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Gambá

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaGambá
Didelphis virginiana no parque estadual do Rio Myakka, na Flórida
Didelphis virginiana no parque estadual do Rio Myakka, na Flórida
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Infraclasse: Marsupialia
Ordem: Didelphimorphia
Família: Didelfiídeos
Subfamília: Didelfíneos
Género: Didelphis
Linnaeus, 1758
Espécies

O gambá, também chamado de sariguê, saruê ou sarigueia na Bahia, mucura na Amazônia, timbu na Paraíba, Pernambuco e no Rio Grande do Norte, cassaco no Ceará, Alagoas e no agreste pernambucano, micurê no Mato Grosso, taibu, tacaca e ticaca em São Paulo e Minas Gerais,[1] além de erroneamente chamado de raposa em São Paulo[2] e na Região Sul do Brasil por roubar ovos de galinha,[3] é um mamífero marsupial do gênero Didelphis, encontrado desde o sul dos Estados Unidos até a América do Sul.

É um dos maiores marsupiais da família dos didelfiídeos. É onívoro. Seu principal predador é o gato-do-mato (Leopardus spp.). Por conta do nome é, por vezes, confundido com a doninha-fedorenta (Mephitis mephitis),[4] que não é um marsupial, mas um mefitídeo.

"Gambá" procede do tupi gã'bá, "seio oco".[1][carece de fonte melhor] "Sariguê", "saruê", "sarigueia" e "saurê" procedem do tupi antigo sarigûeîa (sarigûé).[5]

Características

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O crânio dos gambás do gênero Didelphis é notável pelo grande desenvolvimento das cristas sagital e occipital. A deposição de matéria óssea parece continuar durante toda a vida do animal, aumentando o crânio em suas dimensões principais enquanto o animal estiver vivo.[6]

Os gambás são animais com 40 a 50 centímetros de comprimento, sem contar com a cauda, que chega a medir quarenta centímetros. Têm um corpo parecido com o do rato, incluindo a cabeça alongada, mas com uma dentição poliprotodonte (fórmula dental: 5/4, 1/1, 3/3, 4/4 = 50). A cauda tem pelos apenas na região proximal, é escamosa na extremidade e é preênsil, ou seja, tem a capacidade de enrolar-se a um suporte, como um ramo de árvore. As patas são curtas e têm cinco dedos em cada mão, com garras; o hálux (primeiro dedo das patas traseiras) é parcialmente oponível e, em vez de garra, possui uma unha. Ao contrário da maioria dos marsupiais, sua cauda é menor que seu corpo.

Assim como em outros marsupiais (como o canguru), as fêmeas dos gambás possuem marsúpio e vagina bifurcada, mas nenhum dos canais é utilizado para o parto ou para a excreção de urina.[7] Ao menos o gambá-de-orelha-preta (Didelphis aurita), possui uma glândula que exala odor desagradável na região posterior do corpo que é liberado quando o animal se sente ameaçado e é obrigado a se fingir de morto.

Todas as espécies são onívoras, aproveitando-se de praticamente qualquer tipo de material comestível que encontram em suas constantes andanças noturnas. Alimentos tão diversos como frutas, grãos, insetos e outros artrópodes, pequenos vertebrados ou carniça são parte regular de sua dieta; sementes de diversas plantas permanecem viáveis após a digestão do gambá, tornando esse grupo um eficaz dispersor de sementes.[8]

É muito comum, ao menos na região do Vale do Ribeira, invadirem galinheiros durante à noite e devorarem aves, que são encontradas pela manhã sem a cabeça e parcialmente comidas até o tronco. Sendo por isso, chamados erroneamente "raposa", vistos como nocivos e caçados pelos caiçaras, que costumam comê-lo frito com farofa, apesar do cheiro forte de sua carne. Esse comportamento do gambá em predar galinheiros é frequente no inverno e por escassez de frutos, sobretudo banana madura. Também é comum se alimentar dos caramujos-africanos.

Gambá fêmea, com a bolsa marsupial cheia de filhotes

As gambás fêmeas são poliéstricas, com o ciclo estral de cerca de 28 dias. Os gambás podem reproduzir-se de uma a três vezes por ano. O período de gestação é de 12 a 13 dias, um dos mais curtos entre os marsupiais, e, apesar de produzir cerca de 22 embriões, a ninhada é de em torno de 8 filhotes após o nascimento.[9] Como nos outros marsupiais, o período de implantação é curto ou ausente, e os filhotes nascem como embriões[10] por um canal pseudovaginal desenvolvido durante o parto, com cerca de 1 cm. Os embriões se dirigem para o marsúpio, onde a boca do embrião é fixada temporariamente à extremidade do mamilo da mãe. Os filhotes permanecem no marsúpio entre 75 e 80 dias após o nascimento,[7] e quando crescem não são ainda capazes de viver sozinhos, sendo transportados pela mãe em seu dorso. Em cativeiro, o período de vida é de dois a quatro anos.

Comportamento

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São animais solitários, exceto durante a época reprodutiva. Apresentam hábitos noturnos e crepusculares,[10] se abrigam em cavidades entre rochas ou dentro de troncos ocos, sob a cobertura de arbustos ou plantas mortas e até dentro em tocas, muitas vezes cavadas por eles mesmos.

São marsupiais nômades que apenas permanecem em um mesmo lugar durante períodos variáveis de tempo em função da espécie e distribuição geográfica, mostrando sinais de comportamento territorial e agressivo, defendendo-se violentamente de outros congêneres. Apenas as fêmeas, ocasionalmente, tendem a viver em pequenos grupos, enquanto os machos, por sua vez, costumam brigar quando se encontram.

