Thor Heyerdahl: diferenças entre revisões

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'''Thor Heyerdahl''' ([[Larvik]], [[Noruega]], {{dtlink|lang=br|6|10|1914}} — [[Colla Micheri]], [[Itália]], {{dtlink|lang=br|18|4|2002}}) foi um [[explorador]], [[zoólogo]] e [[geógrafo]] [[Noruega|norueguês]].<ref>{{Citar livro |sobrenome= Ernby |nome= Birgitta |coautor=Martin Gellerstam, Sven-Göran Malmgren, Per Axelsson, Thomas Fehrm |título=Norstedts första svenska ordbok |subtítulo= |idioma= sueco |local= Estocolmo |editora= Norstedts ordbok |ano= 2001|páginas=793 |página= 244|capítulo=Thor Heyerdahl|isbn= 91-7227-186-8 |acessodata= }}</ref><ref name=thorheyer>{{Citar livro |sobrenome= Miranda |nome= Ulrika Junker |coautor=Anne Hallberg |título=Bonniers uppslagsbok |subtítulo= |idioma= sueco |local= Estocolmo |editora= Albert Bonniers Förlag |ano= 2007|páginas=1143 |página= 381|capítulo=Thor Heyerdahl|isbn= 91-0-011462-6 |acessodata= }}</ref>
'''Thor Heyerdahl''' ([[Larvik]], [[Noruega]], {{dtlink|lang=br|6|10|1914}} — Colla Micheri, [[Itália]], {{dtlink|lang=br|18|4|2002}}) foi um [[explorador]], [[zoólogo]] e [[geógrafo]] [[Noruega|norueguês]].<ref>{{Citar livro |sobrenome= Ernby |nome= Birgitta |coautor=Martin Gellerstam, Sven-Göran Malmgren, Per Axelsson, Thomas Fehrm |título=Norstedts första svenska ordbok |subtítulo= |idioma= sueco |local= Estocolmo |editora= Norstedts ordbok |ano= 2001|páginas=793 |página= 244|capítulo=Thor Heyerdahl|isbn= 91-7227-186-8 |acessodata= }}</ref><ref name=thorheyer>{{Citar livro |sobrenome= Miranda |nome= Ulrika Junker |coautor=Anne Hallberg |título=Bonniers uppslagsbok |subtítulo= |idioma= sueco |local= Estocolmo |editora= Albert Bonniers Förlag |ano= 2007|páginas=1143 |página= 381|capítulo=Thor Heyerdahl|isbn= 91-0-011462-6 |acessodata= }}</ref>


Heyerdahl participou da [[expedição]] '''[[Kon-tiki (expedição)|Kon-tiki]]''' em 1947, entre outras. Com esta expedição buscava provar que as ilhas do [[Oceano Pacífico|Pacífico]] poderiam ter sido povoadas a partir da [[América do Sul]]. Para tanto, construiu no [[Peru]] uma jangada feita de pau-de-balsa (madeira mais leve que a cortiça), na qual cruzou o Oceano Pacífico desde o Peru até a Polinésia.<ref name=thorheyer/>
Heyerdahl é notável por sua [[Expedição Kon-Tiki|expedição ''Kon-Tiki'']] em 1947, na qual navegou 8 000 km (5 000 milhas) através do [[Oceano Pacífico]] em uma jangada construída à mão da [[América do Sul]] para as Ilhas Tuamotu. A expedição foi projetada para demonstrar que os povos antigos poderiam ter feito longas viagens marítimas, criando contatos entre as sociedades. Isso estava ligado a um modelo difusionista de desenvolvimento cultural.


Heyerdahl fez outras viagens para demonstrar a possibilidade de contato entre povos antigos amplamente separados, notavelmente a expedição ''Ra II'' de 1970, quando ele navegou da costa oeste da África para Barbados em um barco de junco de papiro. Foi nomeado estudioso do governo em 1984.
Após a expedição escreveu um livro chamado '''Os Índios Americanos no Pacífico''' (''American Indians in the Pacific''), onde se pode encontrar material bem abrangente da expedição Kon-Tiki. A epopeia está narrada no [[livro]] '''A Expedição Kon-Tiki''', publicado em mais de 60 países e que vendeu mais de 25 milhões de exemplares.


Ele morreu em 18 de abril de 2002 em Colla Micheri, Itália, enquanto visitava familiares próximos. O governo norueguês deu-lhe um funeral de Estado na [[Catedral de Oslo]] em 26 de abril de 2002.<ref>{{Citar web|url=http://www.azer.com/aiweb/categories/magazine/ai102_folder/102_articles/102_heyerdahl_storfjell.html|titulo=10.2 Thor Heyerdahl - Thor Heyerdahl's Final Projects - by J. Bjørnar Storfjell, Ph.D.|acessodata=2024-04-17|website=www.azer.com}}</ref>
Thor Heyerdahl tem parte de sua família no [[Brasil]], a qual veio para cá há quatro gerações, antes de 1920. O pai de Thor, Bertrand, teve mais três filhos além dele. Um dos filhos também se chamava Bertrand. Bertrand (segundo) veio para o Brasil, onde teve uma filha, Shirley que seguiu com a família no Brasil.


Em maio de 2011, os Arquivos Thor Heyerdahl foram adicionados ao Registro da Memória do Mundo da UNESCO. Na época, esta lista incluía 238 coleções de todo o mundo.  Os Arquivos Heyerdahl abrangem os anos de 1937 a 2002 e incluem sua coleção fotográfica, diários, cartas particulares, planos de expedição, artigos, recortes de jornais e manuscritos originais de livros e artigos. Os Arquivos Heyerdahl são administrados pelo Museu Kon-Tiki e pela Biblioteca Nacional da Noruega em Oslo.<ref>Novas coleções chegam para enriquecer a Memória do Mundo; [https://archive.today/20120714094241/http://portal.unesco.org/ci/en/ev.php-URL_ID=31401&URL_DO=DO_TOPIC&URL_SECTION=201.html archive.today] 25-05-2011 (Paris)</ref>
Thor Heyerdahl fez também um vasto trabalho sobre os ''[[moai]]s'', as esculturas na [[Ilha de Páscoa]], que publicou em um livro.


== ''Expedição Kon-Tiki'' ==
== Biografia ==
{{Main|Expedição Kon-Tiki}}
Thor Heyerdahl foi um explorador e arqueólogo de renome mundial, nascido em 6 de outubro de 1914 em Larvik, Noruega. Muito cedo se tornou um entusiasta da natureza, inspirado por sua mãe, diretora do museu local, a tomar interesse em zoologia e ciências naturais. Ainda durante a escola primária, implementou um pequeno museu zoológico em sua casa. Muito cedo também ingressou na prestigiosa Universidade de Oslo, onde se especializou em zoologia e geografia até pouco antes de sua primeira expedição à Polinésia em 1937.
[[Ficheiro:Kon-Tiki,_Kon-Tiki_Museum,_2019_(01).jpg|miniaturadaimagem|O ''Kon-Tiki'' no Museu Kon-Tiki em Oslo, Noruega]]
Em 1947, Heyerdahl e cinco companheiros aventureiros navegaram do [[Peru]] para as Ilhas Tuamotu, na [[Polinésia Francesa]], em uma jangada pae-pae que haviam construído com madeira balsa e outros materiais nativos, batizada de ''Kon-Tiki''. A expedição ''Kon-Tiki'' foi inspirada em antigos relatos e desenhos feitos pelos conquistadores espanhóis de jangadas incas, e em lendas nativas e evidências arqueológicas que sugerem o contato entre a América do Sul e a Polinésia. O ''Kon-Tiki'' colidiu com o recife em Raroia, no Tuamoto, em 7 de agosto de 1947, após uma viagem de 101 dias, 4 300 milhas náuticas (5 000 milhas ou 8 000 km) através do [[Oceano Pacífico]]. Heyerdahl quase se afogou pelo menos duas vezes na infância e não se afogou facilmente na água; Ele disse mais tarde que havia momentos em cada uma de suas viagens de jangada em que ele temia por sua vida.<ref>Personal correspondence via fax on 2 February 1995 to Editor Betty Blair, Azerbaijan International magazine for article "Kon-Tiki Man", [http://azer.com/aiweb/categories/magazine/31_folder/31_articles/31_thorheyerdahl.html Azerbaijan International, Vol. 3:1 (Spring 1995), pp. 62–63].</ref>


''Kon-Tiki'' demonstrou que era possível para uma jangada primitiva navegar pelo Pacífico com relativa facilidade e segurança, especialmente para o oeste (com os ventos alísios). A jangada provou ser altamente manobrável, e os peixes se reuniram entre os nove troncos de balsa em tal número que os antigos marinheiros poderiam ter confiado em peixes para hidratação na ausência de outras fontes de água doce. Outras jangadas repetiram a viagem, inspiradas em ''Kon-Tiki''.<ref name=":0">{{cite web|last=Ryland|first=Julie|url=http://www.norwaypost.no/index.php/news/latest-news/27960-qkon-tikiq-wins-nomination-for-oscar-|title=Norwegian film "Kon Tiki" nominated for Oscar|date=11 January 2013|access-date=11 January 2013|work=The Norway Post}}</ref><ref name=":1">Heyerdahl's Kon-Tiki has been translated into 71 languages, according to the Director of Kon-Tiki Museum, September 2013. Azerbaijani language being the 70th.</ref><ref name=":2">{{cite web|last=Finke|first=Nikki|url=https://www.deadline.com/2012/12/golden-globe-awards-nominations-2013/|title=lasse_hallstrom.jpg|date=13 December 2012|work=Deadline}}</ref>
== Primeira viagem a Polinésia e ao Noroeste da América==
Chegando a Polinésia, o jovem estudante Heyerdahl e sua esposa Liv foram adotados pelo chefe da ilha de Taiti, chamado Teriieroo, em 1937. Depois de estudar o modo de vida e os costumes polinésios, o casal Heyerdahl se estabeleceu por um ano inteiro na isolada e solitária ilha de Fatuhiva pertencente ao grupo das ilhas Marquesas.


