António Charrua

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
António Charrua
Mestre Charrua em1990.
Nome completo António Dias Charrua
Nascimento 06 de maio de 1925
Lisboa, Portugal
Morte 21 de agosto de 2008 (83 anos)
Évora, Portugal
Nacionalidade Portugal Portuguesa
Prémios Medalha de Mérito Municipal (Grau Ouro) de Évora
Área Pintura, Escultura, Gravura, Tapeçaria, Cerâmica
Movimento(s) Abstraccionismo
Publicações Charrua, Ed. Autor, 1990; Charrua, 2001, Ed. Câmara Municipal de Évora
Assinatura
Assinatura de António Charrua

António Dias Charrua (Lisboa, 6 de maio de 1925Évora, 21 de agosto de 2008) foi um artista plástico português. Dedicou-se à pintura, escultura, gravura e tapeçaria.[1][2]

Artista plurifacetado e multidisciplinar, Charrua desenvolveu, através de diferentes linguagens e suportes, um vocabulário marcadamente abstracionista, influenciado pelo Expressionismo europeu e americano. Deixou uma obra extensa, que se prolongou ao longo de seis décadas de atividade contínua e intensa.

Biografia[editar | editar código-fonte]

António Charrua nos anos 60.

Frequentou o curso de arquitetura da Escola de Belas-Artes de Lisboa. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian no estrangeiro em 1960–61 [3]. Dedicou-se às artes gráficas (trabalhou para a Portugália Editora, Editorial Presença e Sociedade de Expansão Cultural), tendo realizado várias capas de livros, por vezes sob o pseudónimo de A. Dias[4]. Expôs individualmente pela primeira vez em 1953, na cidade do Porto, data a partir da qual passou a apresentar a sua obra com regularidade, a nível nacional e internacional.


Pintura[editar | editar código-fonte]

Partindo inicialmente de Picasso, a sua obra irá percorrer os caminhos de um tipo de abstração onde no entanto se sente uma forte ligação ao real. É o que acontece em Terra trabalhada (1961), exposto na II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, que nos conduz, "em sugestão plausível, aos camponeses do Alentejo que foram um dos mais poderosos temas de Charrua".[5]

Na década seguinte a sua obra evolui, e o gestualismo associa-se a expressivas formas geométricas e objetos tridimensionais.[6]

Escultura[editar | editar código-fonte]

O Mensageiro Breve de Lao Tse de António Charrua, Torres Vedras, 2002.
Esculturas em espaços públicos[editar | editar código-fonte]
  • 2002 — O Mensageiro Breve de Lao Tse, Rotunda Norte da Avenida Poente de Torres Vedras

«A figura representada na escultura, tendo um cunho imaginário, significa a enorme carga que a Humanidade transporta ao longo dos tempos. »[7]

  • 2005 — Diálogo de Ícaro com o Sol, Rotunda dos Colegiais de Évora.



Exposições[editar | editar código-fonte]

Entre as exposições coletivas em que participou podem destacar-se: Exposições Gerais de Artes Plásticas, SNBA, Lisboa; I Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian, SNBA (1957); II Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian (1961); Bienal Internacional de Tóquio (1965); Arte Portuguesa Contemporânea, Barcelona e Salamanca (1973), Roma e Paris (1976), Brasília, S. Paulo e Rio de Janeiro (1976); III Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian (1986); etc.[1]


Entre as suas mostras individuais podem destacar-se: Galeria Diário de Notícias, Lisboa (1962, 1963); Galeria de Arte Moderna, Sociedade Nacional de Belas-Artes, Lisboa (1967, 1968); Galeria Numaga II, Auvernier, Suiça (1971, 1976); Galeria Zen, Porto (1972); Galerie du Manoir, La Chaux-de-Fonds (1978); Galeria Jonas, Neichatel (1984); Galeria Darani, Lucarno (1984); Museu de Évora (2001).[1]


