Benício
Benício | |
---|---|
Nome completo | José Luiz Benício da Fonseca |
Nascimento | 14 de dezembro de 1936 Rio Pardo, Rio Grande do Sul, Brasil |
Morte | 7 de dezembro de 2021 (84 anos) Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil |
Nacionalidade | brasileiro |
Área | Desenhista e ilustrador |
Página oficial | |
http://www.benicioilustrador.com.br/ |
Benício, nome artístico de José Luiz Benício da Fonseca (Rio Pardo, 14 de dezembro de 1936 – Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 2021) foi um ilustrador e desenhista brasileiro.[1]
Começou carreira no mercado editorial ainda na década de 50 e seus traços ajudaram a moldar a estética do cinema brasileiro, driblando momentos mais conturbados da ditadura. Pianista na adolescência, Benício abandonou a música para se dedicar ao desenho e à ilustração. Em mais de 50 anos de carreira criou milhares de capas de livretos de bolso, mais de 300 cartazes do cinema nacional e centenas de capas de disco, anúncios de publicidade e ilustrações para livros.[2]
Entre seus trabalhos mais famosos, destacam-se o cartaz do filme Dona Flor e Seus Dois Maridos e as capas das histórias de Giselle, a espiã nua que abalou Paris, sobre a heroína que usava da beleza e da sedução para espionar para os Aliados na Paris ocupada da Segunda Guerra Mundial e de sua filha, Brigitte Montfort, a agente da CIA conhecida como Baby.[2]
Era conhecido como o "mestre das pin-ups" brasileiro.[2]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Benício nasceu na cidade de Rio Pardo, em 1936, no Rio Grande do Sul. Tinha 4 anos quando a família se mudou para Porto Alegre.[2] Aos 15 anos, foi contratado para seu primeiro emprego formal, na agência de publicidade Clarim, trabalhando também como pianista na Rádio Gaúcha, escondido de sua mãe.[3]
Carreira
[editar | editar código-fonte]Começou como aprendiz de desenhista em Porto Alegre e com apenas 16 anos transferiu-se para ao Rio de Janeiro em 1953, passando a trabalhar em departamentos de arte de agências de publicidade e na Editora Rio Gráfica. Benício chegou a ilustrar história em quadrinhos românticas, roteirizada por Edmundo Rodrigues mas nunca se considerou apto para isso.[4]
Em 1961, começou a trabalhar para a McCann Erickson Publicidade, fez importantes trabalhos para a Coca-Cola, Esso e outros grandes clientes. Em 1963, começou a trabalhar para a Denison Propaganda. Na década de 1960 ficou famoso por suas ilustrações de mulheres voluptuosas para capas de livros de bolso pulp da extinta Editora Monterrey, particularmente a série Memorias secretas de Giselle, a espiã nua que abalou Paris, que tinha os textos feitos pelo jornalista David Nasser[5] e centenas de livros da coleção ZZ7, com a filha de Gisele, "Brigitte Montfort", também uma sexy, linda e voluptuosa espiã,[6] aventuras que tiveram cerca de 1,5 mil volumes publicados em quatro décadas e se tornou um fenômeno no mercado brasileiro de livros de bolso.[4]
Adepto das mulheres com curvas e da exaltação do corpo feminino, como Vargas, o célebre desenhista da Playboy norte-americana, Benício ficou conhecido como o "mestredas pin-ups" brasileiro, e tem como sua maior influência o trabalho do artista norte-americano Norman Rockwell, por mais de quatro décadas o ilustrador das capas do Saturday Evening Post.[4][7]
Nos anos 1970, foi o mais solicitado e famoso ilustrador de cartazes do cinema nacional, produzindo mais de 300 em duas décadas. Também se viu obrigado a driblar e negociar com a censura da ditadura militar para aprovar seus trabalhos, entre eles duas imagens que se tornaram ícones do cinema nacional: o cartaz da pornochanchada A Super Fêmea,[7] que lançou Vera Fischer ao estrelato, e o de Dona Flor e Seus Dois Maridos,[8] considerado por mais de trinta anos o filme de maior público da história do cinema brasileiro.[9] Ele também foi o responsável por todos os cartazes dos filmes dos Trapalhões. Benício considera seu trabalho para o cartaz do filme Independência ou Morte, de 1972, para o qual Tarcísio Meira, que fez o papel principal de Dom Pedro I, posou ao vivo para ele, o mais elaborado de sua carreira nesta área.[7]
Benício continuou em grande atividade pelos anos 1980, trabalhando sempre com tinta a guache, até a posse do presidente Fernando Collor, que fechou a Embrafilme e paralisou a produção cinematográfica no Brasil por falta de financiamento. Em 1992, criou uma ilustração para o rótulo da Catuaba Selvagem, se inspirando no personagem Conan o Bárbaro.[10]
