Castelo de Lagos: diferenças entre revisões
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Em 2018, a Câmara Municipal de Lagos lançou um concurso para obras de remodelação na zona nascente das muralhas de Lagos, junto ao Jardim da Constituição, e que engloba o Torreão da Ribeira, as duas torres albarrãs na Porta de São Gonçalo, a fachada Sul do Castelo dos Governadores mais o seu revelim, e o pano de muralha desde o primeiro torreão até ao Castelo dos Governadores.<ref name=AlgPri2018/> Esta empreitada teve o valor de 140 mil Euros, e um prazo de execução de quatro meses.<ref name=AlgPri2018>{{citar web|titulo=Câmara de Lagos pretende intervir no Pano Nascente da Cerca Medieval das Muralhas|publicado=Algarve Primeiro|data=13 de Julho de 2018|url=https://www.algarveprimeiro.com/d/camara-de-lagos-pretende-intervir-no-pano-nascente-da-cerca-medieval-das-muralhas/22267-4|acessodata=25 de Julho de 2019}}</ref> Em Novembro desse ano, teve lugar em Lagos a reunião anual da associação ''Urban Sketchers'', evento que contou com visitas comentadas a vários monumentos da cidade, incluindo as muralhas e o Castelo dos Governadores.<ref>{{citar web|titulo=Urban Sketchers de todo o país encontram-se em Lagos|publicado=Sul Informação|data=25 de Outubro de 2018|url=https://www.sulinformacao.pt/2018/10/urban-sketchers-de-todo-o-pais-encontram-se-em-lagos/|acessodata=25 de Julho de 2019}}</ref> Em Abril de 2019, a Revista Municipal de Lagos noticiou que a autarquia tinha adjudicado mais duas intervenções nas muralhas, que consistiam namanutenção na Rua da Barroca, e na recuperação do lanço nascente das muralhas.<ref name=RML2019>{{citar jornal|titulo=Intervenções na Muralha de Lagos|jornal=Lagos de Revista Municipal|pagina=19|data=Abril de 2019|publicado=Câmara Municipal de Lagos|local=Lagos}}</ref> Em finais de 2019, foi aprovado o Orçamento e Plano de Actividades para 2020 da Câmara Municipal de Lagos, sendo uma das intervenções previstas o prosseguimento das obras de conservação e valorização das muralhas da cidade.<ref>{{citar jornal|titulo=As prioridades de investimento para 2020|pagina=10|jornal=Lagos: Revista Municipal|número=5|data=Dezembro de 2019|local=Lagos|publicado=Câmara Municipal de Lagos|via=Issuu|url=https://issuu.com/cmlagos/docs/revista_municipal__05|acessodata=11 de Outubro de 2020}}</ref> |
Em 2018, a Câmara Municipal de Lagos lançou um concurso para obras de remodelação na zona nascente das muralhas de Lagos, junto ao Jardim da Constituição, e que engloba o Torreão da Ribeira, as duas torres albarrãs na Porta de São Gonçalo, a fachada Sul do Castelo dos Governadores mais o seu revelim, e o pano de muralha desde o primeiro torreão até ao Castelo dos Governadores.<ref name=AlgPri2018/> Esta empreitada teve o valor de 140 mil Euros, e um prazo de execução de quatro meses.<ref name=AlgPri2018>{{citar web|titulo=Câmara de Lagos pretende intervir no Pano Nascente da Cerca Medieval das Muralhas|publicado=Algarve Primeiro|data=13 de Julho de 2018|url=https://www.algarveprimeiro.com/d/camara-de-lagos-pretende-intervir-no-pano-nascente-da-cerca-medieval-das-muralhas/22267-4|acessodata=25 de Julho de 2019}}</ref> Em Novembro desse ano, teve lugar em Lagos a reunião anual da associação ''Urban Sketchers'', evento que contou com visitas comentadas a vários monumentos da cidade, incluindo as muralhas e o Castelo dos Governadores.<ref>{{citar web|titulo=Urban Sketchers de todo o país encontram-se em Lagos|publicado=Sul Informação|data=25 de Outubro de 2018|url=https://www.sulinformacao.pt/2018/10/urban-sketchers-de-todo-o-pais-encontram-se-em-lagos/|acessodata=25 de Julho de 2019}}</ref> Em Abril de 2019, a Revista Municipal de Lagos noticiou que a autarquia tinha adjudicado mais duas intervenções nas muralhas, que consistiam namanutenção na Rua da Barroca, e na recuperação do lanço nascente das muralhas.