Thatcherismo: diferenças entre revisões
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Alguns também consideram que as idéias de Thatcher eram mais [[ideologia|ideológicas]] do que propriamente econômicas, e que suas ações marcaram uma virada na política econômica que foi determinada mais por interesses políticos do que por razões de ordem econômica.<ref name=DESIGUALDADE>[http://www.mirovni-institut.si/eng_html/publications/pdf/MI_politike_social_inequality.pdf Drago, Sreco and Leskosek, Vesna. ''Social Inequality and Social Capital''; Ljubljana: Institute for Contemporary and Political Studies, 2003, p. 37]</ref> |
Alguns também consideram que as idéias de Thatcher eram mais [[ideologia|ideológicas]] do que propriamente econômicas, e que suas ações marcaram uma virada na política econômica que foi determinada mais por interesses políticos do que por razões de ordem econômica.<ref name=DESIGUALDADE>[http://www.mirovni-institut.si/eng_html/publications/pdf/MI_politike_social_inequality.pdf Drago, Sreco and Leskosek, Vesna. ''Social Inequality and Social Capital''; Ljubljana: Institute for Contemporary and Political Studies, 2003, p. 37]</ref> |
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::Mais do que ditada por alguma lógica específica do [[capitalismo]], essa reviravolta (das politicas econômicas) se constituiu em reduções voluntárias de gastos sociais, no aumento de impostos para os contribuintes de renda mais baixa e na redução de impostos para os contribuintes de renda mais alta. É por essa razão que, em meados dos anos 80 na Grã-Bretanha, os que se encontravam no [[decil]] superior das faixas de renda possuiam mais da metade da riqueza do país ([[Anthony Giddens|Giddens]] ''Sociology''. Cambridge Polity Press, 1993, p.233). Tentar justificar isso através de "objetivos" econômicos constituir-se-ia numa [[ideologia]]. O que realmente estava em jogo aqui eram interesses e poderes políticos.<ref name="DESIGUALDADE"/> |
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Revisão das 13h22min de 15 de setembro de 2014
Thatcherismo (em inglês:Thatcherism) designa a ideologia e as políticas defendidas pelo Partido Conservador britânico, desde que Margaret Thatcher foi eleita líder do partido, em 1975, e, posteriormente, o estilo do governo Thatcher, no período em que foi primeira-ministra (1979-1990). Thatcher destacou-se dentre os primeiro-ministros britânicos conservadores por ser uma ferrenha defensora do liberalismo econômico.
Conta-se que certa vez, numa reunião do "Gabinete Paralelo" (Shadow Cabinet), atirou sobre a mesa um exemplar do livro The Constitution of Liberty de Friedrich Hayek, dizendo: "É nisso que acredito."
Promoveu a desestatização da economia da Grã-Bretanha, com as privatizações, servindo de modelo para os governos de várias economias latino-americanas na década de 1990, inclusive do Brasil, sob influência do Consenso de Washington e adotando um discurso político de defesa da modernidade.
Características
O "Thatcherismo" se caracteriza pela redução da intervenção do Estado na economia, pela exaltação das virtudes do livre-mercado e dos méritos da "ordem espontânea", tal como defendida por Hayek, de quem Thatcher era grande admiradora; por uma política econômica monetarista, nos moldes da Escola de Chicago; pela defesa das privatizações de empresas estatais; pela redução dos impostos diretos (ou progressivos, como o imposto sobre a renda e os impostos sobre as propriedades) e pelo aumento dos impostos indiretos (ou regressivos, como os impostos sobre o consumo); pelo combate aos sindicatos de trabalhadores; pela eliminação do salário mínimo e pela redução do Estado do bem-estar social.
O "Thatcherismo" se alinha à Reaganomics dos Estados Unidos, à Rogernomics na Nova Zelândia[1] e ao "Racionalismo Econômico" da Austrália. Thatcher defendia a supremacia do individualismo sobre o coletivismo, tendo a auto-ajuda como seu mantra.
