Banda desenhada franco-belga

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Banda Desenhada franco-belga é o género de banda desenhada, história em quadrinhos, arte sequencial ou gibis criada na  França e na  Bélgica. É um género diferente de banda desenhada, porque estes países têm uma longa tradição neste tipo de arte (nona arte) que é conhecido como BD (Portugal), bandes dessinées, (países francófonos), stripverhalen (Holanda), etc. Muitos outros países europeus são fortemente influenciados pela banda desenhada franco-belga.

A expressão "banda desenhada franco-belga" remete-nos às banda desenhadas publicadas pelos editores francófonos, mas mais especificamente a todos os estilos comuns à banda desenhada destes dois países ou influenciadas por eles.

Tentativa de definição

A banda desenhada franco-belga como é indicado pela sua etimologia, é feita por autores de origens geográficas e culturais da França e da Bélgica. Estes países têm uma longa tradição na criação de banda desenhada que muito merecidamente ganhou o estatuto de nona arte. Não é à toa que o termo francês bandes dessinées não contém qualquer indicação ao estilo, ao contrário da palavra inglesa "comics" que, por si só, implica ser uma forma de arte para não ser levada a sério. Na verdade, a distinção da banda desenhada como a "nona arte" é comum em França sobe o termo (neuvième art).

O estilo dominante é a linha clara. Os exemplos mais conhecidos são os do autor de Tintim, Hergé (precursor da linha clara), ou Astérix o Gaules de Goscinny e Uderzo. No entanto, após a década de 60, com a influência de novas revistas, como Hara-Kiri, Pilote, Métal hurlant ou (A SUIVRE), e com editoras como a Casterman, Les Humanoïdes Associés e Futuropolis, a BD Franco Belga, estende-se ao público adulto através de formatos e estilos gráficos muito diferentes.

Vocabulário

O acrónimo da sigla BD refere-se à expressão francesa "bande dessinée". O termo "Banda desenhada" é uma tradução directa da expressão francesa[1]. É chamada de BD a uma série de desenhos que conta uma história, com ou sem texto, de forma sequencial.

O termo "banda desenhada franco-belga" é amplo, e pode ser aplicado a toda a banda desenhada feita por autores de origem francesa ou belga, bem como a toda a BD influenciada por ela. Também é aplicado a toda a BD publicada originalmente por editores franceses e belgas. O tipo em si, também pode ser caracterizada pelo formato típico em álbum, normalmente com papel de alta qualidade e a cores, de tamanho A4, 22x29 cm (em 8.4x11.6)[2], entre 40 e 60 páginas. Até finais de 1960 a BD franco-belga era caracterizada por álbuns quase exclusivamente para jovens. Esses álbuns eram de capa dura, a cores e continham uma média de 40 páginas.

O termo álbum é usado pela mídia especializada como sinônimo dos termos trade paperback[3][4] (as edições encadernada dos comics estadunidense)[5] e graphic novel (usado originalmente para definir histórias fechadas)[6][7][8][9].

História da BD franco-belga

A BD franco-belga no inicio do século XX

Em 1929, começam a ser publicadas na Bélgica, no jornal Le Petit Vingtième as aventuras de Tintim, o famoso repórter de calças de golfe.

Os anos do pós-guerra

A partir do segundo semestre de 1940, começam a aparecer vários jornais. Ao lançar o Le Journal de Tintin, o editor Raymond Leblanc obteve um grande sucesso editorial e contribui para que a Bélgica, passasse a ser o centro de gravidade da banda desenhada francófona. Outra publicação belga o Jornal Spirou, proporcionou grande concorrência. O conceito de banda desenhada Franco-Belga assume o seu pleno significado, devido ao inter-relacionamento dos mundos profissionais de ambos os países. Na época dourada do Jornal do Tintim, autores como Jacques Martin ou Tibete foram trabalhar para a Bélgica. Pilote, uma revista francesa irá progressivamente competir com os seus dois rivais e irá atrair autores belgas como Morris e Greg.

