Antarctopelta
Antarctopelta | |
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Esboços do holótipo | |
Classificação científica | |
Domínio: | Eukaryota |
Reino: | Animalia |
Filo: | Chordata |
Clado: | Dinosauria |
Clado: | †Ornithischia |
Clado: | †Thyreophora |
Subordem: | †Ankylosauria |
Clado: | †Parankylosauria |
Gênero: | †Antarctopelta Salgado & Gasparini, 2006 |
Espécie-tipo | |
†Antarctopelta oliveroi |
Antarctopelta é um gênero de dinossauros ornitísquios do grupo dos anquilossauros, nativo da formação Snow Hill Island, na Península Antártida. Essa formação data do Cretáceo Superior, especificamente do Campaniano-Maastrichtiano, há cerca de 74 a 70 milhões de anos. Até ao momento, somente uma espécie foi nomeada, Antarctopelta oliveroi. O nome do gênero significa escudo da Antártida, em referência a anatomia do animal e o local onde foi encontrado.[1]
O holótipo e único espécime descrito até o momento foi o primeiro dinossauro descoberto na Antártida, em 1986, e o segundo gênero nomeado, em 2006.[1]
Descoberta e Nomeação
[editar | editar código-fonte]O holótipo do gênero, MLP 86-X-28-1, consiste em um fragmento de um dentário esquerdo com um dente in situ, outros três dentes isolados, vários fragmentos do crânio, duas vértebras cervicais, três vértebras cervicais articuladas, oito fragmentos de costelas dorsais, elementos sacrais incompletos, oito vértebras caudais, porção proximal da escápula esquerda, parte do ílio direito, um fragmento do fêmur esquerdo, cinco metapodiais, duas falanges e seis morfótipos diferentes de osteodermas. Todos esses ossos pertencem a um mesmo espécime, escavado em 1986 e espalhado em uma área de 6m², descoberto cerca de dois quilômetros ao sul da Cova Santa Marta, no norte da Ilha de James Ross, no continente da Antártida. As rochas dessa localidade correspondem ao membro Gamma da formação Snow Hill Island, previamente atribuído a formação Santa Marta, e datam do fim da Campaniano e início do Maastrichtiano, há entre 74 a 70 milhões de anos.[2]
O nome Antarctopelta é a união de antarcto, que faz referência à Antártida, e pelta, que significa escudo, gerando o "Escudo da Antártida". O sufixo pelta é comum dentre os Anquilossauros. Já o epíteto específico A.oliveroi faz referência a Eduardo Olivero, Geólogo e Paleontólogo Argentino especialista na Antártida, que descobriu o holótipo.[1][3]
Descrição e Paleobiologia
[editar | editar código-fonte]Em vida, Antarctopelta oliverai era um dinossauro herbívoro e quadrúpede, protegido por várias linhas de osteodermas em sua pele, semelhante a armadura de um tatu ou tartaruga, de aproximadamente 4 metros de comprimento. Esse comprimento faz dele um Anquilossauro de tamanho mediano, porém é o maior Paranquilossauro descrito até o momento.[1][4]
Até a descrição do táxon Chileno Stegouros elengassen a sua anatomia era baseada principalmente em nodossaurídeos, grupo que originalmente Antarctopelta era atribuído.[5] Baseado em Stegouros, podemos deduzir que Antarctopelta tinha uma armadura corporal mais esparsa, membros mais longos e cauda curta, porém armada. A cauda de Antarctopelta é particularmente semelhante a de Stegouros, fato que nos leva a acreditar que também possuiria uma Macuahuitl, estrutura inusitada semelhante a uma clava de guerra Asteca.[4]
Diferentemente de Stegouros e Kunbarrasaurus, algumas placas planas foram encontradas, semelhantes as presentes no pescoço do nodossaurídeo Norte-Americano Edmontonia rugosidens. Além dessas, outro morfótipo de osteoderma foi encontrado, semelhante a um espinho e de tamanho considerável, parecidos com aqueles das regiões cervicais e escapulares dos nodossaurídeos. Levando em conta o parentesco de Kunbarassaurus e Antarctopelta,[4] é mais parcimonioso afirmar que essas osteodermas estavam presentes na região sacral do animal, de modo semelhante às osteodermas preservadas na região sacral de Kunbarrasaurus.[6] Essas características provavelmente estavam presentes em todos Parankylosauria, porém não foram preservadas apropriadamente nos outros táxons.[1]
Ecologia
[editar | editar código-fonte]O membro Gamma da formação Snow Hill Island representa depósitos de sedimentos marinhos, especificamente regiões rasas, possivelmente costeiras. Além do próprio Antarctopelta, outros dinossauros foram descobertos dessa formação geológica, dentre eles o terópode Paraviano Imperobator antarticus e os ornitópodes elasmários Trinisaura santamartaensis, "Biscoveosaurus", Morrosaurus antarticus e um titanossauro Lithostrotiano indeterminado. Fora os dinossauros, pterossauros, tubarões, elasmossaurídeos, peixes, amonites e bivalves também são conhecidos da formação Snow Hill Island.