Entre os pensadores ligados ao "Thatcherismo" incluem-se, entre outros, Keith Joseph, Enoch Powell, Friedrich Hayek e Milton Friedman.[2]
Friedman observou certa vez que "uma coisa que as pessoas não reconhecem é que Margaret Thatcher não é, em termos de crença, uma política do Partido Conservador Britânico. Ela é uma liberal do século XIX." [3]
Crítica
Os críticos de Margaret Thatcher mencionam que os sucessos de sua política econômica só foram obtidos graças ao pagamento de pesados custos sociais pela maioria da população britânica. A produção industrial caiu severamente durante seu governo, provocando um significativo aumento do desemprego, que triplicou no período, atingindo a marca de 3 milhões de pessoas [4]. Quando Thacther foi derrotada em 1990 durante os tumultos [5] provocados pela criação do imposto regressivo [6], chamado poll tax (impostos regressivos são concebidos de forma que as pessoas com renda mais baixa pagam proporcionalmente mais do que as de renda mais alta), 28% das crianças da Grã-Bretanha estavam abaixo da linha de pobreza, número que continuou aumentando até atingir um pico de 30%, no governo conservador de John Major, que sucedeu.[7][8]
Embora lhe seja atribuído o mérito de ter reativado a economia britânica, Thatcher também é considerada responsável pela duplicação da taxa de pobreza no país. A pobreza das crianças britânicas, em 1997, era a maior da Europa.[8][9]
Durante o governo Thatcher a renda dos que estavam no decil superior cresceu pelo menos cinco vezes mais do que a renda dos que estavam no decil inferior: a desigualdade cresceu em um terço [10]. Em consequência, o Coeficiente de Gini da Grã-Bretanha deteriorou-se substancial e continuamente, passando de 0,25 em 1979 para 0,34 em 1990. Esta significativa "piora" no coeficiente de Gini não pôde ainda ser corrigida pelos governos que a sucederam.[11]
Alguns também consideram que as idéias de Thatcher eram mais ideológicas do que propriamente econômicas, e que suas ações marcaram uma virada na política econômica que foi determinada mais por interesses políticos do que por razões de ordem econômica.[12]
Referências
- ↑ BOLDEMAN, Lee. The cult of the market : economic fundamentalism and its discontents. The Australian National University, 2007
- ↑ Simon Heffer, Like the Roman: The Life of Enoch Powell (Phoenix, 1999), p. 958.
- ↑ The Observer, 29 September 1982.
- ↑ 1982: UK unemployment tops three million BBC News 26/01/1982
- ↑ 1990: Violence flares in poll tax demonstration BBC News 31/03/1990
- ↑ IMPOSTO REGRESSIVO – Diz-se do imposto em que a alíquota diminui à proporção que os valores sobre os quais incide são maiores.
- ↑ NELSON, Emily and WHALEN, Jeanne. Modelo britânico reduz a pobreza infantil. The Wall Street Journal Americas, in O Estado de S. Paulo, Economia, p. B6, 1/1/2007.
- ↑ a b NELSON, Emily and WHALEN, Jeanne. With U.S. Methods, Britain Posts Gains In Fighting Poverty, The Wall Street Journal Online, December 22, 2006, p. 1
- ↑ Folha Online, 3 de maio de 2009 Ódio e reconhecimento a Thatcher, por Dominic Phillips.
- ↑ The Modernisation of Britain’s Tax and Benefit System, Number Four.
- ↑ Shephard, Andrew. Income Inequality under the Labour Government, Briefing Note No. 33, Institute for Fiscal Studies, 2003, p. 4
- ↑ Drago, Sreco and Leskosek, Vesna. Social Inequality and Social Capital; Ljubljana: Institute for Contemporary and Political Studies, 2003, p. 37
Bibliografia
- Andrew Gamble, The Free Economy and the Strong State: The Politics of Thatcherism (Palgrave Macmillan, 1994).
- Sir Ian Gilmour, Dancing with Dogma: Thatcherite Britain in the Eighties (Simon & Schuster, 1992).
- Stuart Hall and Martin Jacques (1983), The Politics of Thatcherism (London: Lawrence and Wishart).
- Bob Jessop et al (1988), Thatcherism: A Tale of Two Nations (Cambridge: Polity).
- Dennis Kavanagh, Thatcherism and British Politics: The End of Consensus? (Oxford University Press, 1990).
- Shirley Robin Letwin, The Anatomy of Thatcherism (Flamingo, 1992).
- Kenneth Minogue and Michael Biddiss, Thatcherism: Personality and Politics (Palgrave Macmillan, 1987).
- Robert Skidelsky (ed.), Thatcherism (Blackwell, 1989).
- Peter Hennessy, 'The Prime Minister: The Job and Its Holders Since 1945' (Penguin Books, 2000)