Língua nukak

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nükak

Nɨkák náu'

Falado(a) em:  Colômbia
Região: Guaviare
Total de falantes: ~700
Família: Macu
Ocidental
Kãkwã-Nukak
nükak
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---
ISO 639-3: mbr

A língua nukak (nɨkãk náuʔ) é falada no departamento de Guaviare, na Colômbia pelos Nukak, povo originario da floresta entre los rios Inírida e Guaviare. Forma parte da família macu e é muito próxima da língua dos Kãkwã (Cacua ou Bará-Macus).[1][2]

Fonologia[editar | editar código-fonte]

Vogais[editar | editar código-fonte]

Tem seis vogais orais e seis nasais (alta anterior cerrada, alta central no redondeada, posterior alta redondeada, media anterior aberta, posterior media no redondeada, central baja).[1]

Vogais Anteriores Centrais Posteriores
Fechadas i ĩ ɨ ɨ̃ u ũ
Médias ɛ ɛ̃ ɤ ɤ̃
Abertas a ã

A vogal [u] se realiza como aproximante labial sonora [w], na posição pós-nuclear ou antes de outra vogal, no inicio da palavra o sílaba, com uma variante surda [ʍ] antes de [i], [ĩ], [ɨ], si sobe o tom.

La vocal [i] se realiza como semivocal palatal [j] (y) cuando aparece en seguida de otra vocal al final del morfema.

Consoantes[editar | editar código-fonte]

Apresenta onze fonemas consonânticos:[1]

Consoantes labial alveolar palatal velar glotal
oclusivas surdas p t c k ʔ
oclusivas sonoras b d ɟ ɡ
fricativas surdas h
vibrante lateral ɺ

As oclusivas sonoras /b/, /d/, /ɟ/, /g/ do lado de vogais nasais (em segmentos nasalizados), se realizam como as nasais [m], [n], [ɲ], [ŋ]; como pré-nasalizadas [mb], [ⁿd], [ɲɟ], [ŋg] no inicio da palavra e como pós-nasalizadas [bm], [dⁿ], [ɟɲ], [gŋ] no final da palavra. A oclusiva palatal surda /c/ varia livremente entre [č], [ʦ] e [ʧ]. A vibrante lateral [ɺ] varia com a aproximante [ɹ], la vibrante [ɾ] e a lateral [l].

Quando [ɺ] vai seguida de [t] se pronuncia [t]; se [ɺ] vai após de uma consoante sonora se pronuncia [d]. Quando [ɟ] está precedida de [t] ou [ʔ] se pronuncia sonora [ʧ]. Em alguns marcadores, infixos o prefixos, a glotal [ʔ]- é substituída pela nasal [n] quando está seguida de qualquer vogal ou da fricativa aspirada [h], ou nos sufixos a nasal [n] não soa seguida de [t].

A palatal sonora [ɟ] (y) / [ɲ], poderia tratar-se como um alofone da vogal [i], quando antecede a vogal em no inicio da raiz ou do afixo, ou quando está entre duas vogais.

Tons[editar | editar código-fonte]

Nɨkãk nauʔ é uma língua tonal que registra três fonemas. As vogais nucleares de substantivos, verbos y adjetivos registram um tom alto e outro baixo, um ascendente e mais um descendente com seu respetivo alargamento vocálico.[3] Porem, o tom descendente é a realização do tema alto nas sílabas fechadas por consoante oclusiva o por /h/ ou nas sílabas abertas consonante-vocal (C-V) no final do morfema.

O contraste tonal do qual se encontram pares mínimos opõe tons ascendentes com tons altos e cada um destes tonemas modifica totalmente o significado da palavra o segmento tonal. As sílabas não acentuadas têm sempre tom baixo. Os tons altos e ascendentes se registram só em lexemas monomórficos monossílabos, sejam substantivos, adjetivos ou verbos. Os dissílabos e trissílabos se caracterizam por estar acentuados na primeira sílaba. Nas palavras compostas ou sufixadas o acento concorre com o tom da primeira sílaba.

Gramática[editar | editar código-fonte]

Tipo[editar | editar código-fonte]

A ordem preferencial da oração é Sujeito-Objeto-Verbo SOV, porem, o sujeito pode não anteceder ao objeto, porque o verbo se conjuga com prefixos pessoais e a ordem se realiza como OSV. Os casos se expressam com sufixos nos substantivos (declinação). É uma língua aglutinante, as preposições das línguas indo-europeias são posposições sufixadas. Alguns adjetivos precedem, mas a maioria a maioria vão depois do substantivo e não têm gênero.

