Jacuguaçu: diferenças entre revisões
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| estado_ref = <ref name="iucn status 23 de abril de 2022">{{cite iucn |author=BirdLife International |date=2016 |title=''Penelope obscura'' |volume=2016 |page=e.T22678389A92771775 |doi=10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22678389A92771775.en |access-date=23 de abril de 2022}}</ref> |
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O '''jacuguaçu''' ou '''jacuaçu''' ( |
O '''jacuguaçu'''<ref>{{citar web|ultimo=Paixão|primeiro=Paulo|titulo=Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo|edição=2.ª|publicado=A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias|numero=66 (separata)|data=Verão de 2021|issn=1830-7809|acessodata=13 de janeiro de 2022|url=https://ec.europa.eu/translation/portuguese/magazine/documents/folha66_separata1_pt.pdf|página=100|arquivourl=http://web.archive.org/web/20220423172915/https://ec.europa.eu/translation/portuguese/magazine/documents/folha66_separata1_pt.pdf|arquivodata=23 de abril de 2022}}</ref> ou '''jacuaçu'''<ref>{{Citar web|url=https://michaelis.uol.com.br/busca?id=2aW4p|título=Jacuaçu|publicado=Michaelis|acessodata=23 de abril de 2022}}</ref> ([[nomenclatura binomial|nome científico]]: ''Penelope obscura'') é uma [[Aves|ave]] da família dos [[cracídeos]] (''Cracidae''), que habita a [[Mata Atlântica]] no Brasil, nas regiões Sudeste e Sul do país. Sua área de distribuição estende-se também à [[Argentina]], [[Uruguai]], [[Paraguai]] e [[Bolívia]]. Sua família assemelha-se morfologicamente aos seus parentes distantes, os faisões e perdizes europeus e asiáticos (pertencentes à ordem dos [[Galináceos|Galiformes]]), diferindo deles em costumes diários, pelo fato de preferirem habitats florestais aos campestres, nidificarem em árvores, e não no chão, e terem uma alimentação mais [[Frugívoro|frugívora]] do que [[Granívoro|granívora]]. Os cracídeos são importantes dispersores de sementes e aparentemente têm papel fundamental em manter a floresta tropical através da dispersão de suas plantas preferidas.<ref name=":1">{{citar web|url=http://glo.bo/17rVlhO|titulo=Jacuguaçu - notícias em fauna|data=18/02/2015|acessodata=23 de abril de 2022|publicado=G1 Portal de Notícias|arquivodata=23 de abril de 2022|arquivourl=http://web.archive.org/web/20220423210945/https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/fauna/noticia/2015/02/jacuacu.html}}</ref><ref name=":2" /><ref name=":0" /> |
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[[File:Penelope obscura.23.jpg|thumb|Ave com filhote|alt=]] |
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== Etimologia == |
== Etimologia == |
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''Jacuguaçu'' é originário da junção dos termos [[Língua tupi|tupis]] ''ya'ku'' ([[jacu]]) e ''wa'su'' (grande), significando, portanto, "jacu grande".<ref>{{Citar livro|sobrenome=Ferreira|nome=A. B. H.|título=Novo dicionário da língua portuguesa|edição=2.ª|local=Rio de Janeiro|editora=Nova Fronteira| página=979, 40, 871}}</ref> Outro nome atribuído a ela é jacu, palavra em tupi que de certo modo resume parte de sua natureza, pelo menos ao alimentar. Significa “o que come grãos”.<ref name=":1" /> |
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Outro nome atribuído a ela é jacu, palavra em tupi que de certo modo resume parte de sua natureza, pelo menos ao alimentar. Significa “o que come grãos”.<ref name=":1" /> |
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Segundo a [[União Internacional para a Conservação da Natureza|IUCN]],apesar do desmatamento e a caça estar afetando a vida dessa ave, o seu estado de conservação ainda é "[[Espécie pouco preocupante|pouco preocupante]]". Considerando sua situação de ameaça de [[extinção]] a manutenção e criação dessas aves torna-se extremamente importante para a [[preservação]] da espécie.<ref name=":2" /><ref name=":1" /> |
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== Características == |
== Características == |
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O jacu é uma ave relativamente robusta (o jacuguaçu pertence ao grupo dos jacus de porte médio), quando adulto seu tamanho e peso variam consideravelmente: o peso normalmente está entre 1 a 2 kg, já o comprimento do bico a ponta da cauda varia de 68 a 73 cm. |
