Bolívia 6–1 Argentina (2009)

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Bolívia 6 x 1 Argentina
Vista aérea do Estádio Olímpico Hernando Siles, local da partida.
Evento Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA de 2010 - América do Sul - 12a Rodada
Data 1 de abril de 2009
Local Estádio Olímpico Hernando Siles, Bolívia La Paz
Árbitro Uruguai Martín Vázquez
Público 30 487

Bolívia 6 x 1 Argentina, também conhecido como O Massacre de La Paz[1], foi um jogo, válido pela 12a Rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA de 2010, que foi disputado no dia 1 de abril de 2009, no Estádio Olímpico Hernando Siles, em La Paz, que fica localizada a 3.637 metros do nível do mar.

Este resultado igualou o maior revés da história do futebol argentino, já que, na Copa de 1958, os hermanos perderam pelo mesmo placar para a então Tchecoslováquia. A última vez que os argentinos tinham perdido por cinco gols de diferença foi em 1993, no famososo 5 a 0 diante da Colômbia pelas Eliminatórias.[2] Além disso, esta partida tornou-se notória não só por conta deste placar elástico (que, por conta de ter sido disputada no dia 1 de abril, recebeu várias piadas por contas do dia da mentira[2][3]), mas também pelo contexto histórico que a envolveu, já que, meses antes, o então técnico do escrete argentino, Diego Maradona, havia defendido partidas de futebol na altitude[4], após a FIFA proibir jogos em locais acima dos superiores a 3.000 m altitude, por considerar desumano e desleal.[5]

Contexto[editar | editar código-fonte]

Em maio de 2007, a FIFA decidiu proibir partidas internacionais em locais com altitude acima dos 2.500m de altitude, por considerar desleal e desumano.[6] A realização de jogos em altitude foi sempre criticada por países como Uruguai, Argentina e Brasil, que afirmavam sentir muitas dificuldades nos estádios a mais de 2500 metros.[7]

Logo após esta decisão da FIFA tornar-se pública, a Comunidade Andina, emitiu um notificado, dizendo ser “um atentado não só ao desporto e ao futebol, como aos habitantes das regiões em causa”.[7]

Evo Morales, presidente da Bolívia à época, encabeçou uma campanha contra a determinação da Fifa. Morales chegou a organizar jogos em cidades localizadas a 5300 e 6000m de altitude com o objetivo de demonstrar que a altitude não causa danos a saúde dos jogadores (em uma dessas partidas, Maradona chegou a participar), enviou uma comissão ao Congresso da Fifa, em Zurique, no mês de maio, e se reuniu com os cartolas da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) para tentar reverter a decisão.[8]

Alguns dias após o veto, Diego Maradona, que à época já era treinador da Seleção Argentina, qualificou a decisão da FIFA de vetar os jogos na altitude como ridícula, e fez duras críticas ao presidente do organismo, o suíço Joseph Blatter.[4]

As declarações foram realizadas em uma entrevista coletiva no Palácio de Governo boliviano, onde foi recebido pelo presidente Evo Morales, após receber um convite para participar de uma partida beneficente.[4]

É ridículo que queiram tirar da Bolívia a possibilidade de jogar em sua terra. Parece-me algo vergonhoso porque não tem bom senso. Aqueles que hoje vetam a (seleção) da Bolívia seguramente nunca correram detrás de uma bola.[4]
Maradona, sobre o veto da FIFA

Em junho de 2007, a FIFA anunciou que somente cidades que estejam localizadas a mais de 3000m de altitude estavam proibidas de receber jogos internacionais.[8]

Em dezembro de 2007, a Conmebol fez pressão contra o veto da FIFA.[9]

Em abril de 2008, nove federações da Confederação Sul-Americana de Futebol - com exceção do Brasil - resolveram apoiar que os jogos acontecessem sim em altitudes acima dos 3.000m altitude.[10] Em maio de 2008, pressionada pela Bolívia, a FIFA decidiu suspender a decisão até que se conheçam os resultados completos de um estudo feito sobre a prática do futebol em condições extremas de temperatura, umidade e altura.[10]

Ficha Técnica da Partida[editar | editar código-fonte]