Substantivo[editar | editar código-fonte]

Os substantivos nukak têm gênero masculino o femenino (como en portugués). O plural dos animados se marca con o sufixo -wɨn. Presentam marcas de caso, por exemplo:[2][3]

acusativo -na
dativo -ré' ("para")
instrumental -hî' ("com")
locativo -rí' ("em", "por")
genitivo -î' ("de", "pertence a")

O vocativo se expressa em determinadas situações por uma mudança do tom e em outras marcando com o sufixo -a ou duplicando a última vogal, após da consoante.

Os substantivos admitem a forma interrogativa, que se marca com o sufixo -má' . Também admitem algumas marcas de tempo como -hîpî' ("o de antes"). O conetivo - equivale a "também" ou à conjunção "e".

São comuns os sufixos classificadores: -na' ("comprido e delgado"), da' ("redondo y pequeno"), -dub ("pequeno, delgado e com ponta"), -nɨí ("plano e delgado"), -ne ("melenudo"), -yi ("abundante").

Pronome[editar | editar código-fonte]

Os pronomes pessoais são:[3]

wéem ("eu")

méem ("tu")

nin ("este")

kan ("esse" visível)

kun ("aquele" ausente)

ninʔ ("esta")

kan' ("essa" visível)

kunʔ ("aquela" ausente)

káan ("isso")

wíit ("nós")

yéeb ("vós" / "vocêes")

kéet ("eles").

Os acusativos se marcam wéna, ména, ninna, kanna, kunna, nin'na, kan'na, kun'na, Wítta, yebmna, kéeta.

Os possesivos podem apresentar-se livres:

wĩʔ ("meu" / "minha")

míʔ ("teu" / "tua")

aĩʔ ("seu"/"sua" de ele)

miʔĩʔ ("seu"/"sua" de ela)

wĩiʔ ("nosso" / "nossa")

ñíʔ ("vosso" /"Vossa")

iʔĩʔ ("seu"/"sua" de eles ou de elas).

Também há possesivos atados, que aparecem como prefixos do substantivo possuído e são wa- (1ª pessoa singular), ma- (2ª p. s.), a- (3ª p. s. masculino), mi- (3ª p. s. feminina), hi (1ª p. plural), ñi (2ª p. plural), i- (3ª p. plural). Na conjugação verbal os mesmos operam como prefixos actanciais que funcionam como pronome pessoal na falta deste, mas também no mesmo tempo que ele.

Interrogativos[editar | editar código-fonte]

déi ("que?" "qual?"), de pán ("qué?" ação), háu'ka, de'e ("¿quem?), déimɨnɨ ("quando?"), ded ("onde?"), jáu' (por que?"). Funcionam com marcas: de caso, por exemplo do alativo de' yúkú ("para onde?"), o instrumental de'e hin (com que?) ou o genitivo de'e î' ("de quem?"). Pode-se enfatizar a pergunta ao interlocutor adicionando -báa' . Além disso, os interrogativos admitem também marcas de tempo como jáu' ra' ("por que?" atual). O interlocutor pode contestar com um interrogativo para declarar que no conhece a resposta.[3]

Verbo[editar | editar código-fonte]

Os verbos se conjugam com o prefixo actancial e com sufixos e infixos de aspecto (continuo, inmediato), tempo (passado, presente, futuro) e modo (imperativo, desiderativo, interrogativo).[3] Por exemplo:

Pretérito -nábé
Futuro -nátu'
dubitativo -náhitu'
Condicional -'náno'
Presente
imperfetivo -náka
negativo -kaná
continuo -né'
Interrogativo
passado -yáa
futuro -pî'
condicional -no'pî'
presente -ráa'
negativo -ka
Desiderativo -iná- ("tal vez")
Planeativo -ɨí' - ("planear" la acción)
Repetitivo -- ("repetidamente")
Agentivo -rít ("porque", "debido a que")

El imperativo se marca duplicando a última vogal da raiz, depois da última consoante. As vogais [u]. [i] quando se duplicam após a consoante final, se realizam como semivogais [w],[j]. As raízes que terminam em estas semivogais as assumem como consoantes aproximantes, de jeito que é a vogal que as antecede a que se duplica.[3]

A duplicação da vogal após da consonante que fecha a raiz, mas adicionando no final a consoante [p] (-VCVp), forma um copretérito e si se segue a marca -tí' forma un subjuntivo pretérito: jɨm ("estar"); jɨmɨ ("esté"),; jɨmɨp ("estaba"); jɨmɨptí' ("si estuviera").