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⚫ | O filhote do jacu possui a íris cinza-clara e com duas semanas de vida essa [[íris]] se torna marrom-escura e permanecendo assim até a vida adulta. Seu bico quando filhote é alaranjado podendo em alguns indivíduos variar para a cor rosa, enquanto sua mandíbula tem a extremidade distal entre as cores roxo e rosado. Ainda filhote o jacu possui uma faixa escura ao longo do corpo, desde a testa até o final do dorso, podendo ser irregular na cabeça, alargando-se no alto dorso (formando o manto). Pode ser completamente escura, mas geralmente apresenta a parte central irregular, marrom ou castanha, e o manto é malhado com essas cores. Já adulto, o jacuguaçu tem o bico negro com exceção da região da narina que possui uma variação do cinza ao preto. Essa melanização não é uniforme, mas costuma ocorrer do meio às pontas, e aos 45 dias o pinto já pode ter o maxilar negra, com exceção da extremidade branca que só desaparece a partir dos quatro meses. Possui barbelas pouco desenvolvidas, não tendo [[crista]], e uma plumagem basicamente escura, entre o preto e o marrom. Tem olhos vermelhos. Distingue-se da sua parente próxima, a [[jacupemba]] (''Penelope superciliaris''), por ser maior e possuir patas de cor escura, puxando para o cinza (daí o seu nome científico, ''obscura'') enquanto a jacupemba é menor (55 centímetros) e possui patas avermelhadas. É espécie [[Caça|cinegética]], sendo atraído pelo caçador através de um pio específico. Sua vocalização consiste em sons peculiares, semelhantes a grasnidos e ao cacarejo de forma intermitente e não possuem diferenças significativas dos machos para as fêmeas. Aos 75 dias, o filhote já pia em tom mais grave e aos 105 dias já é capaz de produzir os mesmos sons que um indivíduo adulto. Quando exposto a situações estressantes, emite um som rouco e agressivo. Caminha longas distâncias na floresta geralmente em pares ou grupos de dez [[aves]], e frequenta pomares em bordas de mata. Seu ninho é feito com uma tigela de gravetos forrada com folhas, oculto na [[vegetação]] a em média a três metros de altitude. São chocados em média de dois ou quatros ovos em aproximadamente 28 dias.<ref name=":1" /><ref name=":2" /><ref name=":0" /> |
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Parece vagamente um [[pavão]] - daí seu nome [[Língua castelhana|castelhano]] ''pava de monte'' - pelo tamanho e pelo corpo e pescoço alongados - que facilitam o seu acesso aos frutos, já que permitem-lhe introduzir o corpo e/ou a cabeça entre a ramagem - mas distingue-se do pavão pela ausência de cauda longa, de plumagem brilhante, e de [[dimorfismo sexual]] acentuado. Vive em pequenos bandos familiares (casal e filhotes). |
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== Alimentação == |
== Alimentação == |
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A alimentação do jacuguaçu é a base de frutos, folhas e animais [[invertebrados]]. Tem preferencia pelo fruto, folhas e brotos do murici (''[[Byrsonima crassifolia]]'' e da caneleira, e agem como dispersor de sementes para diversas palmeiras, como a [[Içara (palmeira)|içara]] (''Euterpe edulis''), ou as palmeiras do gênero ''[[Syagrus]]''. Apesar de seu porte, voa e se esgueira agilmente entre a densa vegetação das copas das árvores, deslocando-se de manhã e no final da tarde em busca de frutos de espécies nativas, como a [[jabuticaba]] (''Plinia cauliflora''), a [[pitanga]] (''Eugenia uniflora''), o [[palmito]], a [[amora]] e a [[Embaúba (árvore)|embaúba]] (''Cecropia'' spp.) ou mesmo exóticas, como o [[jamelão]] (''Syzygium cumini'') ou o [[caqui]] (''Diospyros ssp.''), atuando como importante dispersor de sementes, mesmo em [[floresta secundária|florestas secundárias]]. Pode vir a alimentar-se no chão e também danificar hortas ao alimentar-se de [[hortaliça]]s cultivadas. <ref name=":0">{{citar periódico|ultimo=Neves|primeiro=Valéria Pequeno Pedrosa|data=8 de dezembro de 1988|titulo=Aspectos da Ontogenia do Jacu-guaçu (Penelope obscura bronzina Hellmayr, 1914), segundo levantamento em cativeiro|url=https://pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/4484/1/458845.pdf|jornal=Dissertação, UFRJ|acessodata=23 de abril de 2022}}</ref><ref name=":2">{{citar web|url=http://arquivo.ambiente.sp.gov.br/publicacoes/2016/12/guiaadeaavesamataaatlntica.pdf|titulo=Guia de Aves da Mata Atlântica|edição=1.ª|acessodata=23 de abril de 2022|publicado=WWF-Brasil e Governo de São Paulo|data=2010}}</ref> |