"X de Charrua" — Exposição Antológica na Fundação Calouste Gulbenkian (18 junho 2015–25 outubro 2015)[editar | editar código-fonte]
Fotografia de quadros e esculturas patentes na Exposição antológica X de Charrua, no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian em 2015.
X de Charrua — CAM Fundação Calouste Gulbenkian ©Paulo Costa

Em 2015, a Fundação Calouste Gulbenkian dedica-lhe uma exposição antológica, levada a cabo pelo Centro de Arte Moderna (CAM), denominada X de Charrua, onde reuniu uma grande quantidade e variedade de obras: pinturas, esculturas, gravuras, desenhos, artes gráficas, cerâmicas, vitrais e azulejos. Com curadoria de Ana Ruivo e Leonor Nazaré, contou com mais de duas centenas de obras, reflexo dos cerca de sessenta anos de atividade prolífera do artista.

X de Charrua — CAM Fundação Calouste Gulbenkian ©Paulo Costa
"Grandes Mestres" — Exposição Internacional no Mosteiro de Ancede Centro Cultural (MACC) Baião (15 out — 13 nov 2022)[editar | editar código-fonte]

A exposição reúne obras de alguns dos maiores vultos da arte moderna e contemporânea, maioritariamente de acervos privados. Além de Charrua, inclui Pablo Picasso, Salvador Dalí, Andy Warhol, Robert Delaunay, Paula Rego, Júlio Resende, Cruzeiro Seixas, Nadir Afonso, entre outros.


Coleções de Arte[editar | editar código-fonte]

Sem título, 1972, óleo sobre tela, 161 x 130 cm

Está representado em coleções públicas e privadas, podendo destacar-se as seguintes: Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto; Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Museu do Chiado, Lisboa; Museu de Helsínquia, Finlândia; Galeria Ap'arte, Porto; Galeria São Mamede, Lisboa.

Citações[editar | editar código-fonte]

«A minha obra vejo-a como uma pesquisa numa zona marcada pelo gesto expressionista, mas determinada por um certo desejo de equilíbrio, uma certa contenção (...) Contrariamente ao que se possa supor, não se trata de começar no real, ou naquilo a que se chama natureza. Tudo se passa no plano da tela, e, recusada a ilusão, as coisas situam-se na continuidade do sentido estético, que o mesmo é dizer na própria obra de arte. Suponho que toda a pintura dita moderna apela a uma nova construção do espaço que tem a ver mais com o que se sabe do com o que se vê. Mas o real também está presente, na sua indeterminada, fascinante e misteriosa dimensão». António Charrua

"(...) o gesto é para mim decorrente da emergência da própria força do acaso que deverá ser assumida, embora nem sempre ele faça lei. Encontro-o tão exacto e irrepetível quanto a própria vida... como quando encontramos alguém no decorrer da existência. Há sempre uma timidez, uma supressão no humano. Nunca dizemos suficientemente as coisas essenciais às pessoas importantes, como por exemplo isto: amo-te." António Charrua

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c A.A.V.V. – III Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1986
  2. A.A.V.V – Arte Portuguesa Contemporânea: pintura, desenho e gravura da coleção C. Gulbenkian (exposição itinerante: Açores; Madeira, outubro / dezembro 1962). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1962.
  3. A.A.V.V. (coordenação de Raquel Henriques da Silva) – 50 Anos de Arte Portuguesa. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2007, p. 36
  4. Ferrão, Rita Gomes, "O gesto de António Charrua", Jornal Público, 28-04-2016, p. 47
  5. Silva, Raquel Henriques – António Charrua. In: A.A.V.V (coordenação de Raquel Henriques da Silva) – 50 Anos de Arte Portuguesa. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2007, p. 36
  6. França, José Augusto - A Arte em Portugal no Século XX: 1911-1961 [1974]. Lisboa: Bertrand Editora, 1991, p. 408
  7. Vedras, Câmara Municipal de Torres. «O Mensageiro Breve de Lao Tsé». www.cm-tvedras.pt. Consultado em 10 de novembro de 2022