Usina Hidrelétrica Governador Jayme Canet Júnior

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Usina Hidrelétrica Governador Jayme Canet Júnior
Localização
Localização Rio Tibaji, Paraná, Telêmaco Borba e Ortigueira, Brasil Editar isso no Wikidata
Bacia hidrográfica Bacia do rio da Prata
Coordenadas 24°2'31"S, 50°41'38"W
Mapa
Dados gerais
Data de inauguração 2008
Características
Tipo barragem, usina hidrelétrica
Capacidade de geração 363 megawatt
Website
www.consorciocruzeirodosul.com.br

A U.H. Governador Jayme Canet Júnior, anteriormente denominada U.H. Mauá, é uma usina hidrelétrica brasileira (U.H.) localizada no rio Tibagi, entre os municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira, no estado do Paraná. Sua construção teve início no ano de 2008 e foi inaugurada em 2012.

É controlada pelo Consórcio Energético Cruzeiro do Sul (CECS), com participação societária de 51% da Copel e 49% da Eletrosul.[1] É a 6ª maior hidrelétrica em potência instalada em território paranaense, ficando atrás apenas das cinco usinas localizadas no rio Iguaçu.[2]

A partir de 9 de fevereiro de 2017, a Usina Hidrelétrica Mauá, passou a ser denominada oficialmente como Usina Hidrelétrica Governador Jayme Canet Júnior.[3]

Início[editar | editar código-fonte]

A região do rio Tibagi passou por uma série de estudos, como um inventário feito pela COPEL em 1984, que foi reavaliado em 1994 e ainda confirmado em 1997, para um aproveitamento hidrelétrico.[4] Através de estudos, então elaborou-se um projeto que favorecia a implantação de uma nova usina no Estado do Paraná, mais precisamente no rio Tibagi, ao lado da Usina Hidrelétrica Presidente Vargas, na região conhecida como Mauá. No dia 7 de dezembro de 2005, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) emitiu licença prévia da construção da Usina Mauá.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realizou em 10 de outubro de 2006 um leilão, onde o Consórcio Energético Cruzeiro do Sul arrematou a concessão de Mauá. Após muitos rumores, o IAP emitiu licença de instalação que ocorreu somente em 18 de março de 2008. Ambientalistas se opuseram contra a implantação da usina, bem como advertiram que toda a biodiversidade estaria ameaçada,[5] comprometendo toda a flora e fauna existente naquela região, influenciando o ecossistema natural e trazendo impactos negativos para o meio ambiente e para a população ribeirinha.[6] A igreja católica, representada por líderes religiosos e missionários, uniu-se com os demais ativistas para expressarem juntos os riscos que poderiam acarretar com a execução do projeto.

Os municípios do norte do estado, principalmente encabeçados por Londrina,[7] também se posicionaram contra a todo tipo de intervenção no leito do rio Tibagi, tentando inúmeras vezes impedir as ações do inicio da construção, apresentando fatores como possível diminuição da qualidade da água que abastece os municípios do norte e a contaminação por metais pesados quando formar o reservatório d'água visto que existia uma mina de carvão nas redondezas. A área destas minas pertence à Klabin S.A., que explorava o carvão para abastecer as caldeiras da fábrica na fazenda Monte Alegre, que mantém em Telêmaco Borba.[8] As minas foram desativadas em 1993 e em 1998 a Klabin apresentou projeto de recuperação da área ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e ao IAP em 2002. Em junho de 2002 a área foi fiscalizada pelo IAP e em dezembro de 2006 pelo DNPM. O DNPM autuou a empresa e listou uma série de recomendações. Entretanto, o auto de infração foi contestado e a multa, cancelada. Em 2007 uma empresa especializada foi contratada para realizar um diagnóstico ambiental da área e foram investidos cerca de 600 mil reais na recuperação da área.[8] Na época a Klabin se comprometeu também em monitorar o PH, o oxigênio, a temperatura e quantidade de ferro na água do entorno da mina e do subsolo. Contudo, os dados coletados pela própria empresa sugerem que os parâmetros de qualidade da água do rio não são alterados de forma significativa pela água que escorre dos resíduos de carvão.[8]

Após o andamento da construção e várias medidas que tentavam a paralisação, o governo alegou que as condutas ambientais adotas estavam de acordo com a legislação. O ministério público federal, chegou a questionar falhas na liberação do licenciamento concedido.[9]