O livro de Heyerdahl sobre ''The Kon-Tiki Expedition: By Raft Across the South Seas foi traduzido'' para 70 idiomas.  O documentário da expedição intitulado ''Kon-Tiki'' ganhou um Oscar em 1951. Uma versão dramatizada foi lançada em 2012, também chamada ''[[Kon-Tiki (filme de 2012)|Kon-Tiki]]'', e foi indicada ao Oscar de Melhor Língua Estrangeira no [[Oscar 2013|85º Oscar]] e ao [[Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro|Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro]] no 70º Globo de Ouro. Foi a primeira vez que um filme norueguês foi indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro.<ref name=":0" /><ref name=":1" /><ref name=":2" /><ref name="85thNominees">{{cite news|url=https://www.bbc.co.uk/news/entertainment-arts-20959604|title=Oscars: Hollywood announces 85th Academy Award nominations|date=10 January 2013|access-date=10 January 2013|newspaper=BBC News}}</ref>
Enquanto fazia trabalhos de investigação sobre as origens transoceânicas dos animais da ilha, se dedicou profundamente a conhecer as tradições da vida polinésia. Neste período tomou conhecimento das diversas lendas que contavam que homens vindos de além mar haviam chegado às ilhas da Polinésia levados por Tiki quem os nativos consideravam ao mesmo tempo como deus, chefe e filho do sol.


Evidências linguísticas, físicas e genéticas cumulativas de que a Polinésia foi de fato colonizada de oeste para leste por povos austronésios foram vistas por muito tempo para descartar qualquer validade para a afirmação de Heyerdahl de que as ilhas foram colonizadas a partir da [[América do Sul]]. No entanto, o consenso arqueológico ficou com um enigma: a batata-doce, uma cultura básica em toda a [[Polinésia]] que antecede o contato europeu, originou-se na América do Sul.  Em 2004, os linguistas holandeses e especialistas em línguas ameríndias Willem Adelaar e Pieter Muysken apontaram que a palavra para batata-doce parece ser compartilhada por línguas polinésias e várias línguas da América do Sul: proto-polinésia *''kumala'' (compare Rapa Nui ''kumara'', havaiano ''ʻ'uala'', maori ''kūmara'') pode estar ligado com quíchua e aimará ''k'umar'' ~ ''k'umara''. Adelaar e Muysken afirmam que a semelhança na palavra batata-doce é prova do contato precoce entre os Andes Centrais e a Polinésia.  Um estudo genético publicado em 2020 finalmente encontrou "evidências conclusivas para o contato pré-histórico de indivíduos polinésios com indivíduos nativos americanos":<ref>{{cite journal |title=Native American gene flow into Polynesia predating Easter Island settlement |journal=Nature |issue=7817 |last2=Blanco-Portillo |first2=Javier |year=2020 |pages=572–577 |bibcode=2020Natur.583..572I |doi=10.1038/s41586-020-2487-2 |pmc=8939867 |pmid=32641827 |last3=Sandoval |first3=Karla |last4=Hagelberg |first4=Erika |last5=Miquel-Poblete |first5=Juan Francisco |last6=Moreno-Mayar |first6=J. Víctor |last7=Rodríguez-Rodríguez |first7=J. E. |last8=Quinto-Cortés |first8=Consuelo D. |last9=Auckland |first9=Kathryn |display-authors=1 |volume=583 |last1=Ioannidis |first1=Alexander G. |last10=Parks |first10=Tom |last11=Robson |first11=Kathryn |last12=Hill |first12=Adrian V. S. |last13=Avila-Arcos |first13=María C. |last14=Sockell |first14=Alexandra |last15=Homburger |first15=Julian R. |last16=Wojcik |first16=Genevieve L. |last17=Barnes |first17=Kathleen C. |last18=Herrera |first18=Luisa |last19=Berríos |first19=Soledad |last20=Acuña |first20=Mónica |last21=Llop |first21=Elena |last22=Eng |first22=Celeste |last23=Huntsman |first23=Scott |last24=Burchard |first24=Esteban G. |last25=Gignoux |first25=Christopher R. |last26=Cifuentes |first26=Lucía |last27=Verdugo |first27=Ricardo A. |last28=Moraga |first28=Mauricio |last29=Mentzer |first29=Alexander J. |last30=Bustamante |first30=Carlos D.}}</ref><ref name="POLLEX-kumala">{{cite web|last2=Clark|first2=Ross|url=http://pollex.org.nz/entry/kumala1/|title=Entries for KUMALA.1 [LO] Sweet Potato (''Ipomoea'')|access-date=16 July 2013|work=POLLEX-Online: The Polynesian Lexicon Project Online|year=2010|archive-url=https://web.archive.org/web/20130208114223/http://pollex.org.nz/entry/kumala1/|archive-date=8 February 2013|url-status=dead|last3=Biggs|first3=Bruce|last1=Greenhill|first1=Simon J.}}</ref><ref name="Adelaar2004">{{cite book|title=The Languages of the Andes|last1=Adelaar|first1=Willem F. H.|last2=Muysekn|first2=Pieter C.|date=10 June 2004|publisher=Cambridge University Press|chapter=Genetic relations of South American Indian languages|isbn=978-1-139-45112-3|chapter-url=https://books.google.com/books?id=UiwaUY6KsY8C&pg=PA41|page=41}}</ref><ref>{{Cite journal |url= |title=High-precision radiocarbon dating shows recent and rapid initial human colonization of East Polynesia |date=27 December 2010 |journal=Proceedings of the National Academy of Sciences |issue=5 |last2=Hunt |first2=Terry L. |pages=1815–1820 |language=en |bibcode=2011PNAS..108.1815W |doi=10.1073/pnas.1015876108 |issn=0027-8424 |pmc=3033267 |pmid=21187404 |last3=Lipo |first3=Carl P. |last4=Anderson |first4=Atholl J. |author4-link=Atholl Anderson |volume=108 |doi-access=free |last1=Wilmshurst |first1=Janet M. |quote=For example, the earliest presence of sweet potato (''Ipomoea batatas'') in Mangaia, Cook Islands, dated to A.D. 1210–1400 and was regarded as a late occurrence}}</ref><ref name="Horridge 2006">{{cite book|title=The Austronesians: Historical and Comparative Perspectives|last1=Horridge|first1=Adrian|date=2006|isbn=978-0731521326|editor1-last=Bellwood|editor1-first=Peter|location=Canberra, ACT}}</ref>
"Quando os primeiros europeus se aventuraram afinal a atravessar o maior dos oceanos, descobriram com espanto que, exatamente no meio dele, existiam ilhotas montanhosas e recifes de coral liso, em geral, segregados uns dos outros e do mundo por vastas áreas de mar. Cada uma destas ilhas já era habitada por povos que aí haviam aportado antes dos europeus. Gente alta e esbelta que veio ao encontro deles, na praia, trazendo cães, porcos e aves domésticas. Donde teriam vindo? Falavam uma língua que nenhum outro povo compreendia. E os homens da nossa raça, que orgulhosamente se intitulavam descobridores das ilhas, encontraram campos cultivados e aldeias com templos e choupanas em cada ilha habitada. Em algumas acharam até velhas pirâmides, ruas calçadas e estátuas de pedra da altura de uma casa européia de quatro andares. Que povo era aquele e de onde tinha vindo?".


:: Nossa data estimada mais antiga de contato é 1150 d.C. para [[Fatu Hiva]], Marquesas do Sul. Isso é próximo da data estimada pela datação por radiocarbono para o assentamento desse grupo de ilhas, levantando a intrigante possibilidade de que, ao chegarem, os colonos polinésios encontraram uma pequena população nativa americana já estabelecida. Foi na ilha de Fatu Hiva, a ilha mais oriental da Polinésia equatorial, que Thor Heyerdahl levantou a hipótese de que indivíduos nativos americanos e polinésios poderiam ter entrado em contato um com o outro, com base em lendas de ilhéus afirmando que seus antepassados tinham vindo do leste.<ref>Heyerdahl, T. ''Fatu-Hiva: Back to Nature'' (Allen & Unwin, 1974).</ref><ref>{{cite journal |title=High-precision radiocarbon dating shows recent and rapid initial human colonization of East Polynesia |journal=Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. |issue=5 |last2=Hunt |first2=T. L. |year=2011 |pages=1815–1820 |bibcode=2011PNAS..108.1815W |doi=10.1073/pnas.1015876108 |pmc=3033267 |pmid=21187404 |last3=Lipo |first3=C. P. |last4=Anderson |first4=A. J. |display-authors=0 |volume=108 |doi-access=free |last1=Wilmshurst |first1=J. M.}}</ref>
Fazendo uma análise e estudo das correntes marítimas e [[ventos dominantes]] na região ele começou a questionar a teoria clássica sobre o povoamento da Polinésia por parte de homens vindos do sul da Ásia, que supostamente navegaram 5 mil milhas contra a correnteza, e que para ele constituía uma façanha pouco provável. Em contrapartida, Heyerdahl se convenceu que os homens haviam vindo do Leste assim como a fauna e flora dessas ilhas.


De acordo com os autores, os dados genéticos sugerem "um único evento de contato" por volta de 1200 d.C. com um "grupo nativo americano mais estreitamente relacionado aos habitantes indígenas da atual [[Colômbia]]". A contribuição genética é modesta, em grande parte limitada à Polinésia Oriental, fornecendo uma validação significativa, ainda que parcial, da tese de Heyerdahl.
"Recordo-me como espantei meu pai e assombrei minha mãe e meus amigos quando, de regresso à Noruega, entreguei ao Museu Zoológico da universidade os meus frascos de vidro com escaravelhos e peixes de Fatuhiva. Eu queria dizer adeus à zoologia e dedicar-me ao estudo dos povos primitivos. Haviam-me fascinado os mistérios ainda não decifrados dos mares do sul. Devia haver uma solução racional para eles, e era objetivo meu identificar o lendário herói Tiki".


