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Chasmosaurinae: diferenças entre revisões

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Desde a proposição da subfamília por Lambe em 1915, a [[filogenia]] dos Chasmosaurinae tem sido bastante revisada, em virtude de constante estudos e debates sobre suas [[sinapomorfia]]s (traços distintivos em comum entre membros de um mesmo grupo taxonômico). Em geral, o [[crânio]] dos membros desta subfamília tende a ser o principal fator de diagnóstico em análises filogenéticas, em especial nos folhos (ou babados) de pescoço bem como o número de chifres, quase sempre três, distribuídos um sobre a [[Osso nasal|região nasal]] e dois maiores geralmente acima do [[osso postorbital]].<ref name="Carpenter&Currie1990"/><ref name=Fowlers2020/>
Desde a proposição da subfamília por Lambe em 1915, a [[filogenia]] dos Chasmosaurinae tem sido bastante revisada, em virtude de constante estudos e debates sobre suas [[sinapomorfia]]s (traços distintivos em comum entre membros de um mesmo grupo taxonômico). Em geral, o [[crânio]] dos membros desta subfamília tende a ser o principal fator de diagnóstico em análises filogenéticas, em especial nos folhos (ou babados) de pescoço bem como o número de chifres, quase sempre três, distribuídos um sobre a [[Osso nasal|região nasal]] e dois maiores geralmente acima do [[osso postorbital]].<ref name="Carpenter&Currie1990"/><ref name=Fowlers2020/>


Estes traços ajudam a categorizar os membros de Chasmosaurinae de forma mais precisa, ao separar as [[autapomorfia]]s (traços distintivos de um táxon no terminal de um [[cladograma]]) visíveis dos traços mais genéricos do grupo, ainda que boa parte dos espécimes estejam incompletos ou em estado fragmentário.<ref name="Campbelletall2018"/> A diversidade [[Morfogênese|morfogenética]] dos Chasmosaurinae já levou a debates a respeito de que certos traços distintivos entre gêneros seriam seriam, possivelmente, aspectos da [[ontogenia]] entre alguns táxons, sendo o caso mais emblemáticos os gêneros ''[[Torosaurus]]'' e ''[[Triceratops]]''.<ref>{{citar periódico|titulo=TOROSAURUS MARSH, 1891, IS TRICERATOPS MARSH, 1889 (CERATOPSIDAE: CHASMOSAURINAE): SYNONYMY THROUGH ONTOGENY|autor1=John R. Horner|autor2=John B. Scannella|ano=2010|periódico=Journal of Vertebrate Paleontology|issn=02724634|idioma=en|volume=4|número=30|páginas=1157-1168}}</ref>
Os primeiros gêneros classificados como membros da subfamília foram descobertos no final do [[século XIX]] e começo do [[século XX]].<ref name="Sampson"/> No entanto, no decorrer da segunda década do [[século XXI]], novos gêneros foram classificados no grupo, dando mais luz as relações evolutivas dos Chasmosarinae.<ref name="Campbelletall2018"/> Estas descobertas ajudaram a sistematizar uma árvore evolutiva dos ceratopsídeos de forma mais precisa, ao separar as [[autapomorfia]]s (traços distintivos de um táxon no terminal de um [[cladograma]]) visíveis dos traços mais genéricos, ainda que boa parte dos espécimes estejam incompletos ou em estado fragmentário.<ref name="Campbelletall2018"/> A diversidade [[Morfogênese|morfogenética]] dos Chasmosaurinae já levou a debates a respeito de que certos traços distintivos entre gêneros seriam, possivelmente, aspectos da [[ontogenia]] entre alguns táxons, por exemplo, o caso dos gêneros ''[[Torosaurus]]'' e ''[[Triceratops]]''.<ref name="Scannella2010">{{citar periódico|autor=John B. Scannella|autor2=John R. Horner|data=Julho de 2010|titulo=''Torosaurus'' Marsh, 1891, is ''Triceratops'' Marsh, 1889 (Ceratopsidae: Chasmosaurinae): synonymy through ontogeny|url=|periódico=Journal of Vertebrate Paleontology|volume=30|número=4|páginas=1157–1168|doi=10.1080/02724634.2010.483632|s2cid=86767957}}</ref> Outros casos controversos são o gênero ''[[Titanoceratops]]'', que acredita-se ser um ''[[Pentaceratops]]'' idoso<ref name="longrich2011"/><ref name=Fowlers2020/> e ''[[Nedoceratops]]'',<ref name=farke/> que poderia ser um ''Torosaurus''<ref name="Campbelletall2018"/> ou uma espécie distinta de ''Triceratops''.<ref name="Scannella2010"/>