Classificação
[editar | editar código-fonte]Desde o início era sabido que Antarctopelta possuía uma posição basal dentro de Ankylosauria, e foi inicialmente rotulado como um Ankylosauria incertae sedis.[1] Análises posteriores encontraram esse táxon como o nodossaurídeo mais basal conhecido.[5] Essa foi a hipótese mais aceita até a descrição do Anquilossauro Chileno Stegouros elengassen, que se mostrou o parente mais próximo conhecido e cunhou um novo clado de Anquilossauros basais, os Parankylosauria, composto por Stegouros, Kunbarrasaurus e Antarctopelta, todos de Gondwana.[4]
Filogenia por Thompson et al (2011),[5] que encontrou Antarctopelta oliverai como um nodossaurídeo:
Nodosauridae |
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Filogenia por Soto-Acuña et al (2021),[4] onde Parankylosauria foi cunhado:
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Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c d e f Salgado, L.; Gasparini, Z. (2006). «Reappraisal of an ankylosaurian dinosaur from the Upper Cretaceous of James Ross Island (Antarctica).» (PDF). Geodiversitas. 28 (1): 119–135
- ↑ Olivero, E. B. (1 de abril de 2012). «Sedimentary cycles, ammonite diversity and palaeoenvironmental changes in the Upper Cretaceous Marambio Group, Antarctica». Cretaceous Research (em inglês): 348–366. ISSN 0195-6671. doi:10.1016/j.cretres.2011.11.015. Consultado em 3 de dezembro de 2021
- ↑ Olivero, E.; Gasparini, Z.; Rinaldi, C.; Scasso, R. (1991). «First record of dinosaurs in Antarctica (Upper Cretaceous, James Ross Island): paleogeographical implications». In: Thomson, M.R.A.; Crame, J.A.; Thomson, J.W. Geological Evolution of Antarctica. Cambridge: Cambridge University Press. pp. 617–622
- ↑ a b c d e Soto-Acuña, Sergio; Vargas, Alexander O.; Kaluza, Jonatan; Leppe, Marcelo A.; Botelho, Joao F.; Palma-Liberona, José; Simon-Gutstein, Carolina; Fernández, Roy A.; Ortiz, Héctor (1 de dezembro de 2021). «Bizarre tail weaponry in a transitional ankylosaur from subantarctic Chile». Nature (em inglês): 1–5. ISSN 1476-4687. doi:10.1038/s41586-021-04147-1. Consultado em 3 de dezembro de 2021
- ↑ a b c Thompson, Richard S.; Parish, Jolyon C.; Maidment, Susannah C. R.; Barrett, Paul M. (1 de junho de 2012). «Phylogeny of the ankylosaurian dinosaurs (Ornithischia: Thyreophora)». Journal of Systematic Palaeontology (2): 301–312. ISSN 1477-2019. doi:10.1080/14772019.2011.569091. Consultado em 3 de dezembro de 2021
- ↑ Leahey, Lucy G.; Molnar, Ralph E.; Carpenter, Kenneth; Witmer, Lawrence M.; Salisbury, Steven W. (8 de dezembro de 2015). «Cranial osteology of the ankylosaurian dinosaur formerly known as Minmi sp. (Ornithischia: Thyreophora) from the Lower Cretaceous Allaru Mudstone of Richmond, Queensland, Australia». PeerJ: e1475. ISSN 2167-8359. PMC 4675105. PMID 26664806. doi:10.7717/peerj.1475. Consultado em 3 de dezembro de 2021