A negação verbal se expressa de diferentes formas: o infixo -ka- entre la raiz e as marcas de aspecto, tempo ou modo; prefixando à raiz o equivalente da palavra "no" yab'- , ou "recusar" dɨi'- , ou "sem efeito" îí'. A negação imperativa (proibitiva) se marca com o sufixo -kê´ .

Es comum a composição de verbos, tanto por dois ou mais raíces verbais, como por verbo com nome, adjetivo ou adverbio. A marca -a após da raiz de um verbo intransitivo o troca em verbo transitivo.

Pelos sufixos -hát (o objeto para atuar oi a ideia abstrata da ação), -pe' (o objeto sobre o que tem recaído a ação, particípio), se nominalizam os verbos. O sujeito que atua ("ser o que") se sinaliza com o prefixo actancial e um sufixo correspondente -ni' , para a primeira e segunda pessoa e a terceira feminina singular; -ni para a terceira masculina singular e -nit para a terceira plural; a os que se pode adicionar a marca de iminência, atualidade o ênfase -yé' .

As raízes verbais terminam sempre em consoante ou nas aproximantes [w], [j] (y) que realizam [u], [i]. O verbo jɨm tem o significado específico de "estar", diferente a "ser" que se expresa muitas vezes de forma tácita com as diferentes marcas dos interrogativos e os pronomes pessoais e as vezes com yit, que tem uma forma enfática yittí' ("sou").[3]

Adverbio[editar | editar código-fonte]

A linguagem Nukak é rica em formas adverbiais. Vários advérbios são importantes na construção de frases. Por exemplo, é frequentemente usado hébáká ("verdadeiramente"), e para enfatizar ainda mais a declaração que está sendo feita é adicionado -yé' . A ligação verbal tɨtíma'hî ("depois"), pode estar entre o sujeito e o objeto e verbo. Um advérbio pode seguir substantivos, como hattí '("também", "nenhum", "ainda"), ou pode se expressar com um sufixo como -hê' ("apenas", "precisamente").[3]

Interjeição[editar | editar código-fonte]

Exemplos de exclamações usadas pelos Nukak são: Kútu' "¡Eh!", "¡Atención!", exclamación para empezar a hablar. hâré "¡Cuidado!" ou dɨpí hâré "¡Mucho cuidado!"; waá'yé' "¡Basta!; be'bét yé' "¡Rápido!"; ni'kábá'í' "¡Eso es!".[3]

Referências

  1. a b c Mahecha Rubio, Dany; Gabriel Cabrera y Carlos Franky (2000). «Algunos aspectos fonético-fonológicos del idioma Nukak [n+kak]». In: María Stella González de Pérez. Lenguas indígenas de Colombia. Una visión descriptiva. Bogotá: Instituto Caro y Cuervo. pp. 547–560. ISBN 958-611-083-4 
  2. a b Mahecha, Dany (2009). «El nombre en Nɨkak». In: L. Wetzels. The linguistics of endangered languages. Contributions to morphology and morpho-syntax. Utrecht: LOT. pp. 63–93. ISBN 978-90-78328-98-8 
  3. a b c d e f g h i Conduff, Jan Ellen; Kennet W. Conduff y Richard Hess 2005: Gramática Pedagógica Provisional do idioma Nukák. Fotógrafa: Lisa Dianne Hill de Jiménez. Bogotá: Iglesia Nuevos Horizontes. ISBN 978-958-96239-6-1

Bibliografía[editar | editar código-fonte]

  • Asociación Nuevas Tribus de Colombia 1982 a 1993: Informes trimestrales de actividades, presentados a la Dirección General de Asuntos Indígenas del Ministerio de Gobierno o del Interior, Bogotá: varios mecs.
  • Cabrera, Gabriel; Carlos Franky y Dany Mahecha 1999: Los N+kak: nómadas de la Amazonia colombiana; Bogotá: Universidad Nacional de Colombia. ISBN 958-8051-35-5
  • Conduff, Jan Ellen 2006: Diccionario situacional del idioma Nukak. Ilustrador: Andrés Jiménez. Bogotá: Iglesia Nuevos Horizontes, 127 p. ISBN 978-958-96239-7-8.