1 de abril de 2009 Bolívia Bolívia 6 – 1 Argentina Argentina Estádio Olímpico Hernando Siles, La Paz
Público Pagante: 30.487
15:30 (UTC-4)
Marcelo Moreno Gol marcado aos 11 minutos de jogo 11'
Joaquin Botero Gol marcado aos 34 minutos de jogo 34' (pen). Gol marcado aos 54 minutos de jogo 54', Gol marcado aos 65 minutos de jogo 65'
Alex da Rosa Gol marcado aos 44 minutos de jogo 44'
Didi Torrico Gol marcado aos 86 minutos de jogo 86'
Relatório Lucho González Gol marcado aos 24 minutos de jogo 24' Árbitro: UruguaiURU Martín Vázquez
Assistente 1:UruguaiURU Pablo Fandiño
Assistente 2: UruguaiURU Mauricio Espinoza
Quarto árbitro: UruguaiURU Roberto Silvera
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Bolívia
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Cores do Time
Argentina
GO 01 Carlos Arias
LD 07 Luis Ribeiro Penalizado com cartão amarelo após 58 minutos 58'
ZA 02 Juan Manuel Peña Capitão
ZA 05 Ronald Rivero
LE 13 Abdón Reyes Substituído após 55 minutos de jogo 55'
MC 08 Ronald García Substituído após 79 minutos de jogo 79'
MC 06 Leonel “Leo” Reyes Penalizado com cartão amarelo após 11 minutos 11'
MC 17 Didi Torrico Penalizado com cartão amarelo após 49 minutos 49'
MC 10 Alex da Rosa Penalizado com cartão amarelo após 44 minutos 44' Substituído após 69 minutos de jogo 69'
AT 18 Marcelo Moreno
AT 09 Joaquín Botero
Substitutos:
GO 12 Hugo Suárez
3 Walter Flores Entrou em campo após 79 minutos 79'
4 Ignacio García Entrou em campo após 55 minutos 55'
11 Pablo Escobar
14 Mauricio Saucedo Entrou em campo após 69 minutos 69'
15 Diego Cabrera
16 Ronald Raldés
Técnico:
Bolívia Erwin Sánchez
GK 1 Carrizo
LD 8 Javier Zanetti
ZA 2 Martín Demichelis
ZA 6 Gabriel Heinze
LE 3 Emiliano Papa Penalizado com cartão amarelo após 41 minutos 41'
MC 7 Lucho González Substituído após 89 minutos de jogo 89'
MC 14 Javier Mascherano Capitão
MC 5 Fernando Gago
MC 18 Maxi Rodríguez Substituído após 57 minutos de jogo 57'
AT 10 Lionel Messi
AT 11 Carlitos Tévez Substituído após 75 minutos de jogo 75'
Substitutos:
GO 12 Mariano Andújar
DF 17 Daniel Montenegro Entrou em campo após 75 minutos 75'
DF 13 Marcos Angeleri Entrou em campo após 89 minutos 89'
MC 4 Juan Sebastián Verón
AT 15 Ángel di María Entrou em campo após 57 minutos 57' Expulso com 63 minutos de jogo 63'
AT 16 Sergio “Kun” Agüero
AT 9 Lisandro López
Técnico:
Argentina Diego Maradona

Acontecimentos Pós-Jogo[editar | editar código-fonte]

  • Em maio de 2009, a Seleção Boliviana, atendendo a um pedido da população para eternizar o resultado, lançou uma camisa comemorativa desta partida, em uma edição limitada de 100 peças do segundo uniforme da seleção, na cor branca, com a inscrição: “Bolívia 6x1 Argentina. La Paz 01/04/09”.[11]
  • Em 2011, Maradona foi condecorado pela Camara dos Deputados da Bolívia "por defender a prática do futebol na altitude e ser amigo dos movimentos sociais".[12]

Referências

  1. globoesporte.globo.com/ Seis anos do 6 a 1: Moreno relembra "dia de Messi" contra a Argentina
  2. a b esporte.ig.com.br/ No dia da mentira, Bolívia humilha Argentina de Maradona: 6 a 1
  3. blogmiltonneves.bol.uol.com.br/ Parece mentira: Bolívia 6×1 Argentina. E quem jogou muito foi a altitude!
  4. a b c d clicrbs.com.br/ Maradona diz que decisão da Fifa de proibir jogos na altitude é ridícula
  5. oglobo.globo.com/ Fifa aumenta limite de altitude para jogos internacionais
  6. bemparana.com.br/ Fifa veta jogos acima de 2.500 m de altitude
  7. a b cmjornal.pt/ FIFA veta jogos em altitude e provoca revolta nos Andes
  8. a b esporte.uol.com.br/ Fifa recua mais uma vez e abranda veto à altitude para 3000m
  9. esportes.estadao.com.br/ Conmebol quer jogos em cidades com altitude vetada pela Fifa
  10. a b esportes.estadao.com.br/ Pressionada pela Bolívia, Fifa libera jogos na altitude
  11. portal2014.org.br/ Bolívia lançará camisa comemorativa dos 6x1 contra a Argentina
  12. terra.com.br/ Bolívia vai condecorar Maradona por defender futebol na altitude