== Expedição à Ilha de Páscoa ==
Deixando de lado seus estudos sobre zoologia, Heyerdahl começou um estudo intensivo para por à prova sua nova teoria sobre as origens da raça e cultura polinésias. Sugeriu que a migração à Polinésia havia seguido a corrente natural do Pacífico Norte e, portanto, direcionou suas investigações para a costa da Columbia Britânica e Peru.
[[Ficheiro:Thor_Heyerdahl_-_L0061_934Fo30141701190050.jpg|miniaturadaimagem|Thor Heyerdahl, em 1955]]
Em 1955-1956, Heyerdahl organizou a Expedição Arqueológica Norueguesa à [[Ilha de Páscoa]]. A equipe científica da expedição incluía Arne Skjølsvold, Carlyle Smith, Edwin Ferdon, Gonzalo Figueroa e William Mulloy. Heyerdahl e os arqueólogos profissionais que viajaram com ele passaram vários meses na Ilha de Páscoa investigando vários sítios arqueológicos importantes. Os destaques do projeto incluem experimentos na escultura, transporte e montagem dos moai notáveis, bem como escavações em locais proeminentes como Orongo e Poike. A expedição publicou dois grandes volumes de relatórios científicos (''Relatórios da Expedição Arqueológica Norueguesa à Ilha de Páscoa e ao Pacífico Oriental'') e Heyerdahl mais tarde adicionou um terceiro (''A Arte da Ilha de Páscoa''). O livro popular de Heyerdahl sobre o assunto, ''Aku-Aku'' foi outro best-seller internacional.<ref>{{Citar web|url=https://www.kon-tiki.no/|titulo=The Kon-Tiki Museum|acessodata=2024-04-17|website=The Kon-Tiki Museum|lingua=en}}</ref>


Em ''Easter Island: The Mystery Solved'' (Random House, 1989), Heyerdahl ofereceu uma teoria mais detalhada da história da ilha. Com base em testemunhos nativos e pesquisas arqueológicas, ele afirmou que a ilha foi originalmente colonizada por Hanau eepe ("Orelhas Longas"), da América do Sul, e que o polinésio Hanau momoko ("Orelhas Curtas") chegou apenas em meados do século 16; eles podem ter vindo de forma independente ou talvez tenham sido importados como trabalhadores. De acordo com Heyerdahl, algo aconteceu entre a descoberta da ilha pelo almirante Roggeveen em 1722 e a visita de James Cook em 1774; enquanto Roggeveen encontrou pessoas brancas, indianas e polinésias vivendo em relativa harmonia e prosperidade, Cook encontrou uma população muito menor, consistindo principalmente de polinésios e vivendo em privação.<ref name=":3">''Easter Island: The Mystery Solved'' (Random House, 1989)</ref>
Enquanto trabalhava no Museu da Columbia Britânica, Heyerdahl publicou pela primeira vez sua teoria (International Science, New York, 1941) que sustentava que a Polinésia havia sido povoada por duas orlas sucessivas de imigrantes. Sua teoria sugeria que a primeira orla chegou proveniente do Peru usando balsas de madeira. Centenas de anos depois, um segundo grupo étnico chegou ao Hawaii em canoas duplas provenientes da Columbia Britânica.


Heyerdahl observa a tradição oral de uma revolta de "Orelhas Curtas" contra as "Orelhas Longas". Os "Orelhas Longas" cavaram um fosso defensivo no extremo leste da ilha e o encheram de fogo. Durante a revolta, Heyerdahl alegou, os "Orelhas Longas" acenderam seu fosso e recuaram atrás dele, mas os "Orelhas Curtas" encontraram uma maneira de contorná-lo, vieram por trás e empurraram todos, exceto dois dos "Ouvidos Longos" para o fogo. Este fosso foi encontrado pela expedição norueguesa e foi parcialmente cortado na rocha. Camadas de fogo foram reveladas, mas nenhum fragmento de corpos.<ref name=":3" />
Os resultados dos estudos de Heyerdahl foram logo publicados em uma edição de 800 páginas com o título de "Índios Americanos no Pacífico" (Estocolmo, Londres, Chicago, 1952).


Quanto à origem do povo da [[Ilha de Páscoa]], testes de [[DNA]] mostraram uma conexão com a [[América do Sul]]. Mas os críticos conjecturam que isso foi resultado de eventos recentes. Ainda assim, se isso é herdado de uma pessoa que vem em tempos posteriores é difícil saber. Se a história de que quase todos os Long Ears foram mortos em uma guerra civil for verdadeira, como diz a história dos ilhéus, seria de se esperar que a linhagem sul-americana que construía estátuas tivesse sido quase totalmente destruída, deixando em sua maior parte a linhagem polinésia.<ref>{{Citar web|url=https://ghostarchive.org/archive/ydJnw|titulo=Kon-Tiki explorer was partly right – Polynesians had South American roots {{!}} Ghostarchive|acessodata=2024-04-17|website=ghostarchive.org}}</ref>
"Assim, não somente minhas suspeitas, mas também minha atenção se afastaram cada vez mais do Velho Mundo, onde tantos haviam procurado e nenhum havia encontrado nada, e se voltaram para as civilizações indígenas da América, tanto as conhecidas como as desconhecidas, as quais ninguém até então tinha levado em conta. E na costa leste mais próxima, onde hoje a república sul-americana do Peru se estende do Pacífico até as montanhas, não havia falta de vestígios, desde que alguém os procurasse. Ali vivera outrora um povo desconhecido que havia fundado uma das mais estranhas civilizações do mundo, até que, subitamente, há muito, esse povo desaparecera como que varrido da face da terra. Deixou após si enormes estátuas de pedra semelhando seres humanos, que faziam lembrar as de Pitcairn, as ilhas Marquesas e de Páscoa, e imensas pirâmides construídas em degraus como as de Taititi e Samoa. Extraíam das montanhas, com machados de pedra, blocos de tamanho descomunal que transportavam pelo campo, quilômetros a fio, punham em pé ou colocavam uns em cima dos outros formando portões, paredões e terraplenos, exatamente como os vamos encontrar em algumas ilhas do Pacífico".


== Barcos ''Ra'' e ''Ra II'' ==
"Os incas tinham um grande império nessa região montanhosa quando os primeiros espanhóis chegaram ao Peru. Disseram aos espanhóis que os colossais monumentos abandonados lá no meio da paisagem foram erigidos por uma raça de deuses que ali tinham vivido antes dos incas. Esses arquitetos desaparecidos eram, segundo a descrição que deles faziam, mestres sábios, pacatos, oriundos do norte, de onde tinham vindo ainda na aurora dos tempos e que ensinaram aos antepassados dos incas a arquitetura e a agricultura e também os bons costumes e as boas maneiras. Eram diferentes dos indígenas, tendo a pele branca e usando longas barbas; eram também mais altos que os incas. Afinal saíram do Peru tão subitamente quanto haviam chegado; os incas, por seu turno, assenhorearam-se do país, e os mestres brancos desapareceram para sempre da costa sul-americana e fugiram para oeste, atravessando o Pacífico".
[[Ficheiro:19-08-28-Ra2-im-Kon-Tiki-Museum-Oslo-RalfR.jpg|miniaturadaimagem|O ''Ra II'' no Museu Kon-Tiki]]
Em 1969 e 1970, Heyerdahl construiu dois barcos de papiro e tentou atravessar o [[Oceano Atlântico]] a partir de Marrocos, na África. Baseado em desenhos e modelos do antigo Egito, o primeiro barco, chamado ''Ra'' (em homenagem ao deus egípcio Sol), foi construído por construtores de barcos do Lago Chade usando palheta de papiro obtida do Lago Tana, na [[Etiópia]], e lançada no Oceano Atlântico a partir da costa do Marrocos. A tripulação do Ra incluía Thor Heyerdahl (Noruega), Norman Baker (EUA), Carlo Mauri (Itália), Yuri Senkevich (URSS), Santiago Genovés (México), Georges Sourial (Egito) e Abdullah Djibrine (Chade). Apenas Heyerdahl e Baker tinham experiência em vela e navegação. Genovés viria a chefiar o Experimento Acali.<ref name=":4">{{cite book|url=https://archive.org/details/raexpeditions00heyerich|title=The Ra Expeditions|last=Heyerdahl|first=Thor|date=1972|url-access=|page=[https://archive.org/details/raexpeditions00heyerich/page/197 197]}}</ref>


Depois de algumas semanas, ''Ra'' tomou água. A tripulação descobriu que um elemento-chave do método de construção de barcos egípcio havia sido negligenciado, uma corda que agia como uma fonte para manter a popa alta na água, permitindo flexibilidade. A água e as tempestades eventualmente fizeram com que ele caísse e se separasse depois de navegar mais de 6 400 km (4 000 milhas). A tripulação foi forçada a abandonar Ra, cerca de cem milhas (160 km) antes das ilhas caribenhas, e foi salva por um iate.<ref name=":4" />
"Ora, aconteceu que, quando os europeus chegaram às ilhas do Pacífico, se espantaram de ver que muitos dos nativos tinham a pele branca e eram barbados. Em muitas ilhas havia famílias inteiras notáveis pela palidez da pele, com o cabelo variando entre o avermelhado e o louro, olhos azul-cinzentos e os rostos quase semíticos, de nariz aquilino. Por sua parte, os polinésios tinham a pele bronzeada, cabelo muito preto e nariz chato e carnudo. Os de cabelo vermelho denominavam-se urukehu e se diziam descendentes diretos dos primeiros chefes das ilhas, que eram deuses brancos, tais como Tangaroa, Kane e Tiki. Lendas em torno de brancos misteriosos, de que os ilhéus descendiam, eram correntes em toda a Polinésia".


No ano seguinte, 1970, uma embarcação semelhante, ''Ra II'', foi construída a partir de papiro etíope pelos cidadãos bolivianos Demetrio, Juan e José Limachi do Lago Titicaca, e também atravessou o Atlântico a partir do Marrocos, desta vez com grande sucesso. A tripulação era basicamente a mesma; embora Djibrine tenha sido substituído por Kei Ohara do [[Japão]] e Madani Ait Ouhanni do [[Marrocos]]. O barco se perdeu e foi alvo de uma missão de busca e resgate das Nações Unidas. As buscas incluíram assistência internacional, incluindo pessoas tão distantes quanto Loo-Chi Hu, da Nova Zelândia. O barco chegou a Barbados, demonstrando assim que os marinheiros poderiam ter lidado com viagens transatlânticas navegando com a Corrente das Canárias. O ''Ra II'' está agora no Museu Kon-Tiki em Oslo, Noruega.<ref>Ryne, Linn. [https://web.archive.org/web/20081221173610/http://www.norway.org/history/expolorers/heyerdahl/heyerdahl.htm]. Retrieved 13 January 2008.</ref>
Prosseguindo com suas pesquisas, Heyerdahl encontrou surpreendentes vestígios na cultura, na mitologia e na língua do Peru, que o incentivaram a pesquisar mais profundamente essas lendas, até identificar o lugar e a origem do deus polinésio Tiki quando lia sobre as lendas incas do rei-sol Wiracocha, que foi o chefe supremo do desaparecido povo branco do Peru.


O livro ''The Ra Expeditions'' e o documentário ''Ra'' (1972) foram feitos sobre as viagens. Além dos aspectos primários da expedição, Heyerdahl deliberadamente selecionou uma tripulação que representasse uma grande diversidade de raça, nacionalidade, religião e ponto de vista político, a fim de demonstrar que, pelo menos em sua pequena ilha flutuante, as pessoas poderiam cooperar e viver pacificamente. Além disso, a expedição coletou amostras da poluição marinha e apresentou seu relatório às [[Nações Unidas]].<ref name="HeyerdahlAward">{{cite web|url=http://www.rederi.no/nrweb/cms.nsf/pages/heyerdahl-award.html|title=Heyerdahl award|access-date=29-11-2013|publisher=[[Norwegian Shipowners' Association|Norges Rederiforbund]]}}</ref>
"Wiracocha é um nome inca (quéchua) e por conseguinte de data bastante recente. O nome original do deus-sol Wiracocha, que parece ter sido mais usado no Peru em tempos idos, era Kon-Tiki ou Illa-Tiki, que significa Sol-Tiki ou Fogo-Tiki. Kon-Tiki era sumo sacerdote e rei-sol dos lendários "homens brancos" dos incas que tinham deixado as enormes ruínas nas margens do lago Titicaca. Reza a lenda que Kon-Tiki foi atacado por um chefe chamado Cari que veio do vale Coquinho. Numa batalha travada numa ilha do lago Titicaca, os misteriosos brancos barbados foram trucidados, mas Kon-Tiki e seus companheiros mais chegados escaparam e, mais tarde, aportaram à costa do Pacífico, de onde finalmente desapareceram sobre o mar para as bandas do ocidente" .


