Alberto Varela Silva

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Varela Silva
Nome completo Alberto Varela Silva
Nascimento 15 de setembro de 1929
Madragoa, Estrela, Lisboa
Nacionalidade Português
Morte 15 de dezembro de 1995 (66 anos)
Lisboa
Ocupação Actor, autor e encenador
Cônjuge Celeste Rodrigues (1953-1989, 2 filhas)

Simone de Oliveira (1989-1995)

Alberto Varela Silva (Lisboa, Estrela, Madragoa, 15 de Setembro de 1929 - Lisboa, 15 de Dezembro de 1995), mais conhecido por Varela Silva, foi um actor, autor, encenador e director de teatro, cinema e televisão português.

Nascimento e formação[editar | editar código-fonte]

Nasceu em 15 de Setembro de 1929, no Bairro da Madragoa, em Lisboa.[1] Frequentou a Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul, onde foi colega de futuras grandes figuras do teatro e televisão nacional, como Raul Solnado.[2]

Carreira artística[editar | editar código-fonte]

Teatro[editar | editar código-fonte]

A sua estreia como actor foi ainda naquela sociedade, na peça Falar Verdade a Mentir de Almeida Garrett.[1] Em 1953 interpretou a personagem do Conde de Ourém na peça O Regente de Marcelino Mesquita, a convite da companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, tendo este sido o seu primeiro trabalho no Teatro Nacional D. Maria II.[1] No ano seguinte profissionalizou-se como membro desta companhia, iniciando assim uma carreira de mais de quatro décadas, onde interpretou em cerca de duzentas peças, abrangendo várias tipologias teatrais, como a farsa, a tragédia, a comédia, e a revista.[1] Participou em várias peças destacadas, como Um Eléctrico Chamado Desejo, Felizmente Há Luar! ou Passa Por Mim no Rossio.[1] Em 1967, interpretou a peça Um Equilíbrio Delicado, em conjunto com Amélia Rey Colaço e Mariana Rey Monteiro, baseada numa obra de Edward Albee, vencedora de um Prémio Pulitzer.[3] Em 29 de Setembro de 1986 participou num espectáculo de homenagem a Maria Matos, organizado pela Câmara Municipal de Lisboa por ocasião do centenário do seu nascimento, onde também marcaram presença outras grandes figuras do teatro nacional, como César de Oliveira, Pavão dos Santos, Lopes Ribeiro e Eunice Muñoz.[4]

Trabalhou igualmente como encenador de teatro, tendo sido responsável por mais de vinte peças, incluindo Estranha Forma de Amar em 1976, ou O Fidalgo Aprendiz em 1988.[1] A sua estreia como encenador foi com outra peça de Garrett, O Tio Simplício, em colaboração com o célebre decorador Lucien Donnat.[5] Em 1960 encenou a obra A Sapateira Prodigiosa,[1] de Federico García Lorca, onde trabalhou com Octávio Clérigo.[5] Foi o autor da peça Ponto de Vista em 1961,[1] que foi apresentada no Carnaval desse ano, e que contou com a participação de Amélia Rey Colaço e Erico Braga.[5] Em 1955 escreveu a comédia Amanhã há Récita,[1] que foi levada ao palco no ano seguinte, tendo sido a estreia do actor Henrique Viana.[6] Em 1968, a sua peça Tango, baseada numa obra do dramaturgo Sławomir Mrożek, e interpretada por Amélia Rey Colaço e Mariana Rey Monteiro, teve um grande sucesso.[5] Escreveu igualmente as peças Um Príncipe do Meu Bairro em 1966, e em 1978 a revista O pato das cantigas em conjunto com Nicolau Breyner.[1] Outra grande figura do teatro nacional com o qual Varela Silva trabalhou foi o actor e encenador Norberto Barroca.[2] Em 1956 publicou o livro de contos Histórias Que Não Me Pediram, que recebeu uma crítica positiva por parte do jornal Diário Popular tendo João Pedro de Andrade considerado que «em poucas páginas afirmou disposições que escritores de carteira nem sempre logram com muitos livros: um ângulo próprio donde visionar um sector da vida citadina e uma maneira pessoal de expor os resultados da sua visão. De qualquer modo, é caso para lhe pedirmos mais histórias.».[7]

Televisão e cinema[editar | editar código-fonte]

A sua carreira também passou pela televisão, onde escreveu, realizou, dirigiu e foi intérprete em diversos programas, principalmente em telenovelas portuguesas, tendo participado na primeira realizada em Portugal, a Vila Faia, em 1982.[1] Em Abril de 1974, foi convidado pela Rádio Televisão Portuguesa para interpretar e encenar a peça de teleteatro Duas Dúzias de Rosas Vermelhas, onde também iriam actuar Paulo Renato e Simone de Oliveira.[8] Naquela emissora, também foi jurado do concurso Retrato de Família, e foi o autor da Histórias simples de gente cá do bairro, sobre os habitantes de Lisboa.[1]

Também participou como actor em oito filmes de cinema, incluindo A Ribeira da Saudade de João Mendes, em 1963, Benilde ou a Virgem Mãe de Manoel de Oliveira, em 1975, Cântico Final de Manuel Guimarães, de 1975, O Diabo Desceu à Vila, realizado em 1979 por Teixeira da Fonseca, e Aqui d'El Rei! de António-Pedro Vasconcelos, em 1992.[1] Foi o argumentista do filme Pão, Amor e… Totobola! de Henrique Campos, lançado em 1964.[1] Interpretou, em conjunto com Fernanda Borsatti, as personagens principais do telefilme A Chave do Mistério, realizada em 1959 por Marcello de Morais.[9]

Varela Silva manifestou igualmente a vontade de adaptar a obra Aparição de Virgílio Ferreira para o cinema, mas nunca conseguiu realizar este intento.[1]

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Em 14 de Julho de 2004, a Câmara Municipal de Lisboa colocou o seu nome numa rua no Vale da Ameixoeira, na freguesia de Santa Clara, homenagem que foi feita na sequência de uma proposta da APOIARTE – Associação de Apoio aos Artistas.[1]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Teatro (actor)[editar | editar código-fonte]

Varela Silva participou em 200 peças, entre as quais:

Teatro (encenação)[editar | editar código-fonte]

Mais de 20 peças, nomeadamente:

  • A Sapateira Prodigiosa (1960)
  • Estranha Forma de Amar (1976)
  • O Fidalgo Aprendiz (1988).