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Revisão das 22h31min de 4 de fevereiro de 2024

Chasmosaurinae
Intervalo temporal: Cretáceo Superior
78–66 Ma
Classificação científica e
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Clado: Dinosauria
Clado: Ornithischia
Subordem: Ceratopsia
Família: Ceratopsidae
Subfamília: Chasmosaurinae
Lambe, 1915
Espécie-tipo
Chasmosaurus belli
Lambe, 1902
Subgrupos
Sinónimos
  • Ceratopsinae?
    Marsh, 1888 sensu Abel, 1919
  • Eoceratopsinae
    Lambe, 1915

Chasmosaurinae é uma subfamília de dinossauros ceratopsídeos. Eles foram um dos grupos de herbívoros mais bem-sucedidos de seu tempo. Os membros deste grupo apareceram no início do andar Campaniano do Cretáceo Superior e se extinguiram, juntamente com todos os outros dinossauros não-aviários, durante o evento de extinção Cretáceo-Paleogeno. Em geral, as características mais distintivas destes dinossauros são os chifres proeminentes da testa e longos babados sem espinhos longos; geralmente tinham chifres de testa curtos e babados relativamente mais curtos, e muitas vezes tinham espinhos longos projetando-se de seus babados.

Os dinossauros de Chasmosaurinae evoluíram no oeste da América do Norte (Laramidia). Eles são atualmente conhecidos definitivamente de rochas no oeste do Canadá, oeste dos Estados Unidos e norte do México. Eles eram altamente diversos e estavam entre os grupos de dinossauros mais ricos em espécies, com novos achados sendo frequentemente descritos. Essa alta diversidade é provavelmente resultado das análises dos babados. A forma distinta do folho com as pontas nas bordas (epoccipitais) permite reconhecer espécies de restos incompletos ou fragmentários.

Descrição

Crânios de dinossauros ceratopsídeos no Museu de História Natural de Utah, a esquerda com espécimes de Centrosaurinae e direita com os de Chasmosaurinae

A subfamília Chasmosaurinae foi proposta pelo paleontólogo canadense Lawrence Lambe em 1915, ao descrever o "Eoceratops" que mais tarde foi reconhecido como uma variante do Chasmosaurus.[1][2] As principais características desta subfamília envolve o tamanho relativamente maior que os demais ceratopsídeos, chifres acima dos olhos quase sempre presentes e os folhos quase sempre ausentes de espigões epoccipitais (pontas ou saliências encontradas nos folhos de muitos ceratopsídeos).[3] Os babados (bordas do folho) são bastante diversificados, com formatos que variam de semicírculos à projeções levemente curvadas em V ou formato de coração, como no Chasmosaurus que tipica a subfamília.[4]

O tamanho maior em relação a outros ceratopsídeos foi a principal característica que Lambe utilizou para definir a classificação dos Chasmosaurinae,[1] Algo que, hoje todavia, não se demonstra preciso na sistemática dos diversos táxons de Ceratopsidae, em contraste com sua outra subfamília, Centrosaurinae, também intitulada por Lambe e que envolve táxons de características morfogênicas mais próximas ao Centrosaurus apertus.[1] O fato é que entre os Chasmosaurinae estão os maiores dinossauros ceratopsídeos já descobertos,[2] sendo que os maiores e com a tendência a folhos mais sólidos foram classificados na tribo Triceratopsini.[4][5]

Classificação

Dinossauros da subfamília Chasmosaurinae encontrados na Formação Dinosaur Park

Desde a proposição da subfamília por Lambe em 1915, a filogenia dos Chasmosaurinae tem sido bastante revisada, em virtude de constante estudos e debates sobre suas sinapomorfias (traços distintivos em comum entre membros de um mesmo grupo taxonômico). Em geral, o crânio dos membros desta subfamília tende a ser o principal fator de diagnóstico em análises filogenéticas, em especial nos folhos (ou babados) de pescoço bem como o número de chifres, quase sempre três, distribuídos um sobre a região nasal e dois maiores geralmente acima do osso postorbital.[4][6]