== ''Tigre'' ==
"Mas por toda a Polinésia encontrei indicações de que a pacífica raça de Kon-Tiki não logrou conservar as ilhas só para si por muito tempo. Consoante essas indicações, barcaças guerreiras do tamanho dos navios dos [[viquingues]], e amarradas duas a duas, haviam transportado por mar indígenas do nordeste para o Hawaii e mais ao sul para todas as demais ilhas. Estes misturaram seus sangue com o da raça de Kon-Tiki, trazendo nova civilização à ilha de regime monárquico. Foi este o segundo povo da idade da pedra talhada, que veio para a Polinésia em 1100, ignorando a cerâmica, a existência dos metais, e sem rodas, nem teares, nem qualquer cultivo de cereais".
[[Ficheiro:Tigris_Model_Pyramids_of_Guimar.jpg|direita|miniaturadaimagem|Modelo do ''Tigre'' nas Pirâmides de Güímar, [[Tenerife]].]]
Heyerdahl construiu mais um barco de junco em 1977, o ''Tigris'', que pretendia demonstrar que o comércio e a migração poderiam ter ligado a [[Mesopotâmia]] com a civilização do Vale do Indo, no que hoje é o [[Paquistão]] e o oeste da Índia. O Tigre foi construído em Al Qurnah, no Iraque, e navegou com sua tripulação internacional pelo Golfo Pérsico até o Paquistão e fez seu caminho para o [[Mar Vermelho]].<ref name=":5">{{Cite web|last=Pathé|first=British|url=https://www.britishpathe.com/video/VLVA4EN09P9P62YNTHMVV64KAXCUK-BAHRAIN-NOTED-EXPLORER-THOR-HEYERDAHL-PREPARES-TO-CONTINUE-HIS/query/Reed|title=Bahrain: Noted Explorer Thor Heyerdahl Prepares To Continue His Reed-Boat Voyage To India.|access-date=30-4-2021|website=www.britishpathe.com|language=en-GB}}</ref>


Depois de cerca de cinco meses no mar e ainda permanecendo navegante, o ''Tigre'' foi deliberadamente queimado em Djibuti em 3 de abril de 1978 como um protesto contra as guerras que assolam todos os lados no Mar Vermelho e no Chifre da África. Em sua Carta Aberta ao [[Secretário geral da onu|Secretário-Geral da ONU]], [[Kurt Waldheim]], Heyerdahl explicou suas razões:<ref name=":5" /><blockquote>Hoje queimamos nosso orgulhoso navio ... protestar contra elementos desumanos no mundo de 1978... Agora somos forçados a parar na entrada do Mar Vermelho. Cercados por aviões militares e navios de guerra das nações mais civilizadas e desenvolvidas do mundo, fomos impedidos por governos amigos, por razões de segurança, de pousar em qualquer lugar, exceto na minúscula, e ainda neutra, República do Djibuti. Em outros lugares ao nosso redor, irmãos e vizinhos estão envolvidos em homicídios com os meios postos à sua disposição por aqueles que conduzem a humanidade em nosso caminho conjunto para o terceiro milênio.
Seus estudos foram interrompidos com o início da Segunda Guerra Mundial e Heyerdahl regressou a Noruega como voluntário nas Forças Armadas Norueguesas, eventualmente servindo como pára-quedista em uma unidade de Finmark.


Às massas inocentes de todos os países industrializados, dirigimos o nosso apelo. Precisamos acordar para a realidade insana do nosso tempo... Somos todos irresponsáveis, a menos que exijamos dos decisores responsáveis que os armamentos modernos deixem de ser postos à disposição de pessoas cujos antigos machados de batalha e espadas os nossos antepassados condenaram.
"Direita, volver; esquerda, volver; meia-volta, volver! Lavar escadas de quartel, engraxar botas, treino em rádio-transmissão, pára-quedismo... e por fim um comboio de Murmansk para Finmark, onde o deus-guerra da técnica reinou na ausência do deus-sol durante o escuro inverno..."


Nosso planeta é maior do que os feixes de junco que nos levaram através dos mares e, no entanto, pequeno o suficiente para correr os mesmos riscos, a menos que aqueles de nós ainda vivos abram nossos olhos e mentes para a necessidade desesperada de colaboração inteligente para salvar a nós mesmos e nossa civilização comum do que estamos prestes a converter em um navio afundando.</blockquote>Nos anos que se seguiram, Heyerdahl foi muitas vezes franco em questões de paz internacional e meio ambiente.<ref name=":5" />
Veio a paz, e um dia a teoria de Heyerdahl estava completa. Ele devia ir à América e pô-la à prova.


O ''Tigre'' tinha uma tripulação de 11 homens: Thor Heyerdahl (Noruega), Norman Baker (EUA), Carlo Mauri (Itália), Yuri Senkevich (URSS), Germán Carrasco (México), Hans Petter Bohn (Noruega), Rashad Nazar Salim (Iraque), Norris Brock (EUA), Toru Suzuki (Japão), Detlef Soitzek (Alemanha) e Asbjørn Damhus (Dinamarca).<ref name=":5" />
== A Expedição Kon-Tiki (1947) ==
Com o fim da guerra, Heyerdahl retomou suas investigações, mas encontrou uma sólida parede de resistência à suas teorias por parte dos cientistas. Para poder dar maior credibilidade à seus argumentos, Heyerdahl decidiu obter financiamento para a memorável expedição Kon-Tiki, que, usando uma jangada feita de pau-de-balsa (madeira mais leve que a cortiça), tentaria sulcar o imenso oceano Pacífico desde o Peru até a Polinésia.


== Pirâmides de Güímar ==
Depois de várias peripécias tiveram êxito em conseguir as toras de balsa, que necessitavam para a construção da memorável Kon-Tiki, nas selvas do Equador, e transportaram todo o material para os estaleiros do porto de Callao no Peru onde receberam o apoio da Marinha peruana sob as ordens do presidente peruano na época para construir a jangada.
Em 1991, ele estudou as [[Pirâmides de Güímar]] em [[Tenerife]] e declarou que não eram montes de pedra aleatórios, mas pirâmides. Com base na descoberta feita pelos astrofísicos Aparício, Belmonte e Esteban, do [[Instituto de Astrofísica das Canárias|Instituto de Astrofísica de Canárias]], de que as "pirâmides" eram astronomicamente orientadas e convencido de que eram de origem antiga, ele afirmou que os povos antigos que as construíram eram provavelmente adoradores do sol. Heyerdahl levantou a hipótese de que as pirâmides das Canárias formavam um ponto de parada temporal e geográfico nas viagens entre o antigo Egito e a civilização maia, iniciando uma controvérsia na qual participaram historiadores, esotéricos, arqueólogos, astrônomos e aqueles com interesse geral em história.<ref>Juan Francisco Navarro Mederos: ''Arqueología de las Islas Canarias", in: Espacio, Tiempo y Forma, Serie I, Prehistoria y Arqueología, Bd. 10, 1997, S. 467.''</ref><ref>Antonio Aparicio Juan/César Esteban López, ''Las Pirámides de Güímar: mito y realidad''. Centro de la Cultura Popular Canaria, La Laguna 2005, {{ISBN|978-84-7926-510-6}}, p. 35-52.</ref>


Entre 1991 e 1998, [[escavações arqueológicas]] do sítio foram realizadas por arqueólogos da [[Universidade de La Laguna]]. Resultados preliminares foram apresentados em um colóquio em 1996, fornecendo evidências para a datação das pirâmides. De acordo com o Georadar Geofísico precedente, oito locais adjacentes às pirâmides, cada um com uma área de 25 m<sup>2</sup>, foram investigados em camadas até o sólido assoalho de lava. Com isso, foi possível estabelecer três camadas específicas de sedimentos.<ref>Maria Cruz Jiménez Gómez/Juan Francisco Navarro Mederos, ''El complejo de las morras de Chacona (Güímar, Tenerife): resultados del proyecto de investigación'', XII Coloquio de Historia Canario-Americana (1996), Cabildo Insular de Gran Canaria, Las Palmas de Gran Canaria 1998, vol. 1.</ref> Começando pelo topo, foram:
Em 1947, Heyerdahl e mais cinco tripulantes zarparam de Callao, cruzando 8 mil km de mar que separam a América do Sul da Polinésia e depois de 101 dias chegaram ao atol de Raroia no Arquipélago das ilhas Tuamotu. Com isso provou que os antigos americanos podiam ter desenvolvido habilidades muito avançadas para a navegação em alto mar e, portanto, podiam ter chegado à Polinésia desta maneira.


# Uma camada de espessura média de 20 cm, constituída por terra rica em húmus com muitos restos vegetais e raízes; Os rastros do arado eram claramente identificáveis, assim como um amplo espectro de achados facilmente datáveis da segunda metade do século 20.
Esta espetacular aventura foi relatada em detalhes no seu mais famoso livro "A Expedição Kon-Tiki", publicado em vários idiomas e que vendeu milhares de exemplares pelo mundo.
# Uma camada de espessura média de 25 cm, semelhante em composição à primeira camada, porém contendo menos húmus e maior quantidade de pedras pequenas; Uma grande variedade de achados que poderiam ser datados dos séculos 19 e 20 foram encontrados, dos quais um selo oficial de 1848 merece destaque especial.
# Uma camada de espessura entre 25 e 150 cm, composta por pequenas rochas vulcânicas, provavelmente colocadas em um movimento, que nivelou a pedra irregular embaixo; As pedras continham apenas muito poucos achados, principalmente um pequeno número de cacos de cerâmica, dos quais alguns eram locais e outros importados, ambos os tipos foram aproximadamente estimados como pertencentes ao século 19. As pirâmides ficam estratigraficamente diretamente no topo desta camada inferior, permitindo assim uma data mais antiga de construção das pirâmides dentro do século 19.<ref>Juan Francisco Navarro Mederos/Maria Cruz Jiménez Gómez: ''El difusionismo atlántico y las pirámides de Chacona'', in: Miguel Ángel Molinero Polo y Domingo Sola Antequera: Arte y Sociedad del Egipto antiguo. Madrid 2000, S. 246-249.</ref>


Além disso, sob a borda de uma das pirâmides, uma caverna de lava natural foi descoberta. Ele havia sido murado e rendido artefatos da época dos Guanches. Como as pirâmides ficam estratigraficamente acima da caverna, os achados de Guanche entre 600 e 1000 d.C. só podem apoiar conclusões sobre a data do uso humano da caverna. O levantamento acima indica que as pirâmides em si não podem ser mais antigas do que o século 19.<ref>Part of the preceding sections are based on the German wikipedia article ''[[:de:Pyramiden von Güímar|Pyramiden von Güímar]]''.</ref>
"Costumávamos sentar-nos no convés sob o céu estrelado e recordar a estranha história da ilha de Páscoa, muito embora a jangada nos estivesse levando diretamente para o coração da Polinésia, de maneira que dessa ilha longínqua nada veríamos, a não ser o seu nome no mapa. Mas a ilha de Páscoa tem tantos traços do oriente que até o seu nome pode servir de indicador".