Cinema (argumentista)[editar | editar código-fonte]

Cinema (actor)[editar | editar código-fonte]

Fez parte do elenco dos filmes: [12]

Participou ainda em outras telenovelas, como Vila Faia (1982)[13] e séries televisivas, como Gente Fina É Outra Coisa (1982-83).

Livros[editar | editar código-fonte]

  • Histórias Que Não Me Pediram (1956) [14]
  • Amanhã Há Récita (1955) - comédia em três atos
  • Ponto de vista (1961) - peça
  • Um Príncipe do Meu Bairro (1966) - peça
  • O pato das cantigas (1978) com Nicolau Breyner.

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Varela Silva casou em 1955 com a fadista Celeste Rodrigues, de quem teve duas filhas: Maria Rita e Maria José.[15] Esteve igualmente casado com a cantora e actriz Simone de Oliveira.[16]

Varela Silva foi vítima de uma doença prolongada tendo estado em tratamentos de quimioterapia no Hospital Pulido Valente ao lado de Curado Ribeiro, seu amigo de vida.[17] Morreu a 15 de Dezembro de 1995, na cidade de Lisboa.[18]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p «A Rua Varela Silva e o desejo de «Aparição»». Toponíma de Lisboa. Departamento de Património Cultural da Câmara Municipal de Lisboa. 27 de Janeiro de 2016. Consultado em 2 de Dezembro de 2022 – via Wordpress 
  2. a b MENDONÇA, Bernardo (8 de Agosto de 2009). «A história do Solnado». Expresso. Consultado em 5 de Dezembro de 2022 
  3. FIGUEIRA, Jorge Louraço (17 de Setembro de 2016). «Edward Albee, o dramaturgo que mostrou à América como sobreviver à intimidade». Público. Consultado em 2 de Dezembro de 2022 
  4. «Homenagem a Maria Matos» (PDF). Revista Municipal de Lisboa. XLVII (17). Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa. 1986. p. 70. Consultado em 7 de Dezembro de 2022 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  5. a b c d Lucien Donnat: um criador rigoroso (PDF). [S.l.]: Teatro Nacional D. Maria II e Imprensa Nacional - Casa da Moeda. Janeiro de 2014. p. 72, 74, 80. ISBN 978-972-27-2278-0. Consultado em 1 de Dezembro de 2022 
  6. Lusa (4 de Julho de 2007). «Morreu o actor Henrique Viana». Público. Consultado em 2 de Dezembro de 2022 
  7. ANDRADE, João Pedro de (4 de Abril de 1956). ««Histórias que não me pediram» - Por Varela Silva - Edição do autor - Lisboa, 1956» (PDF). Diário Popular. Ano XIV (4847). Lisboa: Sociedade Industrial de Imprensa. p. 7. Consultado em 7 de Dezembro de 2022 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  8. «Simone em teleteatro» (PDF). Diário Popular. XXXII (11317). Lisboa: Sociedade Industrial de Imprensa. 25 de Abril de 1974. p. 6. Consultado em 7 de Dezembro de 2022 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  9. «RTP Memória exibe 'A Chave do Mistério'». Diário de Notícias. 20 de Novembro de 2005. Consultado em 2 de Dezembro de 2022 
  10. Peça de Teatro “O Céu da Minha Rua” - RTP
  11. Nascimento, Frederico Lopes / Marco Oliveira / Guilherme. «Pão, Amor e... Totobola!». CinePT-Cinema Portugues. Consultado em 18 de dezembro de 2022 
  12. Nascimento, Frederico Lopes / Marco Oliveira / Guilherme. «Cinema Português: Varela Silva». CinePT-Cinema Portugues. Consultado em 18 de dezembro de 2022 
  13. «"Vila Faia" estreou há 30 anos». A Televisão. atelevisao.com. 10 de maio de 2012. Consultado em 5 de dezembro de 2022 
  14. «Biblioteca Nacional de Portugal: Varela Silva». catalogo.bnportugal.gov.pt. Consultado em 18 de dezembro de 2022 
  15. «Celeste Rodrigues, memória viva do fado, deixa-nos aos 95 anos». Abril Abril. 1 de Agosto de 2018. Consultado em 1 de Dezembro de 2022 
  16. BORGES, Liliana; ANDRADE, Sérgio C. (16 de Janeiro de 2018). «Morreu Madalena Iglésias, a "rainha da rádio" que encantou o país pela televisão». Público. Consultado em 2 de Dezembro de 2022 
  17. Daniel Oliveira (6 de maio de 2013). «Rita Ribeiro em Alta Definição». Minuto 19. SIC. Consultado em 16 de outubro de 2017 
  18. ANDRADE, Soraia Simões de (7 de Maio de 2018). «História da Gravação Sonora e Musical em Portugal - Hugo Ribeiro: (1925 - 2016) Narrar e gravar o invisível». Mural Sonoro. Consultado em 1 de Dezembro de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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