<ref name=RML2019>{{citar jornal|titulo=Intervenções na Muralha de Lagos|jornal=Lagos de Revista Municipal|pagina=19|data=Abril de 2019|publicado=Câmara Municipal de Lagos|local=Lagos}}</ref> Em finais de 2019, foi aprovado o Orçamento e Plano de Actividades para 2020 da Câmara Municipal de Lagos, sendo uma das intervenções previstas o prosseguimento das obras de conservação e valorização das muralhas da cidade.<ref>{{citar jornal|titulo=As prioridades de investimento para 2020|pagina=10|jornal=Lagos: Revista Municipal|número=5|data=Dezembro de 2019|local=Lagos|publicado=Câmara Municipal de Lagos|via=Issuu|url=https://issuu.com/cmlagos/docs/revista_municipal__05|acessodata=11 de Outubro de 2020}}</ref> |
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Em Março de 2021, a [[Câmara Municipal de Lagos]] estava a planear a transformação da área externa às muralhas entre a Rua Infante de Sagres e a Travessa do Cemitério num espaço verde, que deveria ser a terceira e última fase do ''Parque da Cidade''.<ref name=Tomorrow112/> Além de zonas verdes, também estava planeada a instalação de lugares para estacionamento, vias pedestres e para ciclistas, e espaços para eventos.<ref name=Tomorrow112>{{citar web|titulo=Lagos Landscape Improvements|autor=SADLER, Sophie|pagina=10|idioma=en|jornal=Tomorrow Algarve|data=Março de 2021|numero=112|local=Lagos|url=https://tomorrowalgarve.com/magazine/2021/tomorrow-march-2021-edition-web-version.pdf|acessodata=16 de Abril de 2021}}</ref> |
Em Março de 2021, a [[Câmara Municipal de Lagos]] estava a planear a transformação da área externa às muralhas entre a Rua Infante de Sagres e a Travessa do Cemitério num espaço verde, que deveria ser a terceira e última fase do ''Parque da Cidade''.<ref name=Tomorrow112/> Além de zonas verdes, também estava planeada a instalação de lugares para estacionamento, vias pedestres e para ciclistas, e espaços para eventos.<ref name=Tomorrow112>{{citar web|titulo=Lagos Landscape Improvements|autor=SADLER, Sophie|pagina=10|idioma=en|jornal=Tomorrow Algarve|data=Março de 2021|numero=112|local=Lagos|url=https://tomorrowalgarve.com/magazine/2021/tomorrow-march-2021-edition-web-version.pdf|acessodata=16 de Abril de 2021}}</ref> Também em 2021, a autarquia fez obras de restauro no lanço entre a Porta de São Gonçalo e o Castelo dos Governadores, como parte de um programa de reabilitação das muralhas.<ref>{{citar jornal|titulo=Consolidação da muralha|página=23|jornal=Lagos: Revista Municipal|numero=10|data=Agosto de 2021|local=Lagos|publicado=Câmara Municipal de Lagos|via=Issuu|url=https://issuu.com/cmlagos/docs/lagos-revista-municipal_10|acessodata=22 de Setembro de 2021}}</ref> |
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[[File:Lagos, Portugal - panoramio (8).jpg|thumb|Rua da Capelinha, em 2014. O Baluarte das Portas de Portugal situava-se aproximadamente no local do prédio à esquerda.]] |
[[File:Lagos, Portugal - panoramio (8).jpg|thumb|Rua da Capelinha, em 2014. O Baluarte das Portas de Portugal situava-se aproximadamente no local do prédio à esquerda.]] |
Revisão das 12h06min de 22 de setembro de 2021
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Castelo de Lagos | ||
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Porta de São Gonçalo, em 2010. | ||
Construção | (Período muçulmano) | |
Estilo | ||
Conservação | Bom | |
Homologação (IGESPAR) |
MN (DL n.º 9 842 de 20 de Junho de 1924)
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Aberto ao público | ||
Site IHRU, SIPA | 1285 | |
Site IGESPAR | 70535 |
Castelo de Lagos | |
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Localização da Porta de São Gonçalo 37° 05′ 57,3″ N, 8° 40′ 09,71″ O |
O Castelo de Lagos, oficialmente conhecido como Muralhas e Torreões de Lagos e Cerca Urbana e Frente Fortificada de Lagos, é um monumento militar na cidade de Lagos, na região do Algarve, em Portugal.