== Outros projetos ==
"No mapa aparece esse nome "Ilha de Páscoa" porque um holandês a "descobriu" num domingo de Páscoa. E nos esquecemos que os próprios nativos que já viviam lá, tinham para a sua terra nomes mais instrutivos e significativos. Esta ilha tem nada menos que três nomes em polinésio".
"A Busca por Odin" no Azerbaijão e na Rússia. Heyerdahl, realizou quatro visitas ao [[Azerbaijão]] entre 1981 e 2000, atraído pelas antigas esculturas rupestres de Gobustan, que ele comparava às encontradas na [[Noruega]]. Baseado nas semelhanças artísticas, Heyerdahl sugeriu que o Azerbaijão poderia ser a origem de uma antiga civilização que migrou para a Escandinávia. Durante uma palestra em [[Baku]] em 1999, ele citou [[Snorri Sturluson]], um historiador do século 13, que escreveu que o deus nórdico Odin migrou do Oriente para o Norte da Europa. Heyerdahl levou essa narrativa ao pé da letra, relacionando-a geograficamente com o [[Azerbaijão]]. Em 2000, ele continuou suas investigações arqueológicas em Azov, na Rússia, tentando validar suas teorias sobre a migração de Odin, enfrentando críticas e acusações de pseudociência por parte da comunidade acadêmica. As teorias de Heyerdahl, embora populares, permanecem amplamente rejeitadas por especialistas e não foram validadas até o presente.<ref>{{Citar web|url=http://azer.com/aiweb/categories/magazine/31_folder/31_articles/31_thorheyerdahl.html|titulo=Thor Heyerdahl in Azerbaijan: KON-TIKI MAN by Betty Blair|acessodata=2024-04-17|website=azer.com}}</ref>


Heyerdahl também investigou os montes encontrados nas [[Ilhas Maldivas]], no [[Oceano Índico]]. Lá, ele encontrou fundações e pátios orientados para o sol, bem como estátuas com lóbulos de orelha alongados. Heyerdahl acreditava que essas descobertas se encaixavam com sua teoria de uma civilização marítima que se originou no que hoje é o [[Sri Lanka]], colonizou as Maldivas e influenciou ou fundou as culturas da antiga América do Sul e da Ilha de Páscoa. Suas descobertas são detalhadas em seu livro ''The Maldive Mystery''.<ref name=":6">{{Citar web|url=https://web.archive.org/web/20200714073457/http://www.azer.com/aiweb/categories/magazine/ai102_folder/102_articles/102_heyerdahl_storfjell.html|titulo=10.2 Thor Heyerdahl - Thor Heyerdahl's Final Projects - by J. Bjørnar Storfjell, Ph.D.|data=2020-07-14|acessodata=2024-04-17|website=web.archive.org}}</ref>
"Um deles é Te-Pito-te-Henua, que significa "umbigo das ilhas". Este nome poético coloca claramente a [[ilha de Páscoa]] numa posição especial em relação às outras ilhas situadas mais para o oeste, sendo, consoante aos próprios polinésios, a mais antiga designação da ilha de Páscoa. Sabemos que a tradição polinésia se refere ao descobrimento das ilhas como o "nascimento" da ilhas, com isto claramente se sugere que, dentre os demais lugares, a ilha de Páscoa era considerada como o símbolo do nascimento das outras ilhas e o traço de união com a mãe pátria original".


Heyerdahl também foi uma figura ativa na política verde. Recebeu inúmeras medalhas e prêmios. Ele também recebeu 11 doutorados honorários de universidades das Américas e da Europa.<ref name=":6" />
"O segundo nome da ilha de Páscoa é Rapa-nui e significa "Grande Rapa", enquanto "Rapa-iti ou "Pequena rapa"" é outra ilha do mesmo tamanho, situada a grande distância a oeste da ilha de Páscoa. É prática natural de todos os povos chamarem sua primeira pátria, por exemplo, Grande Rapa, e ao passo que a seguinte é chamada Nova Rapa ou Pequena Rapa, ainda que os lugares sejam do mesmo tamanho".


Nos anos seguintes, Heyerdahl esteve envolvido com muitas outras expedições e projetos arqueológicos. Ele permaneceu mais conhecido por sua construção de barcos, e por sua ênfase no difusionismo cultural.<ref name=":6" />
"O terceiro e último nome desta ilha-chave é Mata-Kite-Rani e quer dizer "o olho (que) olha (para) o céu". Rani tinha para os polinésios duplo significado. Era também a pátria de origem de seus avós, a terra santa do deus-sol, o montanhoso reino abandonado de Tiki. E é muito expressivo o fato de terem dado precisamente ao posto-avançado que é a ilha de Páscoa, dentre milhares de ilhas do oceano, o nome de olho que olha para o céu. Mais notável é ainda a circunstância de que o nome afim Mata-Rani, que em polinésio significa "o olho do céu", é um velho nome local do Peru, o de um lugar na costa peruana do Pacífico defronte da ilha de Páscoa, e logo abaixo da vetusta cidade em ruínas de Kon-Tiki, nos Andes".


== Publicações ==
A ilha de Páscoa, sozinha, nos dava assunto de sobra para conversação enquanto estávamos sentados no convés sob o céu estrelado, sentindo-nos participantes de toda a aventura pré-histórica. Quase nos vinha a impressão de que não fizéramos outra coisa, desde os tempos de Tiki, senão correr o mar sob o sol e as estrelas em busca de terra.

== Expedição à Ilha de Páscoa (1955 - 56) ==
Continuando suas pesquisas, Heyerdahl idealizou uma expedição arqueológica de grande envergadura à ilha mais distante do Pacífico, a ilha de Páscoa. Um grupo de 23 pessoas chegou à ilha e começou a fazer estudos arqueológicos no subsolo. Rapidamente descobriram que a ilha de Páscoa teve no passado uma grande quantidade de bosques que fora derrubado pelos moradores nativos e que estes também cultivavam muitas plantas oriundas da América do Sul.

Datações através de [[Carbono-14]] mostraram que a ilha havia sido ocupada desde aproximadamente o ano 380 d.C., cerca de mil anos mais cedo do que se acreditava. Escavações indicaram também que muitas obras feitas de pedra eram muito semelhantes às construídas pelas antigas civilizações peruanas. Alguns moradores da ilha contaram que de acordo com suas lendas eles originalmente chegaram provenientes de ilhas do Leste. Os resultados das pesquisas de Heyerdahl foram amplamente discutidos ao serem apresentados no 10º Congresso do Pacífico, em Honolulu (1961), onde diante de todas as provas, as teorias migratórias de Heyerdahl adquiriram grande importância e influência.

"E onde parou a ciência principiou a imaginação. Os misteriosos monólitos da ilha de Páscoa e todas as outras relíquias de origem desconhecida existentes nessa ilha pouco exposta, a qual fica em completa solidão a meio caminho entre as ilhas mais próximas e a costa sul-americana, deram ensejo a todo gênero de especulações. Muitos repararam que os achados da ilha de Páscoa faziam lembrar de muitas maneiras as relíquias das civilizações pré-históricas da [[América do Sul]]. Teria existido outrora uma porte de terra sobre o mar, e esta haveria submergido? Não seria a ilha de Páscoa, e todas as demais ilhas do Mar do Sul que tinham monumentos da mesma espécie, restos que um continente submerso deixara em relevo na superfície do oceano?"

"Tem sido esta entre leigos uma teoria popular e uma explicação plausível, mas os geólogos e outros investigadores não lhe dão importância. Demais, os zoólogos provam facilmente, pelo estudo de insetos e caracóis das ilhas dos mares do Sul, que, durante toda a história da humanidade, essas ilhas estiveram isoladas umas das outras e dos continentes que as rodeiam tão completamente como o estão hoje."

"Sabemos, portanto, com absoluta certeza, que a primitiva raça polinésia deve ter vindo em alguma época, espontaneamente ou não, ao sabor das águas ou com a força das velas de uma embarcação qualquer, até essas ilhas longínquas."

== Prêmios e Condecorações ==
Thor Heyerdahl recebeu várias medalhas, prêmios e condecorações. Foi membro regular de vários congressos científicos, membro de honra do Congresso Internacional de Americanistas, Congresso de Ciências do Pacífico e do Congresso internacional de Antropologia e Etnologia.

== Os últimos dias no Peru ==
Thor Heyerdahl passou os últimos anos de sua vida de intensa atividade no [[Peru]], principalmente em Chiclayo e [[Motupe (distrito)|Motupe]] onde continuou com suas investigações, muitas vezes superando as poderosas superstições da região. Graças aos seus estudos foi possível demonstrar que os antigos povos que habitavam a costa oeste da América do Sul, especialmente no Peru, possuíam grande habilidade no campo da navegação e sobretudo muita força e coragem.

Thor Heyerdahl morreu em 18 de abril de 2002 em sua casa na Itália depois de 87 anos dedicando sua vida às descobertas dos enigmas da humanidade.

== Anúncio da morte ==
'''In Memoriam Thor Heyerdahl'''<br />
6 de outubro de 1914 - 18 de abril de 2002

'''"O vento cessou. As velas foram arriadas.'''<br />
'''O remo de direção foi outorgado à um braço mais forte.'''
'''Na costa, Thor está descansando até a manhã da Ressurreição.'''<br />
'''Deus nosso Senhor, quão grande é teu nome sobre toda a Terra!"'''<br />
Bishop Gunnar Stålsett , State Funeral for Thor Heyerdahl, 26 April 2002, Oslo.


