Saltar para o conteúdo

Caso Heloísa

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Caso Heloísa
Local do crime Arco Metropolitano, em Seropédica, na Baixada Fluminense
Data 7 de setembro de 2023 disparo
16 de setembro de 2023 morte
Por volta das 21h disparo
9h22 morte ((UTC-3))
Tipo de crime Assassinato
Arma(s) Fuzil calibre 55.6
Vítimas Heloísa dos Santos Silva
Réu(s)
  • Fabiano Menacho Ferreira
  • Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro
  • Wesley Santos da Silva

Caso Heloísa foi um assassinato causado por um disparo de fuzil de um agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que vitimou Heloísa dos Santos Silva, de três anos. De acordo com o Ministério Público Federal, o Rio de Janeiro foi o estado onde houve mais ocorrências de mortes causadas pela PRF, com 23 casos entre 2017 e 2022.[1] De acordo com a ONG Rio de Paz, Heloísa foi a 11ª criança morta por tiros no Rio de Janeiro em 2023. O número foi três vezes maior do que no ano anterior.[2]

Assassinato[editar | editar código-fonte]

Em 7 de setembro de 2023, William Silva estava dirigindo um Peugeot 207 com sua esposa, suas duas filhas e uma tia das garotas de Petrópolis para Itaguaí, onde passariam o feriado do Dia da Independência. Ele passou por um posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Uma das viaturas passou a perseguir o carro de perto e William deu a seta com o objetivo de parar o veículo no acostamento, mas um dos policiais disparou com um fuzil, atingindo Heloísa dos Santos Silva, de três anos. Um dos tiros entrou pelas costas, atravessou a coluna e deixou fragmentos na cabeça. O outro alojou-se no ombro. Os policiais não chegaram a abordar o veículo. O caso ocorreu Arco Metropolitano, em Seropédica, na Baixada Fluminense.[1][3][4] A perseguição ocorreu pois o carro comprado por William era roubado, mesmo que ele desconhecesse do fato.[5] O carro foi roubado em agosto de 2022 em um assalto a mão armada.[6] Os policiais envolvidos são Fabiano Menacho Ferreira, Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro e Wesley Santos da Silva.[4]

Internação e morte[editar | editar código-fonte]

Os policiais prestaram socorro a Heloísa e a e levaram para ao Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, onde passou por uma cirurgia de risco no dia 8 e foi internada no CTI em estado grave.[3] A, 28 agentes da PRF a visitaram no hospital e vasculharam o carro da família. Ainda, um dos policiais teria intimidado a família com o fuzil e afirmou que um tiro havia acertado a viatura.[7] Um dos policiais conseguiu entrar à paisana na CTI e conversou com William, o que levou a um reforço na segurança do hospital.[1] William afirmou que não se sentiu ameaçado ao conversar com o policial.[8] A corregedoria da PRF anunciou a abertura de investigações contra os policiais.[9] Os agentes afirmaram que foram ao hospital para prestar apoio a família.[10]

O quadro clínico de Heloísa foi piorando com o passar do tempo e ela chegou a ter uma parada cardíaca no dia 14,[11] morrendo no dia 16.[6] Foi sepultada no dia 17 no Cemitério Municipal de Petrópolis.[12]

Reações e investigação[editar | editar código-fonte]

No dia seguinte, a PRF afastou os três policiais envolvidos[13] e afirmou que solidarizava-se com a família e anunciou que a corregedoria investigaria o assassinato.[3] Antônio Oliveira, diretor-geral da PRF, afirmou que o disparo a veículo em fuga não era um método aceito dentro da corporação.[14] O Ministro da Justiça Flávio Dino solicitou esclarecimentos sobre o caso.[6] O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que sua morte era algo "que não pode acontecer".[15] O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes afirmou que a PRF "merece ter sua existência repensada".[16] Sua morte foi lamentada pela Prefeitura de Duque de Caxias, Jorge Messias, advogado-geral da União e Renata Souza (PSOL - RJ).[12]

A Polícia Civil (PC) abriu uma investigação, e confiscou o fuzil calibre 55.6, arma de grosso calibre, usado para fazer os disparos.[5] A Polícia Federal (PF) também abriu uma investigação.[7] Fabiano Menacho admitiu em depoimento para a PC ter disparado três vezes após ter ouvido sons que assemelhavam-se a tiros. Os disparos ocorreram cerca de dez segundos após o início da perseguição.[17][18]

