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Maslama ibne Abedal Maleque ibne Maruane

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(Redirecionado de Maslama ben Abd al-Malik)
Maslama ibne Abedal Maleque ibne Maruane
Outros nomes
  • Maslamah ibn Abd al-Malik
  • Maslama ben Abd al-Malik
  • Maslama
  • Masalmas
Nascimento fl. 705
Morte 24 de dezembro de 738
Nacionalidade Califado Omíada
Etnia árabe
Progenitores Pai: Abedal Maleque ibne Maruane
Ocupação Príncipe e general
Principais trabalhos
Religião islamismo

Maslama ibne Abedal Maleque ibne Maruane (em árabe: مسلمة بن عبد الملك; romaniz.: Maslama ben Abd al-Malik ibn-Marwan; Μασαλμᾶς, Masalmas nas fontes gregas; fl. 70524 de dezembro de 738) foi um príncipe omíada e um dos generais árabes mais proeminentes das primeiras décadas do século VIII, que comandou várias campanhas militares contra o Império Bizantino e contra o Canato Cazar. Tornou-se célebre sobretudo por ter liderado o segundo cerco árabe a Constantinopla, a capital bizantina (717–718) e pelo reforço da presença muçulmana no Cáucaso, onde ficou conhecido como o fundador da "Derbente islâmica" (atualmente no Daguestão, Rússia).[1]

Maslama era filho do califa omíada Abedal Maleque ibne Maruane (r. 685–705) e meio-irmão dos califas Ualide I (r. 705–715), Solimão (r. 715–717), Iázide II (r. 720–724) e Hixame (r. 724–743).[2][3] Devido à sua mãe ser uma escrava, foi excluído da linha de sucessão.[4] A primeira menção a Maslama relata-o como comandante, juntamente com o seu irmão Alabás ibne Alualide, de uma campanha militar de verão contra os bizantinos (sawa´if)[a] em 705.[1] A sua primeira grande expedição foi a campanha de 707-708 contra a cidade bizantina de Tiana, lançada como retaliação pela derrota e morte do destacado general Maimun, o Mardaíta no ano anterior. Os árabes cercaram a cidade e derrotaram uma força bizantina de reforço enviada na primavera de 708, após o que a cidade se rendeu.[3][4][5] Alguns meses depois, no verão do mesmo ano, Maslama comandou outra expedição na Anatólia e derrotou um exército bizantino perto de Amório. Em 709 fez um raide na Isáuria.[5]

Ataque das tropas de Maslama durante o Cerco de Constantinopla de 717-718, numa tradução búlgara da Crónica de Constantino Manasses (século XII)

No mesmo ano de 709, Maslama foi nomeado governador militar da Arménia e do Azerbaijão, sucedendo ao seu tio Maomé ibne Maruane. Além do cargo de governador de Junde de Quinacerim, que já ocupava, isso deu-lhe o controlo efetivo de toda a fronteira noroeste do califado. Com este posto, lançou várias campanhas contras os bizantinos, devastando a Galácia e saqueando Amásia em 712, e conquistando Melitene em 714.[1][4][2] Maslama foi também o primeiro dirigente árabe a estender a presença do califado ao Cáucaso, iniciando os conflitos diretos com os cazares.[6] Em 710 e depois em 714, Maslama marchou com o seu exército até Babal Abuabe (Derbente), que tomou e destruiu durante a última expedição.[1]

A partir de 715 foi o principal general a levar a cabo os planos de Solimão para conquistar a capital do Império Bizantino, Constantinopla. Depois de avançar com o seu exército através da Ásia Menor, liderou o Segundo Cerco Árabe a Constantinopla em 717 e 718, que resultou num completo fracasso. As tropas árabes não conseguiram vencer as defesas bizantinas, a marinha foi rechaçada por fogo grego, a nova arma dos bizantinos, e as tropas em terra sofreram muito, tanto pelos ataques de tropas búlgaras, como de doença e fome. O cerco foi levantado em agosto de 718 ou ordem do califa Omar II.[1][4][2] Segundo a obra do século X do imperador Constantino VII Porfirogênito (r. 913–959), Sobre a Administração Imperial, foi Maslama quem levou os bizantinos a construírem a primeira mesquita de Constantinopla, perto do pretório.[3] Segundo a tradição otomana posterior, teria sido Maslama quem construiu a Mesquita Árabe, situada então nos arredores de Constantinopla propriamente dita, em Gálata, o que é geralmente considerado uma lenda, a qual coloca a construção da suposta mesquita no século VII, possivelmente por confundir o cerco de Maslama com o primeiro cerco árabe, de 674-678.[7] Na realidade, a mesquita nas proximidades do pretório foi erigida cerca de de 860, como resultado de uma embaixada árabe que visitou a cidade nesse ano.[8]

