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Callithrix aurita

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaSagui-da-serra-escuro[1][2]

Estado de conservação
Espécie em perigo
Em perigo (IUCN 3.1) [3]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Primates
Subordem: Haplorrhini
Infraordem: Simiiformes
Parvordem: Platyrrhini
Família: Cebidae
Subfamília: Callitrichinae
Género: Callithrix
Espécie: C. aurita
Nome binomial
Callithrix aurita
(E. Geoffroy in Humboldt, 1812)
Distribuição geográfica

Sinónimos
  • chrysopyga Burmeister, 1854
  • coelestis Miranda Ribeiro, 1924
  • itatiayae Avila-Pires, 1959
  • petronius Miranda Ribeiro, 1924

O sagui-da-serra-escuro ou sagui-caveirinha (nome científico: Callithrix aurita) é um primata do Novo Mundo da família Callitrichidae, subfamília Callitrichinae endêmico da Mata Atlântica brasileira. Habita as florestas de montanha dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e leste e nordeste de São Paulo.[4]

É ameaçado de extinção devido principalmente à grande perda de habitat ao longo de sua distribuição geográfica, mas ocorre em diversas unidades de conservação já consolidadas, como o Parque Nacional da Serra da Bocaina, o Parque Nacional do Itatiaia, o Parque Estadual do Rio Doce e o Parque Estadual da Cantareira.[4][5]

Sagui-da-serra-escuro é uma espécie ameaçada de extinção devido ao alto grau de desmatamento da Mata Atlântica.

Distribuição geográfica

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O sagui-da-serra-escuro, Callithrix aurita, é endêmico da Mata Atlântica no sudeste do Brasil, ocorrendo nas florestas ombrófilas e semidecíduas nas Serras do Mar e Mantiqueira nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, podendo se estender para o Norte do Rio Doce em MG.[6] Forrageiam e viajam no baixo dossel e vegetação densa do sub bosque, são encontrados entre 6 e 9 metros acima do solo. Junto ao C. flaviceps são as espécies que habitam as áreas com condições climáticas mais extremas.[7]

Ocorre em floresta montana perene, semidecídua, secundária, mestiça, intercalada com estandes de bambu em altitudes de 80 a 1200 metros.[8][9]

Descrição morfológica

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Possui coloração geral do corpo negra, mas também são encontrados com manchas ruivas ou pontilhados de vermelho, sem apresentar padrão geral de estrias. Inclusive, suas manchas ruivas dão o tom dourado característico que deu origem ao nome “aurita” da espécie. Sua fronte é branca, com os lados da face negros, as vezes pontilhados de vermelho. Possuem tufos intra-auriculares curtos (20 a 50 mm) e brancos, podendo variar para um tom amarronzado. Testa com ampla mancha branca ou branco-amarelada. Os pés são castanhos e as mãos cor castanha fortemente agrisalhada. Cauda negra com anéis brancos.[10]

É provavelmente a maior espécie do gênero Callithrix pesando 400-450 g e com comprimento de corpo de 19-25 cm e 27-35 cm de cauda.[11]

Se alimentam de resinas e outras secreções vegetais, além dos vegetais em si, como frutos e goma de árvores. Durante os períodos de seca, adapta sua alimentação passando então a utilizar material animal, como larvas de lepidoptera, orthopteras, baratas, aranhas e opiliões, cobras, lagartos, pequenos sapos e ovos de aves.[12] Estudos demonstram que esta espécie também pode se alimentar de fungos do bambu.[13]

Comportamento

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Grupos normalmente de 4 a 8 indivíduos, porém é possível encontrar grupos de 11 indivíduos, com apenas um par de macho e fêmea reprodutivo com uma fêmea dominante.[7][14] Os filhotes, sempre gêmeos, nascem depois de 144 dias de gestação e são carregados pelos pais nas primeiras semanas de vida. Os irmãos mais velhos ajudam no cuidado à prole. Quando atingem a idade adulta migram para outros grupos para formarem novos pares.[15][16]Tem seu período de atividade reduzido em épocas quente-seca. Época chuvosa - 6:30-19:00/época seca - 7:30-16:30. Seus sítios para descanso estão associados a vegetação densa.[7]

