Sternoclyta cyanopectus

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Sternoclyta)
Sternoclyta cyanopectus
Ilustração por John Gould
CITES Appendix II (CITES)[2]
Classificação científica
Reino:
Filo:
Classe:
Ordem:
Família:
Subfamília:
Tribo:
Gênero:
Sternoclyta

Gould, 1858
Espécies:
S. cyanopectus
Nome binomial
Sternoclyta cyanopectus
(Gould, 1846)
Distribuição geográfica

O beija-flor-de-peito-anil,[3][4] conhecido também como colibri-de-barra-violeta[5] (nome científico: Sternoclyta cyanopectus) é uma espécie de ave apodiforme pertencente à família dos troquilídeos, que inclui os beija-flores. É o único representante do gênero Sternoclyta, que é monotípico. Por sua vez, também é, consequentemente, a espécie-tipo deste gênero. Pode ser encontrada em altitudes entre 700 e 2000 metros, distribuindo-se desde o centro-oeste da Venezuela até a Colômbia.[6]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

O nome científico deste gênero deriva da aglutinação de dois termos derivados do grego antigo, sendo elas as palavras, respectivamente: o substantivo στέρνον, stérnon, utilizado para descrever a região do peito, ou tórax das aves, dentro desse contexto; adicionado de outro termo: κλυτός, klytós, um adjetivo que descreve algo "magnífico, esplêndido".[7][8] O epíteto específico desta ave se refere à coloração azul-turquesa, que foi descrita como "ciano", da região peitoral do animal. O que indica que seu nome binomial se baseia em suas características fisiológicas. A maioria dos beija-flores e um número significativo de outras espécies de aves também receberam seus nomes por meio de traços e características marcantes.

Seus nomes comuns na língua portuguesa, em seus dialetos brasileiro e europeu, também se baseiam em características físicas: "beija-flor-de-peito-anil" atribui a tonalidade do peito do beija-flor como mais azul, ao que "colibri-de-barra-violeta" afirma a coloração mais púrpura para o mesmo local, porém com outro nome.[3]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Os espécimes do beija-flor-de-peito-anil possuem em torno de 11,4 até os 13 centímetros de comprimento, tornando-os em troquilíneos relativamente grandes; e pesam entre 7 até 9,4 gramas no caso dos machos, e no caso das fêmeas, entre 4 até 10,3 gramas. Ambos os sexos têm bico preto ligeiramente curvilíneo, onde o dos machos é mais longo, e uma pequena mancha branca atrás do olho. O macho adultos possui partes superiores verdes-brilhantes. O gorjal apresenta a cor verde-esmeralda brilhante com uma mancha de azul-violeta brilhante abaixo no peito. O restante da parte inferior é amarelo acinzentado com manchas verde-douradas nos flancos. Sua cauda, por sua vez, e mais bronzeada, com pequenas pontas brancas nas penas externas. As fêmeas adultas também têm plumagem verde-brilhante nas suas partes superiores. Enquanto as partes inferiores são principalmente acinzentadas com manchas verdes no abdômen, ao que a parte ao centro do abdômen é ruivo. Os beija-flores juvenis se assemelham à fêmea adulta.[9]

Sistemática[editar | editar código-fonte]

Este gênero foi introduzido primeiramente no ano de 1858, assim como sua única espécie, pelo ornitólogo inglês John Gould, que construiu sua carreira através de ilustrações científicas de beija-flores. O ornitólogo descreveria a espécie em seu catálogo de espécies e monografias de troquilídeos, a partir de um espécime oriundo da Venezuela, em uma fazenda próxima de Camburi Grande, La Guaira.[10][11] Único representante de seu gênero, este se classifica um monotipo, com sua única espécie sendo espécie-tipo. Uma proposta para reclassificar esta espécie dentro de Eugenes foi apresentada, porém não foi reconhecida por nenhum identificador taxonômico internacional.[12][13][14][15] Em 2007, um estudo reclassificaria esta espécie na tribo Lampornithini, em uma classificação atualizada da subfamília Trochilinae.[16][17] Não foi reconhecida qualquer subespécie para o beija-flor-cauda-de-tesoura.

Distribuição e habitat[editar | editar código-fonte]

Grande parte do alcance do beija-flor-de-peito-anil se encontra ao norte e ao oeste da Venezuela. Pode ser encontrado na cordilheira Costeira ao leste do estado de Miranda e, a partir daí, a sudoeste nos Andes dos estados de Lara, Mérida e Táchira e, ligeiramente no departamento de Norte de Santander na Colômbia. A espécie habita principalmente as florestas e bosques subtropicais úmidos e parcialmente pelas aberturas criadas por deslizamentos de terra e pela queda de árvores por influência humana ou não. O beija-flor-de-peito-anil também ocorre em florestas secundárias maduras e plantações de café.[9] Em altitude, varia do nível do mar aos 2000 metros acima deste, embora a sua ocorrência se torne muito mais frequente a partir de 700 metros.