A evolução das fortificações de Lagos acompanhou a longa história da cidade. Embora o castelo não tenha chegado até aos nossos dias e o conjunto da cerca medieval se encontre relativamente descaracterizado, Lagos é a cidade algarvia com perímetro fortificado mais extenso. Este conjunto foi reforçado ao final do século XIII, pela construção de outras fortificações que cooperavam para a defesa da cidade e sua baía, entre as quais se destacam, entre outras, o Forte da Ponta da Bandeira e o Forte da Meia Praia.
Características
O conjunto das defesas da cidade apresenta planta incompleta no formato de um pentágono irregular, marcado por nove baluartes de planta quadrada e/ou pentagonal e cinco vias de acesso. Diferentemente de outros conjuntos, não se localiza em posição dominante no terreno, mas sim junto à ria. Nele ocorre a interseção de duas cintas de muralhas de diferentes períodos construtivos, onde restam a:
- Cerca Medieval, também chamada de Pano Nascente[1] ou cerca marítima, por estar voltada para o mar, a leste.[carece de fontes] Com paredes mais espessas (c. 2 metros de largura por alturas que variam de 7,5 a 10 metros), percorrida por adarve, encimada por ameias e seteiras,[carece de fontes] desenvolve-se desde o Palácio dos Governadores (atual Hospital de Lagos)[carece de fontes] até à Porta de São Gonçalo (ladeada por duas torres albarrãs[1] de planta quadrada) e ao Baluarte da Torre do Trem. Este troço, segue, com interrupções, para sul, até à Porta da Vila, que se abre para o lado de terra.[carece de fontes] Inclui igualmente o revelim do Castelo dos Governadores e o Torreão da Ribeira.[1] Na Porta da Vila, inicia-se a
- Cerca Nova ou Muralha renascentista[2], com características do estilo renascentista, que se desenvolve pelo lado de terra, para oeste, partindo do Baluarte de Santa Maria e prosseguindo para o Baluarte da Praça de Armas, o Baluarte da Conceição e o Baluarte da Alcaria. A partir deste último, o circuito inflete para norte, alcançando o Baluarte da Porta dos Quartos, o Baluarte de Santo Amaro e o Baluarte de São Francisco. Daqui, a muralha, com interrupções, volta-se para o lado do mar, na direção este.[carece de fontes]
A cerca medieval ou cerca velha protegia a zona antiga da cidade, um burgo de forma aproximadamente octogonal que foi modernamente classificado como o Núcleo Primitivo de Lagos ou Vila-a-dentro.[2] Esta vila medieval desenvolvia-se em torno da Igreja de Santa Maria do Castelo.[carece de fontes] Nela se rasgavam ainda a Porta do Mar ou Porta da Ribeira, que comunicava com a praia e o mar, a Porta da Vila, que comunicava com o lado de terra, e supõe-se que talvez uma poterna.[carece de fontes]
A cerca nova, adaptada aos tiros da artilharia, constituía-se por três baluartes de flancos retirados (de Santa Maria, da Alcaria e de São Francisco) e quatro torres ou meios baluartes (da Praça de Armas, da Conceição, da Porta dos Quartos e de Santo Amaro).[carece de fontes]
Entre os baluartes sobreviventes, destaca-se o da Alcaria, que é o que está na posição mais saliente do lado ocidental, e que forma uma torre elevada quadrangular, com uma rampa de acesso às muralhas, e dois orelhões de grandes dimensões.[3] No lado poente das muralhas, dois dos baluartes, o da Porta dos Quartos e de São Francisco, apresentam parapeitos apropriados para o uso de artilharia.[3]
Parte do terreno exterior às muralhas foi transformado numa zona verde, o Anel Verde ou Parque da Cidade, que em Março de 2021 tinha cerca de cinco hectares, prevendo-se que quando estivesse completo iria ter uma área aproximada de oito hectares.[4]
História
Antecedentes
A cidade de Lagos tem uma história muito antiga, tendo a primeira povoação na zona sido o castro ou cidade fortificada de Lacóbriga, fundada por volta de 1899 a.C., pelos povos cónios.[5] O principal sítio apontado pelos arqueologistas para a localização de Lacóbriga é o Monte Molião, onde foram encontrados vestígios desde a pré-história até ao domínio romano.[6] Na zona de Lagos foram encontrados vestígios dos povos fenícios,[7] e gregos.[8] A povoação foi conquistada pelos cartagineses, que mudaram a sua localização em meados do primeiro milénio a.C., para o sítio da moderna cidade de Lagos.[9] A nova povoação recebeu, para a sua defesa, uma muralha de planta quadrangular.[carece de fontes]
