Anencefalia: diferenças entre revisões

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Aos 2 anos, contra todas as previsões iniciais, Vitória faz sessões de fisioterapia, alimenta-se normalmente, responde a estímulos, engatinha, e até manifesta sorrisos. Seus pais acreditam que o caso serve para demonstrar como o diagnóstico de anencefalia é complexo, contrariando a visão de "morte encefálica" de tais bebês e problematizando a possibilidade de aborto nestes casos. <ref>[http://www.webtvcn.com/canal/noticias/anencefalo040412 WEbTVCN - Anencefalia: pais testemunham]</ref>
Aos 2 anos, contra todas as previsões iniciais, Vitória faz sessões de fisioterapia, alimenta-se normalmente, responde a estímulos, engatinha, e até manifesta sorrisos. Seus pais acreditam que o caso serve para demonstrar como o diagnóstico de anencefalia é complexo, contrariando a visão de "morte encefálica" de tais bebês e problematizando a possibilidade de aborto nestes casos. <ref>[http://www.webtvcn.com/canal/noticias/anencefalo040412 WEbTVCN - Anencefalia: pais testemunham]</ref>
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Revisão das 18h58min de 11 de abril de 2012

A anencefalia consiste em malformação rara do tubo neural acontecida entre o 16° e o 26° dia de gestação, caracterizada pela ausência parcial do encéfalo e da calota craniana, proveniente de defeito de fechamento do tubo neural durante a formação embrionária.

Ao contrário do que o termo possa sugerir, a anencefalia não caracteriza casos de ausência total do encéfalo, mas situações em que se observam graus variados de danos encefálicos. A dificuldade de uma definição exata do termo "baseia-se sobre o fato de que a anencefalia não é uma má-formação do tipo 'tudo ou nada', ou seja, não está ausente ou presente, mas trata-se de uma má-formação que passa, sem solução de continuidade, de quadros menos graves a quadros de indubitável anencefalia. Uma classificação rigorosa é, portanto quase que impossível".[1]

Na prática, a palavra "anencefalia" geralmente é utilizada para caracterizar uma má-formação fetal do cérebro. Nestes casos, o bebê pode apresentar algumas partes do tronco cerebral funcionando, garantindo algumas funções vitais do organismo.[2]

Trata-se de patologia letal. Bebês com anencefalia possuem expectativa de vida muito curta, embora não se possa estabelecer com precisão o tempo de vida que terão fora do útero. A anomalia pode ser diagnosticada, com certa precisão, a partir das 12 semanas de gestação, através de um exame de ultra-sonografia, quando já é possível a visualização do segmento cefálico fetal. [carece de fontes?]

Feto anencéfalo.

O risco de incidência aumenta 5% a cada gravidez subsequente. Inclusive, mães diabéticas têm seis vezes mais probabilidade de gerar filhos com este problema. Há, também, maior incidência de casos de anencefalia em mães muito jovens ou nas de idade avançada. Uma das formas de prevenção mais indicadas é a ingestão de ácido fólico antes e durante a gestação.[3]

Nos últimos anos, com os avanços tecnológicos que permitem exames precisos para este tipo de malformação fetal, juízes têm dado autorizações para que as mulheres com gravidez de fetos anencéfalos possam abortar o feto, decisões que comumente são alvo de protestos de grupos religiosos e laicos[4] contrários ao aborto.

Interrupção da gravidez

Segundo grupos contrários à manutenção da vida do nascituro com anencefalia, a interrupção da gravidez nestes casos diferiria do aborto por interromper o desenvolvimento de um feto que inevitavelmente morreria durante este processo, ou logo após o parto, enquanto o aborto interromperia o desenvolvimento de um bebê normal.[5] A interrupção da gravidez seria um processo semelhante, neste caso, a tirar a vida de uma pessoa em estado terminal, a qual sabe-se que inevitavelmente irá morrer, mais cedo ou mais tarde - no caso da anencefalia, provavelmente muito cedo.[6]. Essa visão é, entretanto, contestada por grupos contrários ao aborto, que alegam que toda vida tem valor, independente de seu tempo de duração.[7]

O "caso Marcela"

Marcela de Jesus, caso raro de anencefalia que teve 20 meses de vida extra-uterina

Existe um caso famoso no Brasil (ocorrido no Município de Patrocínio Paulista) em que uma criança diagnosticada como anencéfala viveu por um ano, oito meses e doze dias após o nascimento. A menina, batizada de Marcela de Jesus, nasceu no dia 20 de novembro de 2006 e morreu no dia 31 de julho de 2008. Marcela não tinha o córtex cerebral, apenas o tronco cerebral, responsável pela respiração e pelos batimentos cardíacos. A menina faleceu em consequência de uma pneumonia aspirativa.[8]