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== Distribuição geográfica e habitat == |
== Distribuição geográfica e habitat == |
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⚫ | O jacuguaçu é presente desde a região amazônica (entenda-se do Sul do [[Rio Amazonas]], indo do Maranhão para o Oeste até o [[Rio Madeira]]) até o Rio Grande do Sul. Esta ave também tem registro em outros países da América do Sul como na [[Argentina]], [[Bolívia]], [[Paraguai]] e [[Uruguai]]. Esta capacidade de adaptação |
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⚫ | O jacuguaçu é presente desde a região amazônica (entenda-se do Sul do [[Rio Amazonas|Amazonas]], indo do [[Maranhão]] para o Oeste até o [[Rio Madeira|Madeira]]) até o [[Rio Grande do Sul]], embora seja mais comum sudeste, desde o estado do [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]] até [[Santa Catarina]] e também ao leste de [[Minas Gerais]]. Esta ave também tem registro em outros países da América do Sul como na [[Argentina]], [[Bolívia]], [[Paraguai]] e [[Uruguai]]. Esta capacidade de adaptação ajudou na preservação da espécie, que é ainda relativamente abundante no Sudeste do Brasil, mesmo fora do sistema de unidades de proteção, enquanto outras espécies da [[guilda]] regional de cracídeos - o [[mutum-do-sudeste]] (''Crax blumenbachii'') e a [[Jacutinga (ave)|jacutinga]] (''Pipile jacutinga'') - encontram-se extintas fora de algumas poucas áreas protegidas. Empoleira-se facilmente nos ramos mais finos, apesar do tamanho.<ref name=":1" /><ref name=":2" /><ref name=":3">{{citar periódico|ultimo=Vasconcelos|primeiro=M|data=2003|titulo=Novos registros ornitológicos para a Serra do Caraça, Brasil: comentários sobre distribuição geográfica das espécies.|url=https://www.researchgate.net/profile/Giovanni_Mauricio/publication/238776480_Novos_registros_ornitologicos_para_a_Serra_do_Caraca_Brasil_com_comentarios_sobre_distribuicao_geografica_de_algumas_especies/links/0c96053a8d948b26dc000000/Novos-registros-ornitologicos-para-a-Serra-do-Caraca-Brasil-com-comentarios-sobre-distribuicao-geografica-de-algumas-especies.pdf|jornal=PDF Instituto de Ciências Biolgicas-UFMG|acessodata=23 de abril de 2022}}</ref> |
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=== Distribuição no Brasil === |
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O jacuguaçu ocorre principalmente no sudeste brasileiro, desde o estado do Rio de Janeiro até Santa Catarina e também ao leste de Minas Gerais. Ele habita as regiões serranas da Mata Atlântica.<ref name=":2" /><ref name=":3" />[[Ficheiro:Penelope obscura (head).JPG|miniaturadaimagem|Olho vermelho característico da espécie]] |
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== Ecologia e Comportamento == |
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== Ecologia e comportamento == |
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Em sua vida livre os jacus passam boa parte de seu tempo nas copas das arvores, não é tão comum vê-los no chão, mas esse hábito lhes é comum para a alimentação (ao contrário das galinhas suas parentes distantes os jacus não possuem o hábito de ciscar o chão). Apesar de serem arborículas não são ótimos voadores, conseguem se movimentar silenciosamente por entre as arvores. Na [[literatura]] possuem poucas informações sobre a reprodução destes animais na natureza, sua monogamia e período de incubação (28 dias) são as poucas referências dadas a estes animais. <ref name=":0" /><ref name=":2" /> |
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⚫ | Os jacuguaçus são extremamente individualistas. Após a instalação do grupo em uma localização não é aceito mais nenhum cracídeo no local. Por serem animais com hábitos grupais (é mais provável encontrá-los em pares ou em grupos do que sozinhos) possuem um sistema de [[Hierarquia|hierarquização]] (indivíduos maiores costumam dominar o bando). A [[maturidade sexual]] destes animais é atingida por volta de um ano de idade, quando são formadas novas [[cópula]]s entre o grupo e o nascimento de novos filhotes. Em sua vida livre, passam boa parte de seu tempo nas copas das arvores. Não é tão comum vê-los no chão, mas esse hábito lhes é comum à alimentação (ao contrário das [[galinha]]s, suas parentes distantes jacuguaçus não possuem o hábito de ciscar o chão). Apesar de serem arborícolas, não são ótimos voadores, mas conseguem se movimentar silenciosamente por entre as arvores. Na [[literatura]] há poucas informações sobre a reprodução destes animais na natureza. Sua [[monogamia]] e período de incubação (28 dias) são as poucas referências dadas a estes animais.<ref name=":0" /><ref name=":2" /> |