No dia 15, o Ministério Público Federal (MPF) pediu a prisão dos agentes,[4] porém o pedido foi negado pela Justiça Federal no dia 18, estabelecendo no lugar uma série de medidas cautelares, incluindo uso de tornozeleira eletrônica, afastamento das atividades e confisco de armas, distanciamento da família e comparecimento mensal em juízo, através do balcão virtual, para comprovar suas atividades.[17] O MPF também pediu para que fosse feita nova perícia no carro, afirmando que havia inconsistências na perícia feita pela PC, como a possível presença de mais tiros.[18] Em 20 de dezembro, os três policiais tornaram-se réus, e suas prisões preventivas foram pedidas novamente para o Tribunal Regional Federal da 2ª Região.[19]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c Bruno Grubertt e Adriana Cruz (9 de setembro de 2023). «MPF vai apurar se agente à paisana da PRF entrou no CTI em que menina baleada de 3 anos está internada». RJ2. Consultado em 24 de maio de 2024. Cópia arquivada em 23 de maio de 2024 – via G1 
  2. «Caso Heloísa: menina foi a 11ª criança morta a tiro no Rio somente este ano; veja outras vítimas». O Globo. 17 de setembro de 2023. Consultado em 24 de maio de 2024. Cópia arquivada em 24 de maio de 2024 
  3. a b c Francini Augusto (8 de setembro de 2023). «Menina de 3 anos é baleada dentro de carro na Baixada Fluminense; disparos foram efetuados pela PRF». Bom Dia Rio. Consultado em 24 de maio de 2024. Cópia arquivada em 23 de maio de 2024 – via G1 
  4. a b c «Pai de Heloísa diz à polícia que agentes da PRF já chegaram atirando». CNN Brasil. 16 de setembro de 2023. Consultado em 24 de maio de 2024. Cópia arquivada em 23 de maio de 2024 
  5. a b Guilherme Santos (8 de setembro de 2023). «Carro que levava menina de 3 anos baleada durante abordagem da PRF era roubado; policiais são afastados». TV Globo. Consultado em 24 de maio de 2024. Cópia arquivada em 23 de maio de 2024 – via G1 
  6. a b c Lucas Schroeder, Elis Franco e Isabelle Saleme (16 de setembro de 2023). «Morre menina de 3 anos baleada na cabeça por agente da PRF no RJ». CNN Brasil. Consultado em 24 de maio de 2024. Cópia arquivada em 23 de maio de 2024 
  7. a b Márcia Brasil (18 de setembro de 2023). «Família de menina morta pela PRF diz que 28 agentes estiveram no hospital no dia do crime». G1. Consultado em 24 de maio de 2024. Cópia arquivada em 23 de maio de 2024 
  8. «Menina baleada por agente da PRF morre após 9 dias internada». G1 Rio. 16 de setembro de 2023. Consultado em 24 de maio de 2024. Cópia arquivada em 24 de maio de 2024 
  9. «Corregedoria-Geral da PRF investiga presença de 28 policiais em hospital onde Heloísa estava internada». Rádio Itatiaia. 19 de setembro de 2023. Consultado em 24 de maio de 2024. Cópia arquivada em 23 de maio de 2024 – via CNN Brasil 
  10. «Caso Heloísa: PRF diz que policiais foram até hospital para 'apoio'». UOL. 19 de setembro de 2023. Consultado em 24 de maio de 2024. Cópia arquivada em 23 de maio de 2024 
  11. «Menina de 3 anos baleada em abordagem da PRF tem parada cardíaca e é reanimada; quadro é gravíssimo». G1 Rio. 14 de setembro de 2023. Consultado em 24 de maio de 2024. Cópia arquivada em 24 de maio de 2024 
  12. a b «'Chegar em casa e ver suas coisinhas me destrói', desabafa mãe de menina baleada por agentes da PRF após enterro». G1 Rio. 18 de setembro de 2023. Consultado em 24 de maio de 2024. Cópia arquivada em 24 de maio de 2024 
  13. Lucas Schroeder e Vital Neto (8 de setembro de 2023). «PRF afasta policiais envolvidos em ação que terminou com criança de 3 anos baleada na cabeça». CNN Brasil. Consultado em 24 de maio de 2024. Cópia arquivada em 23 de maio de 2024 
  14. Andréia Sadi (8 de setembro de 2023). «'Não é um método aceito pela PRF', diz diretor sobre disparo que atingiu menina de 3 anos no Rio». G1. Consultado em 24 de maio de 2024. Cópia arquivada em 24 de maio de 2024 
  15. «'Algo que não pode acontecer', diz Lula sobre morte da menina Heloísa em ação da PRF». G1. 16 de setembro de 2023. Consultado em 24 de maio de 2024. Cópia arquivada em 24 de maio de 2024 
  16. «Após morte de Heloísa, Gilmar Mendes diz que PRF "merece ter a sua existência repensada"». CNN Brasil. 16 de setembro de 2023. Consultado em 20 de maio de 2024. Cópia arquivada em 19 de maio de 2024 
  17. a b Cleber Rodrigues e Douglas Porto (18 de setembro de 2023). «Justiça nega prisão de agentes da PRF envolvidos na morte de Heloísa». CNN Brasil. Consultado em 24 de maio de 2024. Cópia arquivada em 23 de maio de 2024 
  18. a b Márcia Brasil (16 de setembro de 2023). «MPF pede prisão de agentes da PRF envolvidos na morte da menina Heloísa e solicita nova perícia no carro da família». TV Globo. Consultado em 24 de maio de 2024. Cópia arquivada em 23 de maio de 2024 – via G1 
  19. Caíque Alencar (20 de dezembro de 2023). «Justiça aceita denúncia e três PRFs viram réus por morte da menina Heloísa». UOL. Consultado em 24 de maio de 2024. Cópia arquivada em 24 de maio de 2024