Comportamento[editar | editar código-fonte]

O beija-flor-de-peito-anil é uma espécie de beija-flor sedentária, não realizando nenhum tipo de migração sazonal de elevação.[9]

Alimentação[editar | editar código-fonte]

O beija-flor-de-peito-anil, comumente, procura pelo néctar nas profundezas da floresta, geralmente em sub-bosque denso e frequentemente pelas ravinas úmidas e matagais de Heliconia. Defende canteiros de flores e nunca se reúne com outros beija-flores em grandes eventos de floração.[9]

Reprodução[editar | editar código-fonte]

A época de reprodução do beija-flor-de-peito-anil vai de março a julho no estado de Lara e, também, entre novembro e dezembro em outras partes de sua área de distribuição. O beija-flor constrói um ninho que se assemelha à uma xícara, geralmente numa forquilha de galho, mas, às vezes, em videiras ou samambaias, e normalmente cerca de dois metros acima do solo. Este ninho é feito de fibras vegetais macias com uma camada externa de musgo, escamas de samambaias e líquen. A fêmea incuba a ninhada de dois ovos por uma média de cerca de 20 dias e a emplumação se inicia cerca de 26 dias após a eclosão.[9][18]

Vocalização[editar | editar código-fonte]

O canto principal do beija-flor-de-peito-anil é descrito como uma "série de notas agudas de 'chit!... chit!... chit!...'". Outra canção é "uma série de notas 'chip' e 'weet' junto de alguns trinados curtos e estridentes". Enquanto forrageia, faz "notas de altas lascadas e staccato".[9]

Estado de conservação[editar | editar código-fonte]

A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, publicada pela IUCN, considerou esta espécie como um táxon "pouco preocupante". No entanto, possui um alcance restrito e seu tamanho e tendência populacional são desconhecidos. Nenhuma ameaça imediata foi identificada.[1] Ocorre em algumas áreas protegidas. É considerado "[localmente] comum [e] parece prontamente aceitar um segundo crescimento e habitats artificiais.[9]

Referências

  1. a b BirdLife International (1 de outubro de 2016). «Violet-chested Hummingbird (Sternoclyta cyanopectus. The IUCN Red List of Threatened Species. 2016: e.T22687753A93167642. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22687753A93167642.enAcessível livremente. e.T22687753A93167642. Consultado em 26 de dezembro de 2022 
  2. «Appendices | CITES». cites.org. Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  3. a b Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 113. ISSN 1830-7809. Consultado em 25 de agosto de 2022 
  4. «Sternoclyta cyanopectus (beija-flor-de-peito-anil)». Avibase. Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  5. Alves, Paulo; Elias, Gonçalo; Frade, José; Nicolau, Pedro; Pereira, João, eds. (2019). «Trochilidae». Nomes das Aves PT. Lista dos Nomes Portugueses. Consultado em 21 de dezembro de 2022 
  6. Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (11 de agosto de 2022). «Hummingbirds». IOC World Bird List (em inglês) 12.1 ed. Consultado em 21 de dezembro de 2022 
  7. Beekes, Robert S. P. (2010). van Beek, Lucien, ed. «Etymological Dictionary of Greek». Brill Academic Pub. Leiden Indo-European Etymological Dictionary Series. 10. ISBN 9789004174207. Consultado em 23 de dezembro de 2022 
  8. Jobling, James A. (1991). A Dictionary of Scientific Bird Names. Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-854634-3. OCLC 45733860 
  9. a b c d e f g Heynen, Iris; Kirwan, Guy M. (2020). «Violet-chested Hummingbird (Sternoclyta cyanopectus), version 1.0». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.vichum2.01. Consultado em 26 de dezembro de 2022 
  10. Gould, John (1854). «Sternoclyta cyaneipectus: Blue-breast». Londres: Taylor and Francis. A monograph of the Trochilidæ, or family of humming-birds. 2 (1852–1854): 58. doi:10.5962/bhl.title.51056Acessível livremente. Consultado em 26 de dezembro de 2022 
  11. Gould, John (1846). «On twenty new species of Trochilidae or Humming Birds». Londres: Academic Press. Proceedings of the Zoological Society of London. 14 (164): 88. Consultado em 26 de dezembro de 2022 
  12. Remsen, J. V., Jr., J. I. Areta, E. Bonaccorso, S. Claramunt, A. Jaramillo, D. F. Lane, J. F. Pacheco, M. B. Robbins, F. G. Stiles, e K. J. Zimmer. (31 de janeiro de 2022). «A classification of the bird species of South America». American Ornithological Society. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  13. BirdLife International (2020). «Handbook of the Birds of the World and BirdLife International digital checklist of the birds of the world». Datazone BirdLife International. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  14. Clements, J. F., T. S. Schulenberg, M. J. Iliff, S. M. Billerman, T. A. Fredericks, J. A. Gerbracht, D. Lepage, B. L. Sullivan, and C. L. Wood. (2021). «The eBird/Clements checklist of Birds of the World: v2021». Cornell Lab of Ornithology. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  15. Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (11 de agosto de 2022). «Hummingbirds». IOC World Bird List (em inglês) 12.1 ed. Consultado em 26 de dezembro de 2022 
  16. McGuire, J.A.; Witt, C.C.; Altshuler, D.L.; Remsen, J.V. (outubro de 2007). «Phylogenetic Systematics and Biogeography of Hummingbirds: Bayesian and Maximum Likelihood Analyses of Partitioned Data and Selection of an Appropriate Partitioning Strategy». Systematic Biology. 56 (5): 837–856. doi:10.1080/10635150701656360Acessível livremente. Consultado em 1 de maio de 2022 
  17. McGuire, Jimmy A.; Witt, Christopher C.; Remsen, J. V.; Dudley, R.; Altshuler, Douglas L. (1 de janeiro de 2009). «A higher-level taxonomy for hummingbirds». Journal of Ornithology (em inglês) (1): 155–165. ISSN 2193-7206. doi:10.1007/s10336-008-0330-x. Consultado em 24 de dezembro de 2022 
  18. Fierro-Calderón, Karolina; Martin, Thomas E. (1 de agosto de 2007). «Reproductive Biology of the Violet-Chested Hummingbird in Venezuela and Comparisons with Other Tropical and Temperate Hummingbirds». The Condor (em inglês) (3): 680–685. ISSN 0010-5422. doi:10.1093/condor/109.3.680. Consultado em 26 de dezembro de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre este tema:
Commons Imagens e media no Commons
Commons Categoria no Commons
Wikispecies Diretório no Wikispecies