A cidade foi conquistada pelas forças romanas no Século I a.C., tendo nessa altura o seu nome sido alterado para Lacobrica.[9] O domínio romano da Lusitânia durou até meados do primeiro milénio, tendo terminado com as invasões dos povos de Leste, primeiro os Alanos e depois os visigodos.[10] No Século VIII, iniciou-se a invasão muçulmana da Península Ibérica, tendo a cidade de Lacobrica sido conquistada pelos omíadas em 716.[11] Estes mudaram o nome à povoação, que passou a denominar-se de Halaq Al-Zawaia ou Al-Zawaia.[12] O primeiro castelo em Lagos foi construído ainda durante o período islâmico, devido à sua localização como ponto para a defesa costeira, e ao mesmo tempo como acesso à importante cidade de Silves.[3] Este recinto fortificado teria sido construído ainda nos primórdios do período califal, durante o domínio de Abd al-Rahmman III, mas foi completamente destruído devido a sucessivas obras nos séculos seguintes.[3] No contexto de disputas internas, Abderramão III, califa de Córdoba, conquistou a povoação (929), dotando-a de duas ordens de muros, reforçados por torres.[carece de fontes] A dimensão destas obras traduz a importância económica e estratégica de que a povoação gozava, no acesso à Silves muçulmana.[carece de fontes]
O castelo medieval
À época da Reconquista, foi inicialmente conquistada pelas forças do rei Sancho I (r. 1185–1211) em 1189.[13] Retomada em 1191 pelas forças do Califado Almóada sob o comando do califa Iacube Almançor (r. 1184–1199)[14] e manteve-se sob controle mouro até sua reconquista entre 1241 e 1249.[15] Os habitantes muçulmanos fugiram para o Norte de África, tendo no entanto destruído os edifícios em Lagos antes de partirem.[16] Apesar da reconquista ter terminado, os povos maometanos continuaram a guerra pelo oceano, atacando frequentemente Lagos e outras povoações marítimas do Algarve.[17]
Do mesmo modo de que não dispomos de informações seguras acerca da evolução arquitectónica das defesas sob o domínio muçulmano, o mesmo ocorre para os primeiros séculos do domínio cristão.[carece de fontes] Sabe-se que as obras iniciaram-se sob o reinado de D. Afonso III (1248-1279),[3] prosseguindo pelo tempo de D. Dinis (1279-1325) e de D. Afonso IV (1325-1357).[carece de fontes] D. Afonso IV ordenou a construção de uma cintura de muralhas em redor da cidade, que cobriam a área entre a Porta da Vila, a futura Igreja de Santo António, o castelo e a Porta de São Gonçalo.[17] Uma carta de 1332 de D. Afonso IV refere que ainda estavam por concluir os muros, que nessa altura se prolongavam desde a Igreja de Santa Maria até à cadeia, nos limites da povoação.[18] A partir de 1361, a vila de Lagos foi separada da jurisdição de Silves, alcançando a independência administrativa.[carece de fontes] Sobreviveram relatos da continuação dos trabalhos durante o período de D. Fernando (1367-1383).[3] O último destes relatos foi emitido durante a Guerra dos Cem Anos, provavelmente no âmbito de uma campanha para a modernização das defesas.[3]
No contexto dos descobrimentos portugueses, Lagos desempenhou um importante papel.[carece de fontes] Vizinha a Sagres, constitui-se em uma das bases de apoio para a conquista do Norte de África e para as operações do Infante D. Henrique (1394-1460), quando da primeira fase dos Descobrimentos.[carece de fontes] Daqui partiram:
- 1415 - a expedição portuguesa para a conquista de Ceuta, no Norte d’África;
- 1419 – as embarcações para a descoberta da Ilha da Madeira;
- 1427 – as embarcações para a descoberta do Arquipélago dos Açores;
- 1434 – a embarcação de Gil Eanes que dobrou o cabo Bojador, na costa ocidental africana;
- 1458 e 1472 – as expedições de D. Afonso V (1438-1481) para a conquista de Alcácer-Ceguer, Arzila e Tânger no Norte d’África.[carece de fontes]