Conservação

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A espécie está presente na lista de espécies ameaçadas de extinção dos referidos estados onde ocorre,[17][18][19] assim como na lista nacional[20] e do mundo.[13] A sua distribuição restrita, a destruição do seu habitat, o declínio populacional, a competição com outras espécies e a hibridação devido à introdução de espécies exóticas invasoras (Callithrix jacchus e C. penicillata) estão entre as principais ameaças.[13]

Pode estabelecer simpatria com outras espécies como do gênero Cebus e Callicebus , mas não há registro com as outras formas de Callithrix.[21]

Referências

  1. Groves, C.P. (2005). Wilson, D. E.; Reeder, D. M, eds. Mammal Species of the World 3.ª ed. Baltimore: Johns Hopkins University Press. 130 páginas. ISBN 978-0-8018-8221-0. OCLC 62265494 
  2. Rylands AB; Mittermeier RA (2009). «The Diversity of the New World Primates (Platyrrhini): An Annotated Taxonomy». In: Garber PA; Estrada A; Bicca-Marques JC; Heymann EW; Strier KB. South American Primates: Comparative Perspectives in the Study of Behavior, Ecology, and Conservation 3ª ed. Nova Iorque: Springer. pp. 23–54. ISBN 978-0-387-78704-6 
  3. de Melo, F.R., Port-Carvalho, M., Pereira, D.G., Ruiz-Miranda, C.R., Ferraz, D.S., Bicca-Marques, J.C., Jerusalinsky, L., Oliveira, L.C., Valença-Montenegro, M.M., Valle, R.R., da Cunha, R.G.T. & Mittermeier, R.A. (2015). Callithrix aurita (em inglês). IUCN 2015. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2015. Página visitada em 11 de outubro de 2023..
  4. a b Rylands, A.B.; Coimbra-Filho, A.F.; Mittermeier, R. A. (1993). «Systematics, geographic distribution, and some notes on the conservation status of the Callitrichidae». In: Rylands, A.B. Marmosets and tamarins: systematics, behavior and ecology (PDF) 3ª ed. Oxford (UK): Oxford University Press. pp. 11–77. 0-19-85022-1 
  5. Aximoff, Izar Araujo; Soares, Hudson Martins; Pissinatti, Alcides; Bueno, Cecília (2016). «RECORDS OF Callithrix aurita (PRIMATES, CALLITRICHIDAE) AND ITS HIBRIDS IN THE ITATIAIA NATIONAL PARK». Oecologia Australis (em inglês) (4). ISSN 2177-6199. doi:10.4257/oeco.2016.2004.11. Consultado em 11 de outubro de 2023 
  6. MITTERMEIER, RUSSELL A.; COIMBRA-FILHO, ADELMAR F.; CONSTABLE, ISABEL D.; RYLANDS, ANTHONY B.; VALLE, CELIO (janeiro de 1982). «Conservation of primates in the Atlantic forest region of eastern Brazil». International Zoo Yearbook (1): 2–17. ISSN 0074-9664. doi:10.1111/j.1748-1090.1982.tb02004.x. Consultado em 11 de outubro de 2023 
  7. a b c Ferrari, Stephen F.; Kátia, H.; Corrêa, M.; Coutinho, Paulo E. G. (1996). «Ecology of the "Southern" Marmosets (Callithrix aurita and Callithrix flaviceps)». Boston, MA: Springer US: 157–171. ISBN 978-1-4613-4686-9. Consultado em 11 de outubro de 2023 
  8. Brandão, L. D.; Develey, P. F. (1998). «Distribution and conservation of the buffy tufted-ear marmoset, Callithrix aurita, in lowland coastal atlantic forest, southeast Brazil.». Neotropical Primates. 6 (3): 86-88 