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=== Hábitos em cativeiro === |
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O [[Cortejo sexual|cortejamento]] de |
O [[Cortejo sexual|cortejamento]] de jacuguaçus machos para com as fêmeas em [[cativeiro]] inclui o oferecimento de pedrinhas, palhas do ninho, galinhos, folhas ou comida com o bico. O trabalho do [[ninho]] é dado ao macho (a fêmea costuma observar o parceiro e parece inspecionar o trabalho feito) que enquanto trabalhava vocalizava um pio baixinho e constantemente movimenta a cabeça lateralmente. As fêmeas em seu período de reprodução costumam apresentar um movimento continuo (uma espécie de dança) inclinando o corpo para frente com a cauda levantada. Em situações de perigo, os pais jacuguaçus abrem suas caudas e os pintos se escondem embaixo delas enquanto todos se locomovem. Também é comum um dos adultos, principalmente o macho, defender a sua prole assumindo uma posição de ataque contra o agressor.<ref name=":2" /><ref name=":0" /> |
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== Conservação == |
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Segundo a [[União Internacional para a Conservação da Natureza]] (UICN / IUCN), apesar do desmatamento e a caça estar afetando a vida dessa ave, o seu estado de conservação ainda é "[[Espécie pouco preocupante|pouco preocupante]]". Considerando sua situação de ameaça de [[extinção]] a manutenção e criação dessas aves torna-se extremamente importante para a [[preservação]] da espécie.<ref name=":2" /><ref name=":1" /> Em 2005, foi listado como vulnerável na Lista de espécies ameaçadas de extinção do Estado do [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]];<ref>{{Citar web|url=https://iema.es.gov.br/especies-ameacadas/fauna_ameacada|titulo=IEMA - Espécies Ameaçadas|acessodata=2022-04-12|website=iema.es.gov.br}}</ref> e em 2018, como pouco preocupante na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do [[Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade]] (ICMBio).<Ref>{{Citar web|url=https://ala-bie.sibbr.gov.br/ala-bie/species/249620?lang=pt_BR|título=''Penelope obscura'' Humboldt|publicado=Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr)|acessodata=22 de abril de 2022}}</ref> |
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{{referências}} |
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== Bibliografia == |
== Bibliografia == |
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* Evangelista-Vargas |
* {{Citar periódico|sobrenome=Evangelista-Vargas|nome=O. D.|sobrenome2=Silveira|nome2=L. F.|título=Morphological evidence for the taxonomic status of the Bridge’s Guan, Penelope bridgesi, with comments on the validity of P. obscura bronzina (Aves: Cracidae)|jornal=Zoologia|volume=35|ano=2018|páginas=1-10| doi=10.3897/zoologia.35.e12993}} |
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*VAURIE, e. , 1968. Taxonorny of the Cracidae. riat . 'Hist . . , New York, 138 ( 4) : 1 33-259. BulL Am . Mus . |
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*SICK, H. & D. M. TEIXEIRA, 1979. Notas sobre aves brasileiras raras ou ameaçadas de extinção. Rio de J. , 62, 39 pp . |
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* {{Citar periódico|sobrenome=Sick|nome=H.|sobrenome2=Teixeira|nome2=D. M.|ano=1979|título=Notas sobre aves brasileiras raras ou ameaçadas de extinção| local=Rio de Janeiro|jornal=Notas sobre aves brasileiras raras ou ameaçadas de extinção|volume=62|página=39}} |
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[[Categoria:Aves descritas em 1815]] |
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Revisão das 21h26min de 23 de abril de 2022
Jacuguaçu | |||||||||||||||
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Espécime com filhote
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Estado de conservação | |||||||||||||||
Vulnerável (IUCN 3.1) [1] | |||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Penelope obscura Temminck, 1815 | |||||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||||
Distribuição geográfica do jacuguaçu