Em que pese esta importância estratégica, nas Cortes de 1475 registaram-se reclamações acerca do precário estado de conservação em que se encontravam as fortificações algarvias, entre as quais esta, de Lagos.[carece de fontes]
Dos baluartes manuelinos à Dinastia Filipina
Ao se iniciar o reinado de D. João II (1481-1495), a Casa da Guiné foi transferida de Lagos para novas dependências, em Lisboa (1481-1482). Este soberano e seu sucessor também teriam procedido a trabalhos de conservação nas defesas de Lagos, que fizeram dotar com um aqueduto para o abastecimento de água (1490-1521). D. Manuel I (1495-1521) outorgou-lhe a segunda Carta de Foral (1504), reformada uma década mais tarde, fazendo iniciar o edifício do Paço dos Governadores.[carece de fontes] Também foi iniciado um grande programa para a reparação e ampliação das fortificações de Lagos, tendo sido reconstruída uma grande parte da cerca medieval, que foi aumentada, passando a abranger uma área superior, alteração que era necessária devido ao progressivo crescimento residencial da cidade.[3] Neste sentido, foi construída uma segunda linha de muralhas e mais quatro baluartes, que foram instalados em zonas mais importantes do perímetro fortificado, junto ao oceano e à ria.[3] Esta segunda linha foi construída a partir de 1520.[carece de fontes] Três destes baluartes foram destruídos devido à expansão da cidade no sentido da ribeira, tendo sobrevivido apenas o da Porta da Vila, no ponto Sudoeste das muralhas.[3] Os nomes de alguns destes baluartes ficaram na toponímica local, como a Rua da Barroca e a Rua das Portas de Portugal.[3] Em 1556, o Rei D. João III deu ordem para que fossem terminadas as obras começadas por D. Manuel, embora tenha dado mais atenção à muralha ocidental, mudando desta forma os planos iniciais, que valorizavam mais os lados meridional e nascente.[3] Com esta modificação, o recinto fortificado ganhou mais dez baluartes, tendo sido a primeira muralha totalmente abaluartada em território nacional.[3] Alguns dos baluartes, nomeadamente o da Porta dos Quartos e o de São Francisco, foram construídos com parapeitos já prontos para o uso de armas de artilharia.[3] Foram erguidos quatro modernos baluartes defendendo a parte da vila voltada para o mar e para a ria (Baluarte da Porta Nova, Baluarte da Porta de Portugal, Baluarte da Barroca e Baluarte do Trem do Quartel). [carece de fontes]
Com a construção dos novos baluartes, o recinto amuralhado de Lagos passou a contar com estas fortificações:
- para a ria, de oeste para leste: o Baluarte de São Gonçalo (antiga Torre da Ribeira), o Castelo, os Baluarte da Praça, da Barroca, da Porta Nova e de Portugal;
- para terra: os Baluarte da Porta do Postigo, do Jogo da Bola, do Paiol, da Porta dos Quartos, das Freiras, da Gafaria, do Coronheiro e da Porta da Vila.[carece de fontes]
Além dessas obras, para além das duas comunicações para o exterior até então existentes (Porta do Mar e Porta da Vila), abriram-se mais seis:
- para a ria: a Porta do Cais, Porta de São Roque e Porta Nova;
- para terra, a Porta de Portugal, Porta do Postigo e Porta dos Quartos.[carece de fontes]
No âmbito do projeto expansionista de D. Sebastião (1568-1578), Lagos foi elevada a cidade (1573), torna-se a capital do Reino do Algarve e a residência dos Capitães Generais e Governadores.[carece de fontes] O seu sucessor, o Cardeal D. Henrique (1578-1580), confirmou-lhe o título (1579).[carece de fontes]
À época da Dinastia Filipina, a solidez das defesas de Lagos, foi demonstrada na resistência que opôs ao desembarque das forças inglesas de Francis Drake (1587), levando-o a procurar ponto mais vulnerável naquele trecho do litoral, o que finalmente encontrou no cabo de São Vicente, arrasado na ocasião.[carece de fontes] Os danos então causados pela artilharia inglesa a Lagos, bem como o receio de novos ataques aquele litoral, levaram à reconstrução e modernização de suas defesas nos anos seguintes. Entre as principais mudanças, destacam-se:[carece de fontes]
