Amauni: diferenças entre revisões
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|legenda = Amauni usando a [[Dexerete|coroa vermelha]]; um desenho moderno baseado em representações da Antiguidade |
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|parentesco = forma feminina de [[Amon]] |
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'''Amauni''' ({{langx|grc|Αμαυνι}}),{{sfn|Daniel|2013|p=64}}{{sfn|Henricks|2013|p=123}} '''Amunete''' ou '''Amonete''' ({{langx|egy|''jmnt''}}) foi uma deusa primordial na [[antiga religião egípcia]].{{sfn|name=Wi137|Wilkinson|2003|p=136–137}}{{sfn|name=Ha2|Hart|1986|p=2}} [[Tebas (Egito)|Tebas]] foi o centro de sua adoração durante o [[Reino Ptolomaico]]. É atestada nos primeiros textos religiosos egípcios conhecidos e, como era costume, foi emparelhada com uma contraparte que tem o mesmo nome, mas no masculino, [[Amom (deus)|Amom]]. Pensava-se que existiam antes do início da criação, juntamente com outros três casais que representavam conceitos primitivos. |
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== Descrição e história == |
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'''Amonet''' era uma deusa da [[mitologia egípcia]], a versão feminina do deus [[Amon]]. O seu nome significa "A Oculta". |
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=== Contrapartes primitivas === |
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Esta deusa surgiu na época do [[Império Antigo]], tendo o seu culto se consolidado na época do [[Império Médio]] . |
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O nome dela, ''jmnt'', é um substantivo feminino que significa "O Oculto". Ela é membro da [[Ogdóade]] de [[Hermópolis]], que representava aspectos da existência primitiva antes da criação: Amauni foi emparelhada com Amom - cujo nome também significa "O Oculto", com terminação masculina (''jmn'') - dentro deste grupo divino, desde a documentação mais antiga conhecida.<ref name=Wi137 /> Esse emparelhamento de divindades é característico dos conceitos religiosos dos antigos egípcios. Nos primeiros conceitos conhecidos como Ogdóade, o grupo de divindades primitivas ao qual pertenciam como "Noite" (ou como o determinante D41 que significa "hesitar, parar, negar", sugerindo o princípio da inatividade ou repouso),{{sfn|Budge|1904}} foi composto de quatro casais equilibrados de divindades ou conceitos primitivos deificados.{{sfn|Hart|1986|p=148}} Existe especulação de que Amauni pode ter sido concebida por teólogos posteriores como um complemento de Amom, em vez de ser originalmente uma divindade independente,<ref name=Wi137 /> no entanto, os [[Textos das Pirâmides]], os primeiros textos religiosos conhecidos do Antigo Egito, mencionam "a sombra benéfica de Amom e Amauni":{{sfn|Dungen|2002}} |
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Na [[cosmogonia]] proposta pela [[Ogdóade]] de Hermópolis, Amonet era a esposa de Amon. Ambos representavam o intangível, o oculto e o poder que não se extingue. Nesta cidade era representada como uma mulher com cabeça de [[rã]]. |
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Ó Amom e Amauni! Vós, par de deuses, que se juntastes aos deuses com vossa sombra. |
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Na cidade de [[Tebas (Egito)|Tebas]], onde era representada como uma mulher que usa a coroa vermelha do [[Baixo Egito]], será substituída pela deusa [[Mut]] como esposa de Amon. |
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— PT 446c |
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Outra possível forma de representá-la era na forma de [[vaca]]. |
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=== Culto === |
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Amonet desempenhava um importante papel nas cerimónias de entronização do [[faraó]], bem como nas festas de ''Heb-Sed'' (jubileu real, geralmente celebrado após trinta anos de reinado), onde era por vezes acompanhada pelo deus [[Min (deus)|Min]]. |