Quando a BD começa a entrar no mercado francês na década de 50, os autores evitavam quaisquer referência belga demasiado visível, com o objectivo de oferecer aos leitores histórias o mais "universais" possíveis. Várias editoras na Valónia e em Bruxelas impuseram aos autores dos anos cinquenta padrão franceses por razões comerciais (… ) uniformes e sinalização, adoptar critérios hexagonais… [10] Desaparecem todas as referências a Bélgica, por exemplo, a re-impressões a cores dos primeiros álbuns de Tintim.

a revista Vaillant, Le Jeune Patriote, transformou-se em Pif gadget, difundindo em França uma BD cada vez mais popular, embora as edições em álbum se tornassem cada vez mais raras. Estas publicações permitiram à banda desenhada alcançar o público em geral, especialmente a juventude da época. Até a década de 60, a BD aparece associada às crianças ou ao público jovem tornando-se, por isso, algumas formas de ensino. Será, no entanto, esta juventude que mudará a orientação da BD Franco-Belga a caminho dos adultos.

Os peritos concordam que há duas datas importantes, uma antes e outra depois de Astérix o Gaulês. Astérix é, na realidade, em muitos aspectos considerado como tendo sido o causador do interesse do público em geral pela banda desenhada em França. A partir dos anos 1950-60, vários grandes séries atingem a sua expansão:

Anos 1970 e 1980

Os anos 70 são, em BD, tempo de descoberta e de exploração. Exploração dos estilos gráficos e narrativos.

Impacto e popularidade

A BD franco-belga foi traduzida em praticamente todas as línguas europeias, com algumas delas desfrutando de sucesso mundial. Algumas revistas foram traduzidos em italiano e espanhol, enquanto que em outros casos, revistas estrangeiras foram preenchidos com o melhor da banda desenhada franco-belga. No entanto, o maior e mais duradouro sucesso foi principalmente para algumas séries iniciadas na década de 1940, 1950 e 1960 (incluindo Lucky Luke, Os Estrumpfes e Asterix) e, naturalmente, o mais antigo de todos, Tintim. Séries recentes, no entanto, não têm obtido um impacto comercial significativo fora dos países francófonos, apesar de a crítica ovacionar autores como Moebius. Em França e na Bélgica, a maioria das revistas desapareceram ou têm uma tiragem muito reduzida, mas o número de álbuns publicados e vendidos tem-se mantido elevado, com os maior mercado a permanecer nos jovens e adolescentes.

A indústria cinematográfica foi dos primeiros interessados na BD franco-belga. O primeiro filme feito a partir da BD Franco-Belga, foi um filme de marionetes, adaptado das aventuras de Tintim, O Caranguejo das Tenazes de Ouro (1947), realizado por Claude Misonne. O primeiro filme com personagens reais foi o filme francês Tintin et le mystère de la toison d'or (1961). Foi também realizada uma co-produção franco-hispânica El misterio de las naranjas azules (1965), dirigido por Philippe Condroeer, um filme de animação Tintin et le temple du soleil (1969) e uma série de televisão, realizados por Raymond Leblanc nos estúdios belgas Belvision

Astérix também foi adaptada para filmes e animações, com bastante sucesso. A primeira adaptação da banda desenhada foi Asterix the Gaul (1967), dirigido pelo mesmo realizador, que fez Asterix and Cleopatra (1968) e The Twelve Tasks of Asterix (1976). Da série de filmes animados, destaca-se Asterix Versus Caesar (1985), de Paul e Gaeztan Brizzi. Em 1998 começou a ser rodado o filme Asterix and Obelix Take on Caesar (1999), dirigido por Claude Zidi com interpretações de Gérard Depardieu, Christian Clavier, Roberto Begnini e Marianne Sägebrecht.

Houve adaptações de outras séries, como Lucky Luke, uma série de TV realizada por Terence Hill, em 1991, a partir da banda desenhada de [[Morris (ilustrador) |Morris]].

