Inversa de Moore-Penrose

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Em matemática, e em particular em álgebra linear, a matriz inversa de Moore-Penrose de uma matriz é a generalização mais conhecida da matriz inversa.[1] [2] [3] [4] Ela foi descrita independentemente por EH Moore[5] em 1920, Arne Bjerhammar[6] em 1951 e Roger Penrose[7] em 1955. Anteriormente, Erik Ivar Fredholm introduziu o conceito de pseudoinversa para operadores integrais em 1903. Ao se referir a uma matriz, o termo pseudoinversa, sem maiores especificações, é frequentemente usado para indicar a inversa de Moore-Penrose. O termo inversa generalizada às vezes é usado como sinônimo de pseudoinversa.

Um uso comum da pseudoinversa é o cálculo da solução de mínimos quadrados para um sistema de equações lineares que não possui solução. Outro uso é encontrar a solução de norma (euclidiana) mínima para um sistema de equações lineares com múltiplas soluções. A matriz pseudoinversa facilita o enunciado e a e a prova de resultados em álgebra linear.

A pseudoinversa é definida e única para todas as matrizes cujas entradas são números reais ou complexos. Pode ser determinada usando-se a decomposição de valores singulares. No caso especial em que é uma matriz normal (por exemplo, uma matriz Hermitiana), a pseudoinversa anula o núcleo de e atua como uma inversa tradicional de no subespaço ortogonal ao núcleo.

Notação[editar | editar código-fonte]

Na discussão a seguir, as seguintes convenções são adotadas:

  • denota o corpo dos números reais () ou o cordos dos números complexos (). O espaço vetorial de matrizes sobre é denotado por .
  • Para , sua transposta é denotada por e a transposta conjugada (também chamada de adjunta) é denotada por . Se , entãoo .
  • Para , denota o espaço coluna (imagem) de (o espaço gerado pelos vetores colunas de ) e (ou ) denota o núcleo (espaço nulo) de .
  • Para qualquer inteiro positivo , a matriz identidade de ordem é denotada por .

Definição[editar | editar código-fonte]

Para , uma pseudoinversa de A é definida como uma matriz satisfazendo todos os quatro critérios a seguir, conhecidos como condições de Moore-Penrose:[8][9]

  1. não precisa ser a matriz identidade, mas deve mapear todos os vetores colunas de A em si mesmos:
  2. atua como uma inversa graca:
  3. é Hermitiana:
  4. também é Hermitiana:

A pseudoinversa existe para qualquer matriz . Se, além disso, tem posto completo, ou seja, seu posto é , então tem uma expressão algébrica particularmente simples.

Em particular, quando tem colunas linearmente independentes (equivalentemente, é injetiva e, portanto é invertível), pode ser calculado como

Esta pseudoinversa específica é uma inversa à esquerda, ou seja, . Se, por outro lado, tem linhas linearmente independentes (equivalentemente, é sobrejetiva e, portanto, é invertível), pode ser calculado como

Esta é uma inversa à direita, uma vez que .

No caso mais geral, a matriz pseudoinversa pode ser expressa usando-se a decomposição de valores singulares. Qualquer matriz pode ser decomposta como para algumas matrizes e matriz real positiva diagonal . A pseudoinversa pode então ser escrita como . Que esta matriz satisfaz o requisito acima é verificado diretamente observando que e , que são as projeções na imagem e suporte de

, respectivamente.

Propriedades[editar | editar código-fonte]

Existência e unicidade[editar | editar código-fonte]

Para qualquer matriz , existe uma, e somente uma pseudoinversa .[10]

Uma matriz que satisfaz a primeira condição da definição é conhecida como inversa generalizada. Se a matriz também satisfaz a segunda definição, ela é chamada de inversa generalizada reflexiva. Inversas generalizadas sempre existem, mas em geral não são únicas. A unicidade é uma consequência dessas duas condições.

Propriedades básicas[editar | editar código-fonte]

  • Se tem entradas reais, então também tem.
  • Se é invertível, sua pseudoinversa é sua inversa, ou seja, .[11]
  • A pseudoinversa de uma matriz nula é sua transposta, ou seja, .
  • A pseudoinversa da pseudoinversa de é a própria matriz , ou seja, .[11]
  • Pseudoinversion commutes with transposition, conjugation, and taking the conjugate transpose:[11]:245
    , , .
  • A pseudoinversa de um múltiplo escalar de é o múltiplo inverso de , ou seja, for .

Identidades[editar | editar código-fonte]

As seguintes identidades podem ser usadas para simplificar ou expandir expressões envolvendo pseudoinversas:

Exemplos[editar | editar código-fonte]

Como para matrizes invertíveis a pseudoinversa é igual à inversa usual, apenas exemplos de matrizes não invertíveis são apresentados abaixo.

  • Para a pseudoinversa é (De modo geral, a pseudoinversa de uma matriz nula é a sua transposta). A unicidade desta pseudoinversa pode ser vista a partir da condição , já que a multiplicação por uma matriz nual sempre produz uma matriz nula.
  • Para a pseudoinversa é
    De fato, e portanto
    Similarmente, e portanto
  • Para
  • Para (Os denominadores são .)
  • Para
  • Para a pseudoinversa é
    Observe que para esta matriz, a inversa à esquerda existe e, portanto, é igual . De fato,

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Ben-Israel & Greville 2003, p. 7.
  2. Campbell & Meyer 1991, p. 10.
  3. Nakamura 1991, p. 42.
  4. Rao & Mitra 1971, p. 50–51.
  5. Moore, E. H. (1920). «On the reciprocal of the general algebraic matrix». Bulletin of the American Mathematical Society. 26 (9): 394–95. doi:10.1090/S0002-9904-1920-03322-7Acessível livremente 
  6. Bjerhammar, Arne (1951). «Application of calculus of matrices to method of least squares; with special references to geodetic calculations». Trans. Roy. Inst. Tech. Stockholm. 49 
  7. Penrose, Roger (1955). «A generalized inverse for matrices». Proceedings of the Cambridge Philosophical Society. 51 (3): 406–13. Bibcode:1955PCPS...51..406P. doi:10.1017/S0305004100030401Acessível livremente 
  8. Penrose, Roger (1955). «A generalized inverse for matrices». Proceedings of the Cambridge Philosophical Society. 51 (3): 406–13. Bibcode:1955PCPS...51..406P. doi:10.1017/S0305004100030401Acessível livremente 
  9. Golub, Gene H.; Charles F. Van Loan (1996). Matrix computations 3rd ed. Baltimore: Johns Hopkins. pp. 257–258. ISBN 978-0-8018-5414-9 
  10. Golub, Gene H.; Charles F. Van Loan (1996). Matrix computations 3rd ed. Baltimore: Johns Hopkins. pp. 257–258. ISBN 978-0-8018-5414-9 
  11. a b c Stoer, Josef; Bulirsch, Roland (2002). Introduction to Numerical Analysis 3rd ed. Berlin, New York: Springer-Verlag. ISBN 978-0-387-95452-3 .

Bibliografia[editar | editar código-fonte]