Após a autorização da implantação da usina, pesquisadores foram designados para fazer resgates de diferentes aspectos, entre eles o arqueológico que revelou uma riqueza de materiais históricos, destacando peças, utensílios e objetos pertencentes às tribos guaranis que habitavam a região.[10]

Localização[editar | editar código-fonte]

Entrada do túnel construído para desvio do rio Tibagi

Localizada no Paraná, no rio Tibagi,[11] a usina tem a capacidade instalada de 363MW,[12] sendo capaz de atender, até então, ao consumo de 1 milhão de pessoas. A barragem da hidrelétrica foi construída entre os municípios de Telêmaco Borba e Ortigueira. O reservatório que se formou tem cerca de 84 km² de superfície.

Localizada na região do Salto Mauá, porção média do rio Tibagi, a casa de força fica na margem direita do Tibagi, no município de Telêmaco Borba, perto à foz do ribeirão das Antas, no local conhecido como Poço Preto.[13]

Construção[editar | editar código-fonte]

Alojamentos temporários que serviram a usina

A mobilização e início das obras civis foi efetivada somente no dia 21 de julho 2008, um atraso de quase oito meses, porque segundo o cronograma da obra, a previsão era inciar em 1º de dezembro de 2007. O início do concreto de primeiro estágio da estrutura de desvio do rio foi realizado no dia 6 de fevereiro 2009. Já o desvio do rio pelos túneis foi efetuado no dia 1º de setembro de 2009.

Sistema de transmissão[editar | editar código-fonte]

Foram implantadas duas linhas de transmissão que adicionou ao sistema elétrico brasileiro a energia produzida em Mauá, operando na tensão de 230 mil volts. A linha até a subestação da Copel em Figueira tem 43 quilômetros de extensão, enquanto a linha até Jaguariaíva tem 108 quilômetros.

No dia 22 de julho de 2011, iniciou-se os testes das instalações de transmissão de energia, bem como a execução experimental da energização da linha que conecta as subestações Mauá e Figueira.[14]

Entrou em operação comercial oficialmente no dia 23 de novembro de 2012, através da unidade geradora 1, abastecendo o Sistema Interligado Nacional (SIN). A unidade 1 tem 117,36 megawatts de potência e iniciou operação em regime de teste no dia 9 de novembro de 2012.[15]

Inauguração e operação[editar | editar código-fonte]

A inauguração da hidrelétrica ocorreu no dia 12 de dezembro de 2012.[16] A usina possui cinco unidades geradoras, todas operando comercialmente.[17]

Impactos[editar | editar código-fonte]

Área durante a construção da barragem da Usina Mauá

No âmbito social, afetou comunidades ribeirinhas que tiveram suas terras desapropriadas. Propriedades foram diretamente atingidas e tiveram que ser indenizadas.[18] Próximo a barragem está localizada a aldeia indígena Tibagy-Mococa, que foi afetada indiretamente, apesar de não ter suas áreas alagadas, os índios circulam pela região e usufruem dos recursos naturais.[18] Inicialmente, a prefeitura de Telêmaco Borba acreditava que apenas uma propriedade seria atingida pela inundação ocasionada pela construção da barragem, entretanto, após novos levantamentos, inicialmente o número de famílias que perderiam o direito da terra onde viviam passou para 56. Contudo, em toda a extensão da área que estava prevista para receber a usina, o número passou a ser cogitado em 376 famílias, representando um total de 1 625 pessoas.[18] Em resposta, o consórcio alegou na época que, com a os impactos ambientais e sociais da obra, os custos seriam maiores do que os previstos, por isso atingiriam um número maior de pessoas em relação aos estudos preliminares de 2007.[18] Não obstante, o empreendimento atingiu diretamente cerca de 436 famílias, sendo que dessas cerca de 174 tiveram que ser efetivamente remanejadas para outra área.[19]

Em relação aos impactos culturais, muitos vestígios e artefatos antropológicos foram possivelmente atingidos. Um trabalho de resgate de materiais culturais foi realizado antes do alagamento. A região foi palco de uma diversidade étnico-indígenas, jesuítas, bandeirantes, tropeiros, porcadeiros e exploradores que desbravaram o Paraná e ajudaram a formar o perfil social do povo paranaense.