* ''På Jakt efter Paradiset'' (''Caça ao Paraíso''), 1938; ''[[Fatu Hiva (book)|Fatu-Hiva: Back to Nature]]'' (mudou de título em inglês em 1974).
* ''[[The Kon-Tiki Expedition: By Raft Across the South Seas]]'' (''Kon-Tiki ekspedisjonen'', também conhecido como ''Kon-Tiki: Across the Pacific in a Raft''), 1948.
* ''American Indians in the Pacific: The Theory Behind the Kon-Tiki Expedition'' (Chicago: Rand McNally, 1952), 821 páginas.
* ''[[Aku-Aku|Aku-Aku: The Secret of Easter Island]]'', 1957.
* ''Archaeology of Easter Island'', vol. 1 (Londres: George Allen and Unwin, 1961), vol. 2 (1965)
* ''Sea Routes to Polynesia: American Indians and Early Asiatics in the Pacific'' (Chicago: Rand McNally, 1968), 232 pages.
* ''The Ra Expeditions'' {{ISBN|0-14-003462-5}}.
* ''Early Man and the Ocean: The Beginning of Navigation and Seaborn Civilizations'', 1979
* ''The Tigris Expedition: In Search of Our Beginnings''
* ''The Maldive Mystery'', 1986
* ''Green Was the Earth on the Seventh Day: Memories and Journeys of a Lifetime''
* ''Pyramids of Tucume: The Quest for Peru's Forgotten City''
* ''Skjebnemøte vest for havet'' [''Fate Meets West of the Ocean''], 1992 (apenas em norueguês e alemão) os nativos americanos contam sua história, deuses brancos e barbudos, a infraestrutura não foi construída pelos Inkas mas por seus antecessores mais avançados.
* ''In the Footsteps of Adam: A Memoir'' (a edição oficial é Abacus, 2001, traduzido por Ingrid Christophersen) {{ISBN|0-349-11273-8}}
* ''Ingen Grenser'' (No Boundaries, apenas norueguês), 1999<ref>{{cite web|last=Gibbs|first=Walter|url=https://www.nytimes.com/2000/12/19/science/did-the-vikings-stay-vatican-files-may-offer-clues.html|title=Did the Vikings Stay? Vatican Files May Offer Clues|date=19-12-2000|access-date=12-2-2013|work=[[The New York Times]]}}</ref>
* ''Jakten på Odin'' (Teorias sobre Odin, somente norueguês), 2001
{{Referências}}
{{Referências}}


Linha 116: Linha 111:
*[http://books.google.com/books?id=OnkLBq6PD3IC&dq=na+trilha+de+ad%C3%A3o&hl=en&ei=ABr0TcuqF8jdgQeb27HkCw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCwQ6AEwAA Resenha do livro autobiográfico "Na Trilha de Adão: memórias de um filósofo de aventura" no Google Books]
*[http://books.google.com/books?id=OnkLBq6PD3IC&dq=na+trilha+de+ad%C3%A3o&hl=en&ei=ABr0TcuqF8jdgQeb27HkCw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCwQ6AEwAA Resenha do livro autobiográfico "Na Trilha de Adão: memórias de um filósofo de aventura" no Google Books]


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[[Categoria:Exploradores da Noruega]]
[[Categoria:Mortes por câncer de cérebro]]
[[Categoria:Mortes por câncer de cérebro]]

Revisão das 11h34min de 17 de abril de 2024

Thor Heyerdahl
Thor Heyerdahl
Nascimento 6 de outubro de 1914
Larvik, Noruega
Morte 18 de abril de 2002 (87 anos)
Colla Micheri, Itália
Nacionalidade Noruega Norueguês
Cidadania Noruega
Progenitores
  • Thor Heyerdahl
  • Alison Martine Lyng
Cônjuge Liv Rockefeller, Jacqueline Beer, Yvonne Dedekam-Simonsen
Filho(a)(s) Thor Heyerdahl, Bjorn Heyerdahl
Alma mater
Ocupação explorador, antropólogo, arqueólogo, historiador, roteirista, biólogo marinho, aventureiro, diretor de cinema, marinheiro, etnógrafo, viajante mundial, escritor
Prêmios Medalha Vega (1962)
Religião ateísmo
Causa da morte Câncer cerebral

Thor Heyerdahl (Larvik, Noruega, 6 de outubro de 1914 — Colla Micheri, Itália, 18 de abril de 2002) foi um explorador, zoólogo e geógrafo norueguês.[1][2]

Heyerdahl é notável por sua expedição Kon-Tiki em 1947, na qual navegou 8 000 km (5 000 milhas) através do Oceano Pacífico em uma jangada construída à mão da América do Sul para as Ilhas Tuamotu. A expedição foi projetada para demonstrar que os povos antigos poderiam ter feito longas viagens marítimas, criando contatos entre as sociedades. Isso estava ligado a um modelo difusionista de desenvolvimento cultural.

Heyerdahl fez outras viagens para demonstrar a possibilidade de contato entre povos antigos amplamente separados, notavelmente a expedição Ra II de 1970, quando ele navegou da costa oeste da África para Barbados em um barco de junco de papiro. Foi nomeado estudioso do governo em 1984.

Ele morreu em 18 de abril de 2002 em Colla Micheri, Itália, enquanto visitava familiares próximos. O governo norueguês deu-lhe um funeral de Estado na Catedral de Oslo em 26 de abril de 2002.[3]

Em maio de 2011, os Arquivos Thor Heyerdahl foram adicionados ao Registro da Memória do Mundo da UNESCO. Na época, esta lista incluía 238 coleções de todo o mundo.  Os Arquivos Heyerdahl abrangem os anos de 1937 a 2002 e incluem sua coleção fotográfica, diários, cartas particulares, planos de expedição, artigos, recortes de jornais e manuscritos originais de livros e artigos. Os Arquivos Heyerdahl são administrados pelo Museu Kon-Tiki e pela Biblioteca Nacional da Noruega em Oslo.[4]

Expedição Kon-Tiki

Ver artigo principal: Expedição Kon-Tiki
O Kon-Tiki no Museu Kon-Tiki em Oslo, Noruega

Em 1947, Heyerdahl e cinco companheiros aventureiros navegaram do Peru para as Ilhas Tuamotu, na Polinésia Francesa, em uma jangada pae-pae que haviam construído com madeira balsa e outros materiais nativos, batizada de Kon-Tiki. A expedição Kon-Tiki foi inspirada em antigos relatos e desenhos feitos pelos conquistadores espanhóis de jangadas incas, e em lendas nativas e evidências arqueológicas que sugerem o contato entre a América do Sul e a Polinésia. O Kon-Tiki colidiu com o recife em Raroia, no Tuamoto, em 7 de agosto de 1947, após uma viagem de 101 dias, 4 300 milhas náuticas (5 000 milhas ou 8 000 km) através do Oceano Pacífico. Heyerdahl quase se afogou pelo menos duas vezes na infância e não se afogou facilmente na água; Ele disse mais tarde que havia momentos em cada uma de suas viagens de jangada em que ele temia por sua vida.[5]

Kon-Tiki demonstrou que era possível para uma jangada primitiva navegar pelo Pacífico com relativa facilidade e segurança, especialmente para o oeste (com os ventos alísios). A jangada provou ser altamente manobrável, e os peixes se reuniram entre os nove troncos de balsa em tal número que os antigos marinheiros poderiam ter confiado em peixes para hidratação na ausência de outras fontes de água doce. Outras jangadas repetiram a viagem, inspiradas em Kon-Tiki.[6][7][8]

O livro de Heyerdahl sobre The Kon-Tiki Expedition: By Raft Across the South Seas foi traduzido para 70 idiomas.  O documentário da expedição intitulado Kon-Tiki ganhou um Oscar em 1951. Uma versão dramatizada foi lançada em 2012, também chamada Kon-Tiki, e foi indicada ao Oscar de Melhor Língua Estrangeira no 85º Oscar e ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro no 70º Globo de Ouro. Foi a primeira vez que um filme norueguês foi indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro.[6][7][8][9]

Evidências linguísticas, físicas e genéticas cumulativas de que a Polinésia foi de fato colonizada de oeste para leste por povos austronésios foram vistas por muito tempo para descartar qualquer validade para a afirmação de Heyerdahl de que as ilhas foram colonizadas a partir da América do Sul. No entanto, o consenso arqueológico ficou com um enigma: a batata-doce, uma cultura básica em toda a Polinésia que antecede o contato europeu, originou-se na América do Sul.  Em 2004, os linguistas holandeses e especialistas em línguas ameríndias Willem Adelaar e Pieter Muysken apontaram que a palavra para batata-doce parece ser compartilhada por línguas polinésias e várias línguas da América do Sul: proto-polinésia *kumala (compare Rapa Nui kumara, havaiano ʻ'uala, maori kūmara) pode estar ligado com quíchua e aimará k'umar ~ k'umara. Adelaar e Muysken afirmam que a semelhança na palavra batata-doce é prova do contato precoce entre os Andes Centrais e a Polinésia.  Um estudo genético publicado em 2020 finalmente encontrou "evidências conclusivas para o contato pré-histórico de indivíduos polinésios com indivíduos nativos americanos":[10][11][12][13][14]

Nossa data estimada mais antiga de contato é 1150 d.C. para Fatu Hiva, Marquesas do Sul. Isso é próximo da data estimada pela datação por radiocarbono para o assentamento desse grupo de ilhas, levantando a intrigante possibilidade de que, ao chegarem, os colonos polinésios encontraram uma pequena população nativa americana já estabelecida. Foi na ilha de Fatu Hiva, a ilha mais oriental da Polinésia equatorial, que Thor Heyerdahl levantou a hipótese de que indivíduos nativos americanos e polinésios poderiam ter entrado em contato um com o outro, com base em lendas de ilhéus afirmando que seus antepassados tinham vindo do leste.[15][16]

De acordo com os autores, os dados genéticos sugerem "um único evento de contato" por volta de 1200 d.C. com um "grupo nativo americano mais estreitamente relacionado aos habitantes indígenas da atual Colômbia". A contribuição genética é modesta, em grande parte limitada à Polinésia Oriental, fornecendo uma validação significativa, ainda que parcial, da tese de Heyerdahl.