Os primeiros gêneros classificados como membros da subfamília foram descobertos no final do século XIX e começo do século XX.[7] No entanto, no decorrer da segunda década do século XXI, novos gêneros foram classificados no grupo, dando mais luz as relações evolutivas dos Chasmosarinae.[3] Estas descobertas ajudaram a sistematizar uma árvore evolutiva dos ceratopsídeos de forma mais precisa, ao separar as autapomorfias (traços distintivos de um táxon no terminal de um cladograma) visíveis dos traços mais genéricos, ainda que boa parte dos espécimes estejam incompletos ou em estado fragmentário.[3] A diversidade morfogenética dos Chasmosaurinae já levou a debates a respeito de que certos traços distintivos entre gêneros seriam, possivelmente, aspectos da ontogenia entre alguns táxons, por exemplo, o caso dos gêneros Torosaurus e Triceratops.[8] Outros casos controversos são o gênero Titanoceratops, que acredita-se ser um Pentaceratops idoso[5][6] e Nedoceratops,[9] que poderia ser um Torosaurus[3] ou uma espécie distinta de Triceratops.[8]

Na análise filogenética abaixo, realizada por Scott Sampson em 2010, ele classifica o gênero Chasmosaurus dentro da família dos ceratopsídeos, e estabelece a separação evolutiva entre Chasmosaurinae e Centrosaurinae, considerado o Chasmosaurus como membro mais basal do grupo até então.[7]

Ceratopsidae 

Centrosaurinae

 Chasmosaurinae 

Chasmosaurus

Mojoceratops (hoje um sinônimo de Chasmosaurus)

Agujaceratops

Utahceratops

Pentaceratops

Coahuilaceratops

Kosmoceratops

Vagaceratops

Anchiceratops

Arrhinoceratops

Ojoceratops

Eotriceratops

Torosaurus

Nedoceratops

Triceratops

Em 2011, Nicholas R. Longrich analisou as características distintivas dos Chasmosaurinae na sua diagnose do controverso gênero Titanoceratops. Nesta, ele propôs dentro da subfamília a tribo Triceratopsini, a partir da análise dos folhos (babados) dos maiores membros do grupo, considerando uma tendência a solidificação e espessamento destes, com a redução ou ausência de fenestras.[5] Em 2015, após a descoberta do gênero basal Judiceratops, ele propôs um cladograma demonstrando as relações evolutivas de Chasmosaurinae durante uma análise dos gêneros Pentaceratops e Kosmoceratops, colocando também o gênero canadense Mercuriceratops[10] como mais primitivo, dada a contemporâniedade deste com o Judiceratops, ambos do Campaniano médio, há 77 milhões de anos.[11]

Chasmosaurinae

Mercuriceratops

Judiceratops

Chasmosaurus

Chasmosaurus sp. CMN 2280

Chasmosaurus belli

Chasmosaurus irvinensis

Mojoceratops

Agujaceratops

Pentaceratops aquilonius

Chasmossauro de Williams Fork

Pentaceratops sternbergii

Utahceratops

Kosmoceratops

Kosmoceratops richardsoni

Kosmoceratops sp. CMN 8301

Anchiceratops

Chasmossauro da Formação Almond

Bravoceratops

Coahuilaceratops

Arrhinoceratops

Triceratopsini

Titanoceratops

Torosaurus

Triceratops

T. utahensis''

Triceratops horridus

Triceratops prorsus

O estudo mais recente da subfamília Chasmosaurinae conforme Denver e Elizabeth Fowler em 2020 demonstra as relações do grupo em sua grande maioria mais basais que os Triceratopsini. A análise não apresentou em sua filogenia os gêneros recentes mais controversos, como Titanoceratops de Longrich, nem os primitivos Mercuriceratops e Judiceratops devido a natureza fragmentária de seus vestígios, mas contou com a presença do polêmico Nedoceratops.[9] O cladograma abaixo demonstra estas relações.[6]

Chasmosaurinae

Chasmosaurus russelli

Chasmosaurus belli

Vagaceratops irvinensis

Kosmoceratops richardsoni

Utahceratops gettyi

Pentaceratops sternbergii

Coahuilaceratops magnacuerna

Navajoceratops sullivani

Terminocavus sealeyi

Anchiceratops ornatus

Arrhinoceratops brachyops

Triceratopsini

Ojoceratops fowleri

Torosaurus utahensis

Torosaurus latus

Nedoceratops hatcheri

Eotriceratops xerinsularis

Triceratops prorsus

Triceratops horridus

Paleobiologia

Dieta

Dentição do Triceratops

Como todos os ornitísquios e por extensão os ceratopsídeos, os dinossauros de Chasmosaurinae eram todos herbívoros e quadrúpedes.[12][13] O alimento principal de boa parte desses dinossauros era provavelmente a vegetação rasteira, embora pudessem derrubar plantas mais altas com seus chifres, bico ou simplesmente empurrando com o peso de seus corpos.[14][15]

