Paubrasilia echinata: diferenças entre revisões

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== Etimologia ==
== Etimologia ==

Revisão das 14h15min de 18 de setembro de 2020

 Nota: "Pau-brasil" redireciona para este artigo. Para outros significados do termo, veja Pau-brasil (desambiguação).
Como ler uma infocaixa de taxonomiaPau-brasil
Detalhe da flor do pau-brasil
Detalhe da flor do pau-brasil
Estado de conservação
Espécie em perigo
Em perigo
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fabales
Família: Fabaceae
Subfamília: Caesalpinioideae
Género: Paubrasilia
Espécie: P. echinata Lam.
Nome binomial
Paubrasilia echinata
Sinónimos
Guilandina echinata (Lam.) Spreng.

"Caesalpinia echinata" Lam. 1785

Wikispecies
Wikispecies
O Wikispecies tem informações sobre: Paubrasilia echinata

O pau-brasil ou pau-de-Belém[1] (atual Paubrasilia echinata Lam. — Gagnon, H.C.Lima & G.P.Lewis;[2] antiga Caesalpinia echinata Lam.[1]), também chamado arabutã, ibirapiranga, ibirapitá, ibirapitanga, orabutã, pau-de-tinta, pau-pernambuco e pau-rosado,[1][3] é uma árvore leguminosa nativa da Mata Atlântica, no Brasil.[2]

Etimologia

Segundo alguns estudiosos, "brasil" deriva do francês brésil, que deriva do toscano verzino, nome da madeira utilizada na tinturaria na Itália.[4][5] Verzino, por sua vez, deriva do árabe wars, que designa uma planta tintória do Iêmen.[5] Outra versão aponta que a palavra se origina do português Brasa, ou abrasado, devido à tonalidade avermelhada da madeira. Paubrasilia é o gênero da árvore.[2]Echinata significa "com espinhos", uma referência ao fato de as vagens do pau-brasil terem acúleos, que são uma especialização da epiderme que se parece com espinhos. "Arabutã", "ibirapitanga", "ibirapiranga", "ibirapitá" e "orabutã" são derivados dos termos tupis ïbi'rá ("pau") e pi'tãga ("vermelho").[5][1]

Em alguns idiomas, como o francês e o italiano, a árvore chama-se "pernambuco" (corruptelas: pernambouc, fernambouc, entre outras), devido ao fato de a Zona da Mata pernambucana ter sido o local onde se iniciou a exploração do pau-brasil. Pernambuco foi ainda a região de maior incidência da árvore, cuja qualidade era tão superior que regulava o preço no comércio europeu.[6][7][8]

Características

A árvore alcança entre dez e quinze metros de altura e possui tronco reto, com casca cor cinza-escuro, coberta de acúleos, especialmente nos ramos mais jovens.


As flores nascem em racemos eretos próximo ao ápice dos ramos. Possuem quatro pétalas amarelas e uma menor vermelha, muito aromáticas; no centro, encontram-se dez estames e um pistilo com ovário súpero alongado.

Os frutos são vagens cobertas por longos e afiados espinhos, que devem protegê-los de pássaros indesejáveis, pois estes comeriam os frutos. Contém de uma a cinco sementes discoides, de cor marrom. A torção do legume, ao liberar as sementes, ajuda a aumentar a distância da dispersão.

Ocorrência

Pau-brasil plantado em Florianópolis.

Na floresta ombrófila densa da Mata Atlântica, a partir do extremo nordeste do Brasil até o Rio de Janeiro,[9] ou seja, nos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

Encontra-se na lista do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis de espécies ameaçadas de extinção na categoria "vulnerável" e na da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais na categoria "em perigo".[10]

O município pernambucano de São Lourenço da Mata é considerado a capital nacional do pau-brasil: na Estação Ecológica de Tapacurá, pertencente à Universidade Federal Rural de Pernambuco, foram plantadas 50 mil mudas da espécie.[7] Também em Pernambuco está localizado o único museu destinado ao pau-brasil no país, no município de Glória do Goitá.[11]

Usos e história

Afirmam alguns historiadores que o corte do pau-brasil para a obtenção de sua madeira e sua resina (extraída para uso como tintura em manufaturas de tecidos de alto luxo) foi a primeira atividade econômica dos colonos portugueses na recém-descoberta Terra de Santa Cruz, no século XVI e que a abundância desta árvore no meio a imensidão das florestas inexploráveis teria conferido à colônia o nome de Brasil.

Na realidade, no século XV uma árvore asiática semelhante, com o mesmo nome Brasil, já era usada para os mesmos fins e tinha alto valor na Europa, porém era escassa. Os navegadores portugueses que aqui aportaram imediatamente observaram a abundância da árvore pelo litoral e ao longo dos rios de planície.

Nessa altura as Ordenações Manuelinas e Ordenações Filipinas estabeleceram regras e limites para exploração de terras, águas e vegetação. Havia listas de árvores reais, protegidas por lei, o que deu origem à expressão madeira de lei.

Simplesmente, mesmo antes, tornou-se alvo de muito lucrativo comércio e contrabando, inclusive com corsários franceses atacando navios portugueses. Foi uma das expedições de corsários liderada por Nicolas Durand de Villegaignon, em 1555, que estabeleceu uma colônia que hoje se chama Rio de Janeiro (a França Antarctica). A planta foi citada em Flora Brasiliensis por Carl Friedrich Philipp von Martius.