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Pelo menos pela {{lknb|XII|dinastia|egípcia}} {{-nwrap|c.|1991|1803}}, Amauni frequentemente foi substituído por [[Mute]] como parceira de Amom, à medida que cultos evoluíram ou outros semelhantes em outras regiões foram fundidos após a reunificação do Egito por {{lknb|Mentuotepe|II}} - mas Amauni permaneceu localmente importante em Tebas, onde Amom era adorado.<ref name=Wi137 /> Naquela capital do país unificado, era vista como protetora do rei, desempenhando papel proeminente nos rituais associados à [[Coroação do faraó|coroação real]] (''khaj-nisut'') e nos [[Festival Sede|festivais Sede]] (''heb-sed'') celebrando seus jubileus,<ref name=Ha2 /> e sacerdotes foram dedicados ao serviço de Amauni em [[Carnaque]], o centro de culto de Amom.{{sfn|Wilkinson|2003|p=136}} No [[Salão do Festival]] de {{lknb|Tutemés|III}} {{-nwrap|c.|1479|1425}}, Amauni é mostrado com o deus da fertilidade [[Mim]] enquanto lidera uma fileira de divindades para visitar o rei na celebração do aniversário. Apesar da posição estável de Amauni como deusa local da cidade mais importante do Egito, o seu culto começou a ter muito poucos seguidores fora da região de Tebas, que se tornou um centro religioso dominante para o país unificado.<ref name=Wi137 /> |
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No templo de Amon em [[Carnaque]], o faraó [[Tutancâmon]] mandou erguer uma estátua da deusa com Amon. |
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Amauni foi retratada como uma mulher usando a [[Dexerete]] (a coroa vermelha do [[Baixo Egito]]) e carregando um bastão de papiro - como em sua estátua colossal colocada durante o reinado de [[Tutancamom]] {{-nwrap|c.|1332|1323}} no Salão de Registros de Tutemés III em Carnaque. A razão para esta iconografia é incerta.<ref name=Wi137 /> Embora tenha permanecido uma divindade distinta até o [[Reino Ptolomaico]] {{-nwrap||323|30}}, em alguns textos posteriores de Carnaque Amauni foi sincretizada com [[Neite]] e foi esculpida pelo faraó amamentado {{lknb|Filipe|III|da Macedônia}} {{-nwrap|r.|323|317}}, que aparece como um criança divina imediatamente após sua própria entronização, numa parede externa do Salão do Festival da {{lknb|XVIII|dinastia|egípcia}} de Tutemés III em Carnaque.<ref name=Ha2 /> |
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Amonet foi identificada pelos [[Grécia Antiga|Gregos]] como a deusa [[Atena]]. |
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== Bibliografia == |
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* {{Citar livro|sobrenome=Daniel|nome=Robert W.|ano=2013|título=Two Greek Magical Papyri in the National Museum of Antiquities in Leiden: A Photographic Edition of J 384 and 395 (=PGM XII and XIII)|local=Berlim|editora=Springer|isbn=978-3-663-05377-4|ref=harv}} |
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* {{Citar web|sobrenome=Dungen|nome=Wim van den|ano=2002|url=https://www.maat.sofiatopia.org/amun.htm|título=Amun, the Great God: Hidden, One and Millions ref=harv}} |
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* {{Citar livro|sobrenome=Hart|nome=George|título=A Dictionary of Egyptian Gods and Goddesses|local=Londres e Nova Iorque|editora=Routledge|ano=1986|isbn= 0-415-05909-7|ref=harv}} |
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* {{Citar livro|sobrenome=Henrichs|nome=Albert|ano=2013|título=Papyri Graecae magicae / Die griechischen Zauberpapyri|local=Berlim|editora=Walter de Gruyter|isbn=978-3-11-095126-4|ref=harv}} |
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* {{Citar livro|sobrenome=Wilkinson|nome=Richard H.|ano=2003|título=The Complete Gods and Goddesses of Ancient Egypt|local=Londres|editora=Thames & Hudson |ref=harv}} |
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{{mitologia egípcia}} |
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[[Categoria:Deusas egípcias]] |
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Revisão das 21h20min de 29 de novembro de 2023
| Amauni | ||||||||||
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 Amauni usando a coroa vermelha; um desenho moderno baseado em representações da Antiguidade | ||||||||||
| Nome nativo |
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| Local de culto | Hermópolis, Tebas | |||||||||
| Cônjuge(s) | Amom | |||||||||
Amauni (em grego clássico: Αμαυνι),[1][2] Amunete ou Amonete (em egípcio: jmnt) foi uma deusa primordial na antiga religião egípcia.[3][4] Tebas foi o centro de sua adoração durante o Reino Ptolomaico. É atestada nos primeiros textos religiosos egípcios conhecidos e, como era costume, foi emparelhada com uma contraparte que tem o mesmo nome, mas no masculino, Amom. Pensava-se que existiam antes do início da criação, juntamente com outros três casais que representavam conceitos primitivos.