Expedição à Ilha de Páscoa

Thor Heyerdahl, em 1955

Em 1955-1956, Heyerdahl organizou a Expedição Arqueológica Norueguesa à Ilha de Páscoa. A equipe científica da expedição incluía Arne Skjølsvold, Carlyle Smith, Edwin Ferdon, Gonzalo Figueroa e William Mulloy. Heyerdahl e os arqueólogos profissionais que viajaram com ele passaram vários meses na Ilha de Páscoa investigando vários sítios arqueológicos importantes. Os destaques do projeto incluem experimentos na escultura, transporte e montagem dos moai notáveis, bem como escavações em locais proeminentes como Orongo e Poike. A expedição publicou dois grandes volumes de relatórios científicos (Relatórios da Expedição Arqueológica Norueguesa à Ilha de Páscoa e ao Pacífico Oriental) e Heyerdahl mais tarde adicionou um terceiro (A Arte da Ilha de Páscoa). O livro popular de Heyerdahl sobre o assunto, Aku-Aku foi outro best-seller internacional.[17]

Em Easter Island: The Mystery Solved (Random House, 1989), Heyerdahl ofereceu uma teoria mais detalhada da história da ilha. Com base em testemunhos nativos e pesquisas arqueológicas, ele afirmou que a ilha foi originalmente colonizada por Hanau eepe ("Orelhas Longas"), da América do Sul, e que o polinésio Hanau momoko ("Orelhas Curtas") chegou apenas em meados do século 16; eles podem ter vindo de forma independente ou talvez tenham sido importados como trabalhadores. De acordo com Heyerdahl, algo aconteceu entre a descoberta da ilha pelo almirante Roggeveen em 1722 e a visita de James Cook em 1774; enquanto Roggeveen encontrou pessoas brancas, indianas e polinésias vivendo em relativa harmonia e prosperidade, Cook encontrou uma população muito menor, consistindo principalmente de polinésios e vivendo em privação.[18]

Heyerdahl observa a tradição oral de uma revolta de "Orelhas Curtas" contra as "Orelhas Longas". Os "Orelhas Longas" cavaram um fosso defensivo no extremo leste da ilha e o encheram de fogo. Durante a revolta, Heyerdahl alegou, os "Orelhas Longas" acenderam seu fosso e recuaram atrás dele, mas os "Orelhas Curtas" encontraram uma maneira de contorná-lo, vieram por trás e empurraram todos, exceto dois dos "Ouvidos Longos" para o fogo. Este fosso foi encontrado pela expedição norueguesa e foi parcialmente cortado na rocha. Camadas de fogo foram reveladas, mas nenhum fragmento de corpos.[18]

Quanto à origem do povo da Ilha de Páscoa, testes de DNA mostraram uma conexão com a América do Sul. Mas os críticos conjecturam que isso foi resultado de eventos recentes. Ainda assim, se isso é herdado de uma pessoa que vem em tempos posteriores é difícil saber. Se a história de que quase todos os Long Ears foram mortos em uma guerra civil for verdadeira, como diz a história dos ilhéus, seria de se esperar que a linhagem sul-americana que construía estátuas tivesse sido quase totalmente destruída, deixando em sua maior parte a linhagem polinésia.[19]

Barcos Ra e Ra II

O Ra II no Museu Kon-Tiki

Em 1969 e 1970, Heyerdahl construiu dois barcos de papiro e tentou atravessar o Oceano Atlântico a partir de Marrocos, na África. Baseado em desenhos e modelos do antigo Egito, o primeiro barco, chamado Ra (em homenagem ao deus egípcio Sol), foi construído por construtores de barcos do Lago Chade usando palheta de papiro obtida do Lago Tana, na Etiópia, e lançada no Oceano Atlântico a partir da costa do Marrocos. A tripulação do Ra incluía Thor Heyerdahl (Noruega), Norman Baker (EUA), Carlo Mauri (Itália), Yuri Senkevich (URSS), Santiago Genovés (México), Georges Sourial (Egito) e Abdullah Djibrine (Chade). Apenas Heyerdahl e Baker tinham experiência em vela e navegação. Genovés viria a chefiar o Experimento Acali.[20]

Depois de algumas semanas, Ra tomou água. A tripulação descobriu que um elemento-chave do método de construção de barcos egípcio havia sido negligenciado, uma corda que agia como uma fonte para manter a popa alta na água, permitindo flexibilidade. A água e as tempestades eventualmente fizeram com que ele caísse e se separasse depois de navegar mais de 6 400 km (4 000 milhas). A tripulação foi forçada a abandonar Ra, cerca de cem milhas (160 km) antes das ilhas caribenhas, e foi salva por um iate.[20]

No ano seguinte, 1970, uma embarcação semelhante, Ra II, foi construída a partir de papiro etíope pelos cidadãos bolivianos Demetrio, Juan e José Limachi do Lago Titicaca, e também atravessou o Atlântico a partir do Marrocos, desta vez com grande sucesso. A tripulação era basicamente a mesma; embora Djibrine tenha sido substituído por Kei Ohara do Japão e Madani Ait Ouhanni do Marrocos. O barco se perdeu e foi alvo de uma missão de busca e resgate das Nações Unidas. As buscas incluíram assistência internacional, incluindo pessoas tão distantes quanto Loo-Chi Hu, da Nova Zelândia. O barco chegou a Barbados, demonstrando assim que os marinheiros poderiam ter lidado com viagens transatlânticas navegando com a Corrente das Canárias. O Ra II está agora no Museu Kon-Tiki em Oslo, Noruega.[21]

O livro The Ra Expeditions e o documentário Ra (1972) foram feitos sobre as viagens. Além dos aspectos primários da expedição, Heyerdahl deliberadamente selecionou uma tripulação que representasse uma grande diversidade de raça, nacionalidade, religião e ponto de vista político, a fim de demonstrar que, pelo menos em sua pequena ilha flutuante, as pessoas poderiam cooperar e viver pacificamente. Além disso, a expedição coletou amostras da poluição marinha e apresentou seu relatório às Nações Unidas.[22]

Tigre

Modelo do Tigre nas Pirâmides de Güímar, Tenerife.

Heyerdahl construiu mais um barco de junco em 1977, o Tigris, que pretendia demonstrar que o comércio e a migração poderiam ter ligado a Mesopotâmia com a civilização do Vale do Indo, no que hoje é o Paquistão e o oeste da Índia. O Tigre foi construído em Al Qurnah, no Iraque, e navegou com sua tripulação internacional pelo Golfo Pérsico até o Paquistão e fez seu caminho para o Mar Vermelho.[23]

Depois de cerca de cinco meses no mar e ainda permanecendo navegante, o Tigre foi deliberadamente queimado em Djibuti em 3 de abril de 1978 como um protesto contra as guerras que assolam todos os lados no Mar Vermelho e no Chifre da África. Em sua Carta Aberta ao Secretário-Geral da ONU, Kurt Waldheim, Heyerdahl explicou suas razões:[23]

Hoje queimamos nosso orgulhoso navio ... protestar contra elementos desumanos no mundo de 1978... Agora somos forçados a parar na entrada do Mar Vermelho. Cercados por aviões militares e navios de guerra das nações mais civilizadas e desenvolvidas do mundo, fomos impedidos por governos amigos, por razões de segurança, de pousar em qualquer lugar, exceto na minúscula, e ainda neutra, República do Djibuti. Em outros lugares ao nosso redor, irmãos e vizinhos estão envolvidos em homicídios com os meios postos à sua disposição por aqueles que conduzem a humanidade em nosso caminho conjunto para o terceiro milênio.

Às massas inocentes de todos os países industrializados, dirigimos o nosso apelo. Precisamos acordar para a realidade insana do nosso tempo... Somos todos irresponsáveis, a menos que exijamos dos decisores responsáveis que os armamentos modernos deixem de ser postos à disposição de pessoas cujos antigos machados de batalha e espadas os nossos antepassados condenaram.

Nosso planeta é maior do que os feixes de junco que nos levaram através dos mares e, no entanto, pequeno o suficiente para correr os mesmos riscos, a menos que aqueles de nós ainda vivos abram nossos olhos e mentes para a necessidade desesperada de colaboração inteligente para salvar a nós mesmos e nossa civilização comum do que estamos prestes a converter em um navio afundando.

Nos anos que se seguiram, Heyerdahl foi muitas vezes franco em questões de paz internacional e meio ambiente.[23]

O Tigre tinha uma tripulação de 11 homens: Thor Heyerdahl (Noruega), Norman Baker (EUA), Carlo Mauri (Itália), Yuri Senkevich (URSS), Germán Carrasco (México), Hans Petter Bohn (Noruega), Rashad Nazar Salim (Iraque), Norris Brock (EUA), Toru Suzuki (Japão), Detlef Soitzek (Alemanha) e Asbjørn Damhus (Dinamarca).[23]

Pirâmides de Güímar

Em 1991, ele estudou as Pirâmides de Güímar em Tenerife e declarou que não eram montes de pedra aleatórios, mas pirâmides. Com base na descoberta feita pelos astrofísicos Aparício, Belmonte e Esteban, do Instituto de Astrofísica de Canárias, de que as "pirâmides" eram astronomicamente orientadas e convencido de que eram de origem antiga, ele afirmou que os povos antigos que as construíram eram provavelmente adoradores do sol. Heyerdahl levantou a hipótese de que as pirâmides das Canárias formavam um ponto de parada temporal e geográfico nas viagens entre o antigo Egito e a civilização maia, iniciando uma controvérsia na qual participaram historiadores, esotéricos, arqueólogos, astrônomos e aqueles com interesse geral em história.[24][25]

Entre 1991 e 1998, escavações arqueológicas do sítio foram realizadas por arqueólogos da Universidade de La Laguna. Resultados preliminares foram apresentados em um colóquio em 1996, fornecendo evidências para a datação das pirâmides. De acordo com o Georadar Geofísico precedente, oito locais adjacentes às pirâmides, cada um com uma área de 25 m2, foram investigados em camadas até o sólido assoalho de lava. Com isso, foi possível estabelecer três camadas específicas de sedimentos.[26] Começando pelo topo, foram:

  1. Uma camada de espessura média de 20 cm, constituída por terra rica em húmus com muitos restos vegetais e raízes; Os rastros do arado eram claramente identificáveis, assim como um amplo espectro de achados facilmente datáveis da segunda metade do século 20.
  2. Uma camada de espessura média de 25 cm, semelhante em composição à primeira camada, porém contendo menos húmus e maior quantidade de pedras pequenas; Uma grande variedade de achados que poderiam ser datados dos séculos 19 e 20 foram encontrados, dos quais um selo oficial de 1848 merece destaque especial.
  3. Uma camada de espessura entre 25 e 150 cm, composta por pequenas rochas vulcânicas, provavelmente colocadas em um movimento, que nivelou a pedra irregular embaixo; As pedras continham apenas muito poucos achados, principalmente um pequeno número de cacos de cerâmica, dos quais alguns eram locais e outros importados, ambos os tipos foram aproximadamente estimados como pertencentes ao século 19. As pirâmides ficam estratigraficamente diretamente no topo desta camada inferior, permitindo assim uma data mais antiga de construção das pirâmides dentro do século 19.[27]