Foi então que o Regimento do Pau Brasil, de 1600, estabeleceu o direito de uso sobre as árvores e não sobre as terras. As áreas consideradas reservas florestais da Coroa portuguesa, não podiam ser destinadas à agricultura. Essa legislação garantiu a manutenção e a exploração sustentável das florestas de pau-brasil até 1875, quando entrou no mercado a anilina.[12]

A resina vermelha era utilizada pela indústria têxtil europeia como uma alternativa aos corantes de origem terrosa e conferia aos tecidos uma cor de qualidade superior. Isto, aliado ao aproveitamento da madeira vermelha na marcenaria, criou uma demanda enorme no mercado, o que forçou uma rápida e devastadora "caça" ao pau-brasil nas matas brasileiras. Em pouco menos de um século, já não havia mais árvores suficientes para suprir a demanda, e a atividade econômica foi deixada de lado, embora espécimens continuassem a ser abatidos ocasionalmente para a utilização da madeira (até os dias de hoje, usada na confecção de arcos para violino e móveis finos).

O fim da caça ao pau-brasil não livrou a espécie do perigo de extinção. As atividades econômicas subsequentes, como o cultivo da cana-de-açúcar e do café, além do crescimento populacional, estiveram aliadas ao desmatamento da faixa litorânea, o que restringiu drasticamente o habitat natural desta espécie. Mas sob o comando do Imperador Dom Pedro II, vastas áreas de Mata Atlântica, principalmente no estado do Rio de Janeiro, foram recuperadas, e iniciou-se uma certa conscientização preservacionista que freou o desmatamento. Entretanto, já se considerava o pau-brasil como uma árvore praticamente extinta.

No século XX, a sociedade brasileira descobriu o pau-brasil como um símbolo do país em perigo de extinção, e algumas iniciativas foram feitas no sentido de reproduzir a planta a partir de sementes e utilizá-la em projetos de recuperação florestal, com algum sucesso. Atualmente, o pau-brasil tornou-se uma árvore popularmente usada como ornamental. Se seu habitat natural será devastado por completo no futuro, não se sabe, mas a sobrevivência da espécie parece assegurada nos jardins das casas e canteiros urbanos.

Em 1924, Oswald de Andrade fez um manifesto sobre a nova poesia brasileira intitulado "Manifesto da Poesia Pau-Brasil

Galeria

Árvore Nacional do Brasil

Pela Lei 6 607, de 7 de dezembro de 1978, o pau-brasil foi declarado árvore nacional do Brasil.

O projeto de lei PL-3 380/1961 visava a declarar o pau-brasil e o ipê-amarelo, respectivamente, árvore e flor Nacionais, mas este projeto não foi aprovado, conforme informa o site oficial da Câmara dos Deputados.[13] Pelos projetos de lei PL-2 293/1974 e PL-882/1975, ambos arquivados na Câmara dos Deputados, tentou-se instituir o ipê como flor nacional do Brasil. Possivelmente por confundir o projeto de 1961, que não foi aprovado, com a lei de 1978, diversas pessoas divulgam a informação incorreta de que a lei do pau-brasil teria declarado o ipê-amarelo como flor nacional do Brasil.

Ver também

Referências

  1. a b c d FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.153
  2. a b c Gagnon, Edeline; Anne (10 de dezembro de 2016). «A new generic system for the pantropical Caesalpinia group (Leguminosae)». PhytoKeys (em inglês). 71: 1–160. ISSN 1314-2003. doi:10.3897/phytokeys.71.9203 
  3. «Busca no Vocabulário». Academia Brasileira de Letras 
  4. BUENO, E. Brasil: uma História. Segunda edição revista. São Paulo: Ática, 2003. p.36
  5. a b c Malou von Muralt (novembro de 2006). «A árvore que se tornou país». Revista da USP (71). ISSN 0103-9989 
  6. «Conhecendo o Pau-Brasil: história e biologia» (PDF). Terra Brasilis Didáticos. Consultado em 21 de fevereiro de 2019 
  7. a b Pernambuco abriga uma das áreas mais preservadas com o Pau-Brasil
  8. «Etimologia de "Pernambuco" teria origem no português, e não no tupi, diz pesquisador da UFRPE em livro». UFRPE. Consultado em 12 de março de 2017 
  9. Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. 21 Mar 2009
  10. Varty, N. 1998. Caesalpinia echinata. In: IUCN 2008. 2008 IUCN Red List of Threatened Species. 21 March 2009.
  11. Pernambuco mantém único museu destinado ao pau-brasil no país
  12. Quem acabou com o nosso pau-brasil?, por Armando Alexandre dos Santos, Debates Culturais, 07/12/2015
  13. http://www2.camara.gov.br/proposicoes

Referências bibliográficas

  • LORENZI, Harri, Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil, vol. 1. Instituto Plantarum, Nova Odessa, SP, 2002, 4a. edição. ISBN 85-86174-16-X
  • VIANNA, M. C., MARTINS, H. F., CASTELLANOS, A., ET AL. 1988. Arboreto Carioca (Edição Fac-Similada). Banco da Providência, Rio de Janeiro. 125 pgs.
  • O AGRONOMICO 21:109-134, 1969.
  • CESP -CENTRAIS ELÉTRICAS DE SÃO PAULO, Ed. 1988. Guia de Arborização, 3 Edição. Diretoria de Distribuição, São Paulo. 33 pgs.
  • Site oficial da Câmara dos Deputados do Brasil [1]
  • Site oficial da Presidência do Brasil - Lei nº 6.607, de 7 de Dezembro de 1978 [2]

Ligações externas

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