- 1598 – concluídas obras na segunda cerca, ora atribuída ao primeiro Governador do Algarve, Fernão Telles de Menezes,[desambiguação necessária] ora a seu sucessor, João Furtado de Mendonça. Observe-se, por oportuno, que Alexandre Massai, na obra Descripção do Reino do Algarve... (1621) indica apenas um pano de muralha.[carece de fontes]
- 1621 – modernização e reforço do trecho medieval mais fortificado, onde se erguia o Castelo ou Paço dos Governadores. Este tornou-se, neste momento, a residência do alcaide-mor, Lourenço da Silva.[carece de fontes]
Apesar da sua sofisticação, as defesas de Lagos foram insuficientes para derrotar as forças de Francis Drake em 1587, que atacou a região durante uma guerra entre a Espanha e a Inglaterra.[3] Devido a este fracasso, Filipe I iniciou um programa para a reconstrução e a modernização do recinto fortificado, que se iniciou nos anos seguintes, embora com grandes atrasos.[3] Em 1621, a parte mais fortificada das muralhas, correspondente ao Castelo dos Governadores, foi modificada de forma a servir de habitação ao alcaide do castelo.[3] A Muralha Renascentista foi terminada apenas na primeira metade do Século XVII.[2]
Guerra da Restauração ao Século XIX
Após o Domínio Filipino, a cidade de Lagos iniciou um período de decadência, o que teve efeitos negativos no aparelho defensivo, cujas obras passaram a ser principalmente de reforço das estruturas já existentes, embora tendo sido construídos alguns novos fortins na costa.[3]
No momento da restauração da independência portuguesa, foram empreendidos trabalhos de conservação nas muralhas (1642), ocasião em que foi formulada a proposta para a construção de uma fortaleza de grandes dimensões, de planta pentagonal com cinco baluartes nos vértices, sobre a falésia ao sul da cidade (1643).[carece de fontes]
Posteriormente, a cidade e as suas defesas seriam duramente atingidas pelo maremoto que assolou o litoral algarvio em consequência do terramoto de 1755.[19] A destruição resultante foi de tal ordem que os governos civil e militar se transferem para Tavira, menos afetada. No final do século, o centro da cidade foi transferido da antiga Praça de Armas (atual Praça Infante D. Henrique) para a Praça do Cano (atual Praça Gil Eanes) (1798).[carece de fontes]
O Sismo de 1755 devastou grande parte da cidade de Lagos, incluindo o Castelo, que nunca chegou a ser reconstruído.[18] Relatos da época contam que as águas do oceano subiram à altura das muralhas, que ficaram totalmente destruídas nas partes em que embateu.[18]
Na segunda metade do século XIX a cidade conheceu um surto de expansão, a partir da instalação de indústrias de conservas de pescado. Nessa fase, são alargadas a Porta de Portugal e a Porta dos Quartos bem como erguido um chafariz no Baluarte da Porta Nova (1863) e, posteriormente alargadas, a Porta do Postigo, a Porta do Cais e a Porta Nova (1888).[carece de fontes]
Séculos XX e XXI
O conjunto de muralhas e baluartes está classificado como monumento nacional por Decreto publicado em 20 de Junho de 1924.[carece de fontes] Ainda assim, nos finais da década, levou-se a cabo a demolição do Baluarte das Portas da Vila, cujos antigos materiais foram postos à venda em hasta pública pelo Comando Militar de Lagos em 1929.[20]
No Século XX, Lagos foi uma das principais cidades abrangidas pelo programa das Comemorações dos Centenários, tendo sofrido grandes obras de remodelação, incluindo o restauro das muralhas e a sua desobstrução através da demolição de edifícios anexos, e a construção de uma avenida que delineou os limites urbanos na orla costeira.[3] Em 7 de Agosto de 1960, foi inaugurada a Avenida dos Descobrimentos, no âmbito de uma grande festa na cidade de Lagos, com a presença do almirante Américo Tomás e do presidente brasileiro, Juscelino Kubitschek, que visitaram o castelo de Lagos.[21]
A partir da segunda metade da década de 1950, o poder público, através da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, tendo em vista as comemorações dos Centenários, procedeu uma ampla intervenção no património edificado de Lagos, demolindo edificações adossadas aos antigos muros e baluartes, reconstruindo o Paço dos Governadores, reedificando troços de muralhas e abrindo a Avenida das Descobertas, em aterro que aumentou a proteção entre a cidade e o mar.[carece de fontes]