Além disso, sob a borda de uma das pirâmides, uma caverna de lava natural foi descoberta. Ele havia sido murado e rendido artefatos da época dos Guanches. Como as pirâmides ficam estratigraficamente acima da caverna, os achados de Guanche entre 600 e 1000 d.C. só podem apoiar conclusões sobre a data do uso humano da caverna. O levantamento acima indica que as pirâmides em si não podem ser mais antigas do que o século 19.[28]

Outros projetos

"A Busca por Odin" no Azerbaijão e na Rússia. Heyerdahl, realizou quatro visitas ao Azerbaijão entre 1981 e 2000, atraído pelas antigas esculturas rupestres de Gobustan, que ele comparava às encontradas na Noruega. Baseado nas semelhanças artísticas, Heyerdahl sugeriu que o Azerbaijão poderia ser a origem de uma antiga civilização que migrou para a Escandinávia. Durante uma palestra em Baku em 1999, ele citou Snorri Sturluson, um historiador do século 13, que escreveu que o deus nórdico Odin migrou do Oriente para o Norte da Europa. Heyerdahl levou essa narrativa ao pé da letra, relacionando-a geograficamente com o Azerbaijão. Em 2000, ele continuou suas investigações arqueológicas em Azov, na Rússia, tentando validar suas teorias sobre a migração de Odin, enfrentando críticas e acusações de pseudociência por parte da comunidade acadêmica. As teorias de Heyerdahl, embora populares, permanecem amplamente rejeitadas por especialistas e não foram validadas até o presente.[29]

Heyerdahl também investigou os montes encontrados nas Ilhas Maldivas, no Oceano Índico. Lá, ele encontrou fundações e pátios orientados para o sol, bem como estátuas com lóbulos de orelha alongados. Heyerdahl acreditava que essas descobertas se encaixavam com sua teoria de uma civilização marítima que se originou no que hoje é o Sri Lanka, colonizou as Maldivas e influenciou ou fundou as culturas da antiga América do Sul e da Ilha de Páscoa. Suas descobertas são detalhadas em seu livro The Maldive Mystery.[30]

Heyerdahl também foi uma figura ativa na política verde. Recebeu inúmeras medalhas e prêmios. Ele também recebeu 11 doutorados honorários de universidades das Américas e da Europa.[30]

Nos anos seguintes, Heyerdahl esteve envolvido com muitas outras expedições e projetos arqueológicos. Ele permaneceu mais conhecido por sua construção de barcos, e por sua ênfase no difusionismo cultural.[30]

Publicações

  • På Jakt efter Paradiset (Caça ao Paraíso), 1938; Fatu-Hiva: Back to Nature (mudou de título em inglês em 1974).
  • The Kon-Tiki Expedition: By Raft Across the South Seas (Kon-Tiki ekspedisjonen, também conhecido como Kon-Tiki: Across the Pacific in a Raft), 1948.
  • American Indians in the Pacific: The Theory Behind the Kon-Tiki Expedition (Chicago: Rand McNally, 1952), 821 páginas.
  • Aku-Aku: The Secret of Easter Island, 1957.
  • Archaeology of Easter Island, vol. 1 (Londres: George Allen and Unwin, 1961), vol. 2 (1965)
  • Sea Routes to Polynesia: American Indians and Early Asiatics in the Pacific (Chicago: Rand McNally, 1968), 232 pages.
  • The Ra Expeditions ISBN 0-14-003462-5.
  • Early Man and the Ocean: The Beginning of Navigation and Seaborn Civilizations, 1979
  • The Tigris Expedition: In Search of Our Beginnings
  • The Maldive Mystery, 1986
  • Green Was the Earth on the Seventh Day: Memories and Journeys of a Lifetime
  • Pyramids of Tucume: The Quest for Peru's Forgotten City
  • Skjebnemøte vest for havet [Fate Meets West of the Ocean], 1992 (apenas em norueguês e alemão) os nativos americanos contam sua história, deuses brancos e barbudos, a infraestrutura não foi construída pelos Inkas mas por seus antecessores mais avançados.
  • In the Footsteps of Adam: A Memoir (a edição oficial é Abacus, 2001, traduzido por Ingrid Christophersen) ISBN 0-349-11273-8
  • Ingen Grenser (No Boundaries, apenas norueguês), 1999[31]
  • Jakten på Odin (Teorias sobre Odin, somente norueguês), 2001

Referências

  1. Ernby, Birgitta; Martin Gellerstam, Sven-Göran Malmgren, Per Axelsson, Thomas Fehrm (2001). «Thor Heyerdahl». Norstedts första svenska ordbok (em sueco). Estocolmo: Norstedts ordbok. p. 244. 793 páginas. ISBN 91-7227-186-8 
  2. Miranda, Ulrika Junker; Anne Hallberg (2007). «Thor Heyerdahl». Bonniers uppslagsbok (em sueco). Estocolmo: Albert Bonniers Förlag. p. 381. 1143 páginas. ISBN 91-0-011462-6 
  3. «10.2 Thor Heyerdahl - Thor Heyerdahl's Final Projects - by J. Bjørnar Storfjell, Ph.D.». www.azer.com. Consultado em 17 de abril de 2024 
  4. Novas coleções chegam para enriquecer a Memória do Mundo; archive.today 25-05-2011 (Paris)
  5. Personal correspondence via fax on 2 February 1995 to Editor Betty Blair, Azerbaijan International magazine for article "Kon-Tiki Man", Azerbaijan International, Vol. 3:1 (Spring 1995), pp. 62–63.
  6. a b Ryland, Julie (11 January 2013). «Norwegian film "Kon Tiki" nominated for Oscar». The Norway Post. Consultado em 11 January 2013  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  7. a b Heyerdahl's Kon-Tiki has been translated into 71 languages, according to the Director of Kon-Tiki Museum, September 2013. Azerbaijani language being the 70th.
  8. a b Finke, Nikki (13 December 2012). «lasse_hallstrom.jpg». Deadline  Verifique data em: |data= (ajuda)
  9. «Oscars: Hollywood announces 85th Academy Award nominations». BBC News. 10 January 2013. Consultado em 10 January 2013  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  10. Ioannidis, Alexander G.; et al. (2020). «Native American gene flow into Polynesia predating Easter Island settlement». Nature. 583 (7817): 572–577. Bibcode:2020Natur.583..572I. PMC 8939867Acessível livremente. PMID 32641827. doi:10.1038/s41586-020-2487-2 
  11. Greenhill, Simon J.; Clark, Ross; Biggs, Bruce (2010). «Entries for KUMALA.1 [LO] Sweet Potato (Ipomoea. POLLEX-Online: The Polynesian Lexicon Project Online. Consultado em 16 July 2013. Cópia arquivada em 8 February 2013  Verifique data em: |acessodata=, |arquivodata= (ajuda)
  12. Adelaar, Willem F. H.; Muysekn, Pieter C. (10 June 2004). «Genetic relations of South American Indian languages». The Languages of the Andes. [S.l.]: Cambridge University Press. p. 41. ISBN 978-1-139-45112-3  Verifique data em: |data= (ajuda)
  13. Wilmshurst, Janet M.; Hunt, Terry L.; Lipo, Carl P.; Anderson, Atholl J. (27 December 2010). «High-precision radiocarbon dating shows recent and rapid initial human colonization of East Polynesia». Proceedings of the National Academy of Sciences (em inglês). 108 (5): 1815–1820. Bibcode:2011PNAS..108.1815W. ISSN 0027-8424. PMC 3033267Acessível livremente. PMID 21187404. doi:10.1073/pnas.1015876108Acessível livremente. For example, the earliest presence of sweet potato (Ipomoea batatas) in Mangaia, Cook Islands, dated to A.D. 1210–1400 and was regarded as a late occurrence  Verifique data em: |data= (ajuda)
  14. Horridge, Adrian (2006). Bellwood, Peter, ed. The Austronesians: Historical and Comparative Perspectives. Canberra, ACT: [s.n.] ISBN 978-0731521326 
  15. Heyerdahl, T. Fatu-Hiva: Back to Nature (Allen & Unwin, 1974).
  16. «High-precision radiocarbon dating shows recent and rapid initial human colonization of East Polynesia». Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. 108 (5): 1815–1820. 2011. Bibcode:2011PNAS..108.1815W. PMC 3033267Acessível livremente. PMID 21187404. doi:10.1073/pnas.1015876108Acessível livremente 
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  19. «Kon-Tiki explorer was partly right – Polynesians had South American roots | Ghostarchive». ghostarchive.org. Consultado em 17 de abril de 2024 
  20. a b Heyerdahl, Thor (1972). The Ra Expeditions. [S.l.: s.n.] p. 197 
  21. Ryne, Linn. [1]. Retrieved 13 January 2008.
  22. «Heyerdahl award». Norges Rederiforbund. Consultado em 29 de novembro de 2013 
  23. a b c d Pathé, British. «Bahrain: Noted Explorer Thor Heyerdahl Prepares To Continue His Reed-Boat Voyage To India.». www.britishpathe.com (em inglês). Consultado em 30 de abril de 2021 
  24. Juan Francisco Navarro Mederos: Arqueología de las Islas Canarias", in: Espacio, Tiempo y Forma, Serie I, Prehistoria y Arqueología, Bd. 10, 1997, S. 467.
  25. Antonio Aparicio Juan/César Esteban López, Las Pirámides de Güímar: mito y realidad. Centro de la Cultura Popular Canaria, La Laguna 2005, ISBN 978-84-7926-510-6, p. 35-52.
  26. Maria Cruz Jiménez Gómez/Juan Francisco Navarro Mederos, El complejo de las morras de Chacona (Güímar, Tenerife): resultados del proyecto de investigación, XII Coloquio de Historia Canario-Americana (1996), Cabildo Insular de Gran Canaria, Las Palmas de Gran Canaria 1998, vol. 1.
  27. Juan Francisco Navarro Mederos/Maria Cruz Jiménez Gómez: El difusionismo atlántico y las pirámides de Chacona, in: Miguel Ángel Molinero Polo y Domingo Sola Antequera: Arte y Sociedad del Egipto antiguo. Madrid 2000, S. 246-249.
  28. Part of the preceding sections are based on the German wikipedia article Pyramiden von Güímar.
  29. «Thor Heyerdahl in Azerbaijan: KON-TIKI MAN by Betty Blair». azer.com. Consultado em 17 de abril de 2024 
  30. a b c «10.2 Thor Heyerdahl - Thor Heyerdahl's Final Projects - by J. Bjørnar Storfjell, Ph.D.». web.archive.org. 14 de julho de 2020. Consultado em 17 de abril de 2024 
  31. Gibbs, Walter (19 de dezembro de 2000). «Did the Vikings Stay? Vatican Files May Offer Clues». The New York Times. Consultado em 12 de fevereiro de 2013 

Ligações externas

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