Forte da Baleeira

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 Nota: Se procura um forte em Cascais (Portugal), veja Forte de Nossa Senhora da Guia.
 Nota: Se procura um forte na Horta (Açores), veja Forte de Nossa Senhora da Guia (Horta).
Forte da Baleeira
Antiga entrada do forte.
Construção (Século XVI)
Estilo Maneirista
Conservação Mau
Homologação
(IGESPAR)
N/D
Aberto ao público Sim
Site IHRU, SIPA17048
Site IGESPAR339884

O Forte da Baleeira, também conhecido como Forte de Nossa Senhora da Guia, é um monumento militar situado junto à localidade de Sagres, na região do Algarve, em Portugal. Foi construído no século XVI, para controlar a faixa costeira e proteger uma armação de atum.[1] Foi atacado pela armada de Francis Drake em 1587, e reconstruído no século XVIII.[1] Perdeu as suas funções militares no século XIX, ficando depois ao abandono.[2]

Ruínas no lado ocidental do forte, vendo-se no centro a antiga entrada.

Descrição[editar | editar código-fonte]

O monumento está situado entre os promontórios conhecidos como Ponta da Atalaia e da Baleeira,[2] nas imediações de uma praia com o mesmo nome, a cerca de um quilómetro de distância de Sagres, no sentido nascente.[3] Localiza-se em terrenos privados, e não está oficialmente classificado pelo governo português, embora esteja integrado no Parque Natural da Costa Vicentina, que impõe várias limitações à construção de novos edifícios.[1] Com efeito, devido à sua situação o monumento está muito ameaçado pelas construções ligadas à indústria turística, além da erosão por parte dos agentes naturais.[1]

Os vários desenhos antigos do forte indicam que tinha foi construído originalmente seguindo um sistema semelhante ao da Fortaleza de Sagres,[1] consistindo numa fortificação típica do período moderno, no estilo maneirista, com uma planta de forma triangular,[2] totalmente amuralhada, e com um baluarte em cada ponta.[1] Esta configuração em triângulo é considerada pouco comum, tendo sido imposta pelas condições do terreno em que se erguia.[2] Um dos baluartes estava virado para a enseada da Baleeira, situada a Este, enquanto que um outro protegia o portal de entrada e a faixa costeira desde o cabo até à Fortaleza de Sagres.[2] A muralha era de face mais comprida do lado da falésia,[4] e possuía merlões, sendo aqui que estavam situadas as peças de artilharia.[1] No interior situavam-se as casernas da guarnição permanente, que estavam anexas às muralhas,[1] uma ermida dedicada a Nossa Senhora da Guia, no ponto Noroeste,[2] e habitações para os pescadores, quando estes se refugiavam durante os ataques.[1] O forte contava igualmente com uma plataforma situada fora das muralhas, no lado Oeste.[1] O edifício desapareceu quase totalmente, tendo restado apenas os vestígios de alguns lanços da muralha, de um baluarte e dos aquartelamentos, além da arcaria do portal de entrada, em alvenaria.[1]

Outra vista das ruínas.

História[editar | editar código-fonte]

O forte foi construído em data desconhecida,[1] mas provavelmente terá sido entre 1568 e 1573, tendo sido visitada pelo rei D. Sebastião em 21 de Janeiro daquele ano.[2] Servia para controlar um local da costa onde era possível desembarcar,[4] e defender os pescadores que tinham ali uma armação de atum.[1] Fazia parte de um sistema defensivo costeiro sob a dependência pela Fortaleza de Sagres, que também incluía os fortes de São Vicente e do Belixe.[1]

Foi destruído durante as incursões militares do corsário Francis Drake, em 1587.[4] Foi novamente atacado em Maio de 1620, desta vez por corsários de origem turca, que foram derrotados pela guarnição do forte e por reforços oriundos da praça de Lagos.[4] Entre 1633 e 1634 foi alvo de obras de reconstrução por ordem do Governador do Algarve, D. Luís de Sousa, tendo conservado a sua planta triangular, passando a ter vários baluartes.[1] Em 1644 existem registos de que a fortaleza estava equipada com peças de artilharia, e em 1666 foi tomada por uma armada espanhola, possuindo nessa altura apenas três peças de fogo.[2] Foi quase totalmente destruída pelo Sismo de 1755,[2] incluindo a capela no seu interior, que não foi reedificada.[1] Em 1764 ainda estava muito arruinada, embora ainda estivesse equipada com algumas peças de artilharia.[2] Em 1831 existem registos de que ainda estava guarnecida,[2] e no período após as guerras liberais, passou a ser utilizado para combater o contrabando, estando nessa altura artilhada com uma peça funcional.[1] Em 1894 o forte foi arrendado por hasta pública a João Maria da Cruz, que residia na cidade de Lagos,[2] mas que no entanto o deixou ao abandono.[1]

Foi transferido para o Ministério das Finanças em 1940, e na década de 1970 foi parcialmente demolido devido às obras de ampliação do Porto da Baleeira, tendo-se perdido os panos de muralha junto à falésia e dois baluartes.[1] O Forte de Nossa Senhora da Guia foi um dos monumentos cujo processo de classificação foi prolongado pelo Despacho n.º 19338/2010, de 20 de Dezembro, de forma a evitar a sua prescrição.[5] Foi novamente prorrogado pelo Decreto-Lei n.º 115/2011, de 5 de Dezembro,[6] mas acabou por caducar nos termos do Decreto-Lei n.º 309/2009, de 23 de Outubro,[7] modificado pelo Decreto-Lei n.º 265/2012, de 28 de Dezembro.[8]

Vista das ruínas do forte para o Porto da Baleeira.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s BARÃO, Maria da Conceição. «Forte de Nossa Senhora da Guia». Património Cultural. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 9 de Dezembro de 2021 
  2. a b c d e f g h i j k l FERNANDES, Paulo (2001). «Forte de Nossa Senhora da Guia da Baleeira». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 10 de Dezembro de 2021 
  3. «Forte da Baleeira». Portal do Arqueólogo. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 7 de Dezembro de 2021 
  4. a b c d «Ruínas do Forte da Baleeira - Sagres». Património Militar. Câmara Municipal de Vila do Bispo. Consultado em 7 de Dezembro de 2021 
  5. PORTUGAL. Despacho n.º 19338/2010, de 20 de Dezembro. Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico. Publicado no Diário da República n.º 252, Série II, de 30 de Dezembro de 2010.
  6. PORTUGAL. Decreto-Lei n.º 115/2011, de 5 de Dezembro. Presidência do Conselho de Ministros. Publicado no Diário da República n.º 232, Série I, de 5 de Dezembro de 2011.
  7. PORTUGAL. Decreto-Lei n.º 309/2009, de 23 de Outubro. Ministério da Cultura. Publicado no Diário da República n.º 206, Série I, de 23 de Outubro de 2009.
  8. PORTUGAL. Decreto-Lei n.º 265/2012, de 28 de Dezembro. Presidência do Conselho de Ministros. Publicado no Diário da República n.º 251, Série I, de 28 de Dezembro de 2012.
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Leitura recomendada[editar | editar código-fonte]

  • Vilas e Aldeias do Algarve Rural 2ª ed. Faro: Globalgarve/Alcance/In Loco/Vicentina. 2003. 171 páginas. ISBN 972-8152-27-2 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]