Com a chamada 'Retomada', já nos anos 2000, e a substituição do pincel pelo computador, tornando a execução dos trabalhos mais baratos, Benício passou a ser menos solicitado pelo cinema. Com mais de 50 anos de carreira, ilustrando projetos de arquitetura e autor de trabalhos para as revistas Veja, Playboy e Isto É, entre outras, Benício passou a se dedicar a ilustrações de anúncios publicitários e matérias internas de revistas, em seu estúdio particular no Leblon, Rio de Janeiro.[2][7]
Livros
[editar | editar código-fonte]Em 2011, a editora Reference Press publicou o artbook Sex & Crime: The Book Cover Art of Benicio.[11] No fim de 2012, a editora Opera Graphica lançou E Benício criou a mulher, do jornalista Gonçalo Junior, que conta a história pessoal e profissional do artista e traz mais de 200 ilustrações feitas por ele para diversos veículos através das décadas. O livro é uma obra revista, atualizada, revista e ampliada de Benicio - Um perfil do mestre das pin-ups e dos cartazes de cinema, do mesmo autor, lançada em 2006.[12]
Em 2014, a editora Reference Press publicou o segundo volume de Sex & Crime: The Book Cover Art of Benicio, após uma campanha de financiamento coletivo no site Catarse.[13] No primeiro semestre de 2021, Benício foi convidado pela Funarte a participar da série "Memória Funarte", dedicada a registrar as memórias de personagens com importância na arte do Brasil.[14]
Últimos anos e morte
[editar | editar código-fonte]Benício tinha sofrido dois acidentes vasculares cerebrais até 2014, quando já não conseguia mais desenhar, uma vez que perdera os movimentos da mão direita.[15]
Benício faleceu em 7 de dezembro de 2021, aos 84 anos, no Rio de Janeiro. A causa da morte não foi revelada.[16][17]
Prêmios
[editar | editar código-fonte]- 1986
- Grand-prix de ilustração no Prêmio Colunistas
- 1990
- Prêmio de ilustração arquitetônica do Instituto de Arquitetos do Brasil, pelo projeto Orla Marítima da cidade do Rio de Janeiro.
- 2018
- Prêmio Claudio Seto" recebido durante a Bienal de Quadrinhos de Curitiba.[18]
Referências
- ↑ «Faleceu o ilustrador Benício». Universo HQ. 7 de dezembro de 2021. Consultado em 13 de dezembro de 2021
- ↑ a b c d e «Benício: ilustrador deixa imenso legado». DarkBlog. Consultado em 13 de dezembro de 2021
- ↑ Ribeiro, Ediel (15 de dezembro de 2020). «Ediel Ribeiro: Benício, o homem que criou a mulher». Diário do Rio. Consultado em 13 de dezembro de 2021
- ↑ a b c Sidney Gusman, ed. (7 de abril de 2006). «Uma merecida homenagem ao talento de Benicio». Universo HQ. Consultado em 13 de dezembro de 2021
- ↑ Mauro Dias, ed. (4 de novembro de 2001). «David Nasser, o repórter que inventava a notícia». Observatório da Imprensa. Consultado em 13 de dezembro de 2021
- ↑ «Brigitte, o fenômeno esquecido e outras fotos das capas». O Estado do Paraná. 22 de dezembro de 2003. Consultado em 13 de dezembro de 2021
- ↑ a b c d Priscilla Santos (ed.). «Benício - o mestre brasileiro das pin-ups». Obvious Mag. Consultado em 13 de dezembro de 2021
- ↑ «Benício, autor de cartazes do cinema nacional, é tema de documentário do Canal Brasil». O Globo. Consultado em 13 de dezembro de 2021
- ↑ «Filmes nacionais com mais de 1 milhão de espectadores - 1970 a 2007 por público» (PDF). Ancine. Consultado em 13 de dezembro de 2021
- ↑ «Catuaba vira moda na noite de SP por seu apelo sexual e baixo preço». Folha de S.Paulo. 3 de agosto de 2014. Consultado em 13 de dezembro de 2021
- ↑ Sidney Gusman, ed. (6 de novembro de 2013). «Novo livro de Benicio busca financiamento no Catarse». Universo HQ. Consultado em 13 de dezembro de 2021
- ↑ MarceloNaranjo (ed.). «Opera Graphica volta ao mercado com livro do jornalista Gonçalo Junior». Universo HQ. Consultado em 13 de dezembro de 2021
- ↑ Samir Naliato, ed. (4 de fevereiro de 2014). «Sex & Crime, de Benicio, será lançado em São Paulo». Universo HQ. Consultado em 13 de dezembro de 2021
- ↑ Funarte (11 de janeiro de 2021). «Documentários sobre acervo da Funarte serão lançados em 2021». Funarte. Consultado em 13 de dezembro de 2021
- ↑ «Morre Benício, que fez rótulo da Selvagem e cartazes da pornochanchada, aos 84». Folha de S. Paulo. 7 de dezembro de 2021. Consultado em 13 de dezembro de 2021
- ↑ «Morre o ilustrador rio-pardense Benicio». GAZ - Notícias de Santa Cruz do Sul e Região. Consultado em 13 de dezembro de 2021
- ↑ «Ilustrador Benício morre aos 84 anos no Rio de Janeiro». UOL. 7 de dezembro de 2021. Consultado em 13 de dezembro de 2021
- ↑ «Prêmio Claudio Seto». Bienal de Quadrinhos. Consultado em 13 de dezembro de 2021
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Sítio oficial»
- Benício no Facebook
- Benício. no IMDb.