Descrição e história
Contrapartes primitivas
O nome dela, jmnt, é um substantivo feminino que significa "O Oculto". Ela é membro da Ogdóade de Hermópolis, que representava aspectos da existência primitiva antes da criação: Amauni foi emparelhada com Amom - cujo nome também significa "O Oculto", com terminação masculina (jmn) - dentro deste grupo divino, desde a documentação mais antiga conhecida.[3] Esse emparelhamento de divindades é característico dos conceitos religiosos dos antigos egípcios. Nos primeiros conceitos conhecidos como Ogdóade, o grupo de divindades primitivas ao qual pertenciam como "Noite" (ou como o determinante D41 que significa "hesitar, parar, negar", sugerindo o princípio da inatividade ou repouso),[5] foi composto de quatro casais equilibrados de divindades ou conceitos primitivos deificados.[6] Existe especulação de que Amauni pode ter sido concebida por teólogos posteriores como um complemento de Amom, em vez de ser originalmente uma divindade independente,[3] no entanto, os Textos das Pirâmides, os primeiros textos religiosos conhecidos do Antigo Egito, mencionam "a sombra benéfica de Amom e Amauni":[7]
Ó Amom e Amauni! Vós, par de deuses, que se juntastes aos deuses com vossa sombra.
— PT 446c
Culto
Pelo menos pela XII dinastia (c. 1991–1803 a.C.), Amauni frequentemente foi substituído por Mute como parceira de Amom, à medida que cultos evoluíram ou outros semelhantes em outras regiões foram fundidos após a reunificação do Egito por Mentuotepe II - mas Amauni permaneceu localmente importante em Tebas, onde Amom era adorado.[3] Naquela capital do país unificado, era vista como protetora do rei, desempenhando papel proeminente nos rituais associados à coroação real (khaj-nisut) e nos festivais Sede (heb-sed) celebrando seus jubileus,[4] e sacerdotes foram dedicados ao serviço de Amauni em Carnaque, o centro de culto de Amom.[8] No Salão do Festival de Tutemés III (c. 1479–1425 a.C.), Amauni é mostrado com o deus da fertilidade Mim enquanto lidera uma fileira de divindades para visitar o rei na celebração do aniversário. Apesar da posição estável de Amauni como deusa local da cidade mais importante do Egito, o seu culto começou a ter muito poucos seguidores fora da região de Tebas, que se tornou um centro religioso dominante para o país unificado.[3]
Amauni foi retratada como uma mulher usando a Dexerete (a coroa vermelha do Baixo Egito) e carregando um bastão de papiro - como em sua estátua colossal colocada durante o reinado de Tutancamom (c. 1332–1323 a.C.) no Salão de Registros de Tutemés III em Carnaque. A razão para esta iconografia é incerta.[3] Embora tenha permanecido uma divindade distinta até o Reino Ptolomaico (323–30 a.C.), em alguns textos posteriores de Carnaque Amauni foi sincretizada com Neite e foi esculpida pelo faraó amamentado Filipe III (r. 323–317 a.C.), que aparece como um criança divina imediatamente após sua própria entronização, numa parede externa do Salão do Festival da XVIII dinastia de Tutemés III em Carnaque.[4]
Bibliografia
- Budge, Wallis A. (1904). The Gods of the Egyptians: Or, Studies in Egyptian Mythology. 1. Londres: Methuen & Co.
- Daniel, Robert W. (2013). Two Greek Magical Papyri in the National Museum of Antiquities in Leiden: A Photographic Edition of J 384 and 395 (=PGM XII and XIII). Berlim: Springer. ISBN 978-3-663-05377-4
- Dungen, Wim van den (2002). «Amun, the Great God: Hidden, One and Millions ref=harv»
- Hart, George (1986). A Dictionary of Egyptian Gods and Goddesses. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 0-415-05909-7
- Henrichs, Albert (2013). Papyri Graecae magicae / Die griechischen Zauberpapyri. Berlim: Walter de Gruyter. ISBN 978-3-11-095126-4
- Wilkinson, Richard H. (2003). The Complete Gods and Goddesses of Ancient Egypt. Londres: Thames & Hudson
- ↑ Daniel 2013, p. 64.
- ↑ Henricks 2013, p. 123.
- ↑ a b c d e f Wilkinson 2003, p. 136–137.
- ↑ a b c Hart 1986, p. 2.
- ↑ Budge 1904.
- ↑ Hart 1986, p. 148.
- ↑ Dungen 2002.
- ↑ Wilkinson 2003, p. 136.