023 
  20. Saldanha, João Darcy de Moura; Cabral, Mariana Petry (30 de junho de 2012). «Potes e pedras: uma gramática de monumentos megalíticos e lugares naturais na costa norte do Amapá». Revista de Arqueologia (1): 48–57. ISSN 1982-1999. doi:10.24885/sab.v25i1.339. Consultado em 28 de janeiro de 2023 
  21. Cabral, Mariana Petry; Saldanha, João Darcy de Moura (30 de junho de 2008). «Paisagens megalíticas na costa norte do Amapá». Revista de Arqueologia (1): 9–26. ISSN 1982-1999. doi:10.24885/sab.v21i1.237. Consultado em 28 de janeiro de 2023 
  22. Calippo, Flávio Rizzi (16 de agosto de 2004). «Os sambaquis submersos de Cananéia: um estudo de caso de arqueologia subaquática». Consultado em 28 de janeiro de 2023 
  23. Socioambiental, Xapuri (16 de dezembro de 2021). «Casas subterrâneas dos Kaingang - Povos da Tradição Taquara -». xapuri.info. Consultado em 29 de janeiro de 2023 
  24. FERNÁNDEZ-LÓPEZ, Sixto Rafael (2000). Temas de Tafonomía (PDF). Universidad Complutense de Madrid: Departamento de Paleontología 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Iasmin S Vieira/Testes
  • «Sítios arqueológicos». . Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM, www.fumdham.org.br). Consultado em 27 de fevereiro de 2011 
Ícone de esboço Este artigo sobre arqueologia ou arqueólogo(a) é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.