Obras destacadas

Entretanto, têm-se produzido centenas de BDs franco-belgas, algumas de maior destaque do que outras, tendo sido traduzidas em várias línguas. A sua maioria, destinadas às crianças e aos adolescentes.

As de maior destaque são:

Outros sucessos incluem:

Revistas e outra publicações

Desde o início do século XX que na França e na Bélgica, houve livros de desenhos, que se converteram em BD. Em 1938 nasce uma das mais importantes publicações que existiu em toda a história da banda desenhada, a revista Spirou, criando confiança e espaço para muitos autores poderem desenvolver o seu estilo nas suas páginas, tais como, Spirou e Fantásio, ou Lucky Luke (Morris, 1947). Os Estrumpfes também apareceram nas páginas de Spirou em 1958 pela mão do lendário Peyo. Além disso, também surgiu a revista do Tintim, criada para publicar as obras da escola de linha clara. Em 1959 aparece a revista Pilote, com autores como Goscinny e Uderzo, os criadores de Astérix e em 1963, Charlier e Giraud criadores de Blueberry.

As revista francesas e belgas tradicionalmente evoluíram da publicação de folhetos periódicos distribuídos em jornais que, por sua vez, tinham evoluído dos folhetos infantis ilustrados dos jornais do século XIX. O seu conteúdo era composto por uma variedade de banda desenhada com quebra-cabeças, concursos e textos. A diferença fundamental é que as revistas tradicionais europeias de banda desenhada, publicavam a um ritmo semanal em comparação com um ritmo de publicação mensal, bimestral ou trimestral dos álbuns. Esta maior frequência, oferecia um maior número de histórias curtas e em consequência uma maior quantidade.

O conteúdo das revistas evoluiu em direcção ao público adulto. É a altura em que surge Pilote, com historias a reflectirem a realidade social e política do momento, dando lugar a personagens e autores novos, como Moebius, definindo novos padrões estéticos. As maiores mudanças surgiram em França com o aparecimento da revista Métal Hurlant em 1975, que marcou a diferença em relação aos semanários juvenis, tanto em termos de qualidade de papel e impressão, como o tipo de público alvo. A sua versão americana,Heavy Metal, criada em 1977, influenciou o surgimento de novas revistas, cujos autores mantêm os direitos das suas criações, por oposição à política tradicional dos editores.

Principais revistas:

Principais colecções:

Referências

  1. «Um olhar brasileiro sobre Angoulême». Universo HQ 
  2. Laurence Grove (2005). Text/image mosaics in French culture: emblems and comic strips. [S.l.]: Ashgate Publishing, Ltd. 153 páginas. 9780754634881 
  3. Sérgio Codespoti (sobre o press release da Devir Portugal) (20 de março de 2002). «Devir lançará álbum da Vampirella e ainda tem outras novidades». Universo HQ 
  4. Delfin. «CEREBUS - BOOK 1». Universo HQ 
  5. «Parênteses: TPBs brasileiros - uma proposta». Omelete. 16 de Janeiro de 2002. Consultado em 17 de maio de 2010  |coautores= requer |autor= (ajuda)
  6. Diego Calazans. «O Edifício (Editora Abril». Universo HQ 
  7. Sérgio Codespoti (10 de setembro de 2009). «Warner Bros. cria a DC Entertainment». Universo HQ 
  8. Érico Assis, Érico Borgo e Marcelo Forlani (04 de Setembro de 2001). «Omelete entrevista: Mike Deodato Jr.». Omelete  Verifique data em: |data= (ajuda)
  9. Jotapê Martins (30 de Junho de 2000). «Novo projeto Vertigo de Garth Ennis». Omelete 
  10. Arnaud Pirottte, Paysage mental et patrimoine wallon, in L'imaginaire wallon dans la Bande dessinée, pp.65-71, p.65
  11. «Título ainda não informado (favor adicionar)» 
  12. «Título ainda não informado (favor adicionar)» 
  13. «Título ainda não informado (favor adicionar)» (PDF) 
  14. «Título ainda não informado (favor adicionar)» 
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