Depois do fracasso em Constantinopla, Maslama foi enviado para o Iraque, para reprimir os carijitas. Depois da morte de Omar e da ascensão do seu irmão Iázide II a califa em 720, Maslama foi encarregue de esmagar a revolta de Iázide ibne Almoalabe, o qual foi derrotado e morto em agosto de 720.[3] Apesar disso, caiu em desgraça para o califa, que se ressentia e temia o seu poder como governador dos "dois Iraques", bem como da sua possível interferência na sucessão: Maslama era a favor de seu irmão Hixame, e contra o filho de Iázide, Ualide. Pouco depois, Iázide demitiu Maslama dos seus cargos, pretensamente porque ele tinha falhado na entrega dos impostos das suas províncias a Damasco.[1][4][9]

Mapa político do Cáucaso c. de 750
Porta da fortaleza de Derbente

Maslama volta à ribalta em 725, quando Hixame, pouco depois se tornar califa, o envia para substituir Aljarrá ibne Abedalá na frente do Cáucaso contra os cazares. A condução da guerra contra estes é entregue a Alharite ibne Anre Atai.[1][10] No inverno de 725, Maslama comanda uma expedição contra a Ásia Menor a partir de Melitene, a qual culminou no saque de Cesareia a 13 de janeiro de 726. A par da conquista de Gangra (atual Çankırı) por Abedalá Albatal em 727, este foi um dos maiores êxitos das tropas árabes contra os bizantinos na década de 720.[3][2][11]

Alguns meses depois, Maslama comandou outra expedição de verão em território bizantinos a norte.[3][2][11] Em 727-728, a sua atenção virou-se para os cazares, cujos ataques tinham atingindo o interior profundo do Azerbaijão. Embora tivesse logrado que eles se retirassem e retomado o controlo do desfiladeiro de Darial, a sua campanha de 728 no Cáucaso revelou-se difícil, sangrenta e pouco conclusiva. As tropas árabes ter-se-iam visto envolvidas em 30 a 40 dias de combates constantes com muito mau tempo, e embora tivessem clamado vitória em batalha contra o o cazar em pessoa, a expedição não teve quaisquer resultados e esteve à beira de se saldar numa derrota. Parece evidente que ele fez muito pouco para parar os ataques cazares a sul do Cáucaso, os quais recrudesceram em 729. Maslama foi demitido do seu cargo no mesmo, e substituído por Aljarrá.[3][12] Apesar disso, ele é mencionado nas crónicas bizantinas de Teófanes, o Confessor como tendo sido o responsável do saque da importante fortaleza bizantina de Carsiano, na Capadócia, ocorrido em finais de 730, embora as fontes árabes atribuam o saque a Moáuia ibne Hixame.[13]

A situação no Cáucaso deteriorou-se rapidamente depois da partida de Maslama. Enquanto Aljarrá estava em campanha no norte da região, os cazares introduziram-se na sua retaguarda e atacaram a sua principal base, Ardabil. Enquanto corria para ajudar a cidade, Aljarrá foi derrotado e morto, e o seu exército foi praticamente aniquilado na Batalha de Marje Ardabil, travada às portas da cidade a 9 de dezembro de 730.[14] O general veterano Saíde ibne Anre Alharaxi conseguiu controlar a situação e derrotou o exército cazar. Apesar disso, o califa nomeou Maslama como o novo governador da Arménia e Azerbaijão. Alegadamente por inveja dos êxitos de Saíde, Maslama prendeu-o e só o libertou por ordem de Hixame. Ao longo de 730 e 731, Maslama limpou as províncias a sul do Cáucaso dos cazares, usando o grande exército posto às suas ordens, avançando depois para lá das montanhas, onde saqueou algumas localidades e derrotou o cã cazar numa batalha planeada. Além disso, recuperou a fortaleza de Babal Aubabe (Derbente), a qual tinha sido ocupada pelos cazares, que tinham envenenado o abastecimento de água e a tinham guarnecido com 24 000 soldados. Apesar desses êxitos, aparentemente considerados insuficientes, Maslama foi substituído a 3 de março de 732 por Maruane ibne Maomé (futuro califa Maruane II).[15] Maslama retirou-se da vida pública após isso, possivelmente para as suas extensas propriedades no norte da Síria. Morreu a 24 de dezembro de 738.[1]

  1. Durante muitos anos, as guerras bizantino-árabes resumiram-se praticamente a raides e razias mais ou menos periódicos. Os árabes todos os anos faziam pelo menos uma incursão militares em territórios bizantinos, a chamada sauaife (campanha de verão).

Referências

  1. a b c d e f g h Rotter 1991, p. 740
  2. a b c d e Kazhdan 1991, p. 1311
  3. a b c d e f g Winkelmann 1998, p. 190-191
  4. a b c d e Lammens 1987, p. 394
  5. a b Treadgold 1997, p. 341
  6. Blankinship 1994, p. 108
  7. Müller-Wiener 1977, p. 79
  8. Hasluck 1929, p. 718–720
  9. Blankinship 1994, p. 87-88
  10. Blankinship 1994, p. 123
  11. a b Blankinship 1994, p. 120-121
  12. Blankinship 1994, p. 124–125,149
  13. Blankinship 1994, p. 162
  14. Blankinship 1994, p. 149-150
  15. Blankinship 1994, p. 150-152
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