O caso gerou divergências: alguns especialistas, baseados na deficiência de uma definição exata do termo "anencefalia", levantaram a hipótese de que a menina na verdade sofria de uma malformação do crânio (encefalocele), associada a um desenvolvimento reduzido do cérebro (microcefalia). Outros afirmam que o que houve, na verdade, foi uma forma "não clássica" de anencefalia, como avaliou a pediatra da menina, Márcia Beani Barcellos, profissional que mais acompanhou o caso. Segundo Márcia, a sobrevivência surpreendente de Marcela foi "um exemplo de que um diagnóstico não é nada definitivo".[9] Em geral, esta é a posição de todos os médicos que tiveram contato direto com a criança e analisaram seus exames. [10]

Em entrevista concedida quando a criança ainda estava viva, Barcellos afirmou ainda que a discrepância não era só em relação ao diagnóstico intrauterino, mas aos prognósticos geralmente feitos: "Ela não pode ser comparada com uma criança com morte cerebral, que não tem sentimentos. A Marcela não vive em estado vegetativo. Como ela processa isso, é um mistério!"[11]

O "caso Vitória"

Ficheiro:Vitória de Cristo.jpg
Vitória de Cristo, caso raro de acrania com possível evolução para anencefalia incompleta

Vitória de Cristo, nascida a 13/02/2010 na cidade brasileira de São Paulo, é também um caso raro de criança que passou pelo diagnóstico de anencefalia e sobreviveu além dos prognósticos, tendo completado mais de 2 anos de vida em 2012. [12]

Às 12 semanas de gestação, Vitória foi diagnosticada com acrania, situação que geralmente evolui para a anencefalia. [13] Seus pais foram contrários à sugestão de médicos para interromperem a gravidez e, ao nascer, Vitória foi diagnosticada como anencéfala. Aos quatro meses de vida extra-uterina, um exame de ressonância magnética relatou "anencefalia incompleta". A opinião de médicos que tiveram contato direto com a criança, no entanto, é de que tal diagnóstico não é definitivo. [14]

Aos 2 anos, contra todas as previsões iniciais, Vitória faz sessões de fisioterapia, alimenta-se normalmente, responde a estímulos, engatinha, e até manifesta sorrisos. Seus pais acreditam que o caso serve para demonstrar como o diagnóstico de anencefalia é complexo, contrariando a visão de "morte encefálica" de tais bebês e problematizando a possibilidade de aborto nestes casos. [15]

Referências

  1. Comitato nazionale per la bioetica. "Il neonato anencefalico e la donazione di organi". 21 giugno 1996. p. 9. Relatório do Comitê Nacional de Bioética Italiano - 21 de junho de 1996. Versão em português: http://www.providaanapolis.org.br/cnbport.htm
  2. Quem é o anencéfalo?
  3. Anvisa - "Farinha terá ácido fólico para combater anencefalia em bebês"
  4. Campanha Nacional pela vida
  5. Aborto de feto anencéfalo é motivo de divergências em audiência
  6. «'Todos morrem'». Ciência Hoje. 13 de julho de 2011. Consultado em 13 de julho de 2011. Para Gollop, é fundamental que as pessoas saibam separar o joio do trigo. Para efeitos bioéticos e legais, ressaltou, a suspensão de partos no caso de fetos anencéfalos nada tem a ver com o aborto que, por definição, é a interrupção de uma gestação viável. A anencefalia, que consiste na ausência total ou parcial do encéfalo e da caixa craniana, “é incompatível com a vida, não há qualquer chance de sobrevivência; todos morrem”, enfatizou o médico, apresentando dados para embasar sua convicção.[...] A interrupção da gravidez em caso de anencefalia dos fetos é permitida em quase todo o mundo – na Europa, Canadá, China, Cuba, Japão, Índia, Estados Unidos, Rússia, Israel e na maioria dos países da Ásia. As exceções são, segundo Gollop, Irlanda, Malta e parte importante da América Latina, África e dos países islâmicos. 
  7. Aborto de feto anencéfalo é motivo de divergências em audiência
  8. Estadão online - Menina com anencefalia morre após {{subst:Número2palavra2|1}} ano e {{subst:Número2palavra2|8}} meses
  9. Estadão - Bebê "anencéfalo" morre após {{subst:Número2palavra2|1}} ano e {{subst:Número2palavra2|8}} meses
  10. CN Notícias - Vídeo: "A surpreendente sobrevivência de Marcela"-----------
  11. Canção Nova Notícias - "A surpreendende sobrevivência de Marcela"
  12. WEbTVCN - Anencefalia: pais testemunham
  13. Fetal med - Acrania
  14. Sobre o diagnóstico de Vitória
  15. WEbTVCN - Anencefalia: pais testemunham
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Ver também

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