A dentição dos dinossauros de Chasmosaurinae fornece mais pistas sobre a dieta de tais animais. O gênero Triceratops, por exemplo, possuía grupos de dentes chamados de baterias. Cada uma delas era formada por cerca de 36 à 40 colunas cada contendo 3 à 5 dentes,[14] o que permitiriam comer grandes volumes de material vegetal fibroso, com alguns pesquisadores sugerindo palmeiras e cicadáceas[16][17] ou samambaias que cresceriam nas pradarias do período Cretáceo.[18]

Dimorfismo sexual

A natureza diversificada de seus babados e chifres levou a discussões sobre um possível dimorfismo sexual nos dinossauros ceratopsídeos, que possivelmente adquiriram características mais extremas nos Chasmosaurinae, seja pelo tamanho dos corpos, seja a proeminência dos chifres, ou ainda pelo formato cada vez mais proeminente dos folhos, sendo que pelo menos a segunda e terceira característica também estejam presentes nos dinossauros de Centrosaurinae.[4] A primeira hipótese sobre isso foi levantada oficialmente em 1933 por R.S. Lull que sugeria que o tamanho dos chifres dos machos era maior e mais proeminente que o das fêmeas.[19] A base da teoria seria alguns fósseis de dinossauros de Chasmosaurinae descoberto no século XX, que foram usados em 1927 por paleontologistas como C.M Stenberg pra demonstrar exemplos de diferenciação entre machos e fêmeas, com base no tamanho dos chifres.[20] Todavia, atualmente, não existe um consenso claro dos paleontologistas de que tais fósseis eram de diferentes espécies ou da mesma espécie com sexo distinto. Um estudo levantado na década de 1990 por Thomas M. Lehman aponta de que a morfologia dos Chasmosaurinae torna desafiador compreender a distinção entre espécies e um dimorfismo sexual comprovável.[4]

Comportamento social

Espécime UALVP 52613, identificado como um filhote de Chasmosaurus

Parte significativa dos estudiosos em ceratopsídeos defende que os dinossauros da subfamília Chasmosaurine eram potencialmente gregários, isto é animais de manada que buscam proteção pelos números.[21] Há evidências que permitem tal suposição em pelo menos dois gêneros do grupo: o típico Chasmosaurus e o Triceratops.[22][23] No caso do Chasmosaurus, foram encontrado leitos fósseis com restos de filhotes próximos a adultos. Isto indica que os dinossauros adultos provavelmente mantinham vínculos familiares longos, o que garantiria a sobrevivência dos filhotes em um ambiente repleto de predadores como era América do Norte no final do Cretáceo, de forma similar aos elefantes modernos.[24][25] No caso do Triceratops, foram encontrados leitos com restos de um trio de jovens dinossauros em Montana[22] e dois indivíduos adultos junto à um filhote em Wyoming, potencialmente uma unidade familiar plena de um macho e uma fêmea com um filhote ou apenas dois adultos que vigiavam um membro mais jovem do bando quando acabaram mortos e fossilizados.[23]

Paleoecologia

Paleoarte mostrando um confronto entre um Tyrannosaurus e um Triceratops

Como os ceratopsídeos, os principais inimigos naturais dos dinossauros Chasmosaurinae eram os tiranossauros.[13]

Há várias evidências de agressão entre estes dinossauros, sendo a mais emblemática os vestígios de danos a esqueletos de Triceratops, com a queda de um chifre e um ferimento de corte sobre o osso esquamosal. Embora a natureza exata da interação entre entre estes dois animais não seja conhecida plenamente, para muitos paleontólogos existe motivos sólidos para acreditar que mesmos que os dinossauros membros de Chasmosaurinae não fossem potenciais presas dos tiranossauros, eles definitivamente entravam em conflitos pela sobrevivência.[26]

Paleogeografia

América do Norte durante o Cretáceo Superior, a região a esquerda, Laramidia, foi o habitat da maior parte dos Chasmosaurinae

Existe consenso entre os paleontólogos que os dinossauros de Chasmosaurinae eram aparentemente endêmicos da América do Norte, habitando na região de Laramidia, ao oeste do antigo Mar Interior Ocidental que cortava o continente no final do período Cretáceo. Estes teriam evoluído a partir de ancestrais ceratopsianos vindos da Ásia, provavelmente dos Neoceratopsia que compartilham traços similares e são mais basais.[27][7] Infelizmente, restos fósseis de ceratopsídeos que esclareçam a radiação dos Chasmosaurinae no continente americano são escassos, o que impede uma compreensão plena sobre a forma como estes evoluíram.[28]