Em 10 de Outubro de 1984, o Diário de Lisboa relatou que tinha sido assinado um acordo entre a autarquia de Lagos e o Ministério do Equipamento Social para um grande programa de reabilitação urbana do centro histórico da cidade, que incluía a construção de um anfiteatro num dos ângulos das muralhas.[22] Nessa altura, a Direcção-Geral dos Monumentos Nacionais estava a fazer obras de recuperação parcial das muralhas e de algumas das torres, e iniciou um programa de recuperação do Castelo dos Governadores, cuja zona estava muito degradada, e que deveria durar cerca de três anos e custar vinte mil contos.[22]
Posteriormente, continuaram as várias obras de remodelação das antigas estruturas defensivas, destacando-se a adaptação do Baluarte da Vila a um observatório astronómico.[3]
Em 2018, a Câmara Municipal de Lagos lançou um concurso para obras de remodelação na zona nascente das muralhas de Lagos, junto ao Jardim da Constituição, e que engloba o Torreão da Ribeira, as duas torres albarrãs na Porta de São Gonçalo, a fachada Sul do Castelo dos Governadores mais o seu revelim, e o pano de muralha desde o primeiro torreão até ao Castelo dos Governadores.[23] Esta empreitada teve o valor de 140 mil Euros, e um prazo de execução de quatro meses.[23] Em Novembro desse ano, teve lugar em Lagos a reunião anual da associação Urban Sketchers, evento que contou com visitas comentadas a vários monumentos da cidade, incluindo as muralhas e o Castelo dos Governadores.[24] Em Abril de 2019, a Revista Municipal de Lagos noticiou que a autarquia tinha adjudicado mais duas intervenções nas muralhas, que consistiam namanutenção na Rua da Barroca, e na recuperação do lanço nascente das muralhas.[1] Em finais de 2019, foi aprovado o Orçamento e Plano de Actividades para 2020 da Câmara Municipal de Lagos, sendo uma das intervenções previstas o prosseguimento das obras de conservação e valorização das muralhas da cidade.[25]
Em Março de 2021, a Câmara Municipal de Lagos estava a planear a transformação da área externa às muralhas entre a Rua Infante de Sagres e a Travessa do Cemitério num espaço verde, que deveria ser a terceira e última fase do Parque da Cidade.[4] Além de zonas verdes, também estava planeada a instalação de lugares para estacionamento, vias pedestres e para ciclistas, e espaços para eventos.[4] Também em 2021, a autarquia fez obras de restauro no lanço entre a Porta de São Gonçalo e o Castelo dos Governadores, como parte de um programa de reabilitação das muralhas.[26]
Ver também
- Lista de património edificado em Lagos
- Bateria do Zavial
- Castelo de Alferce
- Castelo de Aljezur
- Castelo de Alvor
- Castelo de Loulé
- Castelo de Silves
- Fortaleza de Sagres
- Forte da Meia Praia
- Forte da Ponta da Bandeira
- Ribat de Arrifana
- Armazém do Espingardeiro
- Armazém Regimental
- Forte da Ponta da Bandeira
- Messe Militar de Lagos
- Trem de Cavalaria de Lagos
Referências
- ↑ a b c d «Intervenções na Muralha de Lagos». Lagos de Revista Municipal. Lagos: Câmara Municipal de Lagos. Abril de 2019. p. 19
- ↑ a b c «Requalificação das Muralhas de Lagos». Lagos de Revista Municipal. Lagos: Câmara Municipal de Lagos. Agosto de 2018. p. 21
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t «Muralhas e torreões de Lagos». Direcção Geral do Património Cultural. Consultado em 26 de Julho de 2019
- ↑ a b c SADLER, Sophie (Março de 2021). «Lagos Landscape Improvements» (PDF). Tomorrow Algarve (em inglês). Lagos. p. 10. Consultado em 16 de Abril de 2021
- ↑ PAULA, 1992:21
- ↑ COUTINHO, 2008:17
- ↑ «Fenícios viveram em Lagos há 2800 anos». Região Sul. 28 de Julho de 2009. Consultado em 27 de Julho de 2019. Arquivado do original em 3 de março de 2016
- ↑ ROCHA, 1910:17-18
- ↑ a b ROCHA, 1910:19-20
- ↑ CAPELO et al, 1994:11
- ↑ CARDO, 1998:41
- ↑ PAULA, 1992:35
- ↑ Capelo 1994, p. 31-32.