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O jacuguaçu[2] ou jacuaçu[3] (nome científico: Penelope obscura) é uma ave da família dos cracídeos (Cracidae), que habita a Mata Atlântica no Brasil, nas regiões Sudeste e Sul do país. Sua área de distribuição estende-se também à Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. Sua família assemelha-se morfologicamente aos seus parentes distantes, os faisões e perdizes europeus e asiáticos (pertencentes à ordem dos Galiformes), diferindo deles em costumes diários, pelo fato de preferirem habitats florestais aos campestres, nidificarem em árvores, e não no chão, e terem uma alimentação mais frugívora do que granívora. Os cracídeos são importantes dispersores de sementes e aparentemente têm papel fundamental em manter a floresta tropical através da dispersão de suas plantas preferidas.[4][5][6]
Etimologia
Jacuguaçu é originário da junção dos termos tupis ya'ku (jacu) e wa'su (grande), significando, portanto, "jacu grande".[7] Outro nome atribuído a ela é jacu, palavra em tupi que de certo modo resume parte de sua natureza, pelo menos ao alimentar. Significa “o que come grãos”.[4]
Características
O filhote do jacu possui a íris cinza-clara e com duas semanas de vida essa íris se torna marrom-escura e permanecendo assim até a vida adulta. Seu bico quando filhote é alaranjado podendo em alguns indivíduos variar para a cor rosa, enquanto sua mandíbula tem a extremidade distal entre as cores roxo e rosado. Ainda filhote o jacu possui uma faixa escura ao longo do corpo, desde a testa até o final do dorso, podendo ser irregular na cabeça, alargando-se no alto dorso (formando o manto). Pode ser completamente escura, mas geralmente apresenta a parte central irregular, marrom ou castanha, e o manto é malhado com essas cores. Já adulto, o jacuguaçu tem o bico negro com exceção da região da narina que possui uma variação do cinza ao preto. Essa melanização não é uniforme, mas costuma ocorrer do meio às pontas, e aos 45 dias o pinto já pode ter o maxilar negra, com exceção da extremidade branca que só desaparece a partir dos quatro meses. Possui barbelas pouco desenvolvidas, não tendo crista, e uma plumagem basicamente escura, entre o preto e o marrom. Tem olhos vermelhos. Distingue-se da sua parente próxima, a jacupemba (Penelope superciliaris), por ser maior e possuir patas de cor escura, puxando para o cinza (daí o seu nome científico, obscura) enquanto a jacupemba é menor (55 centímetros) e possui patas avermelhadas. É espécie cinegética, sendo atraído pelo caçador através de um pio específico. Sua vocalização consiste em sons peculiares, semelhantes a grasnidos e ao cacarejo de forma intermitente e não possuem diferenças significativas dos machos para as fêmeas. Aos 75 dias, o filhote já pia em tom mais grave e aos 105 dias já é capaz de produzir os mesmos sons que um indivíduo adulto. Quando exposto a situações estressantes, emite um som rouco e agressivo. Caminha longas distâncias na floresta geralmente em pares ou grupos de dez aves, e frequenta pomares em bordas de mata. Seu ninho é feito com uma tigela de gravetos forrada com folhas, oculto na vegetação a em média a três metros de altitude. São chocados em média de dois ou quatros ovos em aproximadamente 28 dias.[4][5][6]
Alimentação
A alimentação do jacuguaçu é a base de frutos, folhas e animais invertebrados. Tem preferencia pelo fruto, folhas e brotos do murici (Byrsonima crassifolia e da caneleira, e agem como dispersor de sementes para diversas palmeiras, como a içara (Euterpe edulis), ou as palmeiras do gênero Syagrus. Apesar de seu porte, voa e se esgueira agilmente entre a densa vegetação das copas das árvores, deslocando-se de manhã e no final da tarde em busca de frutos de espécies nativas, como a jabuticaba (Plinia cauliflora), a pitanga (Eugenia uniflora), o palmito, a amora e a embaúba (Cecropia spp.) ou mesmo exóticas, como o jamelão (Syzygium cumini) ou o caqui (Diospyros ssp.), atuando como importante dispersor de sementes, mesmo em florestas secundárias. Pode vir a alimentar-se no chão e também danificar hortas ao alimentar-se de hortaliças cultivadas. [6][5]
Distribuição geográfica e habitat