No âmbito econômico, entre os principais impactos, está a paralisação das atividades mineradoras na região do rio Tibagi e afluentes. As terras, que foram alagadas com a formação do lago devido a construção da barragem, perderam seu aproveitamento econômico, principalmente no que se refere ao aproveitamento mineral, além de áreas agriculturáveis, destinadas para lavoura e silvicultura.[20]

Em relação aos impactos ambientais, esses também foram observados, como a alteração do ecossistema local, transformando o rio com corredeiras e saltos, em um lago artificial, comprometendo a vida aquática original e os fluxos naturais biológicos, edafológicos, físico-químicos e microclimáticos.[18] Também foi realizado o desmatamento das áreas que provavelmente iriam ser atingidas pela cheia das águas. Foi realizado o corte e remoção da vegetação local, para diminuir o processo de decomposição da matéria orgânica, que pode levar a eutrofização, causar um efeito-reação que comprometeria ainda mais a qualidade da água e as instalações da hidrelétrica.

Galeria[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Barragem expressa - 630 mil m³ de concreto compactado com rolo da Usina Hidrelétrica Mauá» 
  2. Agência Estadual de Notícias (12 de dezembro de 2012). «Richa inaugura Usina de Mauá e reforça contribuição do PR para redução de tarifas». Consultado em 13 de dezembro de 2012 
  3. Agência Estadual de Notícias (9 de fevereiro de 2017). «Usina Mauá recebe nome do ex-governador Jayme Canet». Consultado em 13 de fevereiro de 2017 
  4. IAP. «ESTUDOS AMBIENTAIS PRELIMINARES / EDITAIS DE ENTRADA E ABERTURA DE PRAZOS - 2010/2011 - EIA/RIMA UHE Telêmaco Borba com Potência de 120 MW, localizado nos municípios de Imbaú, Telêmaco Borba e Tibagi.». Consultado em 10 de outubro de 2014 
  5. «ONG acusa consórcio de desmatamento ilegal na construção da Hidrelétrica de Mauá». 9 de outubro de 2008 
  6. «Ambientalistas acusam consórcio de descumprir decisão para interromper obras da Usina de Mauá». 18 de fevereiro de 2009 
  7. «Justiça suspende obras da Usina Hidrelétrica Mauá». 21 de janeiro de 2009 
  8. a b c «Dona da área investiu R$ 600 mil em recuperação». Gazeta do Povo. 3 de agosto de 2007. Consultado em 15 de março de 2019 
  9. «Rasca nega falhas no licenciamento ambiental da Usina de Mauá». 10 de fevereiro de 2009 
  10. «Historiadores retiram objetos de área que será alagada para usina no PR». 10 de maio de 2011 
  11. Jornal de Londrina (4 de março de 2009). «Justiça Federal libera construção da Usina Hidrelétrica Mauá» 
  12. «Obras da Usina Hidrelétrica Mauá devem ser concluídas até o fim do ano de 2011». 2 de maio de 2011 
  13. Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento - Centro de Hidráulica e Hodrologia Prof. Parigot de Souza (fevereiro de 2012). «Dados trimestrais complementares de qualidade de água na região do empreendimento UHE Mauá: março/11 a dezembro/11» (PDF). Consórcio Energético Cruzeiro do Sul - CECS. Consultado em 15 de março de 2019 
  14. «Começam os testes no sistema de transmissão da Usina Mauá». 25 de julho de 2011. Consultado em 25 de julho de 2011 
  15. «Hidrelétrica Mauá começa a operar comercialmente». 23 de novembro de 2012. Consultado em 25 de novembro de 2012 
  16. Agência Estadual de Notícias (10 de dezembro de 2012). «GOVERNADOR BETO RICHA INAUGURA USINA HIDRELÉTRICA DE MAUÁ». Consultado em 11 de dezembro de 2012 
  17. G1 (12 de dezembro de 2012). «Usina capaz de atender um milhão de unidades é inaugurada no Paraná». Consultado em 13 de dezembro de 2012 
  18. a b c d e «Telêmaco Borba reavalia impactos da Usina Mauá». Diário dos Campos. 17 de julho de 2007. Consultado em 15 de março de 2019 
  19. Rafael Garcia Carmona (2017). «Mulheres remanejadas pela Usina Hidrelétrica de Mauá: a invisibilidade de gênero» (PDF). Seminário Internacional Fazendo Gênero. Consultado em 15 de março de 2019 
  20. Hallison Fernando Rosa; Antonio Liccardo. «Mineração de Diamantes em Telêmaco Borba/PR: uma atividade com mais de dois séculos de existência» (PDF). Universidade Estadual de Ponta Grossa. Consultado em 15 de março de 2019 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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