- ↑ Rocha 1991, p. 20.
- ↑ Cardo 1998, p. 44.
- ↑ ROCHA, 1910:21
- ↑ a b ROCHA, 1910:90
- ↑ a b c «Lagos» (PDF). O Panorama. 5 de Novembro de 1842. p. 353-354. Consultado em 26 de Julho de 2019 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa
- ↑ PUTLEY, Julian (Abril de 2021). «The Algarve and the Earthquake of 1755». Tomorrow (em inglês) (113). Lagos. p. 12. Consultado em 28 de Abril de 2021 – via Issuu
- ↑ «Camara Municipal de Lagos» (PDF). Terra Algarvia. Ano I (25). Lagos. 25 de Maio de 1929. p. 1. Consultado em 11 de Outubro de 2020 – via Hemeroteca Digital do Algarve / Universidade do Algarve
- ↑ «O desfile naval na baía de Lagos: Espectáculo maravilhoso e de rara imponência». Diário de Lisboa. Ano 40 (13528). 7 de Agosto de 1960. Consultado em 26 de Julho de 2019 – via Casa Comum / Fundação Mário Soares
- ↑ a b «Recuperação do centro histórico de Lagos vai custar 200 mil contos». Diário de Lisboa. Ano 64 (21581). Lisboa: Renascença Gráfica. 10 de Outubro de 1984. p. 9. Consultado em 24 de Setembro de 2019 – via Casa Comum / Fundação Mário Soares
- ↑ a b «Câmara de Lagos pretende intervir no Pano Nascente da Cerca Medieval das Muralhas». Algarve Primeiro. 13 de Julho de 2018. Consultado em 25 de Julho de 2019
- ↑ «Urban Sketchers de todo o país encontram-se em Lagos». Sul Informação. 25 de Outubro de 2018. Consultado em 25 de Julho de 2019
- ↑ «As prioridades de investimento para 2020». Lagos: Revista Municipal (5). Lagos: Câmara Municipal de Lagos. Dezembro de 2019. p. 10. Consultado em 11 de Outubro de 2020 – via Issuu
- ↑ «Consolidação da muralha». Lagos: Revista Municipal (10). Lagos: Câmara Municipal de Lagos. Agosto de 2021. p. 23. Consultado em 22 de Setembro de 2021 – via Issuu
Bibliografia
- PAULA, Rui Mendes (1992). Lagos: Evolução Urbana e Património. Lagos: Câmara Municipal de Lagos. 392 páginas. ISBN 9789729567629
- COUTINHO, Valdemar (2008). Lagos e o Mar Através dos Tempos. Lagos: Câmara Municipal de Lagos. 95 páginas
- CAPELO, Rui Grilo; RODRIGUES, António Simões et al (1994). História de Portugal em Datas. Lisboa: Círculo de Leitores, Lda. ISBN 972-42-1004-9
- CARDO, Mário (1998). Lagos Cidade: Subsídios para uma Monografia. Lagos: Grupo dos Amigos de Lagos
- ROCHA, Manuel João Paulo (1991) [1910]. Monografia de Lagos. Lagos: Algarve em Foco Editora
Ligações externas
- Muralhas e Torreões de Lagos (SIPA/DGPC)
- Núcleo urbano da cidade de Lagos / Núcleo intramuros de Lagos (SIPA/DGPC)
- Castelo de Lagos na base de dados Ulysses da Direção-Geral do Património Cultural
- «Página oficial da Câmara Municipal de Lagos»
- «Página sobre as Muralhas de Lagos, no sítio electrónico Wikimapia» (em inglês)
- «Página sobre o Castelo dos Governadores, no sítio electrónico Wikimapia» (em inglês)