  9. Olmos, Fábio; Martuscelli, Paulo (1995). «Habitat and distribution of the buffy-tufted-ear marmoset Callithrix aurita in São Paulo State, Brazil, with notes on its natural history». Neotropical Primates. Habitat and distribution of the buffy-tufted-ear marmoset Callithrix aurita in São Paulo State, Brazil, with notes on its natural history. 3 (3): 75-79. Consultado em 11 de outubro de 2023 
  10. «Handbook of the Mammals of the World – Volume 3 – Lynx Nature Books» (em inglês). 29 de julho de 2019. Consultado em 11 de outubro de 2023 
  11. Malukiewicz, Joanna; Boere, Vanner; de Oliveira, Maria Adélia Borstelmann; D'arc, Mirela; Ferreira, Jéssica V. A.; French, Jeffrey; Housman, Genevieve; de Souza, Claudia Igayara; Jerusalinsky, Leandro (31 de dezembro de 2020). «An Introduction to the Callithrix Genus and Overview of Recent Advances in Marmoset Research». ILAR journal (2-3): 110–138. ISSN 1930-6180. PMID 34933341. doi:10.1093/ilar/ilab027. Consultado em 11 de outubro de 2023 
  12. Martins, Milene M.; Setz, Eleonore Z. F. (1 de junho de 2000). «Diet of Buffy Tufted-Eared Marmosets (Callithrix aurita) in a Forest Fragment in Southeastern Brazil». International Journal of Primatology (em inglês) (3): 467–476. ISSN 1573-8604. doi:10.1023/A:1005491903220. Consultado em 12 de outubro de 2023 
  13. a b c IUCN (26 de janeiro de 2015). «Callithrix aurita: de Melo, F.R., Port-Carvalho, M., Pereira, D.G., Ruiz-Miranda, C.R., Ferraz, D.S., Bicca-Marques, J.C., Jerusalinsky, L., Oliveira, L.C., Valença-Montenegro, M.M., Valle, R.R., da Cunha, R.G.T. & Mittermeier, R.A.: The IUCN Red List of Threatened Species 2021: e.T3570A191700629» (em inglês). Consultado em 11 de outubro de 2023 
  14. Muskin, Alies (1984). «Field notes and geographic distribution ofCallithrix aurita in Eastern Brazil». American Journal of Primatology (4): 377–380. ISSN 0275-2565. doi:10.1002/ajp.1350070406. Consultado em 11 de outubro de 2023 
  15. Mf, Stevenson (1988). «The marmosets, genus callithrix». Ecology and behavior of neotropical primates: 131–222. Consultado em 12 de outubro de 2023 
  16. Ross, Corinna N.; Fite, Jeffrey E.; Jensen, Heather; French, Jeffrey A. (fevereiro de 2007). «Demographic review of a captive colony of callitrichids (Callithrix kuhlii)». American Journal of Primatology (em inglês) (2): 234–240. doi:10.1002/ajp.20367. Consultado em 12 de outubro de 2023 
  17. https://institutolife.org/wp-content/uploads/2018/11/Lista-da-Fauna-Ameacada-de-Extincao-RJ.pdf
  18. «Decreto nº 63.853, de 27 de novembro de 2018». www.al.sp.gov.br. Consultado em 11 de outubro de 2023 
  19. «DELIBERAÇÃO NORMATIVA COPAM Nº 147, DE 30 DE ABRIL DE 2010» (PDF). www.siam.mg.gov.br. Consultado em 11 de outubro de 2023 
  20. https://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/legislacao/MMA/PT0444-171214.pdf
  21. PEREIRA, Daniel Gomes (30 de junho de 2010). «Densidade, genética e saúde populacional como ferramentas para propor um plano de controle e erradicação de invasão biológica: o caso de Callithrix aurita (Primates) no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, RJ, Brasil». Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Tese (Doutorado em Meio Ambiente) (163 f). Consultado em 11 de outubro de 2023 
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