O jacuguaçu é presente desde a região amazônica (entenda-se do Sul do Amazonas, indo do Maranhão para o Oeste até o Madeira) até o Rio Grande do Sul, embora seja mais comum sudeste, desde o estado do Rio de Janeiro até Santa Catarina e também ao leste de Minas Gerais. Esta ave também tem registro em outros países da América do Sul como na Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai. Esta capacidade de adaptação ajudou na preservação da espécie, que é ainda relativamente abundante no Sudeste do Brasil, mesmo fora do sistema de unidades de proteção, enquanto outras espécies da guilda regional de cracídeos - o mutum-do-sudeste (Crax blumenbachii) e a jacutinga (Pipile jacutinga) - encontram-se extintas fora de algumas poucas áreas protegidas. Empoleira-se facilmente nos ramos mais finos, apesar do tamanho.[4][5][8]
Ecologia e comportamento
Os jacuguaçus são extremamente individualistas. Após a instalação do grupo em uma localização não é aceito mais nenhum cracídeo no local. Por serem animais com hábitos grupais (é mais provável encontrá-los em pares ou em grupos do que sozinhos) possuem um sistema de hierarquização (indivíduos maiores costumam dominar o bando). A maturidade sexual destes animais é atingida por volta de um ano de idade, quando são formadas novas cópulas entre o grupo e o nascimento de novos filhotes. Em sua vida livre, passam boa parte de seu tempo nas copas das arvores. Não é tão comum vê-los no chão, mas esse hábito lhes é comum à alimentação (ao contrário das galinhas, suas parentes distantes jacuguaçus não possuem o hábito de ciscar o chão). Apesar de serem arborícolas, não são ótimos voadores, mas conseguem se movimentar silenciosamente por entre as arvores. Na literatura há poucas informações sobre a reprodução destes animais na natureza. Sua monogamia e período de incubação (28 dias) são as poucas referências dadas a estes animais.[6][5]
O cortejamento de jacuguaçus machos para com as fêmeas em cativeiro inclui o oferecimento de pedrinhas, palhas do ninho, galinhos, folhas ou comida com o bico. O trabalho do ninho é dado ao macho (a fêmea costuma observar o parceiro e parece inspecionar o trabalho feito) que enquanto trabalhava vocalizava um pio baixinho e constantemente movimenta a cabeça lateralmente. As fêmeas em seu período de reprodução costumam apresentar um movimento continuo (uma espécie de dança) inclinando o corpo para frente com a cauda levantada. Em situações de perigo, os pais jacuguaçus abrem suas caudas e os pintos se escondem embaixo delas enquanto todos se locomovem. Também é comum um dos adultos, principalmente o macho, defender a sua prole assumindo uma posição de ataque contra o agressor.[5][6]
Conservação
Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN), apesar do desmatamento e a caça estar afetando a vida dessa ave, o seu estado de conservação ainda é "pouco preocupante". Considerando sua situação de ameaça de extinção a manutenção e criação dessas aves torna-se extremamente importante para a preservação da espécie.[5][4] Em 2005, foi listado como vulnerável na Lista de espécies ameaçadas de extinção do Estado do Espírito Santo;[9] e em 2018, como pouco preocupante na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[10]
Referências
- ↑ BirdLife International (2016). «Penelope obscura». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2016: e.T22678389A92771775. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22678389A92771775.en. Consultado em 23 de abril de 2022
- ↑ Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 100. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022
- ↑ «Jacuaçu». Michaelis. Consultado em 23 de abril de 2022
- ↑ a b c d e «Jacuguaçu - notícias em fauna». G1 Portal de Notícias. 18 de fevereiro de 2015. Consultado em 23 de abril de 2022. Cópia arquivada em 23 de abril de 2022
- ↑ a b c d e f g «Guia de Aves da Mata Atlântica» (PDF) 1.ª ed. WWF-Brasil e Governo de São Paulo. 2010. Consultado em 23 de abril de 2022
- ↑ a b c d e Neves, Valéria Pequeno Pedrosa (8 de dezembro de 1988). «Aspectos da Ontogenia do Jacu-guaçu (Penelope obscura bronzina Hellmayr, 1914), segundo levantamento em cativeiro» (PDF). Dissertação, UFRJ. Consultado em 23 de abril de 2022
- ↑ Ferreira, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa 2.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 979, 40, 871
- ↑ Vasconcelos, M (2003). «Novos registros ornitológicos para a Serra do Caraça, Brasil: comentários sobre distribuição geográfica das espécies.» (PDF). PDF Instituto de Ciências Biolgicas-UFMG. Consultado em 23 de abril de 2022
- ↑ «IEMA - Espécies Ameaçadas». iema.es.gov.br. Consultado em 12 de abril de 2022
- ↑ «Penelope obscura Humboldt». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 22 de abril de 2022
Bibliografia
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