Apesar da agressividade e aparência feroz que caracteriza as espécies deste gênero, quando se sentem ameaçados, às vezes fingem estar mortos (tanatose) até que o predador desista.[11] Deitados lateralmente em um estado catatônico, com os músculos completamente flácidos, somente um eletroencefalograma pode mostrar o estado de alerta extremo em que eles se encontram.[12]

Por serem animais muito oportunistas e onívoros,[13] eles também se adaptaram à vida em ambientes urbanos, embora não sejam vistos com frequência devido ao seu comportamento noturno e evasivo. As maiores ameaças a esses animais, além da destruição de habitat, são atropelamentos nas estradas, ataques de animais domésticos como cães e também conflitos com humanos.[14] Algumas comunidades locais em certas regiões também os caçam para se alimentar.

Cladograma de Didelphis extantes[15][16]

D. virginiana

D. aurita

D. marsupialis

D. albiventris

D. imperfecta

D. pernigra

Distribuição geográfica

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Gambá (Didelphis virginiana), com pelagem de inverno

Os gambás podem ser encontrados em várias regiões das Américas, desde o Canadá até a Argentina. No território brasileiro, há, pelo menos, quatro espécies:

As outras duas espécies que não são encontradas no território brasileiro são:

Referências

  1. a b FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.832
  2. AMARAL, Amadeu. O Dialecto Caipira. [S.l.: s.n.] p. 201 
  3. «Hoje vamos falar sobre o nosso querido gambá». Revista My Pet. 8 de fevereiro de 2018. Consultado em 5 de abril de 2021 
  4. Planeta dos gambás: animais se espalham em vários bairros do Rio
  5. NAVARRO, E. A. Dicionário de Tupi Antigoː a Língua Indígena Clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. p. 439.
  6. Allen, J. A. (Joel Asaph) (1901). «A preliminary study of the North American opossums of the genus Didelphis. Bulletin of the AMNH ; v. 14, article 11.». Consultado em 28 de dezembro de 2023 
  7. a b Krause, William J.; Krause, Winifred A. (2006). The Opossum: Its Amazing Story. [S.l.: s.n.] p. 43 
  8. Cáceres, Nilton C. (1 de agosto de 2002). «Food Habits and Seed Dispersal by the White-Eared Opossum, Didelphis albiventris, in Southern Brazil». Studies on Neotropical Fauna and Environment (2): 97–104. ISSN 0165-0521. doi:10.1076/snfe.37.2.97.8582. Consultado em 31 de dezembro de 2023 
  9. Harder, John D.; Stonerook, Michael J.; Pondy, Jacqueline (agosto de 1993). «Gestation and placentation in two new world opossums: Didelphis virginiana and Monodelphis domestica». Journal of Experimental Zoology (em inglês) (5): 463–479. ISSN 0022-104X. doi:10.1002/jez.1402660511. Consultado em 31 de dezembro de 2023 
  10. a b Nelio R. dos Reis et al. (2006). Mamíferos do Brasil. Londrina: [s.n.] pp. 35–38 
  11. a b c Gardner, A. (2007). Mammals of South America. [S.l.]: The University of Chicago Press. ISBN 978-0-226-28240-4 
  12. Barratt, E. S. (1965). EEG correlates of tonic immobility in the opossum (Didelphis virginiana). Electroencephalography and clinical neurophysiology, 18(7), 709-711.
  13. Cerboncini, R. A. S., Passamani, M., & Braga, T. V. (2011). «Use of space by the black-eared opossum Didelphis aurita in a rural area in southeastern Brazil». Mammalia. 75 (3): 287-290 
  14. a b «Didelphis albiventris, Lund 1840». Museu Cerrado. Consultado em 22 de outubro de 2020 
  15. Upham, Nathan S.; Esselstyn, Jacob A.; Jetz, Walter (2019). «Inferring the mammal tree: Species-level sets of phylogenies for questions in ecology, evolution and conservation». PLOS Biol. 17 (12): e3000494. PMC 6892540Acessível livremente. PMID 31800571. doi:10.1371/journal.pbio.3000494 
  16. Amador, Lucila I.; Giannini, Norberto P. (2016). «Phylogeny and evolution of body mass in didelphid marsupials (Marsupialia: Didelphimorphia: Didelphidae)». Organisms Diversity & Evolution. 16 (3). doi:10.1007/s13127-015-0259-x 
  17. Nascimento, D. C., Campos, B. A. T. P., Fraga, E. C., & Barros, M. C. (2019). «Variabilidade genética de populações de gambá de orelha branca, Didelphis albiventris Lund 1840 (Didelphimorphia; Didelphidae) no Brasil». Brazilian Journal of Biology. 79 (4): 594-602. ISSN 1678-4375. doi:10.1590/1519-6984.184842 
  18. «Gambá Didelphis albiventris». ufrgs.br. Consultado em 22 de outubro de 2020 
  19. Emmons, L.H.; Feer, F. (1997). Neotropical rainforest mammals: a field guide. [S.l.]: University of Chicago Press 
  20. Leila Siciliano Martina (2014). «Didelphis marsupialis | southern opossum». animaldiversity.org. Consultado em 22 de outubro de 2020 
  21. Cherem, J. J., Graipel, M. E., Menezes, M. E., & Soldateli, M. (1996). «Observações sobre a biologia do gambá (Didelphis marsupialis) na Ilha de Ratones Grande, Estado de Santa Catarina, Brasil». Biotemas. 9 (2): 47-56 
  22. Chébez, J.C. (2009). Otros que se van. Fauna argentina amenazada (em espanhol). Buenos Aires, Argentina: Albatros 
  • GARDNER, A. L. (2005). Order Didelphimorphia. In: WILSON, D. E.; REEDER, D. M. (Eds.) Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference. 3ª edição. Baltimore: Johns Hopkins University Press. p. 3-18.

Ligações externas

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