Bateria do Zavial

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Bateria do Zavial
Construção D. Luís de Sousa (Século XVII)
Estilo
Conservação
Homologação
(IGESPAR)
N/D
Aberto ao público Sim
Site IHRU, SIPA30747
Bateria do Zavial
Mapa
Localização da Bateria do Zavial
37° 02′ 40,9″ N, 8° 52′ 33,05″ O

A Bateria do Zavial é um monumento militar no concelho de Vila do Bispo, na região do Algarve, em Portugal. Situa-se nas imediações de uma outra estrutura militar, o Forte de Santo Inácio do Zavial.[1]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Tanto a Bateria do Zavial como o Forte de Santo Inácio localizam-se no promontório conhecido como Ponta da Fisga,[1] entre as praias da Ingrina e do Zavial.[2] O forte de Santo Inácio situa-se num rochedo ilhado.[1]

Praia da Ingrina.

História[editar | editar código-fonte]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

A ocupação humana na área da Praia do Zavial é muito antiga, tendo sido encontrados vestígios do período paleolítico no Abrigo do Zavial, nas imediações da praia.[3] Na zona também foram descobertos alguns materiais da Idade Média, incluindo um concheiro.[4][5]

Séculos XVII e XVIII[editar | editar código-fonte]

Um carta de 15 de Maio de 1630, escrita por Rodrigo Rebelo Falcão, Provedor das Almadravas do reino do Algarve, pedia que fossem defendidos os portos do Zavial e de Almádena, uma vez que estavam expostos a ataques inimigos.[6] Com efeito, no Zavial situava-se uma importante armação de atum, que já tinha sido referida por um alvará de 1569 do rei D. Sebastião, nomeando Pedro Dias para mandador daquele aparelho.[6] Em 20 de Outubro de 1633, o então governador e capitão-general do Algarve, D. Luís de Sousa, refere que tinha reedificado duas torres de vigia, da Aspa e outra do Zavial, que antes das obras estavam por terra e sem de nenhum uso.[6] D. Luís de Sousa iniciou igualmente a construção do Forte de Santo Inácio do Zavial, tendo ficado por edificar apenas a cisterna.[6] Em 1754 o forte foi visitado por D. Rodrigo António de Noronha e Meneses, estando nessa altura em bons condições.[6]

A fortificação foi destruída pelo Sismo de 1755.[1] Em 1759, ocorreu uma batalha naval entre as armadas francesa e britânica nas águas em frente ao forte,[7] encontro que ficou conhecido como a Batalha de Lagos (en).[8] A esquadra francesa estava a ser perseguida por uma frota britânica, e procurou refúgio nas praias do Zavial e de Almádena, uma vez que Portugal tinha-se assumido como neutral durante o conflito entre os dois países, conhecido como Guerra dos Sete Anos.[7] Porém, as forças britânicas penetraram nas águas territoriais portuguesas e destruíram as embarcações francesas.[7] Pelo menos um dos navios, o Redoutable, encalhou de forma propositada na praia do Zavial, de forma a ser protegido pelo forte, mas sem efeito, tendo sido incendidado pela artilharia inimiga.[9] Esta batalha provocou uma acesa guerra diplomática envolvendo os três países, tendo o governo francês chegado a ameaçar Portugal de que poderia apoiar uma invasão espanhola, tanto em território nacional como no Brasil.[7]

Em 1 de Agosto de 1763, o Governador do Algarve, D. Henrique de Meneses pediu a D. Luís da Cunha que construísse uma bateria para defender a Praia do Zavial.[6] Um relatório de 18 de Junho de 1765, elaborado pelo sargento-mor de engenharia Romão José do Rego desaconselhou a reconstrução do Forte de São Inácio do Zavial, tendo em vez disso defendido a instalação de uma bateria em cima das ruínas do forte.[6] A bateria foi posteriormente construída, mas em 1788 já estava parcialmente arruinada.[6] Um alvará de 27 de Setembro de 1805, emitido pelo príncipe regente, D. João, ordenou que todas as fortificações entre a Bateria do Zavial e o Forte da Meia Praia passariam a ficar dependentes da Praça de Lagos.[6] A bateria foi referida num relatório de 18 de Abril de 1821, da autoria do tenente-coronel do Regimento de Artilharia n.º 2, João Vieira da Silva, onde declarou que possuía apenas três peças de ferro, em más condições.[6] Em 1840 a fortificação já estava totalmente ao abandono.[6]

Séculos XIX e XX[editar | editar código-fonte]

Um despacho de 24 de Julho de 1938, emitido pelo Subsecretário de Estado da Guerra, determinou que as ruínas da antiga bateria do Zavial, identificadas como o prédio militar n.º 1 da Praça de Lagos, deveriam ser passadas para o Ministério das Finanças.[6] O auto de devolução foi feito em 20 de Março de 1940, assinalando a transição da antiga bateria para o poder civil.[6]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d «Ruínas do Forte e da Bateria do Zavial - Ponta da Fisga, Raposeira». Património Militar. Câmara Municipal de Vila do Bispo. Consultado em 25 de Dezembro de 2021 
  2. «Bateria do Zavial». Portal do Arqueólogo. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 25 de Dezembro de 2021 
  3. «Abrigo do Zavial». Portal do Arqueólogo. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 25 de Dezembro de 2021 
  4. «Praia do Zavial». Portal do Arqueólogo. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 25 de Dezembro de 2021 
  5. «Zavial». Portal do Arqueólogo. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 25 de Dezembro de 2021 
  6. a b c d e f g h i j k l m GORDALINA, Rosário (2011). «Forte e Bateria do Zavial / Forte de Santo Inácio do Zavial / Forte e Bateria do Azavial». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 25 de Dezembro de 2021 
  7. a b c d SANTOS, Ramiro (5 de Novembro de 2011). «A Batalha de Lagos que ia incendiando a Europa». Postal do Algarve. Consultado em 25 de Dezembro de 2021 
  8. «Forte do Zavial». Portal do Arqueólogo. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 25 de Dezembro de 2021 
  9. «"Redoutable" (1759) - Praia do Zavial». Portal do Arqueólogo. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 25 de Dezembro de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


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