O mais antigo membro conhecido da subfamília é Judiceratops da idade Campaniana média, entre 78 à 77,5 milhões de anos.[29] A análise da presença de dinossauros de Centrosaurinae especializados como o Albertaceratops no mesmo estrato geológico tem atribuído um certo grau de consenso entre os paleontologistas, sugerindo que os ceratopsídeos divergiram nas duas subfamílias entre o Turoniano (quando o dinossauro com chifres mais antigo da América do Norte, Zuniceratops, aparece)[30] e o Campaniano médio, quando os membros mais distinguíveis dos Chasmosaurinae e Centrosaurinae aparecem no registro fóssil. Considera-se um período relativamente curto em termos de evolução dos dinossauros, ocorrendo em cerca de 15 milhões de anos.[31]

Referências

  1. a b c Lambe, LM. (1915). «On Eoceratops canadensis, gen. nov., with remarks on other genera of Cretaceous horned dinosaurs». Geological Survey of Canada Museum Bulletin (em inglês). 12: 1–49 
  2. a b James A. Campbell; Michael J. Ryan; Robert B. Holmes; Claudia J. SchröderAdams (Janeiro de 2016). Matthew C. Mihlbachler, ed. «A Re-Evaluation of the Chasmosaurine Ceratopsid Genus Chasmosaurus (Dinosauria: Ornithischia) from the Upper Cretaceous (Campanian) Dinosaur Park Formation of Western Canada»Registo grátis requerido. PLOS ONE (em inglês) 
  3. a b c d Campbell JA; Ryan MJ; Schröder-Adams, CJ; Evans DC; Holmes RB (2018). Hans-Dieter Sues, ed. «New insights into chasmosaurine (Dinosauria: Ceratopsidae) skulls from the Upper Cretaceous (Campanian) of Alberta, and an update on the distribution of accessory frill fenestrae in Chasmosaurinae». PeerJ (em inglês). 6: e5194. doi:10.7717/peerj.5194 
  4. a b c d e Thomas M. Lehman; Philip J. Currie (1990). «The ceratopsian subfamily Chasmosaurinae: sexual dimorphism and systematics». In: Kenneth Carpenter. Dinosaur Systematics: Approaches and Perspectives (em inglês). Reino Unido: Cambridge University Press. doi:10.1017/CBO9780511608377.019. Consultado em 7 de abril de 2022 
  5. a b c Longrich, N.R. (2011). «Titanoceratops ouranos, a giant horned dinosaur from the Late Campanian of New Mexico». Cretaceous Research (em inglês). 32 (3): 264–276. doi:10.1016/j.cretres.2010.12.007 
  6. a b c Fowler, Denver W.; Elizabeth A. Freedman Fowler (2020). «Transitional evolutionary forms in chasmosaurine ceratopsid dinosaurs: evidence from the Campanian of New Mexico». PeerJ (em inglês). 8: e9251. doi:10.7717/peerj.9251 
  7. a b c Sampson, Scott D.; Loewen, Mark A.; Farke, Andrew A.; Roberts, Eric M.; Forster, Catherine A.; Smith, Joshua A.; Titus, Alan L. (2010). «New Horned Dinosaurs from Utah Provide Evidence for Intracontinental Dinosaur Endemism». PLoS ONE (em inglês). 5 (9): e12292. Bibcode:2010PLoSO...512292S. PMC 2929175Acessível livremente. PMID 20877459. doi:10.1371/journal.pone.0012292 
  8. a b John B. Scannella; John R. Horner (Julho de 2010). «Torosaurus Marsh, 1891, is Triceratops Marsh, 1889 (Ceratopsidae: Chasmosaurinae): synonymy through ontogeny». Journal of Vertebrate Paleontology. 30 (4): 1157–1168. doi:10.1080/02724634.2010.483632 
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  10. Ryan, M. J.; Evans, D. C.; Currie, P. J.; Loewen, M. A. (2014). «A new chasmosaurine from northern Laramidia expands frill disparity in ceratopsid dinosaurs». Naturwissenschaften. 101 (6): 505–512. Bibcode:2014NW....101..505R. PMID 24859020. doi:10.1007/s00114-014-1183-1 
  11. Longrich, N. R. (2014). «The horned dinosaurs Pentaceratops and Kosmoceratops from the upper Campanian of Alberta and implications for dinosaur biogeography». Cretaceous Research. 51: 292–308. doi:10.1016/j.cretres.2014.06.011 
  12. «Chasmosaurinae ✝». Consultado em 10 de abril de 2022 
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Bibliografia

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Ligações externas